Karmi escrita por Fernando Cabral


Capítulo 1
Calor


Notas iniciais do capítulo

Estou começando o desafio tarde. No dia 23 (e postando atrasado, ainda, no dia 24), mas como comecei a escrever no dia 23, acho que não estou roubando.
A música do dia 23 é Sexy Back, do Justin Timberlake.
Resolvi fazer o desafio, pois romance não é meu forte, logo preciso de prática. Colocarei o máximo possível de elementos fantásticos, que é do que entendo, pra desenvolver a fic.
Espero que gostem.



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Era Karmi e, como de costume, havia um festival. Em Lamur se comemorava o calor e as colheitas nesta estação. Era época de fartura, então as festas sempre enchiam de moradores e de turistas ansiosos por provar as comidas e bebidas locais. Alguns, inclusive, viajavam por todo o continente, numa expedição que visava visitar todas as festas mais conhecidas.

Flavius era morador de Lamur, da periferia de Calixto, uma grande cidade portuária e local de um dos maiores festivais do Karmi de Lamur. Festival este chamado de Fogueira. Não que houvesse uma fogueira de fato, o nome vinha do calor da estação somado ao que era emanado por tanta gente junta num mesmo lugar, rindo, bebendo, comendo, paquerando...

Falando nisso, paquera era a especialidade de Flavius. Desde que se mudara de volta para Calixto, há três semanas, já havia conquistado dois rapazes e um feeli – que não deixava de ser um rapaz só por ter uma cauda e um par de orelhas de gato – mas, nesta noite, Flavius estava sozinho. Bebia recostado em uma barraca, observando as pessoas dançando e conversando animadamente ao redor, na grande praça central. A Lua Vermelha iluminando todos e fazendo com que a vermelhidão que o mundo tomava aumentasse a sensação térmica. Uma das coisas que Flavius mais gostava do Karmi era que todos perdiam boa parte do pudor, usando a menor quantidade de roupas dos menores tamanhos possíveis, e, claro, as vestimentas de tecido tão fino e claro que chegavam a ser transparentes. Este era o motivo de Flavius estar tão observador.

Depois de se divertir, excepcionalmente de forma moderada, Flavius decidiu que era hora de dormir. No dia seguinte viajaria para outra cidade, para participar de outras festas da estação.

Bebeu o último gole da pinga-forte gelada, fez uma careta, e pôs-se a caminhar, esbarrando em algumas poucas pessoas, sem pedir desculpas – não que alguém se importasse com isso.

Foi quando alguém o segurou pelo braço.

– Você já está indo embora? Tão cedo! – gritou um feeli, próximo da orelha de Flavius, tentando se fazer ouvir sobre a música que era tocada ao som de grandes tambores.

Flavius sorriu de lado. Conhecia aquele tipo de abordagem. Ele mesmo já tinha feito ao menos meia dúzia na última semana. Observou o feeli. Tinha a pele escura, então era um feeli da noite, e os olhos eram castanhos amarelados. Os cabelos e, logo, os pelos das orelhas e da cauda eram negros, e usava uma pequena bermuda, encimada por uma blusa aberta de um tecido branco-translúcido. Flavius gostou da visão.

– Estou te observando há um tempo. Você estava bebendo naquela barraca – apontou o feeli – e não conseguia me decidir se chegava em você. Mas quando te vi indo embora não resisti. – Seu hálito demonstrava que já havia bebido algo, mas se mantivera agradavelmente fresco.

– Meu nome é Flavius. Qual é o seu? – disse alto, sem retirar o sorriso do rosto e da voz.

– Caleb – o feeli sorriu de volta.

Flavius se aproximou e deu um beijo na bochecha de Caleb. Era assim que se cumprimentava novos conhecidos por ali.

– Quer dançar? – Caleb convidou.

Flavius não respondeu, apenas pegou Caleb pelo braço e o levou consigo para o meio das pessoas.

As músicas dos festivais do Karmi eram as mais sensuais de todas as festividades. Mesmo estando muito calor, as pessoas dançavam com passos que variavam entre aproximação e afastamento de seu parceiro na dança – muito mais aproximação e troca de suor do que afastamento, na verdade. E foi assim que Flavius e Caleb dançaram. Em seu bailar esbarravam em outros casais e o contato gerava cada vez mais calor. Se revesavam em pegar na cintura um do outro enquanto o suor começava a escorrer de seus pescoços e molhar suas blusas. O bater dos tambores marcando os passos e ficando cada vez mais rápido. No ponto alto da música, Caleb deu um passo de dança para trás e Flavius o puxou de volta pela cintura com uma mão, ao mesmo tempo que, com a outra, o agarrou pela nuca, fazendo seus rostos se encontrarem e um beijo que era ao mesmo tempo quente e fresco acontecer.

Quando a música parou, Flavius decidiu tirar Caleb do meio da multidão e o levou para um lugar o qual afirmou ser “uma área VIP para os dois”, que se revelou o telhado de uma das barracas do festival – que realmente era uma espécie de área mais reservada, onde casais gostavam de ficar. As barracas de madeira possuíam uma espécie de laje, na qual ficavam dispostas algumas almofadas de cores variadas para quem quisesse sentar. O espaço era de livre acesso. Por sorte, não precisaram dividir o lugar com muitos outros casais.

Os dois conversaram e se beijaram até quase amanhecer. Quando o horizonte começou a tomar tons mais claros, decidiram ir embora.

Somente na despedida que Flavius avisou que viajaria no dia seguinte – ou naquele mesmo dia, brincou.

Caleb tentou demonstrar uma despreocupação quase indiferente, mas não foi muito bem sucedido.

Se despediram com um último beijo e começaram a caminhar para lados diferentes.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Mais tarde posto o capítulo de hoje (24)!



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