Já cheguei faz dez minutos e nada de ele aparecer, olho para os lados, observo atentamente cada detalhe à minha volta afim de passar o tempo. Tudo em vão. Onde estará? Se esqueceu de nosso encontro? Acho que sim, talvez eu não devesse insistir tanto na ideia de visitarmos o museu, caras modernos não gostam disso. Talvez devesse chamá-lo para um show de rock, ou quem sabe para uma rave. Esses caras normais gostam disso. Não gosto dessas coisas, mas, poderia fazer um esforço em agradá-lo já que se trata de nosso primeiro encontro em tempos.
Depois de certo tempo pensando nessas coisas aleatórias, vejo uma silhueta se formando à uma certa distância, aos poucos vai tomando forma e já posso reconhecê-la. É ele. O homem do qual estou esperando há um certo tempo. Ele se aproxima de mim, me cumprimenta de forma seca e rápida. Decepcionante. Entramos no museu, ele demonstra uma enorme falta de interesse naquilo tudo, realmente, posso notar claramente que teria sido melhor ir à um show de rock.
Finalmente algo quebra o silêncio. Passamos pelo corredor renascentista, ele para em frente à Escola de Atenas e então me pergunta se o título da obra está certa. Digo que sim e então ele retorna a perguntar. Mas o nome certo não é A Academia de Platão? Digo que não e ele novamente insiste na ideia. É então que eu digo que se refere ao mesmo lugar no fim de contas, a Escola de Atenas se trata da Academia de Platão. Conto também que Platão queria que as pessoas fossem à um lugar para aprender sobre coisas da vida. Ele apenas acena com a cabeça de forma positiva, e vai andando mais a frente. Para então em frente ao Nascimento de Vênus. Parecia uma criança de tão empolgado com aquilo, me perguntando sobre cada detalhe de cada tela.
Sua frieza já se transformara em alegria, em interesse, curiosidade. Só de olhar seus passos eu conseguia ver o porque de ter escolhido o museu e não o show de rock. A cada dia mais me encanto por ele, por seus olhos, seu sorriso, seu jeito de intensificar algo que pra mim é comum. Eu o amo.