Orehalion escrita por I A Silvestre


Capítulo 3
Capitão Syn e a Lenda de Orehalion, O Estacionamento da Montanha Âmbar, Ingresso, Presley e o Abacaxi Cipó


Notas iniciais do capítulo

A Chama Bicentenária - Capítulo III



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—Espero que vocês tenham dinheiro para pagar o pedágio – dizia o garoto. Os três olhavam para ele com um olhar observador.

Luganno deu um passo para frente e retirou uma pequena bolsa que estava amarrada em sua cintura.

—Aqui. Tem um pouco de dinheiro que eu ganhei no...

—Tem um pouco de droga nenhuma! – Presley entrou na frente, empurrando a mão de Luganno. – É obvio que não precisamos pagar pedágio algum! Quem é você?

—Ele é estranho. Quem usa roupas de basquete para andar na rua? – disse Louis, enquanto olhava curiosamente para o outro jovem.

—H-haha! Você me pegou! Eu estava só brincando com vocês! – disse o garoto. – Bom, eu sou o Grande Capitão Syn! V-vocês deviam ter ouvido falar de mim, não é? – Syn ficou olhando para os três, que não responderam nada. – Erm... Deixa pra lá. Vocês estão indo para a Montanha Âmbar?

—Não sei. Estou indo para aonde meus instintos me mandam.

—Ei, como assim? Você disse que estava indo para algum lugar aonde se tornaria forte!

—Ah, se é assim, com certeza estão indo para as Montanhas Âmbar. Sabe, estamos na temporada mais aguardada das últimas décadas. Entrem no carro que eu os levarei até o local.

—Irmãozão, esse garoto é estranho, não é? – disse Louis, olhando para Presley.

—Mas que... – olhou para um lado e para o outro e abaixou, dizendo em voz baixa - É sim, mas fale mais baixo da próxima vez, Ok?

—É que você disse que não era pra falar com estranhos, e ele está nos oferecendo uma carona.

—O que você acha que ele pode fazer com a gente? É só um garoto. Depois conversamos melhor.

—E então, estão prontos? Venham logo.

Os quatro, então, entraram no carro. Era um conversível esportivo de um vermelho bem chamativo e andava a uma velocidade incrível. Após meia hora de estrada, Presley olha para Syn e pergunta:

—Essa Montanha Âmbar... O que é que vai haver lá? Você disse que essa era a temporada mais aguardada das últimas décadas.

—Você parece não saber de muita coisa, não é? Bem que eu estranhei. Não sinto nenhuma energia emanando de você. Já desse cara aí do lado... – Balançou a cabeça em direção à Luganno – emana energia até demais. Parece ter um grande potencial.

Presley parecia meio confuso.

—Você não respondeu minha pergunta. O que vai acontecer lá?

Alguns segundos se passam.

—É a disputa pra ver quem vai virar Orehalion, o herdeiro da fonte ancestral. É algo que acontece a cada 200 anos. Pessoas de todo o mundo vêm durante essa época para tomar posse dessa grande energia. Dizem que ela é capaz de tornar um ser onipotente, mas é só uma lenda...

—Eu conheço muito bem essa lenda. – interrompeu Luganno. – Meu irmão costumava me contar dela quando eu era pequeno. Essa fonte de energia tem origens desconhecidas, mas ela sempre deve estar dentro de um recipiente. Ao longo dos anos ela vai se enfraquecendo, até que chega uma hora que é necessário trocar de recipiente. Quando isso acontece, a fonte de energia se renova completamente, e o ciclo se repete. Isso dura 200 anos.

—Espera, espera. – disse Presley, com um semblante que parecia estar elaborando todas as informações em sua cabeça. – deixa ver se eu entendi. Quer dizer que o atual Orehalion já tem mais de 200 anos e a fonte ancestral está enfraquecida, logo ele precisa passá-la pra outro recipiente?

—É exatamente isso. Vejo que entendeu rapidamente.

—Irmãozão. Lá terão mais lutas, não é? Não quero que se machuque.

—Isso é para o seu bem, Louis. Fica tranqüilo.

—Mas você vai ter que lutar contra o Sr. Luganno de novo, não é?

—O problema não é ter que lutar contra mim. – disse. – O problema é ter que lutar contra o meu irmão.

—Seu irmão? Você tá brincando, não é? – disse Presley.

Syn dirigia com um pequeno sorriso no rosto, mas era um sorriso que não exprimia nenhum significado.

Após algumas horas de viagem, o carro de Syn vai se aproximando ao que parecia um encontro de várias outras estradas que ligavam a uma grande área aberta. Mais a frente, era possível ver a Montanha Âmbar.

—Estranho que todas essas estradas venham a parar aqui. E eu tenho certeza que a estrada que pegamos ia parar em outro lugar, só não me lembro aonde.

—A estrada que parte de Arzia te leva para outra cidade. Mas a estrada Aera aparece somente para as pessoas sensitivas que desejam ir em direção à Montanha Âmbar.

—Isso é realmente estranho. – disse Louis.

—-

Já era noite quando os quatro chegaram ao local.

De longe, era possível ver que vários carros estavam ali parados. Além disso, várias pessoas estavam em pé, mas não dava pra perceber o que estava acontecendo. Os quatro desceram do veículo.

—O que exatamente está acontecendo aqui? – disse Louis, com medo.

—Não importa. É melhor que você ache um local pra se esconder. – respondeu Syn. – A disputa já começou.

—Como assim? – disse Presley.

Rapidamente, uma multidão se forma em volta dos quatro. Várias pessoas com diversos tipos de armas, como espadas, machados, correntes e até mesmo pedaços de madeira.

Louis correu para dentro do carro, com medo. Luganno estava para desembainhar sua espada, quando Syn coloca o braço em sua frente.

—Não. Deixa que eu faço isso.

—Vamos, garotos. É melhor vocês voltarem pra casa. Aqui não é lugar pra crianças brincarem. – disse um homem que segurava um machado na mão.

—Sabe o que aconteceu na última vez que lutei contra alguém que usava um machado? – disse Presley, olhando com uma cara de desgosto para o homem.

—Fiquem calmos. Já disse que eu cuido disso. – Syn deu um curto passo pra frente. – Vocês realmente querem lutar com a gente? Acho melhor esperarem até que o torneio comece.

—Não, é melhor assim. – disse outro homem, que segurava um porrete. – Desse jeito eliminamos o número de concorrentes logo no início. Saibam que vocês ainda têm tempo para recuar.

—Já que é assim... – Syn agacha e se posiciona em um modo estranho, com o braço direito pra baixo. Logo, retira um bracelete dourado que ficava em seu antebraço. Com essa ação, uma grande aura verde se forma em volta dele. Seu braço começa a tomar uma forma diferente.

—O que esse cara está fazendo? – disse um dos homens. – Vamos atacá-los. Não podemos ficar aqui parados!

Os homens, então, levantaram suas armas e foram em direção aos garotos. Era tarde demais. O braço de Syn agora havia se transformado em algo que parecia um pilar de pedra proveniente de alguma civilização antiga, e estava coberto de plantas, mas as mesmas eram feitas de pura energia. Sua mão também havia aumentado de tamanho e tinha assumido uma textura rochosa. O pilar emanava continuamente a aura verde.

—Punho de Almatec. – disse Syn. Logo após, pulou em direção aos vândalos. Dando vários jabs no ar, pequenos pacotes de energia vão contra os adversários, fazendo com que, em poucos segundos, metade das pessoas que se encontravam ali caísse ao chão. A outra metade se assustou com o poder e fugiu. Entraram em seus carros e partiram pelas estradas por onde haviam chegado.

—Nossa. Como isso aqui ficou deserto. – disse Luganno.

—Você tem razão... Espere. O que é aquilo? – disse Presley, olhando para uma estranha criatura agachada a alguns metros de distância deles.

Aparentava ser um gorila, mas tinha os pelos azuis. Estava comendo uma maçã verde. O primata olha para os quatro, revelando seus olhos vermelhos e brilhantes e, em um piscar de olhos, some.

—Isso foi mais estranho do que o Syn. – disse Louis.

—De qualquer maneira, vamos andando. Parece que aquela pequena rua nos leva até o nosso destino

Os rapazes, então, vão caminhando em direção à Montanha Âmbar.

—-

—Uau! Olha só aquilo! – disse Louis apontando para um macaco com asas que voava de árvore em árvore.

—É. Realmente impressionante. – respondeu Presley.

—Demonstre um pouco mais de interesse, irmaozão!

Syn riu. A verdade é que Presley ainda estava assustado com a criatura que havia aparecido antes. O modo em que ela havia desaparecido, ele devia ter uma força incrível. E se ele tivesse que lutar contra algo daquele nível, o que faria? Os outros estavam calmos, mas tudo o que Presley tentava fazer, no momento, era esconder essa ânsia.

—Algo errado, Presley? – perguntou Luganno.

—Não, não tem nada de errado.

Após mais algum tempo de caminhada, os quatro chegam a um local aonde parecia não haver saída. Não havia mais subidas e o único local para onde eles poderiam ir era uma pequena casa de madeira que se encontrava em um ponto um pouco mais alto. De fato, era possível ver que do outro lado da casa havia uma escada que levava até uma área mais vasta da montanha. Em cima da casa, era possível ver um homem moreno de cabelos brancos. Luganno se lembrou do garoto que havia encontrado no deserto.

—Acho que devemos entrar. – disse Syn.

—Bom, e o que estamos esperando? – disse Presley.

Eles então decidem entrar na casa. De cara percebem que o local não era muito detalhado. No chão tinha apenas um tapete sujo. Em um dos cantos do recinto havia um móvel, com alguns objetos empoeirados em cima, sendo que, ao lado deste, um homem de cabelos pretos e compridos estava sentado, em frente à uma porta.

—Vocês estão aqui pela fonte ancestral? – disse o homem.

—Sim. – respondeu rapidamente Presley.

—Certo. Bom, antes de qualquer coisa devo verificar quem de vocês está apto para disputar. – O homem abre a mão e na palma da mesma aparece um pequeno aparelho. Logo após, o aponta para o centro da sala. – Me diz, Detector de Aura, quem aqui possui aura suficiente.

Ele espera um pouco e então o aparelho emite um pequeno apito. O homem fica olhando para a tela por alguns instantes e então o aparelho some.

—Você de cabelo vermelho e você com roupas de basquete. Podem passar. Os outros dois não estão qualificados.

Presley cai no chão, de joelhos.

—Irmaozão! – disse Louis.

—C-como assim eu não posso fazer essa maldita disputa!? Você deve estar enganado! Use novamente esse aparelho estranho. Tá vendo o corte no rosto desse cara? – Aponta para Luganno. – Fui eu quem fez. Você acha que eu conseguiria bater em alguém que tem essa tal aura se eu também não tivesse? Acho que você está se equivocando, meu amigo.

—Meu aparelho é preciso. – disse o homem, encerrando o discurso. – Agora, por favor, saiam do recinto.

Luganno olhou para Presley com um olhar triste.

—Me desculpe. De verdade.

Syn não mudou sua expressão. Continuou andando e passou pela porta guardada pelo homem. Logo após, Luganno fez o mesmo.

—Droga! – Presley sai da casa e bate a porta.

Syn e Luganno continuaram subindo os degraus até chegarem à área vasta que haviam visto antes. Era como se fosse um grande círculo de pedra. Sua circunferência era ocupada na maior parte por árvores, exceto por onde chegaram, que havia uma escadaria, e mais ao fundo, aonde existia um pequeno altar com um cálice em cima. O cálice carregava uma pequena porção de algo que parecia ser fogo, porém era totalmente azul. Lembrava a aura verde emitida pela técnica de Syn logo quando chegaram ao estacionamento.

—Aquilo deve ser a fonte ancestral. O Orehalion deve estar aqui em algum lugar.

Eles observam o lugar e veem que, além deles, três outras pessoas em pé: Um homem com um longo cabelo verde ondulado com uma faixa na testa vestindo roupas vermelhas; outro parecia ter 3 metros de altura, era extremamente musculoso, estava usando uma camisa que ressaltava seus músculos e um grande capacete cobria toda a sua cabeça, impossibilitando de ver seu rosto; o terceiro era um rapaz vestido de palhaço que, mesmo estando sério, parecia feliz, pois sua maquiagem fazia com que seu rosto ficasse com um sorriso eterno. Além desses, outros dois indivíduos estavam sentados: um garoto com cabelo e roupas brancas e o homem gorila que Presley tanto temia.

Após alguns minutos de espera, o homem que antes estava de guarda no local apareceu pelas escadas com um papel na mão.

—Estão prontos? Em instantes eu darei início à disputa que irá decidir quem irá ser o próximo Orehalion. – O homem olha rapidamente e vê que somente sete pessoas se encontravam ali. – Ou não. Parece que teremos que esperar pelo último combatente.

—-

Cerca de duas horas se passaram desde que o juiz havia chegado ao pátio. Ele havia deixado o outro homem, que estava de guarda acima da casa de madeira, responsável por não deixar ninguém passar.

—Que tédio absurdo. – disse o garoto de cabelos brancos que estava sentado, agora se deitando no frio chão de pedra.

Os que estavam em pé arranjaram um lugar para se sentarem ou deitarem. O único que continuava em pé era o homem de cabelos verdes. Havendo tempo para observá-lo, Luganno viu que ele estava de olhos fechados o tempo todo. Sua espada estava desembainhada e pendurada em sua cintura. Sua lâmina estava extremamente gasta.

O homem vestido de palhaço estava com uma bola equilibrada no nariz e fazendo algumas acrobacias, tentando entreter os concorrentes durante a longa espera, mas ninguém ria, exceto Luganno. Após algum tempo, o palhaço parou com suas brincadeiras e se sentou perto dele.

—Que pessoal estranho. Parece que ninguém aqui gosta de rir. – disse o palhaço.

—É. Eu nunca tinha visto nada parecido na minha vida, talvez porque passei boa parte dela dentro de uma floresta.

Os dois continuaram conversando por um bom tempo.

Enquanto isso, Presley estava caído, não podia aceitar a idéia de que aquela viagem tinha sido em vão. Olhou para suas mãos em busca de algum poder, mas não achou.

—Irmaozão, isso vai ficar assim?

—Não. Fique tranqüilo.

Enquanto isso, Presley estava deitado, olhava para a escadaria logo atrás da casa e para o pátio. Viu que Luganno e Syn já haviam chegado ali. Após alguns minutos, viu que o homem que antes estava dentro da casa estava subindo as escadas. Logo após, o guarda que estava acima do telhado desceu e entrou na casa de madeira.

“Essa é a minha chance!” Pensou.

Levantou-se e entrou novamente na casa.

—Você não possui aura suficiente para concorrer aqui. Já fui informado sobre isso.

—Não estou aqui para isso. – e retirou as facas do bolso.

—Isso é inútil. Você acha que consegue me vencer sem ter um pingo de aura? Sabe que não.

—Isso é o que veremos.

Presley estava caído, novamente. Abriu lentamente os olhos e viu o rosto de seu irmão, embaçado.

—Irmaozão! Vamos, eles já devem ter começado!

Olhou ao seu redor e viu a sala toda destruída. Suas roupas estavam rasgadas e o guarda estava caído logo ao lado. Louis segurou a mão de seu irmão e puxou, pedindo para ele que se levantasse.

—Deixa. Eu consigo fazer isso sozinho.

Presley se levantou. Ele conseguia sentir algo dentro de si. Talvez aquilo fosse a tal aura que os outros falavam.

Tomara que sim”, pensou enquanto subia as escadas.

O juiz, mesmo estando ali em cima, estava observando a área logo abaixo, por onde todos haviam passado para chegar ali. Ele não conseguia ver toda a área, mas havia percebido que, desde que chegara ali, nenhum novo concorrente havia dado sinal de vida. Após esperar alguns instantes, se levantou e olhou para o aparelho em sua mão.

—Bom, já que mais nenhum concorrente apareceu por aqui, acho que deveríamos começar o torneio. Reajustarei as chaves para que não haja problemas.

—Espere – disse o rapaz de olhos fechados. – Olhe novamente para onde estava olhando.

O juiz se virou e viu que uma pessoa estava subindo as escadas.

—Realmente, parece ser um novo concorrente.

O homem foi se aproximando com passos largos.

—Mas, mas esse é... Aquele garoto que estava com vocês dois, o tal de Presley, não é? – disse o juiz.

Luganno se levantou em um salto e olhou em direção às escadas. Não havia dúvidas, quem estava subindo era Presley, que estava com as roupas totalmente rasgadas e com o corpo coberto de feridas. Ele trazia seu irmão ao seu lado.

Ao subir o último degrau, olhou para Luganno e deu um sorriso.

—Você não vai se livrar de mim tão facilmente.

O juiz logo apareceu entre os dois e usou o aparelho para medir sua energia, detectando uma quantidade razoável.

—É, realmente, você agora está apto para concorrer. Mas, o que houve? Antes era impossível medir qualquer quantidade de energia vinda de você.

—Comi alguns Abacaxis Cipós que achei ali na floresta. – e olhou para Luganno, dando uma risadinha.

Presley olhou para Louis e colocou o dedo indicador em frente à boca, em sinal de silêncio. Louis balançou a cabeça, confirmando.

Luganno riu.

—Sendo assim, sem prolongas. Vamos começar o torneio. - disse o juiz.


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Notas finais do capítulo

PS: Este capítulo foi publicado, originalmente, como quatro capítulos separados.



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