The world is ours escrita por Cassie


Capítulo 5
Cobras vs Lobos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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Patrick estava sem fala, suas mãos suavam muito o que fazia minhas mãos ficarem molhadas também.

Por dois minutos Patrick não falou nada, ficou parado, movimentando a boca sem sair nenhum som. Não sabia o que fazer, ajudar ou deixa-lo criar coragem. Impaciente com o quanto Patrick estava demorando, dei um empurrãozinho com a mão:

–Oi Mãe. - Patrick gaguejou

–Você... - A mulher se aproximou. - Finalmente voltou. - Ela o agarrou em seus braços, como se Patrick tivesse acabado de voltar de uma guerra.

–Mãe. - Patrick largara minha mão e foi abraça-la. Ele fechou os olhos e encaixou sua cabeça no ombro de sua mãe.

Estava contente, de começo estava tudo dando certo:

–Patrick? - Ela o largou e olhou para mim com um sorriso simpático, com umas lágrimas nos olhos.

–Claro.. Essa é Dylan - Patrick me apresentou. - Minha.. Minha...

–Eu sou um amiga. - Interrompi, salvando Patrick. Não fiquei ofendida, eu e Patrick não tínhamos nada sério, estávamos nos conhecendo, não poderia me apresentar como sua namorada, ficaria mais envergonhada.

–Muito prazer, Emily Harris. - Emily estendera a mão direita em um tom suave Estendi minha mão e a cumprimentei.

Sra. Harris era uma mulher muito bonita. Aparentava dez anos mais jovem, tinha um sorriso adorável que lembra o sorriso de Patrick.

–Entrem por favor. - Sra. Harris abriu mais a porta para que pudéssemos entrar

–Na verdade... Dylan me convenceu a vir aqui.- Patrick olhara para mim com um sorriso bobo ao entrar

Não reparara no que Patrick havia dito, pois a casa de seus pais era mais bonita do que por fora. As paredes tinha um tom bege, um grande lustre redondo de três camadas prateado, pendurado em um teto alto com desenhos leves em branco. próximos as escadas que estava coberta por um carpete marrom, quatro sofás brancos em volta da sala, com uma pequena mesa de centro. Havia estatuas por toda a casa, quadros de artes em todas as paredes. Grandes cortinas de renda branca, cobrindo grandes janelas de vidro.

–A senhora sabe o por quê da minha visita... - Patrick disse em um tom de sussurro.

–Sentem-se vou chama-lo - Sra. Harris disse um tanto decepcionada. Subiu as escadas e desapareceu.

–Está brincando né? - Disse me sentando no maior sofá que ficara de frente para uma estatua de uma mulher com panos cobrindo partes de seu corpo.

–Não. - Patrick se sentou ao meu lado. - Morei aqui por dezoito anos... - Patrick abaixou a cabeça. - Não se deixe enganar pela clássica e pela boa educação. - Encostou no sofá com um olhar nostálgico. - Me lembro bem de quando morava aqui, é como estar em uma prova de resistência.

–Qual é o problema afinal? - Perguntei impaciente. - Você tinha uma puta vida.

–Não acho que isso seja pra mim. - Patrick me olhou com intensidade. - Tudo parece perfeito, não parece? - Patrick me perguntou passando a mão em sua barba rala. - Tudo isso aqui. - Patrick em volta. - É só uma casca. Meus pais nem estão mais casados. Tudo isso é só uma hipocrisia de "casamento perfeito", "vida perfeita". Mas nada aqui é perfeito. - Tirou a touca vermelha que escondia o cabelo azul. - Está vendo esses quadros? - Me perguntou apontando para todos os quadros da sala.

Confirmei com a cabeça.

–Esse são os quadros que meu pai não consegue vender. Trabalha vendendo quadros. Ele trabalha nesse ramo desde que me conheço por gente. - Patrick falava mexendo a touca vermelha sem jeito. - Sempre foi muito ocupado.

–E quando você decidiu largar tudo isso e ir embora?

–Aos dezoito. Estava tão cansado dessa mentira. - Patrick pensou melhor. - Ele não valorizava minha arte.

–Ele nunca pensou que os dois estavam no mesmo ramo?

–Sr. Harris é um tanto controlador. Tudo tinha que ser como ele queria. E ele não queria que eu fizesse o que eu faço. E também ele nunca foi tão honesto... - Patrick sorria enquanto falava. - Talvez tenha me focado tanto em tudo que faço só para provoca-lo. - Ele tirara o sorriso do rosto e colocou as mãos nos olhos arrependido -Não deveria ter vindo.

–Do que você está falando? - Patrick me deixou furiosa. - Você está assustado. - Respirei fundo e lhe dei outra chance.

–Eu não estou Dylan. - Levantou a voz. - Eu sei o porque eu sai daqui. Eu sei o porque não falo com meu pai a três anos.

–Então por quê está aqui? - Perguntei.

Patrick não sabia como responder, olhava para mim confuso. Encostou no sofá com uma das mãos no bolso e a outra cobrindo os olhos.

Ouvirmos passos pelas escadas, e um homem com um suéter ridículo, uma calça social preta, cabelos grisalhos e arrumados. Um olhar manipulador, aparentava ter seus cinquenta e nove anos. Ele descia as escadas com um cara fechada, não parecia estar nada contente. Andava com as mãos atrás das costas. E com a Sra. Harris ao seu lado.

Ao ver seu pai descendo as escadas, Patrick se levantou no mesmo instante, tirou a touca deixando seu cabelo azul amostra. Colocando as mãos nas costas, com a cabeça erguida mas com os olhos fixos no chão. Sem saber como reagir me levantei também.

–Bom dia senhor! - Patrick gritou como um soldado ao ver seu pai chegar. Senti que Patrick estava zombando.

–Eu sou Richard Harris. - Ele ergueu a mão direita ignorando o que Patrick havia dito.

–Dylan Miller. - O cumprimentei.

Richard e Emily se sentaram em um sofá ao lado.

–O que está fazendo aqui? - Sr. Harris disse em um tom ignorante se referindo á Patrick.

Patrick olhou para mim assustado, sabia que naquele momento ele queria que eu o salvasse:

–Nós estamos aqui, para falar do seu relacionamento com seu filho. - Disse ansiosa.

–Não há nada para conversar. - Sr. Harris disse sem ao menos olhar para o próprio filho, olhava para as janelas.

–Não? - Patrick chegou mais perto de seu pai. - O senhor não tem nada a dizer sobre mim? - Disse intencionalmente

–Há muito que tenho que dizer.

Então diga. Estava perdendo a paciências com os dois. Ambos só estavam fazendo daquilo parecer uma cena clichê de um filme ruim. Queria gritar dizendo o quanto isso é ridículo. Mas não iria acabar com a minha reputação na frente dos pais de Patrick.

–Pelo amor de Deus - Patrick gritou com raiva. - Agora eu me lembro o porque eu fui embora.

–Patrick não. - Sra. Harris olhava para os dois com lágrimas nos olhos. A minha vontade era de ir até ela, abraça-la e tira-la dessa situação horrível.

–Então por quê está aqui? - Sr. Harris se levantou. - Porque não está com seu grupinho que o fez sair dessa casa? - Sr. Harris andava de um lado para o outro impaciente.

–Ninguém nunca me obrigou a sair daqui. Quer dizer.. A não ser você, claro. - Patrick disse em um tom de sarcasmo ao se levantar, acompanhando com os olhos seu pai andando de um lado para o outro.

–É claro, sempre culpando seus pais pelos próprios erros. - Sr. Harris ficava com mais raiva a cada momento. - Você não sabia o quanto a sua vida era boa.

–Você se refere a isso tudo? - Patrick abriu os braços e olhou em volta de toda a casa. - É eu acho que eu não sabia.. Me conte papai, me conte. - Patrick forçou a voz ao ponto de parecer bem irritante. - Me conte como toda essa sua farsa era uma boa vida!

–Não ouse falar disso. - Sr. Harris chegou mais perto de Patrick, com um olhar ameaçador.

–O que? Mas nós tínhamos uma vida tão boa. - Patrick se virou para mim, que ainda estava sentada como a Sra. Harris sem saber o que fazer. - Papai "escravizava" - Patrick fazia aspas com as mãos. - Um pobre coitado que só queria fazer sucesso com seus quadros. - Ele apontara para todos os quadros que o homem havia feito. - Mas o que você fazia mesmo? - Patrick se voltou para seu pai com o mesmo tom arrogante.

–Como se atreve? - Sr. Harris estava furioso.

–Você não quer contar? - Patrick o interrompeu. - Pois bem. Papai vendeu os quadros do homem como seus. E pagara apenas quinze por cento ao real pintor.

Agora entendia o por quê do " ele nunca foi tão honesto". Patrick valorizava muito a arte, e pelo visto também a honestidade. Entendi o porque de sua raiva. Mas agora pensara em mil coisas que Richard Harris poderia ter feito de tão ruim com as pessoas á sua volta.

–Me respeite seu moleque insolente. - Sr. Harris gritou a caminho de Patrick, por segundo achei que ele poderia ter dado um belo soco em Patrick. - Eu mereço respeito! Sou seu pai.

–Claro, agora o senhor é meu pai? - Patrick virou as costas, e foi até uma estatua que ficava perto da escada. - Sabe... Para gente receber respeito... Temos que ter respeito. - Ele passara as mãos pelo pano que cobria apenas certas partes do corpo da estatua sem nenhum cuidado.

–Patrick não fale assim. - Sra. Harris finalmente se levantara do sofá, com um olhar arrependido.

–Não, Emily. - Sr. Harris chegou até ela e a segurara pelo braço. - Deixe esse menino ingrato. - Sr. Harris o soltara e ficou a me encarar. - Passamos nossa vida trabalhando duro para comprar tudo... Roupas caras, brinquedos. Não nos esquecemos de nada.

–Só se esqueceram de mim. - Uma lágrima caiu de seus olhos. - Nunca se tocou, que isso tudo nunca foi o que eu fiz. - Patrick olhava para o grande lustre. - Tudo o que eu queria, o senhor nunca me deu.

–O que lhe faltava? - Sr. Harris gritou segurando as lágrimas. Ambos não queria demonstrar nada. Queria segurar até o final. Lutar sem demonstrar o quanto doía ficar ai parado resistindo.

–O que me faltava? Que tal a sua atenção. Sua aprovação. Que tal... Seu amor.- Patrick dera uma pausa para respirar fundo. - Nunca soube que eu nunca me importei com essas coisas! Se manteve tão ocupado se exibindo para as pessoas que se esquecera da mulher linda que tinha em casa. E do filho que um dia tanto se orgulhou do pai que tinha. - Patrick finalmente olhara para sua mãe. Ao perceber que sua mãe estava com os olhos inchados de chorar. Percebera que tinha falado demais. Patrick nunca pensara em machucar sua mãe. - Eu vou embora. - Dera um beijo em sua mãe. Veio ao meu encontro, pegara em minha mão e me levara até a porta. - Então use o seu tempo divino, para pensar... Que apesar de tudo isso. Eu amo vocês. - Patrick olhara bem para seu pai. - E infelizmente. Eu irei ama-los para sempre. Sabem onde me encontrar. - Patrick fechou a porta sem ao menos olhar para trás, sem dizer nada ainda segurando minhas mãos, abriu a porta do carro para mim, entrou do outro lado, correu e parou a duas quadras á frente. Saiu do carro com lágrimas nos olhos, deu meia volta, abriu a porta pra mim, me conduziu até a saída. Fechou a porta e encostou no carro.

–Calma, está tudo bem. - Limpei suas lágrimas. - Você foi muito bravo lá dentro.

–Foi tudo tão rápido. - Patrick respirou fundo. - Deveria ter dito tudo aquilo mesmo?

–Disse tudo que tinha que dizer. - Nunca tinha visto Patrick tão vulnerável, tão inseguro. Como se aquele rebelde que não estava nem ai para nada tivesse ido embora. - Agora é só esperar.

–Esperar? - Patrick limpou as próprias lágrimas.

–Sim. Esperar eles virem até você. - Percebi que Patrick ainda olhara confuso. - Olha, você pode não ter olhado. Mas sua mãe estava do seu lado. O jeito que ela te olhava... Eles devem estar agora discutindo sobre isso. - Me sentei na calçada. - Mesmo estando juntos ou não. O que ela mais quer é ver você e seu pai de bem.

–Como você sabe? - Patrick perguntou cruzando os braços.

–Toda mãe é assim. Elas se importam demais com a gente para nos ver machucados. Não importa se ela demonstra ou não.

–Como você pode saber tanto sobre tudo isso? - Patrick fica pensativo sobre tudo o que eu digo. Ou ele certamente não entende nada do que digo.

–Eu só.. Sei. - Fiquei surpresa com a pergunta de Patrick, nunca havia me perguntado de onde sai todos os meus conselhos, eu só sinto que tenho que dizer e digo. Não é como se eu soubesse o que eu estou dizendo. Eu só digo.

Patrick dera um sorriso bobo. Adorava o efeito que eu causava nele. Como se seu sorriso fosse meu energético, o que me dava energia para continuar. Não é como se ele fosse o único.

O maior motivo da minha felicidade era a felicidade dos outros, vê-los felizes, ver que eles sentem uma razão para estar onde estão. e que eu os ajudei para chegar a fazer a coisa mais preciosa e magnifica do mundo... Apenas sorrindo.

–Vem. - Patrick disse abrindo a porta do carro.

–Primeiro, tenho que mandar uma mensagem para Luna, ela deve estar preocupada. - Disse vendo as horas no meu celular, eram duas e trinta e sete da tarde.

–Te espero dentro do carro. - Fechou a porta que abrira pra mim, e entrou no lado do motorista.

Na mensagem dizia:

"Luna não se preocupe comigo, eu estava resolvendo um problema. Calma eu não me meti em confusão. Não voltarei para o hostel agora. Patrick precisa de mim. Pode ir curtindo Londres com os outros, se precisar eu te ligo

Te amo "

No mesmo minuto que mandei, Luna me respondeu:

"Por favor tome cuidado! Não gosto mais desse menino. Não faça nada que eu não faria. E não se preocupe eu vou curtir muito sem você.

Também te amo!"

Entrei no carro e por todo caminho tentei animar Patrick, pode ter se sentido aliviado, mas ainda sentia que algo o perturbava.

No meio do caminho Scott liga para Patrick. Querendo saber como foi com o pai dele, disse que estava preocupado. Scott não havia contado para ninguém a não ser Bren que já sabia. E que iria manter esse segredo se Patrick quisesse.

Scott era mesmo um amigo fiel, aquele que de fato você poderia confiar, e colocar a mão no fogo.

Patrick me explicara a história de como os dois ficaram amigos.

No mesmo dia que Patrick saiu de casa, já tinha em mente sobre suas ideologias, e por pura coincidência do destino conheceu Scott em um bar, conversaram até Patrick dizer que ele tinha saído de casa. E com uma confiança louca Scott decidiu dividir a casa com ele. E vocês achando que viajar para Europa com tanta rapidez fosse loucura.

Decidimos ir para casa de Patrick e descansar um pouco.

–Scott? - Patrick gritou ao entrar em casa. - Não tem ninguém em casa. - A casa estava do mesmo jeito de quando saímos, bagunçada e desorganizada.

–Estou cansada. - Disse me jogando no sofá. - Por quê seus pais moram tão longe?

–Eles tentam se manter longe de pessoas como eu e meus amigos. - Patrick se sentou ao meu lado.

–Desculpa não queria tocar nesse assunto. - Coloquei minha cabeça nos ombros de Patrick.

–Não se preocupe. - Patrick deu um tapa leve na minha perna. - Eu aprendi a desprezar esse fato...

Ao terminar a frase, Scott chegou em casa com Marcus e Bren.

–Finalmente cara, você chegou. - Scott entrou e se sentou no sofá ao lado do nosso. Ele estava usando uma camisa de baseball, azul e branca, que estava desenhada nas costas. - Achei que nunca mais iria aparecer. - Scott brincou, colocando os pés na mesinha que ficava em frente a televisão.

–E te abandonar? Nunca. - Patrick riu. - Então o que temos para hoje? - Ele disse olhando para Marcus e Bren que estavam em pé, encostados na escada.

–Não tem muito que se fazer. - Marcus disse um tanto triste. - quatro horas da tarde em plena segunda, todos já estão em casa.

Isso me fez pensar, se todos estão em casa descansado para mais um dia de trabalho, por quê eles não estavam fazendo isso? E se não trabalhavam quem pagava as contas da casa? Achei que seria inapropriado perguntar, então decidir deixar quieto.

–Então o campo de baseball vai estar vazio? - Scott deu a ideia.

–Não sei, sempre tem adolescentes. - Bren foi até a cozinha e pegou uma cerveja. - Ficam lá para pegar garotas e beber escondido. - Bren voltou para sala e se sentou com Scott.

–Então é isso? - Patrick se levantou. - Vou me trocar, saímos as dez horas?

–Claro. - Scott pegou a cerveja de Bren e deu um gole. - Vou ligar para o resto do pessoal.

Até Patrick se trocar fiquei esperando e assistindo televisão com Scott, e aproveitei para explicar o ocorrido na casa dos pais dele. Scott ficara orgulhoso de Patrick, no final de tudo ele tinha tomado uma grande atitude.

–Acho que ele está um pouco triste. - Sussurrei para Scott. - Mas não quer demonstrar.

–E quem quer? - Scott chegou mais perto para poder me ouvir. - Patrick é forte, eu conheço o garoto, ele não vai se entregar tão fácil. - Os olhos de Scott brilhavam, ele realmente gostava de Patrick parecia que o via como um filho.

–Ele se abriu muito rápido comigo. - Sorri sem perceber. - Senti que ele confiava em mim.

–Ele confia, quer dizer, você pode achar loucura, mas o Patrick gosta de você. - Scott parecia estar tentando dizer outra coisa, mas eu não conseguia entender.

–Eu sei, eu também gosto dele. - Disse meio sem graça.

–Não... Ele realmente gosta de você. - Scott disse com mais intensidade, chegando mais perto de mim.

–O que está querendo me dizer Scott? - Eu já tinha sacado, só estava assustada. Não sabia como reagir, quer dizer. Scott estava tentando me dizer que Patrick me ama? Se fosse realmente isso, seria uma loucura. Quer dizer... Só passamos algumas noites juntos, e nem fizemos nada demais. Posso ter ajudado em um assunto sério mas isso não o faz querer se apaixonar por mim. Não achava que seria possível essa possibilidade. Não sabia o que sentia. Nunca havia me apaixonado por ninguém. A minha vontade foi de sair dali correndo sem olhar para trás. Mas não sai do lugar.

–Eu não quero dizer nada. - Scott disse ao perceber o meu nervosismo. Ele sabia de tudo, apenas olhando para mim assustada como um animal indefeso.

Patrick desceu as escadas com uma calça jeans preta, uma camisa branca com mangas azul até o cotovelo que mostrara suas tatuagens no pulso e nos braços. O que me deixou mais confusa: Se eles não trabalhavam, como conseguiam dinheiro para fazer tatuagens? Acho que será algo que nunca irei entender.

Quando deu dez horas saímos e andamos umas seis quadras até o campo de baseball.

Scott me dissera que preferia caminhar do que ir de carro para os lugares, morava perto de tudo, seria "um tanto esquisito".

Ao chegar no campo, ele estava vazio. Sem crianças como Bren havia previsto. No campo encontramos: Cathernine, Becca e os gêmeos John e Jim, que estavam praticando suas tacadas.

–Eles finalmente chegaram. - Becca chegou até nós e ficou abraçada com Bren. - Sabe jogar Dylan?

–Sou um desastre. Não sei jogar - Disse rindo.

–Você pega o jeito. - Scott largou o cigarro e foi para o meio do campo. - Vamos deixar ela tentar, Bren mostra como se faz. - Scott piscou para Bren

–Com prazer. - Bren riu. - Preste atenção amor. - Bren disse olhando para mim.

O campo era aberto, com apenas grades em volta, atrás das grades arquibancadas de ferro.

Becca começou como arremessadora, Bren como o rebatedor, Jim na interbase, Patrick ficou na primeira base, Scott na segunda e John na terceira, Catherine ficou de Campista esquerdo e Marcus ficara na espera para rebater

E o jogo começou, Becca arremessou a bola com toda força que tinha, sem piscar Bren rebateu a bola e percorreu pelas quatro bases que o compõe o campo. A bola quase voara para fora do campo mas Catherine conseguiu pega-la antes de Bren terminar o percurso, parando na terceira base.

Patrick, e Scott gritavam feito loucos, estavam realmente animados com tudo aquilo.

Na próxima partida, Becca iria arremessar de novo a bola, mas dessa vez, pediram para eu rebater, Scott tentou me ensinar a pegar no taco antes de começar o jogo.

Isso me fez lembrar no meu primeiro ano no ensino médio, tivemos por dois meses um campeonato de baseball com toda a escola, só um pequeno detalhe, minha turma e eu ganhamos em segundo lugar. O primeiro lugar foi para o terceiro ano que ficou a praticar muito antes de nós. Eu sabia exatamente o que estava fazendo. Patrick, Scott nas mesmas bases e Bren com Jim na terceira.

Becca arremessou a bola de novo com toda sua força, pedira para não pegar leve comigo, me posicionei corretamente, espaço entre o joelho e as axilas, respirei fundo, e rebati com toda minha força. Ao ver a bola voar pelo campo tentei correr o mais rápido que pude. Bren passou da terceira base para quarta. Passei pelas três bases com rapidez, apenas ouvia Scott, Patrick e Jim gritarem como loucos. Catherine ainda estava tentando pegar a bola, por um instante quase saiu do campo outra vez mas ela conseguiu pegar. Consegui chegar até a quarta base antes que Catherine pudesse pegar na bola:

–Você disse que não sabia jogar. - Patrick gritou, ainda sim muito feliz. Patrick marcou tempo com a mão e todos vieram em minha direção.

–Eu também sei mentir. - Disse sorrindo.

–Onde aprendeu a jogar? - Catherine disse animada, com a bola na mão.

–Na escola, tínhamos um campeonato todo ano. - Estava ofegante pelo percurso.

–E em que lugar você ficou? - Scott estava ansioso, balança o taco de um lado para o outro.

–Segundo lugar. - Soltei um olhar superior.

–Filha da puta. - John gritou.

–Vem, você vai rebater de novo. - Scott me levara até a base, e me deu o taco. -Você é boa.

–É só se concentrar. - Disse já em minha posição.

Dessa vez Patrick queria arremessar a bola. Ele olhara sério para mim. Parecia estar disposto a jogar toda sua força para ver do que eu sou capaz.

Patrick arremessou a bola, todos estavam muito esperançosos, pareciam querer ver um show. Ao tentar rebater a bola fui interrompida por um grupo de nove pessoas. Apenas homens, todos com caras de sérios, fortes com roupas rasgadas e escuras.

–Ah não. - Scott sussurrou. - O jogo acabou galera. - Scott gritou olhando para todos no campo.

A bola cairá no chão antes que eu pudesse rebater.

–O que vocês querem aqui? - Marcus gritou

–Quem são? - Sussurrei para Becca.

–Os Cobras. - Becca disse desprezando cada um. Finalmente conhecera os cobras, não pareciam tão ameaçadores só o cara do fundo com um soco inglês Dourado.

–O que estão fazendo aqui?

–Estão atrás Patrick. - Becca cruzou os braços. - Estão atrás dele a muito tempo.

–Mas por quê?! - Agora estava ficando assustada, o que um monte de marombados iriam fazer atrás de Patrick?

–Patrick adora arranja confusão. - Becca riu. - Um dia entrara no "terreno " dos cobras - Becca disse fazendo aspas com as mãos. - Lugar que nós lobos não podemos entrar. Então ele entrou lá, pichou todas as paredes, e esperou sentando até que Black chegasse.

–Por quê ele fez isso? - Ficava cada vez mais confusa.

–Por puro prazer. Black ficou furioso, tenta arranjar uma briga com Patrick a tempos. - Becca andava devagar. - Somos rivais dos Cobras graças ao Patrick.

Black era o líder dos Cobras, tinha um cabelo loiro, mas uma pele morena. Ele entrara no campo com os outros.

–Quer jogar? - Patrick disse com um sorriso descarado

–Achávamos que o campo estava livre. - Black tinha uma voz suave, bem surpreendente pelo seu tamanho. - Queríamos fazer uma.. Coisinha especial.

–Querem o campo só para vocês? - Scott levantara uma das sobrancelhas e cruzara os braços.

–Não, acho que agora está mais interessante não é gente? - Black olhou para seus companheiros e todos confirmaram com a cabeça. - Acho que temos contas para pagar. - Black chegou mais perto de Patrick.

–Magoas passadas. - Patrick riu, estava muito seguro, não abaixara a cabeça por nada. - Não vai de dizer que ainda tem raiva de mim? - Ele disse irônico,com muita coragem.

–Claro que não... - Black se virou, surpreendendo todos, fechou a mão e dera um soco em Patrick. Que assustou todos. Foi algo inesperado. Scott tentara deter Black que estava por cima de Patrick dando socos. Dando um forte impulso Patrick consegui ficar por cima de Black revidando todos os socos, gritara para Becca e Catherine me tirarem do campo, mas dois dos Cobras nos seguraram. Scott lutara com outro que não o deixava impedir Black e Patrick, Jim e John tentavam impedir que Catherine, Becca e eu se machucasse. Marcus estava na lateral do campo, dava chutes no estomago de um dos cobras. Tudo estava um grande caos. Aquilo me torturava por dentro, todos meus amigos levando a maior surra mas lutando bravamente por algo ninguém sabia. Me debatia para tentar sair dos braços dos cobras. Até ver Black conseguir ficar em cima de Patrick de novo, dando socos na barriga. Black gritou para amigo que estava batendo em Scott dar o soco inglês.

Ódio corria pelos sangues de Black, o sangue caía de seu rosto, mas ainda não tirara o sorriso maligno do rosto.

Tive um surto de adrenalina ao ver Black bater em Patrick com o soco inglês. Usei a vantagem do cara ser muito maior que eu, consegui passar por baixo dos grandes e fortes braços. Peguei o taco que estava na quarta base e com toda minha raiva bati em Black. Todos pararam no mesmo instante. O barulho do taco nas costas de Black havia sido alto como um estouro. Black cairá no chão mas ainda estava acordado:

–Todos parem agora. - Não gritei mas sim berrei. Mas ainda sim me obedeceram, Scott com o rosto sangrando largou o cobra, Jim e John pararam para respirar. Patrick ficara no chão com as mãos na barriga. Becca e Catherine ficaram horrorizadas. - Vão embora ou o líder de vocês vai se machucar. - Ameacei com o taco de basseball.

–Nós não temos medo de você. - Um dos cobras disse ao tentar se aproximar de mim.

Black estava deitado de barriga para cima, estava com os olhos fechados, mordia a boca sentindo a dor nas costas. Levantei o taco e bati na barriga. De novo ouvimos outro estouro:

–Se não saírem daqui o próximo é na cabeça. - Dei lhes uma ultima chance. Eles ainda não estavam assustados, ainda vinham em minha direção. Apenas levantei meu taco com ódio, e cheguei até a cabeça. Antes que pudesse acertar, gritaram para mim parar. Me afastei e apontei para Black para levarem.

Dois cobras levaram Black no ombro que estava cuspindo sangue, os outros foram atrás, olhando com ódio.

Conseguia ver o brilho que Scott estava nos olhos, parecia orgulhoso. Mas dois segundos depois me arrependi de ter feito alto tão imprudente, Black sairá de lá cuspindo sangue, será que dera um batida tão forte em seu estomago?

–É melhor as cobras voltarem para o ninho. - Marcus agitou e logo em seguida uivou, com que fez que todos uivassem até eu. Naquele momento... Só naquele momento... Me senti como um Lobo.


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Notas finais do capítulo

Eae/??



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