Deixei que minhas pernas me levassem para longe de meu chalé. Instintivamente me achei de frente para a porta de cor preta do chalé 13. Entrei sem bater; Nico estava deitado em sua cama, ainda acordado e se estava surpreso de me ver ali não demonstrou.

Caminhei suavemente até ele e me sentei na cama. Sem o olhar.

– Cassandra me contou. - minha voz saiu tão suave que me surpreendeu.

– Até que ela demorou muito para tomar a frente e contar. - senti ele levantar e se sentar ao meu lado - Você esta bem?

Pela primeira vez desde que entrei em seu chalé eu o olhei.

– Estou normal. - e era verdade. Até que era legal ter a alma unida com o Nico. Saber que isso era tão forte que mesmo Afrodite não pudesse interferir - Por que você não me contou?

Nico tirou os cabelos dos olhos.

– Eu ia contar para você hoje, mas a Cassandra interrompeu. - falou, um pouco frustrado - Só não quis contar antes porque estávamos no meio de uma missão, e você estava com tantas coisas para se preocupar... Não sabia qual seria sua reação.

Sorri e abracei Nico. Ele passou os braços pelo meu ombro e hesitantemente acariciou meu cabelo. Notei que ele tinha cheiro de narcisos; eu já tinha ouvido falar que essas flores eram consagradas a Hades, mas mesmo assim me surpreendi.

– Isso realmente é assustador. - sussurrei ainda abraçada a ele - Mas de um jeito bom.

– Algo assustador pode ser bom? - perguntou ele.

Me afastei para olha-lo.

– Pode. Você é assustador mas é bom. - ele riu fracamente.

Segurei a mão dele entrelaçando nossos dedos. Eu me impressionava em como as mãos de Nico eram frias; seus dedos eram longos e branquíssimos, com o anel de prata em forma de caveira.

Se houvessem me dito algumas semanas atrás que eu namoraria um semideus filho de Hades eu não acreditaria, mas aqui estou eu. Voltei de uma missão - viva, diga-se de passagem - sou a única filha de Ártemis, sou amiga de uma filha de Ares e namorada de um filho de Hades.

A vida era realmente um mistério.

– Preciso voltar para o meu chalé, deixei Cassandra falando sozinha. - olhei nos olhos dele.

– Tudo bem. - Nico beijou meu rosto - Boa noite.

– Boa noite. - sorri, me levantando para sair do chalé.

Quando entrei em meu chalé, a filha de Ares não estava mais lá; talvez tenha achado que eu precisava de um tempo sozinha. Fiquei tentada a ir pedir desculpas a ela pelo meu comportamento, mas achei melhor fazer isso no dia seguinte.

Me deitei, esperando não ter mais sonhos estranhos.