O Acordo escrita por Bel Russeal


Capítulo 9
Reunião das garotas


Notas iniciais do capítulo

Gente passando rapidinho aqui para postar o capitulo pra vocês. Estou muito ocupada essa semana por isso demorei, mas fiz um capitulo bem grandinho pra compensar!
Obrigada a todas que vem acompanhando e comentando, adoro ler as opiniões de vocês!
Enfim Beijos.



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Eu realmente havia caprichado na mesa de café da manhã, mimar o meu irmão em sua pequena estadia em minha casa era uma estratégia total organizada para ele compartilhar mais dos problemas que ele estava passando comigo e é claro persuadi-lo a voltar mais vezes.

_ Eu devo voltar aqui mais vezes. –Lucas disse devorando o bolo de chocolate em sua frente.

_ Eu ficaria feliz se fizesse isso. – Disse e Lucas pegou minha mão e beijou as costas dela.

Voltamos a nossa refeição distraídos e ouvi a porta da entrada abrir. Só poderia ser Dylan, é claro. O Sherman havia passado a noite fora, eu estava curiosa, morrendo de vontade de saber onde ele estava, porque demorou e porque tinha um corte na sobrancelha. Mas eu ignoraria todas as minhas duvidas e o Sherman é claro.

_ Bom dia. – Dylan disse sentando-se à mesa e pude sentir seu cheiro de álcool de longe. O que me fazia ficar mais odiada, nunca conseguiríamos mudar a imagem de Dylan porque ele ainda continuaria ser um idiota, imaturo e irresponsável.

_ Você passou a noite fora? –Lucas perguntou surpreso e Dylan franziu a testa.

_E você não vai falar nada? – Lucas dessa vez olhou para mim.

_ Se ele acha que não deve me dar satisfação do que faz, eu não me importo.- Respondi dando um sorriso falso e forçado para Dylan que retribuiu em um sorriso provocador.

_Isso é estranho. – Lucas disse bebendo o suco em seu copo - Seu pai sabe que você ainda continua irresponsável ? – Lucas perguntou novamente para Dylan que se servia um café preto e sem açúcar.

_Falando o cara que carreguei ontem morto de bêbado. –Dylan disse revirando os olhos.

_ A diferença é que ele tem 19 anos, você 24. Mas a imaturidade de vocês é igual – Falei.

_ Quem não tava se importando aqui em ? – Dylan disse rindo e tomando todo seu café de uma vez.

_Mas e aí onde estava? – Lucas perguntou novamente para Dylan.

_ Quando acaba sua estadia aqui mesmo ? – Dylan olhou irritado para Lucas.

_ Ele pode ficar ate quando ele quiser. – Respondi e Dylan revirou os olhos.

_ Por que ta com esse corte na sobrancelha? – Lucas continuou a perguntar para Dylan, é claro que meu irmão queria irritar o Sherman e isso meio que me deixava orgulhosa.

_ Você faz muitas perguntas. – Dylan disse levantando e vindo a minha direção.Desviei me olhar do seu e continuei a fazer minha refeição.

Ele parou ao meu lado em pé e me olhava com o seu sorriso mais perigoso e indecifrável no rosto. Ele se inclinou até o meu rosto e me encarava.

_ O que foi ? – perguntei confusa.

_ Eu estava na casa do Daniel, meu melhor amigo, era apenas uma pequena comemoração do aniversario dele. Esse corte na cabeça é porque ele é um idiota bêbado. Não fiz nada que desrespeitasse o nosso acordo. – Ele falou isso tudo me olhando e depois olhou para Lucas que revirou os olhos.

_ Eu não perguntei nada. – Falei como se não me importasse.

_ Estava morrendo de curiosidade, eu sei – Ele piscou para mim com o sorriso de lado mais irritante da face da terra - Eu vou dormir um pouco, tenha um bom dia, esposa. – Ele disse me roubando um selinho, me afastei o empurrando de forma brusca e ele se equilibrou antes de cair no chão, logo depois subiu para o quarto rindo.

***

Depois do café da manhã, levei Lucas de volta para casa dos nossos pais e fui aproveitar meu dia de folga junto de Caroline que me esperava no shopping. Cheguei à lanchonete que marcamos um encontro e vi a garota trocando telefones com um carinha gato, típico de Caroline.

_ Já a ativa a essa hora da manhã ? – perguntei a ela rindo.

_ Se o Marcelo não me da bola, eu vou atendendo os próximos da fila. – Ela disse divertida.

_ Ele é um gato. – Falei olhando discreta para o carinha que estava com ele minutos antes que ainda a observava de longe.

_ Eu sei, não vejo a hora de ele me ligar. Estou carente. – Ela disse acenando para o cara e me arrastando para fora da lanchonete.

Caroline tagarelava sem parar enquanto comprávamos algumas roupas, ela reclamava de Marcelo e sua ética profissional incrível de não querer se envolver com ela por causa da ONG. E já que estávamos desabafando, contei a ele do quanto Dylan vinha me irritando essa semana e do que Lucas havia aprontado.

_ Ah quer saber o que a gente precisa? - Ela disse parando em uma frente enquanto caminhávamos para outra loja.

_ De mais roupas? Eu já acho essas suficientes. – Disse erguendo as várias sacolas.

_ Não..Não.. Eu to falando de uma tarde só nossa, naquela mansão enorme e sem o seu marido chato, que deve estar trabalhando. – Ela me olhava com os olhos azuis brilhantes e sugestivos, que tinham ansiosidade pela minha resposta – Então?

_ Vamos comprar champanhes e muito chocolate. – Disse pra ela que gritou animada.

...

Chegamos em casa animadas, já fazia um tempo que Carol e eu não nos divertíamos juntos e depois de uma manhã perfeita no shopping, aproveitaríamos a ausência de Dylan para uma pequena farra na mansão.

_ Acho que é muita bebida para nós duas. – Disse rindo enquanto enchia minha taça e olhava Caroline desembalar todas as garrafas de bebidas da sacola.

_ Eu concordo por isso chamei uma convidada especial.- Caroline disse me olhando e franzi a testa de curiosidade – E que faz uma ótima caipirinha. – Caroline foi andando ate a porta que tocou a campainha e vi Isabelle entrar.

Isa estava linda e deslumbrante como sempre, com suas roupas ousadas, estilosas e o salto alto de sempre, com os cabelos castanhos brilhantes em grandes cachos e mexas azuis e seu delineador exaltando seus olhos cor azuis, minha prima e melhor design de moda que conheço entrou na sala com o seu sorriso animador de sempre.

_ Me falaram que ia ter uma pequena farra aqui, mas cadê a musica? E a tequila? – Ela disse erguendo os braços para um abraço e corri para seus braços matando a saudade.

Isabelle estava em Paris trabalhando, não a via há dois anos e no inicio de sua mudança de país senti muito, pois Isa era uma prima e amiga muito próxima, nunca perdemos o contato, mesmo longe eu sabia de tudo que acontecia com ela e ela sabia de tudo que se passava comigo, quer dizer quase tudo, ela sabia do meu casamento, mas ela não sabia de todas as razões que me fizeram casar, como quase todos ela pensava que me casei porque estava apaixonada.

Era ruim ter que esconder isso dela, mas Alfredo fez me prometer não contar mais pra ninguém,ele já era insatisfeito de Caroline saber do acordo, não me permitia revelar para mais ninguém. Isabelle não pode vim ao meu casamento porque estava no meio de uma fabricação de uma linha de roupas importante, eu a compreendi já que o meu casamento foi algo inesperado e ela não pode preparar sua agenda, mas ela estava ali em minha frente agora para uma tarde divertida, eu estava surpresa e feliz pela presença dela.

Caroline ligou o som e ouvimos o estouro de um champanhe sendo aberta e então desgrudamos do nosso abraço e sorrimos da animação de Caroline que bebia a champanhe direto da garrafa, dançando em cima da mesinha de centro da sala.

_ Que saudades eu senti do Brasil.- Isa disse subindo na mesa também e abrindo outra garrafa e dançava com Caroline.

Olhei para o balcão e peguei a garrafa mais próxima e a abri, me entregando a diversão delas também.

...

Eu nem me lembrava a ultima vez que tinha dançado tanto para comparar com aquela tarde, eu estava esgotada. Nos jogamos, as três, no sofá e apoiamos nossas pernas na mesinha na frente. Olhei para todas as garrafas de bebidas que já tínhamos bebidos e ainda as que faltavam e conclui que a festa estava apenas começando.

_ Como eu senti de saudade de vocês duas, isso me lembrou tanto o colégio. – Isa disse ofegante, ela estava no meio de nós três, apoiei minha cabeça em seu ombro e Caroline fez o mesmo e suspiramos juntas, depois disso gargalhamos.

A música ainda estava alta e na ordem aleatória que estavam tocando a próxima música que tocou foi Titanium de David Guetta e Sia, gritamos juntas , Isa levantou e subiu na mesa e usou a garrafa como microfone e começou a cantar de forma sensual para mim e Carol :

_ You shout it loud, but I can't hear a word you say. I'm talking loud, not saying much.- Carol e eu rimos.

_ I'm criticized, but all your bullets ricochet. You shoot me down, but I get up– Foi a vez de Caroline cantar e se unir a Isa sobre a mesa dividindo o “ microfone”.

_ I'm bulletproof, nothing to lose Fire away, fire away– Cantei subindo me unindo a elas e juntas começamos a cantar, dançar e rir tudo ao mesmo tempo - Ricochet, you take your aim Fire away, fire away ....

Ouvimos palmas e paramos imediatamente, Caroline se desequilibrou da mesa caindo no sofá pegando o controle e desligando o som tão rápido que nem deu tempo de eu rir de sua queda.

_ Que espetáculo. –Ouvi a voz de Dylan ecoar pela sala e quando me virei tentando encontrar da onde vinha sua voz, ele estava parado no topo da escada sem camisa, apenas vestido em uma calça de moletom folgada, e ainda batia palmas.

_ Dylan ? – Eu e Caroline falamos juntas;

_Esse é seu marido? – Isa perguntou ainda com os olhos surpresos em cima de Dylan e depois olhou para mim esperando a resposta e afirmei apenas com a cabeça – Agora entendo porque casou tão rápido. – Ela disse rindo.

_ Você não estava no trabalho ? – Perguntei e Dylan descia as escadas.

_ Não, eu estava dormindo, pelo menos tentando já que resolveram fazer uma... – Dylan mexeu nas garrafas de bebidas vazias no balcão, depois olhou para nós três e completou - festinha.

_ Estou de folga hoje e Isa chegou ao país, então.. – Explicava enquanto Caroline estava sentada no sofá com a almofada na cara, sem ela poderíamos ver o quanto estava corada de vergonha.

_Eu sou a Isabelle, prima da Bia. Prazer – Isa me interrompeu e acenou para Dylan, depois sentou ao lado de Caroline, mas ao contrario dela pegou uma garrafa de cerveja e a abriu bebendo de forma tranqüila, me deu vontade de rir com sua atitude.

_ Podemos conversar, Bianca? – Dylan me olhou e depois foi até a cozinha.

Olhei para as meninas, Carol ainda estava vermelha de vergonha e Isa estava bem tranqüila com sua cerveja, depois fui atrás do Sherman que me esperava na cozinha, Ele estava na geladeira pegando um copo de água.

_ Que foi agora? Eu estava apenas me divertindo, eu também tenho direito de me divertir. – Falei cruzando os braços e me escorando no armário.

_Eu estava tentando dormir Bianca. – Ele dizia chateado – Precisava desse som a essa altura?

_ Eu não sabia que estava em casa e deixei uma mensagem no seu celular avisando que Caroline e eu estávamos fazendo uma reunião de meninas aqui e era pra você tentar voltar mais tarde. E espera não faz uma semana que começou a trabalhar nessa empresa nova e já esta de folga? – perguntei curiosa.

_ Não,lá eu não preciso cumprir calendário e horário,tenho uma certa autonomia. – Ele disse bebendo a água em seu copo e pegando o seu celular no bolso e verificando a mensagem – Não ouvi o celular tocar, ele concluiu.

_ Exatamente, porque passou a noite fora se divertindo e causando confusão e estava cansado demais durante o dia, mas eu não estou fazendo nada demais, estou com minhas amigas, na minha casa. – Falei irritada.

_Eu não estava fazendo confusão, estou tentando me comportar ok? – Ele respondeu irritado.

_Pois eu espero que esteja falando a verdade, porque eu não entrei na droga desse casamento a toa, não quero seu pai nos enchendo o saco depois que sair uma nota na impressa descrevendo suas noitadas. – Disse brava pegando mais uma garrafa de bebida no balcão e caminhando de volta para sala.

_ Ah.. E vista uma camisa porque temos visita em casa. – Disse antes de sair da cozinha e ele me olhou irritado.

Voltei para sala e me sentei ao lado das meninas que conversavam algo a respeito do trabalho de Isabelle.

_ Podemos nos divertir com o som um pouco mais baixo? – perguntei e eles assentiram.

_ A festa continua de qualquer jeito,prima. – Isa falou animada nos fazendo rir – Alem do mais, eu estava falando com... – Isa tentava me contar algo, mas parou de repente e olhei confusa para ela e Caroline que tinham caras de abobalhadas olhando para algo.

_ Falando o quê ? – perguntei – O que estava me dizendo.. Isa? – Perguntei de novo e a encarei confusa e logo depois notei o que se passava.

Dylan havia tirado sua calça de moletom e estava só de cueca Box preta passando pela sala, com a cara mais descarada do mundo. É claro que ele faria ao contrario do que havia pedido, típico dele.

_ Continuem a festa, meninas. Não parem por minha causa, por favor. Eu vou tomar um banho de piscina. – Ele disse abrindo a porta de vidro que dava acesso a área externa da casa e sumiu por ela.

Caroline e Isa haviam acompanhado todo trajeto de Dylan pela sala e ainda olhavam pela porta. Pigarreie alto e as duas voltaram a me olhar constrangidas.

_ Prima, ele tem um irmão ou um amigo, ou algo bem parecido com aquele corpo para me apresentar? –Isa perguntou e eu sorri apenas em resposta. Era bom tê-la por perto de volta.

***

Acordei com metade do meu corpo fora da cama quase se encontrando com o chão e uma perna em cima de mim, tentei me levantar com máximo cuidado para não beijar o chão, tirei a perna de Caroline de cima de mim e levantei segura da cama. Isa e Caroline dormiam profundamente, estiquei o meu pescoço e senti uma forte dor de cabeça ao encontrar o sol que escapava pela janela do quarto de hospedes em que estávamos.

Andei distraída bocejando e esfregando o olho em direção a porta que dava acesso ao corredor, mas acabei escorregando em uma garrafa de vodka vazia que estava no chão e senti minha bunda latejar com o encontro do chão. Gritei de dor.

Isa e Caroline levantaram em um susto, as duas me olhavam confusas, eu estava jogada no chão, enquanto elas faziam caretas com as caras amassadas e os cabelos bagunçados se misturavam com os emaranhados de lençóis.

_ Bom dia, Bianca. – Caroline disse rindo.

_ Boa noite, Bianca. – Isa disse se deitando novamente e escondendo-se da luz do sol com o lençol, mas seu cabelo azul escapava para fora das cobertas brilhando no sol.

Levantei com dificuldade e procurei pelo banheiro logo em seguida, eu precisava de um banho e de aspirina.

Depois de um banho tomado, fui para o meu quarto, estava vazio. Dylan provavelmente já estava acordado em outro cômodo da casa, procurei uma roupa confortável no closet, um short jeans curto e uma regata. Apenas de sutiã e calcinha, voltei ao quarto e depositei a roupa em cima da cama enquanto penteava meus cabelos tranquilamente.

Ouvi a porta abrir, logo vi Dylan entrar distraído tirando a bermuda que vestia e ficando somente de cueca e depois me encarar surpreso, olhei para ele assustada e olhei para mim seminua, um sorriso escapou em seu lábios e procurei alguma toalha para me cobrir imediatamente.

_ Por favor, bata antes de entrar. – Disse irritada.

_Desculpa, mas eu não tenho o hábito de bater para entrar no meu próprio quarto. – Ele disse provocador e sarcástico ( Como se aquele quarto fosse só dele), ele entrou no seu closet e saiu de lá já vestido em uma calça e com uma camisa jogada nos ombros.

_ Precisamos de um acordo para isso. – Disse irritada pegando as roupas na cama.

_ Discordo, eu adorei sua lingerie. Adoraria ver todas elas em todas as manhãs até que a morte nos separe. – Ele sorriu e saiu do quarto.

Desci para cozinha e Dylan estava tomando seu café e lendo o jornal como sempre fazia todas as manhãs, de forma tranqüila despreocupado com o horário.

_ Bom dia, princesinha. – Ele disse sério, mas ao mesmo tempo sarcástico.

_ Bom dia, Sherman. – Disse abrindo a gaveta do armário e tirando o remédio de dentro.

Ouvi um barulho de aspirador de pó vindo da sala, olhei sobre o balcão e vi dois empregados arrumando a pequena bagunça da festa de ontem.

_ Você os contratou ? – perguntei surpresa.

_ Eu detesto bagunça. – O quê ? Ele detestava bagunça? Então como ele explica a bagunça que era o closet dele? – E detesto arrumá-las. E já que as meninas super poderosas estavam dormindo, então pensei, sou rico e posso contratar alguém pra fazer isso. – Ele dizia tudo isso sem tirar os olhos do jornal.

_ Desculpa por ontem, eu realmente pensava que não estava em casa. – Eu insistia em pedir desculpa, apesar de no meu ver, não foi tão grave, foi uma pequena farra entre amigas, depois de Dylan acordar transferimos a festinha para um dos quartos de hospedes, uma coisa mais calma, apenas filme, pipoca, brigadeiro e vodka ( pedido de Isa, é claro).

_ Não precisa pedir desculpa, preciso lhe mostrar o que é uma farra entre amigos de verdade. – Ele disse tranqüilo e não sei o porquê que estava com a sensação que ele aprontava alguma.

_ Ok – Disse me sentando à mesa do café da manhã.

_ Bom dia, casal. –Isa entrou na cozinha com a cara de sono e ressaca evidente.

_ Bom dia. – Dylan respondeu e o mesmo abaixou o jornal observando a garota e depois começou a rir.

Isa havia se sentado à mesa e deitou a cabeça sobre o prato vazio em sua frente. Isso me fez lembrar que a ressaca dela sempre era a pior de todas, porque ela sempre era a que exagerava mais na noite anterior.

_ Bom dia! – Caroline entrou com um sorriso enorme de sempre, nem parecia que também estava de ressaca.

_ Bom dia, Barbie pop star, você até que canta muito bem. – Dylan comentou e voltou a olhar seu jornal, Caroline revirou os olhos e corou um pouco, ela odiava os apelidos que Dylan colocava nela e os comentários irônicos dele, e Dylan adorava a deixar irritada.

_ O que vão fazer hoje ? – Isa disse levantando de repente e Caroline e eu rimos de sua atitude.

_ Eu vou para a faculdade. – Caroline disse servindo suco para nos três.

Caroline passava tanto tempo se envolvendo com a ONG que esquecia que ela fazia seu segundo curso na faculdade, ela já tinha feito de administração, mas agora fazia psicologia,ela só havia feito administração por causa dos pais, agora ela fazia o curso que realmente queria.

_ Ta reformulando a pergunta: O que vão fazer de divertido hoje? – Isa disse novamente.

_ Eu fiquei responsável de dar aula hoje para as crianças, já que a Ca vai ta ocupada com a facul. – Falei e Isa revirou os olhos.

_ Detesto crianças,verdadeiros monstrinho sempre pronto para atacar, são pequenas pilhas de energia constante, que gritam correm, se sujam e gritam. – Ela dizia fazendo careta e pude ver os ombros de Dylan mexerem, ele estava com o jornal escondendo o rosto, mas eu sabia que ele ria dos comentários de Isa também.

_ Você devia me acompanhar, vai gostar da ONG, as crianças de lá são lindas e adoráveis.

_ Não existem crianças adoráveis. – Isa comentou e Caroline revirou os olhos – E você ? - Isa perguntou para Dylan que ficara calado o tempo todo.

“ Ei, estou falando com você” Isa disse isso jogando um pão em Dylan que acertou seu jornal fazendo o cair.

_ Eu irei supervisionar a construção de um avião – Dylan disse com cara de insatisfeito para Isa e juntou o jornal do chão e dobrando sobre a mesa – E não esta convidada.

_ Como se isso fosse divertido. – Ela disse balançando os ombros como se não se importasse e Dylan riu.

_ Isa você vai ficar aqui por quanto tempo ? - Perguntei curiosa.

_ Não sei, vim divulgar minha nova coleção e não sei por quanto tempo isso vai durar. E falando nisso eu tenho uma proposta pra você. –Isa dizia animada.

_ Proposta? – perguntei enquanto devorava o bolo em meu prato.

_ Quero que seja a modelo da minha marca. E ai aceita? – Ela perguntou e é claro que eu já sabia a resposta, trabalhar com Isa em seu tempo de estadia no Brasil significava mais tempo perto de minha prima preferida.

***

_ Me avisem quando os pestinhas estiverem entrando. – Isa disse se sentando sobre a mesa na sala balançando as pernas no ar – Ah não precisa, eles sempre entram acompanhados de gritos.

_ Qual é o seu trauma quanto às crianças? – Disse rindo.

_ Nenhum que eu me lembre, eu só não tenho uma boa relação com elas. Lembre-se disso quando tiver seus filhos com Dylan. – Ela terminou sua frase me fazendo entrar em uma crise de tosse.

_ Que foi? – Ela me olhou rindo – Vocês vão ter filhos um dia não é?

_ Talvez. Não paramos pra pensar nisso. – Disse rápido.

Arrumava as telas espalhadas pelas salas, as crianças teriam aula de pintura, eu não era muito boa nisso, mas Marcelo me ajudaria com a aula.

_ Bom dia tia Bia. – Nicolas disse se sentando depois de se despedir de sua mãe.

_ Bom dia, meu bem. – Disse beijando as suas bochechas gordinhas.

Isa me observava cuidar das crianças, ainda sentada na mesa, ela estava impaciente para me arrastar dali para o estúdio onde eu conhecia sua nova coleção.

_ Você leva jeito com elas, vai ser fácil quando tiver os seus. Dylan gosta de crianças também ? – Ela perguntou.

_ Podemos parar de falar de filhos. – Falei nervosa, aquela questão me incomodava, não estava em meus planos mesmo ter filhos com Dylan.

Isa riu e começou a pintar uma tela por ali para se distrair enquanto Marcelo ajudava outras crianças a começarem a pintar. Isabelle era boa naquilo, ela sempre teve talentos para desenhos e pinturas, aquilo atraia as crianças que assistiam ela a pintar.

Olhei ao redor da sala e todas as crianças estavam entretidas em algo, mas outras brincavam com um certo delegado na porta da sala, que estava vestido para o trabalho, um distintivo pendurado no pescoço e uma arma presa na cintura. Gabriel conseguia se superar cada vez mais em ser o cara dos sonhos de qualquer mulher.

_ O que faz aqui? Não é seu dia de voluntariar. – Falei me aproximando.

_ Não posso evitar, não consigo ficar afastado daqui por muito tempo. – Ele disse olhando para os meus lábios e isso me fez corar.

_ Posso te seqüestrar para um café? – Ele me perguntou, olhei para Marcelo e Isa e os dois estavam indo bem sozinhos, então aceitei.

Gabriel me levou a uma lanchonete próxima da ONG e apesar disso nunca tinha ido ao local, pedimos dois cafés e nos sentamos à mesa, Gabriel e eu conversarmos coisas aleatórias. Ele tinha olheiras no seu rosto cansado, ele disse que estava trabalhando em um caso importante.

_ Então, abandonou o nosso bar? – Ele perguntou e eu ergui as sobrancelhas confusa.

_bar? – indaguei.

_ O que eu vou todas as sexta feiras. Não se finja de desentendida, eu via você lá algumas noites também. – Ele disse e não pude evitar sorrir, eu realmente estava com saudade daquele bar.

_ Eu ando meio ocupada, tantas coisas aconteceram em minha vida. – falei e ele sorriu mais fraco dessa vez.

_ O casamento. – Ele deduziu e eu assenti com a cabeça.

_Foi naquele bar que decidi ser policial, eu sempre vou lá para me lembrar do que me fez querer ser o que sou hoje. –Ele disse concentrado.

_ E o que fez você ser o que você é hoje? – perguntei olhando em seus olhos azuis tão perfeitos.

Ele olhava para os meus olhos também e senti que falar sobre aquilo incomodava de certa forma.

_ Ah desculpa, eu não devia ter perguntando. – Falei sem graça.

_ Não, tudo bem, eu acho que posso te contar essa historia. - ele disse tomando um gole do seu café e me olhando nos olhos novamente, eu adorava o jeito que ele conversava comigo, ele sempre olhava nos meus olhos, ele não fugia deles.

_ Meu pai e o melhor amigo dele fundaram aquele bar,no inicio, foi tipo um negocio de amigos de copo. – Ele disse rindo- Era o que a minha falava, que aquele bar só foi aberto para meu pai sempre ter um motivo para beber, mesmo tendo outra profissão. Mas o bar foi crescendo e se tornando bem famoso na cidade.

_ Qual era a outra profissão dele? – perguntei me interagindo com sua historia.

_ Ele era um policial militar, o mais qualificado e honesto que conheci. – Ele me contava sua historia e percebi que tinha emoção em seus olhos, e o verbo do qual ele narrava sua historia me fez prever algo.

_ Ele... – Não consegui continuar com minha pergunta.

_ Ele morreu. – Ele completou.

_Eu sinto muito. – Falei segurando em suas mãos sobre a mesa e ele sorriu. – Foi por isso que quis ser policial? Continuar o legado do seu pai ? – perguntei mais uma vez.

_ Mais ou menos. Meu pai queria que eu fosse um médico, bom esse seria o legado dele para mim. – Ele disse rindo.

_ Então não foi por causa de um legado. – afirmei.

_ Foi sim, um legado que tive quando o vi ele sendo assassinado em minha frente quando eu tinha apenas 14 anos. – Ele soltou um leve sorriso e enxugou os olhos lacrimosos.

Fiquei boquiaberta, horrorizada e comovida. Eu não tinha palavras para dizer a ele, nada do que eu diria seria suficiente ou compreensível.

_ Eu não sei o que dizer... Isso é horrível. – Eu disse com os olhos lacrimosos também.

_ Há muito tempo eu não consigo falar disso para alguém. – Ele disse enxugando os olhos no seu casaco e respirando fundo – Aquele é seu bar preferido não é ? – Ele perguntou

_ É sim. – Eu disse dando um leve sorriso.

_ Agora sabe um pouco dele. – Ele disse me mostrando o seu sorriso perfeito novamente.

_ Esse então é parte do mistério do cara do bar de todas as sextas-feiras as 21hrs em ponto. – Eu disse rindo.

_ Sabia que você me observava. – Ele afirmou me fazendo corar.

_ Eu costumo ir lá com freqüência para pensar sobre os meus casos, me lembrar do porquê que me tornei policial, me faz ser mais eficaz e inteligente nas minha investigações. – Ele disse e seu celular tocou era uma mensagem, ele olhou concentrado e fez uma careta – Talvez outro dia eu termine essa conversa, o trabalho me chama.

_ Toma cuidado. – Falei ao ver ele se levantar e verificar a arma na sua cintura coberta pelo casaco,mas eu sabia que ela estava ali.

_Eu sempre tomo. – Ele disse entrando no carro e acenando.

***

Entrei distraída na ONG, ainda pensava na historia de Gabriel, o quanto ele ficou mais misterioso e motivador ao mesmo tempo, não sei explicar a sensação.

_ Bianca Sherman!! – Ouvi Isa gritar e odiei ele me chamar pelo sobrenome novo – Não acredito que me deixou sozinha com essas pestinhas. – Ela gritou e pude avaliar melhor, ela estava suja de tintas das cabeças aos pés, a encarei confusa por alguns instantes, mas depois iniciei uma crise de risos.

***

Cheguei em casa a noite, depois do almoço trabalhei nas fotos e acompanhei Isa ao estúdio, sua nova coleção era perfeita. Em casa eu só queria sossego, mas na verdade encontrei um som alto vindo da piscina e lá estava Dylan de sunga com alguns amigos que bebiam e dançavam.

Respirei fundo e contei mentalmente até dez, subi até o quarto e mandei uma mensagem no celular de Dylan para que ele fosse até lá, eu não acreditava que ele tinha organizado uma festinha e nem me comunicado, aquilo era uma vingança ?

“_ Não precisa pedir desculpa, preciso lhe mostrar o que é uma farra entre amigos de verdade.” Lembrei de sua fala pela manhã. É claro que ele iria aprontar algo.

Demorou quase meia hora, mas Dylan chegou ao quarto e minha paciência já tinha acabado. Com certeza aquela festa era um tipo de vingança por minha ultima farra com as meninas aqui na nossa casa.

_ O que tava pensando quando organizou essa festa? – Falei brava e Dylan riu cruzando os braços e me encarando.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse ando mega ocupada, mas tentarei não demorar a postar.
beijos!



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