O fim de semana passou voando, eu até que tinha me divertindo bastante, conhecemos os principais pontos turísticos do lugar, mergulhamos, fizemos compras e até tivemos aula de surf.

Agora tínhamos que voltar para a realidade tentarmos conviver juntos, e o pior tentar convencer a todos que o casamento era real.

...

Quando chegamos à nossa mais nova casa, tudo já estava preparado. O pai de Dylan fez questão de mandar empregados para arrumar a casa e preparar um grande café da manhã, me senti aliviada quando todos os empregados se foram depois de tudo feito, eu não queria uma casa cheia de funcionários, aquela casa era minha também.

_ Preciso ir. – Eu disse pegando uma maça e a mordendo, peguei minha bolsa em cima do balcão e andava feito um saci pela casa já que calçava os meus sapatos enquanto andava a procura da chave do carro.

_ Ei, calminha. Pra que tanta pressa? – Dylan disse sentado perto da mesa onde estava exposto o café da manhã. Ele estava tranquilo lendo o jornal.

_ Eu não posso ter calma, preciso das chaves. A Caroline vai me matar, hoje temos voluntários novos na ONG e eu prometi ajudá-la a escolhê-los.

_ Tudo isso é tão interessante que me dá sono. – Ele disse imitando um falso bocejo e passando as páginas do jornal.

_ Cale a boca e me ajude achar essas chaves. – Pedi levantando as almofadas no sofá.

_ Por acaso as chaves que ta procurando são essas penduradas na sua bolsa desde quando você desceu as escadas? – Ele disse rindo.

_ Idiota, porque não falou antes? – Eu disse vendo as chaves e joguei uma almofada na direção dele, que infelizmente desviou.

_ Você não estava atrasada ?- ele perguntou irônico e eu saí batendo a porta o ignorando, tudo bem que Dylan e eu estávamos tentando ser amigos ou pelo menos nos suporta ,mas conviver com um cara irritante, implicante e sarcástico é muito difícil.

***

_ E como foi a lua de mel ? – Caroline perguntou erguendo as sobrancelhas e revirei os olhos.

_ Não rolou nada do que você ta pensando, eu e Dylan nos acertamos como amigos, eu acho,porque ainda brigamos muito, mas concordamos que o casamento é fachada.

_ Você foi para Búzios com aquele gato, dividiu uma suíte, ou melhor, uma cama com ele. E não rolou nada? – Ela perguntou decepcionada e eu ri.

_ Ta.. Rolou um beijo. – Disse sentando perto dela que logo largou os papeis que tinha na mão e me olhou ansiosa.

_ E? Como foi? – Ela perguntou.

_ Foi bom, mas foi antes de nos acertamos, ele praticamente me agarrou quando eu saí do banheiro. Ele é um idiota.

_ Depois do banho, não acredito! – Ela disse rindo e querendo me tirar do sério é claro.

_Não rolou mais nada, sério. Não somos um casal de verdade, é só um acordo lembra? – falei por fim.

Caroline rodopiou na cadeira balançado as pernas pro alto e rindo, ela adorava me provocar:

_Então,vamos falar de casal de verdade? – Ela pousou as mãos em cima da mesa parando de rodopiar a cadeira.

_ Como assim? – perguntei pousando os papéis que estavam em minhas mãos sobre a mesa dela.

_ Eu já escolhi o meu voluntário entre esses relatórios. – Ela disse apontando para os papéis.

_ Ta, eu também. Essa garota já trabalhou em outras fundações, acho super indicada. – Disse pegando um currículo e a entregando – Mas e daí? – perguntei.

_ O meu voluntário é um tal delegado federal com poucas horas livres, mas que quer ajudar em nossa causa. – Ela disse erguendo as sobrancelhas com um sorriso malicioso no rosto.

_ O Gabriel Sampaio ? – perguntei surpresa.

_Sim, olha só. – Ela me mostrou o papel que segurava e um sorriso se formou em meu rosto

_Mas o que um cara como ele quer aqui? – perguntei - Ele deve ser super ocupado.

_ Ele disse que é pela indicação do Marcelo, mas acho mesmo é que ele ficou afim de você. – Ela disse alargando o meu sorriso.

_ Droga! Como isso fosse possível! – Disse deixando os papéis de lado.

_ Por que não?

_ Rolou aquela confusão na boate com o meu “noivo”, lembra? E agora o meu casamento feliz esta estampado em tudo que é capa de revista. – Falei me jogando de forma dramática na cadeira.

_ Ele não me parece um cara que ler revistas. – Caroline piscou.

_ Carol, eu não posso. Você sabe disso, eu estou casada. Mesmo sendo um pouco diferente, eu não vou traí-lo e muito menos sair flertando por ai.

_Mas e aquilo de você se divorciar depois. – Ela disse.

_ Eu não sei, é claro que é uma possibilidade. Mas não agora e ninguém vai esperar por mim.

_ Então, eu dispenso o homem dos seus sonhos de se voluntariar aqui? – ela perguntou e eu realmente não sabia como responder.

...

Cheguei em casa morta de cansada, o dia tinha sido longo. Eu havia passado a manhã com as crianças na ONG tirando algumas fotografias e a tarde tive que modelar para uma nova marca de roupas. Eu só queria comer uma enorme fatia de pizza e ir dormir.

Peguei o telefone em cima do balcão da cozinha e digitei o numero da pizzaria, pedindo uma pizza média de frango com bordas de catupiri. Subi no quarto e vi algumas roupas de Dylan bagunçadas por ali e arrumei antes de tomar um banho, ainda não havia sinal dele pela casa, ele provavelmente não tinha chegado ainda.

A campainha tocou e desci para receber o rapaz da entrega, que foi rápida pela graça do senhor bom Deus, minha fome agradecia. Paguei o entregador e quando caminhava de volta a sala, quase derrubara o meu jantar ao flagrar Dylan de sunga e todo molhado no balcão da cozinha, bebendo uma cerveja.

_ Você quer me matar do coração e estragar o meu jantar? – Disse ajeitando a pizza em minhas mãos.

_ Que foi? Não me viu chegar? – Ele disse rindo.

_ Não, por que está molhado? – perguntei.

_ Estava tomando um banho noturno de piscina. – Ele disse se aproximando e abrindo a caixa da pizza e pegando uma fatia; senti o cheiro de álcool vindo de Dylan imediatamente.

_ Eu devia fazer você tirar a pata da minha pizza depois desse susto. – Disse rindo e pousando a caixa no balcão e abrindo a geladeira a procura de uma cerveja também.

_E a patricinha também bebe cerveja? – Ele disse rindo.

_ Você acha mesmo que eu sou uma princesinha puritana não é? – Disse abrindo a cerveja com a mão rodeada pela barra do meu blusão e bebendo.

_Meu pai ficaria chocado ao ver essa cena. – Ele disse abocanhando a pizza e se jogando no sofá, eu podia vê-lo fazer isso já que o balcão da cozinha tinha uma vista privilegiada para a sala e vice-versa

_ Saia já do meu sofá, você está encharcado. – Disse correndo até ele e o empurrando para o chão.

Depois de duas tentativas, consegui derrubá-lo no chão, mas não como queria. Dylan me puxou junto com ele, e isso resultou de eu ficar sobre o seu corpo quase nu e molhado.

Nós dois tivemos uma crise de riso que foi parando aos poucos e logo percebemos que estávamos próximos até demais, eu olhei para os seus olhos intensos e para sua boca carnuda e me lembrei do nosso beijo em búzios e me peguei querendo aquilo novamente.

Senti um dos braços de Dylan passarem pela minha cintura e uma das suas mãos segurarem minha nunca e já era. Nós devorávamos um os lábios do outro em uma sincronia perfeita e era bom, o seu beijo tinha gosto de cerveja e menta, e os seus lábios tão macios me faziam não querer desgrudá-lo nunca, mas a falta de ar não nos permitiu.

_ Eu acho que bebi muitas cervejas. – Ele disse se afastando e eu logo levantei.

_ E eu devo ta zonza de sono, vou para o quarto. – Disse passando pelo balcão e pegando a cerveja e correndo pelas escadas.

Cheguei ao quarto já com a garrafa de cerveja vazia, eu só podia esta pirando ou aquela historia de casamento estava mexendo com os meus hormônios e neurônios ao mesmo tempo.

***

Acordei com um pouco de dificuldade, levantei ainda zonza de sono e percebi que Dylan já não estava mais no quarto, o que me intrigou já que ele levantava sempre por ultimo. Tomei meu banho e vesti uma roupa confortável para passar o dia, uma calça jeans, uma blusa regata branca e uma sapatilha. Terminei de me vestir e resolvi descer para cozinha, quando descia a escada ouvi vozes vindas do andar de baixo.

_ Bom dia! – Disse ao ver Dylan e sua irmã, Júlia Sherman, tomando café juntos

Eu já tinha visto a irmã caçula de Dylan algumas vezes antes do casamento, em alguns eventos com o pai, apesar de ter só dezessete anos.

_ Bom dia!- Ela respondeu sorridente.

_ Bom dia dorminhoca. – Dylan respondeu logo depois, olhei para o relógio e vi que já passava das nove da manhã, eu que havia dormido demais dessa vez.

_ Eu tenho que ir para ONG, vou fotografar as crianças hoje, acho que não vou voltar para o almoço. – Disse enquanto me juntava à mesa com eles.

_ Nada disso, não pode fugir do almoço de aniversário dos Shermans. – Júlia disse rindo e fiquei com cara de interrogação.

_Hoje é aniversário da minha mãe! – Dylan explicou.

_ Ah desculpa! – Disse envergonhada.

_ Não se preocupe, nós sabemos que você não deve saber esse tipo de informação. – Julia disse rindo.

_ Eu vou buscá-la na ONG quando estiver perto do almoço. –Dylan disse levantando e vestindo seu casaco preto que estava pendurado por ali perto.

_ Tudo bem. – Confirmei .

_ Então, pronta para o vôo? – Dylan perguntou para Júlia que levantou animada da cadeira.

_ Você também pilota aviões? – Perguntei me engasgando surpresa.

_ Ele adora aeronáutica desde criança. – Júlia disse antes que Dylan pudesse me responder.

_Não achou só que eu projetava aviões não é? – Dylan disse piscando para mim e sorri.

_ Vamos sobrevoar com um bimotor sobre a mansão e jogar rosas para mamãe, ela deve ta na piscina com as amigas. – Júlia explicou enquanto vestia seu casaco também.

_ É uma homenagem muito linda. – Eu disse e Dylan me observava.

_ Eu também achei, idéia do Dylan. – Júlia disse abraçando o irmão.

_ Então vamos pirralha. – Dylan disse se apressando e arrastando a irmã para saída.

***

Todos na ONG se movimentam para ajudar na sessão de fotos com as crianças, eu ainda era uma fotografa júnior, mas conseguia tirar boas fotos. Elas iriam para uma campanha publicitária em prol de doações.

_ Então como estou tia Bia? – Susi perguntou encantadora vestida de bailarina.

_ Você está uma princesa, Susi. – Disse pendurando a máquina nos ombros e me ajoelhando para distribuir beijos em suas bochechas gordinhas.

_Eu concordo plenamente com a tia Bia. – Uma voz masculina e familiar disse atrás de mim e levantei para verificar.

_Gabriel ? –falei surpresa.

_Surpresa? – Ele disse me cumprimentando com um beijo no rosto e devo ter corado ao mesmo tempo.

_ Caroline me falou que tinha se voluntariado aqui, mas não achei que era sério. – Disse e ele sorriu mostrando aqueles dentes brancos e perfeitamente alinhados.

_Marcelo sempre me falava de como adorava trabalhar aqui, pensei que podia ajudar nas horas vagas. – Ele disse.

_ Seja bem vindo então. – Falei simpática.

_ Obrigado. – Ele respondeu mostrando aquele sorriso lindo de novo.

_ Então, já que esta aqui, me ajuda. Temos que organizar todas essas crianças lindas.- Disse pegando Susi no colo que nos observa e colocando ela perto das outras crianças.

Estavam todas fantasiadas de algo, os voluntários ajudavam elas a se vestir de algo, a campanha sairia na mesma data de halloween . Depois de alguns minutos tudo estava pronto, tirava fotos de todos brincando e de algumas cenas descontraídas, estavam ficando ótimas. Caroline estava cheia de brilho e tinha uma tiara de borboleta na cabeça e se divertia com Marcelo que estava fantasiado de “ Homem meio-ambiente” ou algo parecido.

_ Até você não escapou? – Falei rindo ao ver Gabriel fantasiado de super homem.

_ As crianças prepararam isso com bastante esforço. – Ele disse dando uma volta – E você não vai se fantasiar?

_ Hoje eu sou a fotografa. – Disse tirando fotos dele e ele tentava se esconder da câmera, mas logo depois foi sendo convencido ao fazer caretas engraçadas para mim.

_Você é um ótimo modelo. – Disse rindo ao ver as fotos.

_ Isso vindo de uma super modelo é um elogio e tanto. – Ele disse rindo – Mas como modelo, eu sou um ótimo delegado. – Ele disse depois de olhar as fotos na minha máquina e eu ri do seu comentário.

_ Olá pessoal! – Ouvi a voz de Dylan atrás de mim, me virei e o encontrei sujo de gliter e sorrir.

_ O que houve com você? – perguntei ao ver ele brilhoso e rodeado de crianças.

_ Acho que é um dia interessante por aqui. – Ele disse erguendo os braços para o alto sorrindo _ Mas não tão mais interessante do que encontrá-lo aqui. – Dylan disse olhando para Gabriel e no mesmo momento lembrei da briga da boate.

_ Acho que não tivemos oportunidade naquele dia de nos apresentarmos. Eu me chamo Gabriel. – Dylan logo apertou as mãos de Gabriel estendida para ele que o encarava.

_ Eu me chamo Dylan, eu sou o...

_O noivo de Bianca, eu me lembro. – Gabriel completou a fala de Dylan de modo com que tornasse o diálogo ali tenso.

_ Acho que você não ler jornais – Dylan disse dando sua risada provocativa - Mas eu vou te atualizar, eu sou o marido dela.