O Acordo escrita por Bel Russeal


Capítulo 36
Novo Acordo


Notas iniciais do capítulo

heeeey!!
A pedidos voltei com o grande finale!
Particularmente, é difícil pra mim encerrar essa historia, talvez por isso a demora, não sabia muito bem como me despedir desses personagens e darem a eles o final que mereciam, e nem sei se consegui. Mas espero que me digam isso, comentem depois de ler no fim!



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Narração Bianca

Estava quase cochilando na cadeira do escritório de Gabriel quando ele entrou na sala sobressalto e me despertando:

—Recebemos uma denuncia anônima de que Ísis foi vista com um bebê em um hotel fazenda que fica duas horas longe da cidade.

— E o que estamos esperando? Vamos! - Disse me levantando e pegando minha bolsa.

Ele parou pensativo:

—Essa não é uma missão oficial minha mesmo, então eu acho que não tem problema, vamos. - Ele disse puxando uma arma da sua gaveta colocando-a em sua cintura e vestindo um casaco por cima, logo depois me conduziu a fora do local.
...

Já eram quase 6 hrs da manhã e chegamos no hotel fazenda, tudo parecia calmo, um recepcionista limpava o balcão e nos encarou estranho ao ver Gabriel com seu distintivo pendurado no pescoço:

— Bom dia, posso ajudá-los? - O senhor perguntou meio que incomodado com nossa presença.

— O senhor hospedou essa mulher por aqui? - Gabriel disse erguendo o celular, mostrando uma foto de Ísis e completou - Provavelmente, estava com um bebê.

—Não, não hospedamos ninguém parecido. - O homem respondeu nervoso e mal humorado.

— Acho que o senhor não entendeu muito bem a importância dessa pergunta. - Gabriel disse abrindo o casaco e mostrado a arma e algemas que tinha na cintura - Não seria muito esperto da sua parte mentir para um delegado federal, não é, amigo? -Gabriel insistiu percebendo o mesmo que eu, que aquele homem estava bem nervoso e escondia algo de nós.

 _Eu já disse que não a vi, senhor. - O homem repetiu, menos convicto do que a primeira vez e mexendo as mãos.

— Eu já vi muitas pessoas mentindo pra mim, mas não tão mal como você. - Gabriel disse irritado batendo com as mãos no balcão.

— Ta, eu falo, ela me pagou o triplo da estadia para não dizer que se hospedava aqui, mas ela já foi, ela saiu daqui com um cara há meia hora atras em uma Ferrari. - O recepcionista disse meio que contrariado.

—Você sabe pra onde eles foram?- Gabriel perguntou.

—Não, eu já disse tudo que sei. - O cara respondeu impaciente.

— Tem certeza? Acho que pode me informar mais. - Gabriel disse tirando a arma na cintura e a pousou no balcão a segurando.

— Ta..Ta... Eu conto... Ontem ela pediu para alugar um jatinho no aeroporto aqui perto. Provavelmente está lá. Eu juro, que acabou, é só isso que sei. - O homem respondeu se afastando do balcão assustado com atitude de Gabriel.

— Vamos, Bia! O aeroporto fica a meia hora daqui, precisamos correr. - Gabriel correu em direção ao estacionamento e o segui rapidamente.

Estava atordoada com a possibilidade de chegar tarde demais no aeroporto, Ísis estava roubando minha filha e meu coração estava apertado.

— Conseguiu ligar para Dylan? - Gabriel perguntou enquanto dirigia.

—Não, aqui não tem sinal. E antes de virmos para cá tentei e só dava caixa postal. Mas liguei para mansão e avisei para nossa família, mas Caroline disse que Dylan não estava em casa.

— Estranho. - Gabriel comentou por fim e não fez mais perguntas, apenas acelerou o carro.
...

— Olha! O aeroporto. - Gabriel disse tirando os óculos escuros e acelerando mais o carro.

— Aquela Ferrari estacionada é do Dylan. - Disse boquiaberta.

Gabriel desacelerou a camionete e começou a observar. Atras de uns arames avistamos um pequeno avião sendo preparado para voo, mas perto dele havia algumas pessoas e uma confusão.

—São eles... -Gabriel anunciou - Segura firme, Bia.

Gabriel passou a marcha, acelerou o carro passando e derrubando todos os arames e obstáculos do caminho, assim entrando na pista de voo. Mal Gabriel parou o carro, desci ao ver uma mulher segurando Alice ao lado de Ísis, Dylan estava caído no chão e tinha uma cara alto e forte perto dele.

Comecei a correr em direção deles, ouvi alguns barulhos de tiros e logo Gabriel me jogou ao chão pulando em cima de mim, até que os tiros foram parando. Quando tudo se acalmou Gabriel e eu levantamos, vi Dylan entre socos com o cara que atirava em nós.

Gabriel logo reagiu tirando sua arma da cintura e indo em busca de socorrer Dylan, toda essa distração nos tirou o foco de Ísis, ela estava entrando na Ferrari de Dylan e levando Alice junto com ela.

— Ela ta levando Alice. - disse desesperada.

— E a minha Ferrari. - Dylan falou ofegante.

—O que? - exclamei indignada.

— Só uma observação! - Dylan mordeu os lábios e correu em direção a caminhonete de Gabriel.

— Ei, espera, Dylan! - Ouvi Gabriel gritar enquanto algemava o homem que antes lutava com Dylan. Mas eu não podia esperar, não quando se tratava de ter Alice logo em meus braços.

Ísis dirigia na estrada como uma maluca, Dylan a perseguia em alta velocidade.

— O que deu em você? Por que não nos avisou que havia achado Ísis? - Perguntei furiosa e bastante atordoada.

— Era uma exigência. - Dylan respondeu enxugando o suor que caia em sua testa.

— Exigência? Aquela vadia não pode exigir nada. - eu estava furiosa, sei que não era uma boa hora para começar uma briga, mas eu estava aflita e ansiosa e só precisava gritar no momento.

— Ah ela podia, ela tinha nossa filha e um mercenário armado do seu lado, Bianca. E ela está completamente fora da casinha.

— Ela sempre foi louca, Dylan. - o respondi irritada.

— Não, ela ta completamente louca. Ela acha que Alice é filha dela agora e que eu, ela e a bebê podemos ser uma família linda e feliz.

— O que? - eu mal acreditava no que eu ouvia, aquilo era um absurdo e eu realmente estava assustada.

— Ela planejava mudar nossas identidades, nos levar para outro país e nos manter em carcere em privado até eu aceitar a sermos felizes juntos. - Dizia atordoado enquanto tentava mante o foco na estrada e seguia o carro de Ísis.

Desviei o foco daquela conversa quando Ísis dirigiu a ferrari para fora da estrada, a poeira levantada pelo carro nos impedia de ter uma boa visão do que acontecia. Até ela descer do carro, eu nem esperei Dylan parar o carro e já fui abrindo a porta, e então corremos em direção a Ísis, e paramos ao perceber que ela estava na beira de um precipício com Alice em seu colo.

— O que ta fazendo, sua doida? - Eu chorava, já não conseguia evitar, eu estava cansada de tudo aquilo, só queria a minha bebê em meu colo de volta.

— Lembra desse precipício, Dylan. Gritou " Eu te amo" pela primeira vez pra mim aqui naquelas férias. - Ísis começou a falar, ela estava nervosa, sua mão tremia e tinha algum tique no seu rosto que não parava quieto.

— Pois é, acho que era eu que não estava muito sã naquela época. - Dylan disse a impaciente.

— Lembra de quando me amava? - A pirada ainda discursava e se declarava.

— Não, Ísis! Para, PARA! Chega, pelo amor de Deus. - Ouvi Dylan gritar.

— Você precisa me amar! - Ísis dizia chorosa.

Logo Gabriel saiu de um dos carros e apontou sua arma em direção a Ísis.

— Acabou o jogo, loirinha. Quero que ande bem devagarinho e traga a bebê de volta para mãe. - Gabriel disse cauteloso.

—Vai atirar em mim, bonitão? Eu caio para traz e levo essa fofura junto comigo. - Ísis disse rindo e balançando Alice em seu colo que chorava.

— Ela ta com medo, me devolve ela, Ísis. Por favor, eu te imploro. - eu estava chorando e me humilhando a ela.

— Ela ta se acostumando com a nova mãe dela. - Ísis continuou a balançar Alice.

— Eu sou a mãe dela! - Gritei furiosa, eu só queria acabar com a raça daquela vadia pirada - Eu sou a mãe dela, eu sou casada com o Dylan! Para de querer roubar a minha vida!

— Você roubou minha vida primeiro, sua vaca. - Ísis gritou irritada.

Caí de joelhos em choro no chão e fui parando aos poucos ao ver Dylan se aproximar de Ísis cauteloso.

— Eu viajo com você, só eu e você. Porém devolve a Alice para Bianca, aí fugimos, você e eu, nova identidade, nova vida, ninguém por perto, Tóquio, Alemanha, Itália... onde você preferir. - Ísis soltou um sorriso meio bobo e me olhou vitoriosa.

— Mas e a bebê? Precisamos dela, perdemos o nosso, lembra? - Ísis dizia tremendo e balançando Alice compulsivamente, que já chorava bastante em seu colo.

— Não, não.. A bebê é dela, de Bianca. - Dylan conversava com ela e se aproximava cada vez mais cautelosamente - Podemos ter outros filhos, o que acha? - Ísis balançava a cabeça freneticamente afirmando feliz com a proposta de Dylan.

— Gostou da ideia não é? Então que tal devolver o bebê pra ela, em? - Ísis olhou desconfiada ao ver Dylan estender os braços para pegar Alice.

— Como saberei que fala a verdade?

— Então, entrega ela aqui pra mim. - Gabriel disse se aproximando - Aí vocês fogem, entrem no carro, juro que ninguem seguirá vocês.- Gabriel disse participando daquela conversa.

— Pode ser. Mas ela não pode seguir a gente. - Ela apontou pra mim.

— Não vai, eu prometo, Maricota. - Dylan continuava a tentar persuadir Ísis.

— Maricota? Adorava quando me chamava assim. - A doida dizia sorridente.

— Pois é tudo vai ser como antes, só precisa devolver Alice.- Dylan dizia cauteloso e ela entregou Alice para Gabriel e eu senti o alivio transbordar em meu peito, na verdade por todo meu corpo.

Gabriel passou Alice para meu colo e ela foi se acalmando e parando de chorar aos poucos, eu a abracei e senti que poderia nunca mais soltá-la, Gabriel sorriu para mim que sorria e chorava ao mesmo tempo.

— Você mentiu! - Ísis gritou e voltei minha atenção para ela e Dylan novamente, e foi algo rápido demais para qualquer reação, tudo ficou mudo e em câmera lenta para mim, vi cada movimento de Ísis pulando em cima de Dylan em direção ao precipício em câmera lenta, mas como se fosse rápido demais ao mesmo tempo e eu não pude fazer nada a não ser gritar ...

— DYLAN!

Narração Dylan

Com uma mão segurava uma rocha e com a outra segurava a mão de Ísis que ao contrario de mim não tinha mais nada a se apoiar, uma das minhas pernas se encaixavam na lateral daquela "montanha do abismo", seria fácil escalar novamente ao topo, porém eu segurava a vida de ìsis em minhas mãos.

—Ah... solte, love. Vamos! - Ísis dizia chorosa olhando para baixo e prevendo a queda.

— NÃO! - gritei soprando a dor que tinha nos meus braços, sentia cada nervo se sobressaltando, e a dor se aumentando.

— Eu não queria matar você. Eu... eu ... - ela dizia desesperada.

— Mantenha-se calma, não se movimente tanto. Eu vou tentar puxá-la até a minha cintura e preciso que segure em mim, preciso dos meu dois braços pra nos levar de volta para cima.

— Por que tenta me salvar? Você ainda me ama? - Um sorriso frágil se desenhou em seu rosto.

— Eu só não sou de desistir, Ísis. Eu vou tentar puxá-la, ok ? - perguntei.

— Eu não consigo, me solte. - Ela gritou chorosa - Não quero ter que viver sem você.

—DYLAN! - Gabriel gritou, olhei para cima e vi o delegado descendo algumas rochas e estendo a mão para mim.

AHHH!! 

Gritei com cada músculo meu que se distendia e puxava Ísis até a minha cintura para que assim ela me abraçasse e deixasse um dos meus braços livres. Com muita dor, conseguimos!

—Vamos, Dylan! Agora me de sua mão! - Gabriel gritou.

— Acho que você deu uma engordada, Ísis. - Disse ofegante agora com o meu braço livre.

—Acho que não é muito seguro chamar a mulher que é responsável por estar pendurado em um precipício de gorda, love. - Ela respondeu no mesmo tom e soltei uma leve risada.

— Acho que a loucura veio no DNA, culpa de Alfredo Sherman.

—Vão querer bater uma papinho mesmo aí pendurados? Vamos, logo! - Gabriel disse impaciente e ergui minha mão tentando alcançar a sua.

...

—Obrigado, senhor supremo! - disse beijando o chão.

—Dylan! - Bianca correu para me abraçar e ela estava vermelha de tanto chorar.

Logo ouvimos algumas sirenes e o reforço de Gabriel chegou:

—Eu pensei... ah, meu Deus. Eu te amo! - Bianca disse me beijando intensamente.

—Você não vai ficar livre de mim, Bianca Sherman. Eu te amo! - Disse a beijando novamente.

Nos distraímos com a aglomeração de pessoas que agora se formava ali, Gabriel algemava Ísis que parecia estar agora no mundo da lua, ela não esboçava nenhuma reação apenas ficava olhando em direção ao abismo, enquanto os policiais agora levavam ela para uma das viaturas.

— Leva ela até os paramédicos, certifique que está tudo bem. - Disse dando um beijo em Alice que estava no colo de Bianca.

Bianca me obedeceu e logo encontrou Caroline e Daniel por lá, é claro que eles tinham vindo ao nosso encontro.

Caminhei até a borda do precipício e fiquei observando aquilo tudo sozinho, ate então:

—Pensando no possível estrago? - Gabriel disse se colocando ao meu lado - De nada! - Ele tinha um sorriso satisfeito no rosto e revirei os olhos e o acompanhei na risada.

— Eu sei que implico muito com você, não que eu não tenha motivos para isso, mas eu sei reconhecer o que fazem por mim e... obrigado! - Disse estendendo a mão em sua direção e demos um aperto de mão.

— Tomara que um jornalista tenha gravado isso! - Gabriel disse rindo e revirei os olhos novamente.

Voltei a olhar toda aquela paisagem e Gabriel continuou a me observar:

— Foi legal não ter desistido dela.

—Ísis? Eu não desistiria de qualquer um ali comigo naquela situação.

— Mas foi legal, nem muitos optariam salvar a louca que o empurrou para um abismo.

—Ela está doente. Minha família, meu pai, eu... somos responsáveis pelo estado dela. Nem todo mundo nasce com a cabeça forte demais para engolir todos os dramas que a familia Sherman vive. E bem, mesmo que seja difícil aceitar, ela é minha irmã.

— Talvez você não seja afinal apenas um playboysinho rebelde e mimado do qual eu pensava, Sherman.

—Está começando a me elogiar, cuidado, Gabriel. Não queremos que você se apaixone por mim, acho que Bianca não aguentaria outro caso de obsessão pelo esposo. - Disse rindo e ele dessa vez que revirou os olhos.

— Não dá mesmo pra falar sério com você, né? - Ele disse virando as costa e caminhando em direção aos seus policiais.

— Gostou dessa queda livre , senhor aventureiro? - Daniel disse zombando assim que me aproximei da ambulância.

— Ah cala boca, Belmonte. - Disse o abraçando.

Me aproximei de Bianca que velava o sono de Alice atenciosamente e a segurava em seus braços com tanta segurança com medo ainda de quem a pudesse a levar pra longe.

—Obrigada por trazer ela de volta pra mim. - Bianca disse emocionada e sentei ao seu lado acompanhando o sono de Alice e bia apoiou sua cabeça em meu ombro.
                                                ***

— Ela me parece diferente, antes estava tão agitada. - Falei a observando de longe.

—São os remédios, é triste saber que ela vai passar a maior parte da vida dela assim sedada por remédios. - Meu pai disse abatido. - Devia ter percebido a fragilidade mental de Ísis antes de nos colocar em toda essa mentira e drama.

— Não se torture, pai. - Falei segurando seu ombro esquerdo.

— Eu vou ficar aqui até sua tia chegar, Ísis vai ficar melhor em Londres, as clinicas são bem melhores. Vou esperar aqui até a hora dela embarcar.

— Tudo bem, eu tenho que ir na ONG. Caroline está com Alice, vou buscá-la.

— De um beijo nela por mim. - Meu pai disse sorridente, Alice sempre causava esse efeito nele.

— Pode deixar!

Caminhei pelo bosque ventilado da clínica psiquiatra em busca da saída do local, de longe avistei Ísis sentada no banco sozinha olhando para as arvores totalmente fora da realidade, era triste, mas são as consequências, erros sempre vem acompanhado delas.

...

— Ela deu muito trabalho? -perguntei a Caroline enquanto pegava Alice de seu colo.

—Nenhum, na verdade ela dormiu a manhã inteira.

—Obrigado por ficar com ela.

— Não precisa agradecer, eu adoro ficar com minha afilhada. Mas onde está Bianca? - a loirinha perguntou distraída agora com o celular.

— Ela foi visitar o pai.

—Na cadeia? -Carol perguntou surpresa.

—Não, na Disney... Claro, que é na cadeia ou você esqueceu que  José Pedro está preso?!

—Seu grosso! -Ela respondeu ríspida me fazendo rir - Eu só pensei que ela não queria ver o pai nem pintado de ouro.

—Sim, mas muita coisa mudou nessa semana depois do sequestro de Alice, muita coisa foi testada e questionada, ta na hora de Bianca lhe dar com o pai e com toda essa mágoa. Queremos nos livrar de todo peso do drama da nossa historia, precisamos fechar esse ciclo e iniciar um novo mais feliz e pacifico para Alice.

—Isso é bom, é muito bom. - Carol disse sorridente.

                               ***
Narração Bianca :

Entrei na sala acompanhada pelo guarda, era fria e cinza, havia uma mesa com duas cadeiras ao centro, me sentei em uma delas e esperei. Não demorou muito e outro guarda o trouxe, sua face logo me pareceu surpresa, afinal quem fazia visitas para ele, era seu advogado e minha mãe,  já se passou muitos meses desde o ultimo dia em que nos encaramos em sua audiência.

Ele estava diferente, muito mais magro, a barba mal feita e as vestimentas muito mais simples, não podia esperar outra coisa, afinal está na cadeia é muito diferente do luxo em que ele viveu durante toda sua vida.

— Realmente, estou surpreso! - Ele disse se sentando em minha frente e claramente emocionado.

O guarda que o acompanhou fechou a porta e se posicionou perto dela como vigia.

— Algum dia eu teria que vim aqui e aqui estou! - Disse fria, não estava sendo fácil me posicionar dessa maneira, era difícil encará-lo.

—Sua mãe me contou do sequestro de Alice, eu sinto muto por você ter passado por isso. - Ele disse meio retraído em falar do assunto.

— Eu estou bem, Alice está bem... E foi exatamente isso que me fez está aqui hoje. - Disse batendo os meus dedos impaciente na mesa.

— Filha, eu já nem sei como lhe pedir perdão, porque nem eu mesmo consigo perdoar. - Ele disse afundando o rosto em sua mãos.

—Perdão... Eu não sei se to pronta pra falar sobre isso agora. Quem sabe algum dia...

— Então significa que terei mais visitas suas? - Ele perguntou esperançoso.

—Talvez... Não foi fácil vim até aqui. Eu não tenho raiva de você, eu não tenho raiva pelo o que você fez, afinal eu não posso reclamar de ter colocado Dylan em minha vida, Alice e ele são o resumo da minha felicidade toda. E eu sou feliz hoje. Se eu consigo vim aqui lhe encarar é porque eu estou feliz com tudo que tenho hoje.

—Mas eu a traí.. Eu era a pessoa que você confiava nesse mundo, você se doou por mim e eu a traí, menti e enganei. - Ele disse chorando.

— Sim, você traiu tudo o que eramos, você não era só o meu pai, era o meu melhor amigo, eu o admirava...Então, descobri que era uma mentira. Mas eu não tenho raiva.

—Você tem mágoa... E eu preferia que tivesse raiva. - Ele disse cabisbaixo.

—Eu vim aqui hoje como um desafio em que eu tinha que cumprir para fechar um ciclo da minha vida, para que alguns fantasmas do meu passado sumissem de vez. - Disse pegando minha bolsa e tirando uma foto e o entregando.

— Eu vim aqui por ela, porque ela merece. - João Pedro começou a chorar copiosamente com a foto de Alice que o entreguei, eu nunca tinha permitido ele a conhecer ela, nem por fotos e nem nada.

— Ela é linda, não é? - Disse com um leve sorriso, ele afirmou sem tirar os olhos da foto ainda emocionado.

— Se serve de animo, ela e Dylan foram os únicos resultados bons de seu erro, os melhores na verdade. E os ruins... - Disse olhando ao nosso redor - Bem, você já sabe muito bem.

— Obrigado! - Foi a unica coisa que ele conseguiu dizer.

Levantei da cadeira e caminhei até a porta, onde o guarda a abriu, e senti alívio e paz.
                                               ***

A nossa casa nunca esteve tão cheia desde a vingança de Dylan no inicio de nosso casamento, quando ele fez uma festa sem me avisar. Mas dessa vez nós dois combinamos de dar uma festa, estávamos comemorando nosso aniversário de casamento. Hoje fazia dois anos em que fomos obrigados a casar e o que era um pesadelo no inicio, se tornou hoje a melhor coisa que me aconteceu.

E sim, a gente queria comemorar isso com os nossos amigos e família, afinal isso não só nos afetou, mas todos ao nosso redor participaram disso: Caroline e Daniel se conheceram e agora estão juntos, meu irmão Lucas e a irmã de Dylan estão namorando e fazendo um intercambio na Austrália juntos, Gabriel e minha prima Isabelle estão casados e de mudança para França. E a gente deve comemorar tudo isso.

— Vamos fazer um brinde? - Daniel disse subindo alguns degraus da escadas e chamando a atenção de todos os presentes.

— Ao amor! - Isabelle disse levantando a taça e dando um selinho em Gabriel que levantou a taça também.

— E a amizade! - Caroline levantou a taça também.

— A família.- Alfredo disse levantando sua taça e abraçando a esposa. Todos então levantamos nossas taças.

— Ao John Lennon! - Daniel e Dylan disseram juntos erguendo os copos de tequila que tinham e bebendo todo líquido, e todos riram.

— Calma pessoal, aproveitando que tenho atenção de todos e que eu to bêbado o suficiente para ter coragem. - Daniel dizia nervoso e bebendo mais tequila.

Enfim... Carol! - Ele desceu as escadas e começou a se aproximar da loirinha - Você é uma mulher incrível, linda, inteligente, bondosa e tem inúmeras qualidades, já eu sou um babaca, um babaca rico e bonito, muito bonito... - Car revirou os olhos enquanto todos riam - Quando eu te vi pela primeira vez, eu nunca quis tanto alguém na minha vida quanto quis você, mas nunca me senti tão desmerecedor de algo, porque você é muito e eu era tão pouco. E foi a primeira vez na minha vida toda que me senti impotente sobre algo. E antes de você a vida era pouco, mas agora eu só vejo que a vida com você pode ser incrível. Então eu quero ser muito, muito com você. Casa comigo?

— Ah Meu Deus! - Caroline estava boquiaberta e demorou alguns segundos para ela perceber que aquilo era mesmo real até ela pular nos braços de Daniel e dizer vários sim.

A sala ecoava aplausos e gritos, Dylan me abraçou forte e beijou meu pescoço.

— Cadê? - Caroline perguntou e Daniel franziu a testa.

— Cadê o que? - Ele perguntou.

— O anel! - Caroline disse sorridente.

— É.. É eu não sabia que ía te pedir em casamento, na verdade, tem uma chance de eu acordar amanhã e nem lembrar. - Ele disse coçando a cabeça.

E Caroline ficou vermelha, sua sobrancelhas juntaram, suas mãos fecharam e eu vi as veias de seus braços aparecerem. Dylan me olhou e eu olhei pra ele, sim, era a hora da nossa intervenção.

— Belmonte e suas piadas! - Dylan dizia fingindo uma falsa e forçada risada.

— É claro que ele comprou o anel, não é? - Disse me aproximando de Daniel e pisando no seu pé.

"AAAaah" - Daniel reprimiu um grito e riu falso para Caroline.

— Comprei ? - Ele sussurrou pra mim.

— Minta seu idiota! - Sussurrei de volta.

— Claro que comprei. - Daniel sorriu tão falso quanto Dylan.

— Ele quis dizer que não planejava lhe pedir em casamento hoje, mas a Tequila e a ansiedade adiantaram tudo. - Dylan disse se aproximando de Caroline - Vamos dançar, pai liga o som!

— Claro, agora mesmo! - Alfredo disse andando atrapalhado tropeçando nos próprios pés até a caixa de som.

Todos começaram a dançar e eu suspirei aliviada.

— Obrigado! - Daniel disse me abraçando.

— Amanhã compre um anel com um diamante enorme se não eu mesma mato você antes de Caroline. - Disse o encarando e ele balançou a cabeça freneticamente e riu amarelo.

     ...

— Que confusão! - Me sentei ao lado de Dylan na beira da piscina.

— Espere até o dia do casamento, acho que teremos que arrastar Daniel e amarrá-lo no altar. - Dylan disse rindo.

— Ou talvez só precisaremos dar tequila para ele.

— Ele a ama. - Dylan afirmou convicto.

— Não tenho duvida disso.

—E eu te amo! - Dylan disse agora olhando em meus olhos.

— Eu também não tenho a menor dúvida disso. - O beijei e ele sorriu em espaços aos nossos beijos.

— Fazemos parte daquela porcentagem de casamentos arranjados que funcionaram? - Ele me envolveu em um abraço me protegendo da brisa fria.

— Fazemos parte daquela porcentagem que sobrevive ao drama da família Sherman? - Disse rindo.

— Ainda haverão outros capítulos, essa novela aqui não acaba nunca. Ainda bem que somos o casal protagonista que sempre ficam juntos no final. - Dylan respondeu confiante.

— Felizes para sempre. - senti sua risada quente em minha pele.

— Ainda bem que a escolhida foi você, já pensou se meu pai concordasse com a ruiva da ultima pagina do catálogo em que eu insistia. - Dylan disse pensativo.

— Do que ta falando? - Disse me afastando.

— Do catálogo de modelos que meu pai me mostrou enquanto decidíamos a noiva que ele forçaria se casar comigo. - Dylan disse sério e eu o olhei surpresa, até ele cair na gargalhada - Tinha que ver sua cara.

— Seu idiota! - Empurrei o Sherman na piscina, não com muito sucesso já que ele me puxou junto e caímos na água fria de roupa e tudo.

Dylan me segurava em seus braços enquanto flutuava meu corpo sobre a água e olhava o céu estrelado.

— Negócios, apenas negócios! - Sussurrei velhas frases em seu ouvido enquanto lembrava do inicio de tudo.

— Ainda continua sendo um acordo, Bianca Sherman? - Dylan repetiu uma outra velha frase e riu olhando para o céu também.

— Ainda acha que eu sou a patricinha de olho na sua grana, Dylan Sherman?

— Que tal um novo acordo? - Dylan disse me puxando para bem perto dele colando nossas testas.

— Que acordo?

— Vamos nos amar sempre, até quando nos odiar, vamos nos amar. E mesmo quando a gente tiver cansados e velhos, vamos nos amar... - Dylan propôs.

— Mesmo quando não nos restar nada, apenas nós dois, vamos nos amar. Mesmo que um de nós sofra um acidente e tenha amnésia, vamos nos amar... - comecei a citar os meus termos no acordo também.

— Mesmo quando a Alice crescer e casar com um carinha que eu provavelmente não vou gostar e nos deixar, vamos nos amar. Mesmo quando eu tiver que ficar do lado de Daniel e não de Caroline, vamos nos amar...

— Mesmo que a família Sherman apareça com mais um drama, vamos nos amar.

— Mesmo que o universo inteiro conspire contra...

                                     "Vamos nos amar!"

 


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Notas finais do capítulo

Eu escrevi com muito carinho, e pensando em vocês que acompanharam essa historia maluca que saiu da minha cabeça desde o inicio. Obrigada por estarem aqui ainda mesmo depois de tanta demora,

ACABOU, MAS NÂO ACABOU! kkkkkk WHAT??

Postarei um capitulo extra, acho que hoje mesmo! Então aguardem!
Beijooos!



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