Nosso pequeno bote navegava pelas águas solitárias, escuras e nevoentas que dava caminho para a casa de Dalma, os grilos cantavam e tudo parecia mais sinistro do que da última vez que estivemos ali, pois as pessoas estavam dentro do rio que era feito pela água do mar e seguravam velas. Parecia que todos sabiam que Jack havia morrido e aquilo me deu vontade de chorar, o olhar triste das pessoas para nós enquanto passávamos deixou um nó enorme em minha garganta e quando eu pisquei uma lágrima escorreu e eu a limpei rapidamente. Nós então entramos na casa de Dalma e nos sentamos. estávamos todos em silêncio. Will jogava a faca que seu pai lhe deu na mesa, ficando-a na madeira. Eu estava sentada quase que de frente pra ele mas olhando para o chão e apoiada em meus joelhos. Dalma trouxe uma bebida para nós. Elizabeth recusou a bebida.

– Para o frio e a tristeza - ela disse enquanto eu continuava a olhar para o chão e Elizabeth pegou um copo.

– É uma pena - ela abaixou para falar com Will. - Sei que pensou que com o Pérola poderia capturar o demônio e libertar a alma de seu pai.

– Agora não importa, o Pérola se foi, junto com seu Capitão - disse Will.

– Sim e o mundo já parece menos feliz - Gibbs e seus dramas. - Ele nos enganou até o final, mas acho que a honra dele finalmente venceu.

– Ele não se foi - eu disse para mim mesma olhando para o chão. - Nenhum dos dois - Fiquei com vontade de chorar de novo. Eu não podia perdê-lo, não posso aguentar perdê-lo. Perdi minha mãe aos quatro anos, meu pai aos oito e agora que voltei para o mar há não sei quanto tempo, eu não podia perder Jack.

– À Jack Sparrow! - disse Gibbs levantando o copo.

– Nunca haverá um Capitão como Jack Sparrow - disse o olho de vidro quase chorando e eu também.

– Um homem honrável - disse o careca.

– Era um bom homem - disse Elizabeth e eu tive vontade de voar no pescoço dela.

– Kay? - Will me chamou mas continuei olhando para o chão, algum tempo depois olhei para eles e eles olhavam para mim, esperando que eu falasse algo.

Fiquei olhando para eles, o que queriam que eu dissesse? Hem? Que ele foi um grande amigo, o melhor amigo que eu tive em todos esses anos? Que eu sinto a falta dele de ficar me perturbando? Que eu sinto falta de jogar a culpa nele? Que eu sinto falta de beber rum a noite toda? Que eu sinto falta de ele me ensinar coisas que meu pai não teve tempo de ensinar? Que a vadia da Elizabeth Swan o beijou e o prendeu ao Pérola para que ele morresse? Que eu disse a ele que não morreríamos e assim mesmo ele foi levado? Não, não vou dizer essas coisas! Joguei o copo com força contra a parede e comecei a chorar. Olhei para eles com raiva e voltei a olhar para o chão. Eles ficaram meio atônitos e beberam. Acho que meu discurso por Jack foi bom o suficiente.

– Se alguma coisa pudesse ser feita para trazê-lo de volta? - disse Will se levantando. - Elizabeth...

– Você faria? - Dalma perguntou.

– Sim - respondi no lugar de Will.

– O que cada um de vocês estaria disposto a fazer? Navegariam para os confins da Terra e mais além para ir buscar o espirituoso Jack e o precioso Pérola?

– Tártaro - eu disse.

– Sim... o Tártaro. Um local que você já está bem familiarizada, não é mesmo, Kaos?

Fiquei olhando para Dalma, ela sabia a minha história, sabia a história do meu pai, sabia que eu sabia do que ela estava falando.

Todos confirmaram. Kyle e rato se entreolharam meio assustados. Eles haviam passado por aquilo, eles sabiam exatamente como era, se lembravam de cada detalhe, mas então eles me olharam e confirmaram que sim com a cabeça. Eles passariam por tudo outra vez para ir buscar o meu amigo.

– Mas já que vão enfrentar o desconhecido, não para todos, é claro, e vão para os confins do mundo, então precisarão de um Capitão que conheçam aquelas águas...

– Já temos um Capitão que conhece aquelas águas - eu disse.

– Não Kaos, um Capitão que navegou por elas há pouco tempo - disse Dalma sorrindo e olhando para as escadas.

Eis então que vem descendo uma pessoa, com pesadas fortes e firmes.

– Então digam-me, o que foi feito do meu navio? - disse Barbosa com o macaco em seu ombro, mordendo uma deliciosa maçã verde e dando uma risada.

–-------------------------------------------------------------------------------------

Esse é o momento de ir para o fim do mundo à procura do Capitão Jack Sparrow e de seu precioso Pérola Negra.

Vamos ao Tártaro, a Terra do Caos...

Kaos - O Encontro com Eris