~Pov Annia

–Lumus. –Eu disse iluminando um pouco meu quarto no meio da noite.

Olhei para a mesinha ao lado da minha cama e percebi que havia esquecido de deixar uma garrafa d’água ao lado da minha cama, já que sempre fico com sede durante a noite. Levantei-me da cama e fui em direção á cozinha, mas me surpreendi quando encontrei Scorp sentado ao lado da porta do quarto dos meus pais, pensativo.

–Scorp? –Chamei e ele dirigiu o olhar pra mim. –Aconteceu alguma coisa?

–Não, tudo bem. O que faz aqui há essa hora?

–Quero um pouco d’água. Tem certeza que está tudo bem?

–Tenho.

–Então resolveu se sentar na porta do quarto da mamãe e do papai por quê?

–Ouvi meu nome.

–Hum... Vem comigo. –Chamei e ele se levantou indo comigo até a cozinha. –Fala: o que aconteceu? –Ele abriu a boca, mas eu fui mais rápida. –Se falar que não é nada você vai ser estuporado.

–Okay... –Ele suspirou. –Lembra se aconteceu alguma coisa com a mamãe quando eu nasci?

–Não, por quê?

–A ouvi falando com o papai que não quer que aconteça como no hospital quando eu nasci e que ela não enlouqueceu. O que aconteceu no hospital?

–Que estranho, não me lembro de nada de ruim acontecendo quando você nasceu, mas se ela falou assim...

–Será que tem alguma ligação com Lucius? Eu ouvi o nome dele. –Só a menção do nome me fez estremecer.

–Não, com certeza não. Da ultima vez que ele apareceu você ainda não tinha nascido.

–Mas então o que aconteceu quando eu nasci?

–Não sei Scorp, depois veremos isso okay? Amanhã temos que acordar cedo.

–Okay. –Ele disse se dirigindo ás escadas.

–E mais uma coisa... –Chamei e ele se virou pra mim. –Não quero que pense nele, isso não vai te fazer bem tá? –Ele balançou a cabeça concordando.

Fui até ele e o abracei, em seguida ele subiu as escadas e me deixou sozinha na cozinha. Fui até a geladeira e peguei um pouco d’água pra mim. Será que Lucius havia aparecido naquele hospital quando Scorp nasceu?

*-*

Acordei com o som do despertador e me levantei rapidamente. Finalmente estaríamos indo para Hogwarts! Não que eu não gostasse de casa, mas com o tempo tudo começa a ficar monótono.

Me levantei, fiz minha higiente pessoal e me vesti, colocando um short jeans escuro e uma camiseta azul clara. Fiquei em silêncio alguns minutos, notando que todos ainda estavam dormindo. Bem, quase todos... A única que eu sabia que assim como eu havia colocado o despertador mais cedo era minha mãe.

Verifiquei meu malão para ver se não estava esquecendo nada, peguei o livro que havia deixado em cima da escrivaninha e com um aceno de varinha arrumei meu quarto. Tudo estava pronto.

Mais um aceno de varinha e meu malão já tinha ido para a sala. Desci as escadas e fui até a cozinha, como esperado encontrei minha mãe. Ela estava sentada na mesa tomando um café e lendo seu livro.

–Bom dia querida. –Ela disse desviando a atenção para mim.

–Bom dia mamãe. –Falei sorrindo e beijando seu rosto.

Peguei um copo de café pra mim e algumas torradas, sentando-me de frente pra ela. Minutos depois meu pai desceu com os meninos.

–Bom dia. –Meu pai disse com um sorriso, me deu um beijo na testa ao passar por mim e um selinho em minha mãe.

–Como conseguem acordar tão cedo e ficar de bom humor? –Scorp disse sentando-se e deitando a cabeça na mesa. Os cabelos ainda estavam desarrumados.

–Scorp, não é tão cedo. –Falei.

–Quando se acostuma com a vida sedentária das férias é sim. Alguém pode me responder por que eu estou aqui e não na minha amada cama?

–Porque você tem que ir para a escola. –Meu pai respondeu rindo e servindo café para os meninos.

–Scorpius, Annia, Richard e Michael –Minha mãe chamou e nós dirigimos o olhar para ela. Scorp apenas levantou o olhar. –Os livros estão arrumados?

–Sim. –Respondemos juntos.

–O uniforme?

–Sim. –Respondemos novamente. Menos Scorp, que voltou a abaixar a cabeça.

–Pergaminhos?

–Sim.

–Caldeirões?

–Sim.

–Dinheiro para comprar algum lanche na viajem?

–Sim.

–Roupas?

–Sim.

–Todo o mater... –Minha mãe começou a falar, mas foi interrompida.

–Meu amor, você já repassou tudo com eles ontem. Está tudo certo, relaxa. –Meu pai disse rindo e beijando seu rosto.

–Eu sei que já repassamos, só não quero que esqueçam nada. Por falar nisso, as corujas estão prontas?

–Estão. –Falamos juntos, exceto Scorp. Com certeza tinha dormido.

–Aquamenti. –Falei apontando minha varinha pra ele, molhando-o.

Ele acordou assustado e me olhou com raiva, secando o rosto. Fazendo todos caírem na gargalhada.

*-*

–Vou sentir saudades meu amor! –Minha mãe me deu um abraço apertado. –Não se esqueçam de escrever. –Ela disse autoritária para mim e para Scorp.

–Sim mamãe. –Respondemos juntos.

–Aah eu não quero ficar sem vocês! –Ela disse nos puxando e nos abraçando ao mesmo tempo. –Quero cartas toda semana hein? Todas as novidades.

Balançamos a cabeça concordando e ela nos deu muitos beijos. Meu pai se aproximou de mim e me deu um abraço apertado.

–Vou sentir saudades, moreninha. –Eu sorri e ele beijou minha testa.

–Também vou sentir saudades papai. –Ele me deu mais um beijo.

–Fico com medo do que a sua mãe pode fazer se vocês se esquecerem de alguma coisa. –Ele disse e nós rimos olhando para ela.

–E arrume esse cabelo. –Minha mãe disse arrumando o cabelo de Scorp, que ainda estava mal humorado e com sono.

Nos despedimos deles e entramos no trem. Scorp foi com os meninos para uma cabine mais a frente e eu fui para a ultima cabine. A mesma cabine de sempre.

Entrei me deparando com Chris, Ronan e Nina. Todos eles irritados.

–Graças a Merlin você chegou! –Nina disse pulando em mim e me abraçando. –Não aguentava mais o Chris me enchendo.

–Você bem que gosta ruiva. –Chris respondeu com um sorriso de canto.

Chris é o melhor amigo de Ronan e Nina é a minha melhor amiga. Os dois se odeiam e ele adora irritá-la. Ronan e eu achamos que um dia eles podem se acertar e virar um casal, mas até agora nada. Cumprimentei a todos e me sentei ao lado de Nina.

–Então, onde está a Chiclete? –Chris perguntou a Ronan.

–Chiclete? –Nina perguntou.

–É o novo apelido que inventei pra Goulartt. É gostosa de ficar no inicio, mas depois de um tempo fica ruim, gruda e é insuportável. Só serve pra distrair e tapear o estomago, ou nesse caso tapear o Ronan. –Nina e eu gargalhamos e Ronan deu um tapa no ombro de Chris.

–O quê? Você sabe que é verdade. –Chris disse rindo e Ronan revirou os olhos. –Brigou com a chiclete de novo? –Ronan balançou a cabeça assentindo. –E quando é que vocês vão teminar?

–O quê? –Ronan perguntou.

–Aah Ronan, vocês brigam mais que tudo. No fundo sabe que não vai dar certo e que se ficar com ela só vai ficar deprimido e nervoso.

–E o que acha que eu devo fazer? Ficar como você?

–Talvez. –Chris disse dando de ombros. –Já me viu triste por causa de alguma garota que fiquei?

–Essa não é a questão. Você só fica com as que não prestam.

–E ao que tudo indica você também. –Ronan bufou e Chris sentou-se ao lado de Nina, que parecia no minimo brava. –O que foi linda? –Ele disse passando o braço em torno dela.

–Você nunca pensou em ficar com uma só não? –Ela disse saindo de perto e sentando-se ao lado de Ronan. –Quer dizer, como consegue dormir a noite sabendo que magoou mais uma?

–Não magoei ninguém. Elas sabem no que estão se metendo e mesmo assim correm pro Chris aqui.

–Você é um idiota Christian. –Nina disse cruzando os braços.

–Christian? É sério?

–É o seu nome, não é?

–É.

–Então tá. –Ele revirou os olhos.

Foi quando a porta da cabine se escancarou e Amélia entrou de braços cruzados encarando Ronan.