POV KYOKO (valquíria)

Tinha acabado de chegar de uma batalha muito exaustiva. Queria apenas a natureza ao meu lado para que eu pudesse respirar ar puro. Cheguei na floresta já respirando profundamente aquele cheiro de natureza que tanto me agradava. Lamentei profundamente por não existirem leões, onças ou tigres por aqui. Adoraria assistir uma luta entre eles ao vivo.

Senti uma árvore balançar e as folhas caírem. Olhei para cima e havia um mago sentando nos galhos de uma das árvores, observando a paisagem.

— Apreciando a natureza? — eu perguntei num tom de voz alta.

— Não, não... estou apreciando minhas bolas. — ele disse sarcasticamente (esse é dos meus).

— Gostei dessa. — eu ri ainda olhando para ele.

— Do que? — ele perguntou, avoado.

— Do seu cú. — eu disse maléfica e me olhou com cara de bosta.

— Você veio aqui só para isso?

— Não...eu vim apreciar a natureza. — eu disse e ele me olhou como se estivesse mentindo — É sério! Não quer acreditar o problema é seu. — eu retruquei subindo em uma árvore ao lado.

— Quero silêncio. — ele disse, bufando.

— Tudo bem. — eu falei pensando em alguma música para cantar, e logo me veio em mente uma música do Guns N' Roses, “Sweet Child O' Mine”.

She's got a smile that it seems to me (Ela tem um sorriso que me parece)

Reminds me of childhood memories (Lembrar-me de memórias de infância)
Where everything was as fresh (Onde tudo era fresco)

As the bright blue sky (Brilhante como o céu azul)

Now and then when I see her face (De vez em quando eu vejo seu rosto)
She takes me away to that special place (Ela me leva para aquele lugar especial)
And if I stare too long (E se eu olhasse por muito tempo)
I'll probably break down and cry (Provavelmente perderia o controle e choraria)

Oh, oh, oh
Sweet child o' mine (Minha doce criança)
Oh, oh, oh, oh
Sweet love of mine (Meu doce amor)

Eu cantei alto e o mago se revoltou cada vez mais.

— É melhor ficar em silêncio! Sua voz é horrorosa! — ele berrou se levantando da árvore (que sinceridade) — Vou embora, melhor do que ficar escutando uma puta. — ele continuou e eu me irritei de vez.

— Ah é?! — eu falei descendo da árvore também — Se você é macho, porque não me enfrenta em um combate? Pena que eu esqueci inseticida em casa, para não sujar minha mão com um inseto. — eu falei, com uma cara de vingativa.

— Vou mostrar quem vai ser o inseto esmagado. — ele disse ativando um poder nas mãos e eu preparo meu machado afiado.

— Esmagado, não, cortado em picadinhos. — eu retruco dando uma maléfica risada e vendo o reflexo dele no meu machado reluzente.

Então, que a batalha comece.

POV MIKAY (arqueira)

Estava andando pela vila, bastante pensativa. Estava treinando muito (muito mesmo), e precisava de um pouco de distração... sou bem sociável, mais ultimamente nem tenho falado com minhas amigas. E em relação ao amor... faz tempo que não tenho um. Aliás, amor verdadeiro, verdadeiro mesmo, nunca tive. Só aqueles caras que te fazem feliz por três meses e depois partem pra outra (e você entra em deprê e engorda por culpa deles).

Parei um pouco para arrumar minha armadura (sabe quando você coloca as coisas de mal jeito e começa a dar aflição? Então...), e ouvi um grito do outro lado da rua.

— EI, DEVOLVE! Meu saco de moedas! — uma maga já adulta berrou enquanto um bruxo corria para longe com seu saco de moedas.

Eu atravessei a rua, avisei para moça me esperar e tentei correr o mais rápido possível atrás do bruxo. Ele olhou para trás e percebeu que eu estava atrás dele. Colocou seu capuz na cor berinjela (aposto que Natsume iria amar), e virou a esquina em um beco escuro. Sem medo, continuei atrás dele, e tive uma ideia genial. Escalei rapidamente uma casa e subi no topo do telhado. Amarrei uma corda bem firme em uma das minhas flechas, e ele percebeu que não havia mais ninguém atrás dele. Diminuiu a velocidade, mais ainda corria um pouco. Eu corri pelos telhados para ultrapassar ele, e quando ultrapassei, abri a porta que dava acesso a casa e desci os andares da casa em que eu parei (nessas horas a gente entra sem pedir mesmo), abri a porta um pouco e esperei ele chegar. Quando ele estava bem próximo, lancei a flecha na parede (mais ou menos na altura das canelas dele), e ele, não conseguindo parar a tempo, tropeçou na corda e caiu no chão. Eu abri a porta por inteiro e me aproximei dele, pegando o saco da sua mão. Enquanto ele soltava alguns gemidos de dor, com a mão na cabeça, eu saí falando (como sempre, adoro falar):

— Você sabe a gravidade do crime que cometeu? — eu perguntei, expressando nervosismo.

— Ah, qual é... só roubei um saco de moedas. — ele falou ainda deitado, com os olhos espremidos.

— Roubo é grave, e segundo o mandamento da nossa vila, dá cadeia. — falei enquanto ele se levantava.

Chamei o goblin que era o dono da casa que eu entrei, mas sempre olhando para o bruxo, que no momento estava de costas.

— Desculpe, invadi sua casa. Mas foi por um bom motivo.

— Não precisa se desculpar. Deixa que eu entrego esse saco para ela. — ele falou estendendo a mão.

— Por favor. — eu respondi entregando o saco a ele, e voltando a olhar o bruxo caso escapasse.

— Você vem comigo. — eu falei segurando os punhos do bruxo com força.

— Mas eu nunca cometi crimes! Eu vi aquele saco tão exposto e eu precisava de dinheiro! — ele disse preocupado, virando para mim, e pela primeira vez pude observar seus olhos.

Olhei profundamente em seus olhos avelã e senti algo estranho em mim... como se eu não tivesse coragem de acusá-lo. Eu tentava esquecer esse sentimento estranho mas ele não passava. Eu ainda segurava seus punhos, continuava a observar aqueles lindos olhos avelã e já estava viajando em outro mundo surreal...apenas fechei meus olhos para ver se tudo passava. Quando abri eles, já estava com o rosto muito perto do dele, em um quase beijo. Ele tirou o rosto dele lentamente, já eu tirei o meu rapidamente e corei um pouco.

— Desculpa. — ele sussurrou, enquanto eu observava seus olhos penetrantes.

— Acho que a culpa não é sua. — eu sussurrei olhando para meus pés — Mas sim dos seus olhos. — eu terminei de falar tentando desviar o olhar dos seus olhos.

— Sendo assim... — ele disse com um leve sorriso — Meus olhos pedem desculpa. — ele completou tirando o capuz e mostrando seu cabelo preto e bagunçado, com a franja repicada sobre o rosto.

Eu dei uma leve risada, olhei novamente para os olhos dele e fiquei ainda mais corada.

— Bom, você está liberado...é... — eu falei tentando lembrar se ele me falou seu nome.

— Raistlin. — ele disse com uma voz mais sensual.

— Raistlin...só tome cuidado na próxima vez que cometer algum crime. — eu disse, ainda com as bochechas coradas, e tirando a flecha da parede — Eu posso estar aonde você menos imagina.

Tirei minhas mãos de seus pulsos e continuei desviando meu olhar.

— Mas se eu não cometer mais crimes, nunca mais vou te ver? — ele pergunta segurando minhas mãos.

— Não precisa de cometer crimes para me ver. Quem sabe um dia... o destino nos permita encontrar novamente. — eu falei me distanciando dele.

Ele ficou imóvel, enquanto eu andava em direção à rua movimentada. Olhei para trás, já um pouco distante dele, e em meio aquele beco escuro, com o céu anoitecendo, só via uma coisa: seus olhos avelã brilhosos.