Eu levantei da cama, ainda um pouco assustada e fui ao banheiro limpar o rosto. Após isso troquei minha roupa e coloquei uma calça jeans preta e um moletom com capuz. Me olhei no espelho e do guarda roupa e vi uma garota de 16 anos, 156cm e 53kg, escovei e prendi o cabelo num elástico e desci para cozinha.

Quando meus pais morreram eu tinha treze anos, foi muito traumático para mim, eles eram pessoas de negócios e viviam viajando. No final, fiquei sob guarda da minha tia, irmã do meu pai, que trabalha com uma empresa de estética que tem filiais pelo mundo. Nossa casa era bem grande - digo isso pois considero-a um lar - com dez cômodos e dois andares.

Olhei para minha tia na cozinha uma mulher com seus trinta e poucos anos, sem filhos e marido. A minha tia de qualquer forma nunca poderia ter filhos, devido a uma doença. Ela me considera uma filha que ela nunca teria.

_ Bom dia querida! - Exclamou minha tia.

_ Bom dia - respondi pouco sonolenta.

_ Vai tomar café da manhã? - ela perguntou fazendo torradas.

_ Não obrigado, tia. Estou sem fome - falei olhando para ela.

_ Pegue pelo menos essa maçã - disse ela me entregando-a. Após isso fui para o colégio .

Esse ano seria meu segundo ano no colegial e, confesso estar um pouco ansiosa, até porque hoje eu poderei ver a Megan minha amiga de todas as horas que estava viajando. Fora isso o colégio continuará a mesma coisa, sempre as mesmas pessoas, de vez em quando aparece alguém novo. Fui me direcionando para o colégio e vi aquelas muitas pessoas entrando nos corredores e fiz uma careta. Não gosto muito de locais tumultuados.

Entrando nos corredores, achei meu armário e coloquei minhas coisas. Ele sempre estava com fotos de revistas de modelos que eu achava bonita e recadinhos do que deveria fazer. Mas, hoje ele estava vazio e percebi que teria que fazer isso tudo de novo, acho que farei outra hora. Vi meu horário no calendário e me direcionei ao laboratório de química, quando acabei de me ajeitar na no meu lugar de sempre, no canto da sala e no fundo onde as pessoas maiores que eu me escondem, o sinal tocou e o professor entrou. A aula prosseguiu tranquila, como sempre o professor ia retomar a matéria antes de prossegui-la. O primeiro período de aulas foi desse jeito, monótomo. No intervalo fui até o refeitório e peguei uma bandeja, nela coloquei um sanduíche, um cupcake e uma água. E sentei-me numa mesa vazia, escondida atrás de uma árvore. Fiquei lá o intervalo inteiro comendo e respondendo e-mails e perguntas mandadas por fãs (sim, eu tenho fãs), as vezes olhava a movimentação das pessoas . Após o intervalo acabar retornei para o segundo período de aulas: Matemática, geografia, filosofia e literatura. Foi bem legal a aula de filosofia e matemática. Antes do terceiro período de aulas tinha o almoço e como sempre, almocei o de sempre: salada de alface com tomate e milho, pouco arroz e um pedaço de bife. Acreditem ou não, eu sou muito devagar para almoçar e na maioria das vezes, nem consigo terminar meu prato, pois fico muito no celular e o milho de certa forma me deixa mais satisfeita. Eu estava voltando para sala quando vi o Jeff com os amigos dele no corredor. O que? O Jeff? Aqui? Meu deus, isso não vai dar boa. Voltei para sala com pressa e fiquei aguardando o sinal. Ao fim do terceiro período, estava saindo do colégio em direção a minha casa, quando, quase me atropelaram. Sorte a minha que eu vi o carro e desviei, o carro freou bruscamente.

_ Desculpa a gente não te viu - gritou um cara. Nem me dei o trabalho de olhar quem era, estava com pressa pois iria me atrasar para o trabalho. O motor do carro desligou e um cara desceu do carro minha direção.

_ Ei. - ele disse - Você ta bem?

_ Eu estou. - respondi cabisbaixa.

_ Olha, desculpa. A gente realmente não te viu. - Ele falou apontando pro carro.

_ Tudo bem. - Respondi olhando para ele, com um sorriso fraco. - Estou com um pouco de pressa. Tenho que ir agora tchau. - O cara me segurou e falou:

_ A gente te dá carona - ele falou espontaneamente.

_ Não precisa - eu falei negando com a cabeça.

_ Vamos, entre no carro - no final, acabei aceitando pois, só iria perder tempo negando tal oferta.

Eles me deixaram na esquina de casa e segui andando pela calçada. Entrei correndo em casa, me troquei e coloquei uma saia de cintura alta preta, um top cropped e um cardigan por cima, não esquecendo dos meus saltos que, me deixavam um pouco mais alta e um chapéu que eu ganhei da minha tia. Quando saí de casa Megan me avisou que estava chegando perto da minha casa junto aos amigos dela para me buscar. Minha tia aceitou muito feliz meu trabalho como modelo, porque para ela, eu estava evoluindo como pessoa e esquecendo o que me aconteceu no passado. Eu estava no celular sentada na escada de casa junto a minha bolsa quando Megan e seus amigos buzinaram.

_ Vamos Lucy! - Gritou Megan. Saí de casa e tranquei a porta pois, minha tia havia saído.

_ Oi, oi gente - disse com uma entonação alegre, entrando no carro.

_ Ai amiga saudades de você. - Ela disse me abraçando e começou a me contar sobre sua viagem e, de como tinha garotos bonitos lá e etc. No carro havia eu, Megan, Dan, Victor e Jeff.

Por incrível que pareça, ele não me reconheceu e continuamos a prosseguir até a Alternative. Chegando lá, descemos e fomos para o estúdio onde faríamos as fotos da edição do mês que vem. A sessão tinha a temática de bonecos humanos, com mutias roupas em tons pastéis. A maquiagem demorou praticamente duas horas para ser terminada e a sessão, mais 4 horas. Passamos a tarde inteira lá e quando terminou, ainda tivemos que ficar mais uma hora tirando a maquiagem, apesar disso foi bem divertido. Megan sugeriu que fossemos comer alguma coisa na cidade e todos topamos.