Depois das duas semanas eu saí do hospital e me mudei para a antiga casa de Andrew.

Meus dias se tornaram um completo monótono. Eu os passei sem fazer absolutamente nada, e comia somente graças a Merryse, que Naome contratou para cuidar de mim enquanto ela viajava. Eu e Naome acabamos virando grandes amigas, mesmo a distância, e o tratamento de Nathan estava funcionando perfeitamente. Passei os dois últimos anos vagando feito um fantasma pelos cômodos da casa, e se me perguntasse de quem eu tinha mais saudades eu responderia de Nathan.

A única notícia que tive de Deles foi que Nicholas e Amélia haviam se casado, fora isso nunca mais tive nenhuma notícia.

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Eu acordei ainda de madrugada, vesti uma camisola e entrei em uma passagem ao lado de minha cama que descia para a varanda nos fundos.

Me sentei na mesma cadeira de balanço de sempre e fiquei ali encarando o jardim que era muito bem cuidado por Merryse. Haviam várias rosas, mas somente de quatro cores: brancas, (que me lembravam Andrew, Cassidy e Amélia) vermelhas, (que me lembravam Ryan, elas serviam também para que eu me lembrasse que fiz muitas escolhas erradas, e voltar por Ryan havia sido uma delas) azuis, (que era minha cor favorita)e verde, que era a cor favorita de Nathan, e que me mantinham viva na esperança de tê-lo novamente. Encarei o jardim escuro até o sol nascer e ilumina-lo.

_Bom dia._Merryse fala me trazendo uma bandeija em mãos.

_Bom dia._ respondo sem deixar de olhar para as flores.

_Seu café._ela diz colocando a bandeija em meu colo.

_Fez o que eu te pedi?_pergunto ignorando a bandeija que contem torradas com geléia e suco.

_O colar vai chegar as dez e as rosas mandei trazer as seis._ela responde sorrindo.

_Alguma correspondência?

_Os Medison te convidaram para a festa da filha deles._ela diz com um monte de envelopes em mãos._O tribunal disse que você deve comparecer daqui dois dias para falar da sua sentença; Os Park mandaram um convite de casamento também. O resto são contas e propagandas.

_Mas nada?

_Ainda esperando essa correspondência internacional?_Eu fico em silêncio encarando as rosas balançarem com o vento. _Não vai comer?_ela me pergunta e eu começo a comer com desânimo.

Passo o dia como sempre vagando pela casa como um fantasma, me "teleportando" através das passagens secretas. Isso já havia se tornado tão comum que Merryse nem se assustava mais comigo aparecendo misteriosamente em um lugar e depois em outro.

A campainha tocou, me suspendendo pois eu jurava que pelo tempo que ninguém a usava já havia queimado ou sei lá o que. Merryse foi atendê-la.

Entrei em uma passagem e fiquei observando a sala por um buraco discreto entre dois vasos. Fiquei imóvel ao ver Naome, agora de cabelos longos até a cintura acompanhada por Nathan que se apoiava em muletas.

_E onde ela está?_Naome pergunta e eu apareço aos pés da escada.

_A quanto tempo Naome._digo sorrindo, um ato que não cometo a um bom tempo.

_Digo o mesmo._ela diz me abraçando._ Ah, esse é meu amigo Nathan Kampbell._ela diz olhando para Nathan.

_Eleanor Kavanagh._me apresento segurando sua mão sem conseguir conter o sorriso.

_Nós já nos conhecemos?_ele pergunta levantando uma sobrancelha.

_Eu me lembraria de olhos tão bonitos._digo.

_Os seus são simplesmente maravilhosos, mas infelizmente eu poderia me lembrar._ele responde.

_O que houve?_pergunto.

_Um acidente, eu cai da janela do meu apartamento e passei os últimos a dois anos fazendo tratamento no exterior, mas infelizmente minha última memória é da morte dos meus pais quando eu tinha quinze anos.

_Deve ser horrível acordar e não saber quem é e não se lembrar de ninguém._digo me identificando.

_Felizmente eu reconheci Naome._ele diz.

_Uma ótima vantagem comparada com muitos casos.

_É. Seu cabelo é muito bonito._ele diz dos meus cabelos que voltaram a ser ruivos já que eu nunca voltei a pinta-los e agora se encontravam acima do ombro.

_Obrigada._digo.

_Eu adoraria já ter te conhecido._ele diz sorrindo.

_E por que não nos conhecemos agora?_pergunto.