Um Novo Caos ao Agente do Caos escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
Novo Caos


Notas iniciais do capítulo

"A loucura é igual a gravidade. Precisa apenas de um empurrãozinho" - Joker.



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BlackGate

O carcereiro fez o seu rotineiro percurso pelo corredor da ala D, onde estavam os piores delinquentes que Gotham já havia detido. O homem era observado pelos rostos apáticos dos detentos que observavam pelas janelinhas de 20cmx20cm das portas metálicas das suas celas. Era o famoso corredor da morte, porque quem fosse preso e transferido para essa ala teria dois destinos nada agradáveis: perpetuar à prisão ou injeção letal.

Parou de frente à cela J, última do corredor; bateu três vezes na porta; abriu.

– Ei palhaço, visita para você antes do seu julgamento. Vamos.

O sujeito, com uniforme laranja, se levantou da beliche, calçou os chinelos e saiu algemado para receber quem quer que fosse.

A sala pequena, úmida e cheia de rebocos, sempre vigiada por dois guardas armados, foi preenchida pelo detento que, ao sentar, ficou cara a cara com uma mulher.

– Quer saber quem sou eu senhor... – analisou uma pasta azul que carregava consigo. – Coringa.

– Por acaso eu perguntei? – disse ao mesmo tempo que lambia os lábios, involuntariamente. As marcas em seu rosto eram mais evidentes agora, sem maquiagem.

– Mesmo assim eu direi. Sou a doutora Harleen Frances Quinzel, nova diretora do Asilo Arkham. Quero explicar algumas coisas para você, se possível.

O homem, agora com o rosto limpo e cabelo curto, se debruçou para perto da mulher, ficando muito próximo. Os policiais ficaram atentos a qualquer movimento brusco do meliante.

– O que quer explicar pra mim? Por acaso é alguma admiradora secreta?

– Senhor Coringa, pode parecer absurdo, mas até o senhor tem admirador secreto, e não sou eu. Um certo empresário o admira muitíssimo, ele quer financiar a sua defesa para que o senhor pegue pelo menos prisão perpétua e seja transferido para o asilo.

Coringa olhou jocoso para a donzela, apoiou seus pés sobre a mesa e cruzou os braços.

– Quem é o fulano?

– Não posso dizer, pelo menos não agora. Só quero que aceite, pois o senhor terá uma nova chance em Gotham.

Coringa retirou os pés sobre a mesa, debruçou-se mais uma vez, até com certa violência, bateu suas mãos contra a mesa e deu uma gargalhada ensurdecedora assustando a doutora e obrigando os policiais a segurá-lo.

– Acha mesmo que esta cidade dá a mínima chance? Não há chance alguma num lugar em que os preconceitos mais sórdidos da civilização humana estão arraigados. Esta porcaria de cidade mostra, todos os dias, casos que corroboram o que eu fiz há três meses: ricos cospem na cara dos pobres; os mais brancos tripudiam dos mais negros; policiais não precisam ser corruptos para desrespeitarem o valor da vida humana; quem está no poder pouco se importa quando há um morador de rua a mais nos córregos do Narrows. O ser humano é como um belo túmulo num belo cemitério: por fora tem tudo para mostrar-se agradável, mas por dentro não passa de um podre sepulcro pronto para ser aberto por um motivo mórbido. É uma piada de mau gosto querer algo de bom, nesta cidade.

A doutora se levantou recolhendo a pasta.

– Então eu já sei qual é a sua resposta. Até a audiência.

Retirou-se da sala com a maior delicadeza.

...

Gotham Hoje

– Aqui é Vicky Vale para o Gotham Hoje da rede GCN, direto da porta do fórum de Gotham. Hoje está acontecendo um dos dias mais marcantes da cidade: o dia do julgamento do Coringa. Toda a mídia jornalística fez plantão na frente do prédio para arrancar alguma nova informação e eu, claro, estou aqui desde às oito da manhã nessa expectativa se ele vai sair algemado direto à Blackgate ou vai para o Arkham.

– Vicky, parece que o réu tem um advogado de defesa, é isso mesmo? – perguntou o âncora do jornal, em seu estúdio.

– Sim, Michael. Todos, inclusive eu, ficamos chocados com essa notícia. Como um psicopata daquele consegue ter um advogado? Confesso que quanto mais tento entender o ser humano mais estou longe de compreendê-lo, sobretudo agora que não há um promotor forte e a tentativa frustrada do povo de dissuadir o juiz. Pelo visto a população sequer será ouvida.

– Que a justiça seja feita e esse louco punido. Uma cidade como Gotham não pode mais tolerar criminosos da laia dele.

– Mike, eu tive uma notícia crucial agora: o juiz já leu o veredicto há, pelo menos, trinta minutos. Isso quer dizer que, a qualquer momento, o réu sairá à prisão ou ao asilo ou à liberdade. É só... espere. É ele! É o detento assessorado pela polícia e o seu advogado!

Um carro preto parou bem à frente do fórum. Coringa, algemado, era escoltado por vários policiais e o advogado; entrou no banco de trás, do passageiro.

– Senhor Tompson o que aconteceu lá dentro? – perguntou Vicky, incisiva.

– O meu cliente teve a pena revertida em tratamentos psiquiátricos no Asilo Arkham. Foi constatado, por vários psiquiatras, que ele tem esquizofrenia, portanto precisa ser tratado urgentemente. Não se preocupem. Aos críticos de plantão eu asseguro que o asilo é financiado pela prefeitura e luta para cercear os casos de reincidência nos detentos. Para quem ficou indignado posso garantir que lá é mais seguro que a penitenciária. Com licença.

O advogado entrou no banco dianteiro do veículo. Os jornalistas filmaram o momento exato que Coringa baixou as calças e mostrou a sua nudez. Um escândalo.

– Então é isso. O maluco vai para o seu habitat natural, o manicômio. Realmente Harvey Dent faz falta. Eu sou Vicky Vale, para o Gotham Hoje da Rede GCN. Bom dia.

...

Asilo Arkham, Narrows

O veículo parou na porta do manicômio. Um policial pôs um capuz preto no detento e o retirou do carro com a ajuda do advogado.

Coringa se mantinha calmo, como se estivesse no paraíso. Nada o afetava psicologicamente nem mesmo a ideia de ir ao corredor da morte. Somente teve uma surpresa na vida:

Batman; o sumiço de Batman.

O policial colocou o homem numa sala isolada, porém, mais arejada. Retirou-lhe as algemas e o capuz. O palhaço do crime observou o ambiente ao redor, era muito mais limpo e amplo que a sua antiga cela.

A doutora Quinzel apareceu à sala acompanhada por um homem. Um senhor baixo; nariz grande e pontudo; bem vestido. Acessórios como terno, casaco e chapéu eram usados pelo indivíduo que financiou à defesa do maior criminoso da cidade. O homem sentou frente a frente com o ex-detento.

– Creio que o senhor não saiba o porquê de estar aqui, não na prisão.

Coringa cruzou os braços e pôs os pés sobre a mesa, como de costume.

– Estou ouvindo, prossiga – disse, irônico.

– Serei objetivo. Sou Oswald Cobblepot, a mente por trás da sua liberdade. Estou aqui, senhor Coringa, para dar-lhe uma chance de conseguir o seu maior feito: que é provar às pessoas que elas mesmas são corruptíveis e, consequentemente, obrigar o Batman a retornar.

Coringa apenas ouvia.

– O meu interesse no retorno daquele maldito justiceiro é que ele tem uma dívida para pagar a mim. Há alguns anos eu liderava a segunda maior máfia em Gotham, assim sendo o concorrente direto de Carmine Falcone; como Falcone ganhou prestígio eu tive que ir a uma outra cidade, Nova Iorque; lá eu descobri que Carmine havia fracassado e que o caminho estava aberto para uma nova família se instalar; daí você chegou. Antes, porém, tentei convencer Maroni a vir para o meu lado, mas percebi que os mafiosos resolveram se aliar com o italiano; portanto eu decidi que ainda não era hora de eu conquistar a cidade. Daí comecei a traficar armas para as famílias daqui, contudo fui frustrado diversas vezes pelo nojento do homem-morcego e perdi milhões em dinheiro.

– Velho, o que quer de mim? Sabia que não dou valor ao dinheiro? Sou um cão, louco, que não dá a mínima aos prazeres materiais –debochou.

– Vingar-me-ei do Batman, mas não quero matá-lo. Será algo espetacular saber que ele, de longe, verá um velho conhecido destruir não só uma cidade, mas um país inteiro. Aliás, "destruir" é uma palavra forte demais, que tal "mostrar" a verdadeira face dessa gente corrupta? Assim você provará que estava certo. Só quero isso, nada mais.

Coringa batia a cabeça algumas vezes contra a mesa metálica, fazendo uma cena patética de autoflagelação. Cobblepot se mostrou indiferente.

– O que eu ganho com isso?

– Se você aceitar desfrutará de uma liberdade longe dos olhos da polícia. Tenho um conhecido no FBI que pode muito bem deletar o seu recente histórico dos registros. Será um fantasma mais uma vez, sem identidade.

– E você?

– Eu ganho um gostinho de vitória só do Batman ver, nos noticiários, o ressurgimento do caos. Pensar ele ver o circo pegar fogo longe do seu alcance será um mérito para mim. Claro que serei o novo manda-chuva do pedaço. Com o tempo poderá voltar sob minha proteção e juntar-se-á comigo a fim de me ajudar a formar a Sociedade Secreta dos Vilões de Gotham. O que acha?

Os dois apertaram as mãos formando um acordo. Coringa foi o próximo a falar.

– Aceito, se eu escolher as condições.

Cobblepot concordou.

– O que é tão abominável, à ética humana, a ponto do ser humano pensar ser superior aos outros? Quando um tripudia do outro ao achar que é superior por meio de algo que, a seu ver, lhe privilegia. Escolho a raça. Há uma guerra racial no país, quero dar um empurrãozinho. Quando os holofotes estiverem todos fora de Gotham, aí sim, formaremos a nossa sociedade.

– Genial.

– Pretendo começar em uma cidade pequena.

– Qual cidade?

– Uma cidadezinha localizada em Missouri: Ferguson, local onde o desgraçado do meu pai nasceu.

Cobblepot assentiu e se levantou para ir embora. A doutora e o advogado ficaram responsáveis pelo psicopata.

Coringa sentiu que agora há uma nova tentativa de espalhar a anarquia à sociedade. Guerra Racial. Negros contra brancos. Será o seu novo trunfo para fazer o Cavaleiro das Trevas retornar. O palhaço sabia que será uma grande tarefa, todavia nada nem ninguém será capaz de atrapalhá-lo nisso. Como todas as vezes em que propagou o medo por aí, a sua intenção, apesar de não ser nada nobre, foi mostrar, de alguma forma, a realidade das pessoas. Será mais um novo caos ao Agente do Caos.

– Ei, você – disse à doutora.

– Eu?

– Vem cá.

Ela se aproximou dele. O homem ficou muito próximo a ela, lambeu os lábios e disse:

– Sabe como eu consegui estas cicatrizes?

...

"MANIFESTANTES TOMARAM AS RUAS DE FERGUSON, NO MISSOURI, NO TERCEIRO DIA DE MANIFESTAÇÃO CONTRA O POLICIAL QUE MATOU BROWN"

GCN

"FERGUSON HOJE É GOTHAM DE ONTEM. ESPECIALISTAS ACREDITAM QUE A TENSÃO RACIAL VAI SE ESPALHAR PELO PAÍS AO LONGO DOS MESES, INCLUSIVE EM GOTHAM CITY"

Gotham Times

– Uma cena terrível e dolorosa... muito forte – disse um repórter local, chocado com o que via.

– Alguém ajuda, pelo amor de Deus! Meu filho... meu único filho! Policial assassino. Matou o meu filho! – dizia uma senhora negra, em lamúrias, abraçada ao corpo do filho, morto a tiros.

Coringa, devidamente maquiado, assistia o noticiário, com muita atenção. Passou-se pouco menos de um mês, depois que foi solto, e já provocou reviravoltas à sociedade. Para ele, não importava o choro de uma mãe desiludida, seu plano seguia conforme o planejado. Levantou-se da poltrona, andou o cômodo em que estava – uma sala de estar, ampla, com lareira, tapete, móveis de mogno e, o principal, um telão de LCD –, foi até o bar e pôs o uísque no copo; acrescentou duas pedras de gelo.

Pensou na sua vida. O três meses que havia ficado preso, talvez, não fora algo tão ruim. Precisou esfriar a mente, por isso aceitou a detenção como uma liberdade.

Retornou à poltrona. Sentou-se com cuidado, pois não queria amassar o seu terno preto sob medida – ultimamente ele se gabava muito da peça que usava: terno comportado e uma gravata borboleta, verde. Bebia, enquanto assistia às lamúrias de uma mãe. Não sentia remorso. Seu único objetivo era trazer o Batman à ativa.

Enquanto observava o noticiário, disse:

– Por que tão sério? – gargalhou ao pensar na persuasão que fez a alguns policiais corruptos de Ferguson.


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Notas finais do capítulo

Ei galera obrigado por ler até aqui. Gostei muito de escrever essa one (aproveitada de uma fic excluída que não deu certo. Reciclei pq não gosto de encher meu perfil com muitas histórias kkk) apesar de não ser expert em one.

Apesar desse Coringa ser um pouco igual o do filme ainda sim é o Coringa. Sempre houve várias versões desse vilão. Por isso os personagens dos quadrinhos têm suas peculiaridades.

Portanto até a próxima.