Secret escrita por Gasai


Capítulo 6
Choice


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem, não tenho nada a declarar por aqui, além de dizer que a fanfic está indo para suas retas finais.
Esse capítulo meio que é para "encher linguiça", mas mesmo assim, eu espero que gostem.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/550004/chapter/6

Castiel sentia cada músculo de seu corpo tremer enquanto a garota o algemava aos pés da escada, mantendo-o sentado no chão, preso ao pilar de sustentação. O medo o dominava aos pouquinhos. Pensou o deixariam ali, para morrer, seja de fome ou de sede, o que fazia com que seu estomago revirasse.

Ele havia obedecido a cada um de seus comandos sem relutar uma vez sequer. Mantinha a cabeça abaixada enquanto sentia a arma gélida em sua testa, em meio ao emaranhado de fios escarlate que estavam molhados de suor. Ofegava em busca do ar que parecia não querer entrar em seus pulmões.

– Olhe para mim, garoto! – disse o homem. O ruivo levou os olhos amendoados para ele, tomando cuidado para não levantar demais a cabeça. – Dê um “piu” e eu estouro seus miolos de uma vez.

Ele olhou para o tecido negro de suas calças, e tentou ignorar a dor em seu ombro, onde o sangue já molhava sua camiseta, fazendo com que sua cor ficasse ainda mais escura e um tanto avermelhada. Após ouvir o barulho de uma das argolas de metal se fechando, ele apoiou melhor os pés no chão.

– Por que você tinha de trazer alguém para cá, hein? – perguntou o moreno, balançando a maleta que brilhava em sua outra mão.

Ele se abaixou e deslizou a ponta da arma pelo rosto de Castiel, que agora mantinha seus olhos amendoados cerrados enquanto fazia o máximo que podia para não entrar em pânico. Seu coração parecia mais do que nunca querer sair pela sua garganta de tão forte ele batia. Inspirou fundo na tentativa de se acalmar enquanto sentia o objeto frio encostar-se a seu pescoço e engoliu a própria saliva.

– Não é culpa minha! – retrucou ela, sentando-se no ultimo degrau da escada, ao lado do rapaz algemado, colocando a mão em seu ombro. – Você deveria ter me avisado antes de vir.

O homem resmungou alguma coisa, logo estendeu a ela sua maleta.

– De qualquer forma, aqui está seu pagamento.

Ela a pegou e colocou-a no degrau ao seu lado. Ele deixou de pressionar a arma contra o pescoço do garoto e se deslocou até o outro lado do porão, para perto do casal em decomposição, que estavam mais expostos por conta da luz da lâmpada acima de suas cabeças.

Castiel se arrepiou quando sentiu a mão da garota deslizar por sua nuca numa espécie de carinho. A garota aproximou-se ainda mais dele, sentando-se sobre seu quadril, usando as mãos que agora seguravam o seu queixo e se enfiavam no emaranhado de cabelos escarlate para obrigá-lo a olhar para ela.

Logo em seguida pode sentir o contado delicado entre seus lábios, a língua da garota encostada em seus dentes cerrados. Ela cravou as unhas em suas bochechas, queria que ele abrisse a boca e retribuísse seu beijo. Pela primeira vez desde que entrara no porão e levara um tiro, Castiel não a obedeceu e tentou afastar-se dela. Ele acabou ficando no mesmo lugar, apenas desviando a cabeça para o lado, fazendo com que seus lábios se separassem.

– Você deveria dar um jeito nisso não? – resmungou o homem, sem sequer olhar para os dois enquanto brincava com a arma – Já faz um bom tempo que eles estão aqui!

– Não! – respondeu a garota.

A mão delicada se ergueu, e logo em seguida chocou-se com força na bochecha esquerda de Castiel, fazendo com que ele virasse involuntariamente a cabeça para o lado. Apesar da ardência que aquilo lhe provocou, o ruivo não emitiu nenhum som, ao contrario do tapa, que havia soado como um grito.

– São meus pais! Não faria isso com eles. – murmurou enquanto tentava obrigar o rapaz a encara-la.

– Você os matou! Por que diabos não consegue se livrar de seus corpos? – questionou ele, finalmente se virando para encarar a garota que estava de costas para ele.

Ela finalmente largou o rosto de Castiel, permitindo que ele o movesse para o mais longe possível dela, e logo virou o rosto para o lado, encarando o homem de soslaio.

– Eles são MEUS pais! MEUS! Posso fazer o que eu quiser com eles, já que são MEUS! – retrucou ela – Entendeu, Alfred?

– Sim, claro que sim. Mas, pelo que ocorreu hoje, é melhor leva-los embora, não acha? – disse Alfred, arrumando uma das luvas de borracha que cobriam suas mãos.

– Leva-los para lá? – perguntou ela, seu tom era um tanto desconfiado – Quando?

– É melhor fazer isso agora. Você pode acabar trazendo outro desses aí – Apontou para o jovem, que se debatia avidamente – para cá de novo... Mas então vamos mata-lo agora?

– N-não! Por f-favor, não! – implorou o rapaz, meneando a cabeça varias vezes.

– Quer que eu pegue seus “brinquedinhos”? – perguntou o moreno, ignorando completamente Castiel.

– Sim, por favor! – respondeu, voltando sua atenção para o rapaz quando Alfred desapareceu por uma pequena porta num canto. Sua cor era quase do mesmo tom da parede, fazendo com que ela fosse quase invisível. Castiel não se surpreendeu muito por não ter notado-a.

Ele se assustou quando sentiu, através do tecido fino da blusa, a mão fria da garota deslizar por seu corpo, indo em direção ao rosto e logo em seguida parando em seu pescoço. Ela fitou-o por alguns segundos, fazendo com que ele pudesse sentir a aura assassina que seus olhos continham. Eles combinavam com o sorriso sacana que surgira em seus lábios assim que ela notara o quanto o rapaz suava.

– Está com medo, Cassy? – murmurou ela. Apesar do sorriso de desprezo e do olhar assassino, parecia existir certo carinho em sua voz, assim como divertimento. Agora suas mãos acariciavam os fios escarlate – Hein?

O homem já estava de volta, com uma nova maleta em mãos, porém esta era negra. Ele se agachou no chão e a abriu, apoiando-a em seus joelhos, revelando assim a variedade de objetos de tortura cuidadosamente alinhados na superfície aveludada e escura.

Ela fitou os objetos, os olhos brilhavam com o orgulho de sua pequena coleção. Ela finalmente levou a mão - que não estava escondida entre o emaranhado de cabelos vermelhos – em direção a um pequeno punhal, que pareceu reluzir quando ela o envolveu com seus dedos.

Castiel começou a murmurar desculpas em meio aos seus soluços. Suas mãos tremiam com avidez, assim como suavam frio. Tudo o que passava por sua mente era que iria morrer a qualquer momento.

A menina o ignorou, agarrando os fios e os segurando, deixando o pescoço, cuja pele estava pálida, exposto, como se não quisesse molhar as madeixas do rapaz no sangue que provavelmente jorraria dali a poucos segundos. Encostou a lâmina fria na garganta dele, fazendo com que ele soluçasse ainda mais.

– N-não, por favor! – choramingou, cerrando os olhos com força, enquanto os sentia marejar.

– Então, tenho uma proposta para você. – disse ela, quase em um sussurro, inclinando-se sobre ele, ficando assim cada vez mais perto do garoto. Perto demais – Você vai ficar quietinho, viu. Não vai contar nada a ninguém. Vai fingir que nada disso aconteceu. Você me ouviu bem?

Ele assentiu com a cabeça. Logo ela sorriu satisfeita, afastando o punhal de seu pescoço e devolvendo-o ao homem. Soltou seus cabelos, que já estavam desgrenhados pelo aperto.

– Bom garoto. – murmurou, dando leves tapinhas em sua bochecha.

– Você está louca! – reclamou Alfred, incrédulo – Você deve matá-lo, agora!

– Mas eu não vou. Você não manda em mim! – retrucou ela – E não acho que devo mata-lo, ele pode ser útil, não é?

Castiel assentiu com um movimento na cabeça.

– Tá, mas como vamos fazer para levar eles – Indicou os cadáveres com seus olhos azuis – para lá, com ele por aqui?

– Bem, vamos leva-lo junto também. Vamos fazer um curativo. Mas, de qualquer forma, qual meu novo serviço? Suponho que seja ao na escola.

– Pode ter certeza!

Alfred a encarou, e logo em seguida sussurrou um nome que era bastante familiar para Castiel, que por um instante pensou que seu coração tinha parado de bater.

~*~

A garota ainda chorava enquanto as damas tocavam seu rosto, secando suas lágrimas com seus dedos de luz – ou pelo menos tentando -. Sussurravam seu nome. Chamavam-na para ver aquele mundo, para ser devorada pelo azul, para esquecer. Para morrer.

Sophie não parava de sussurrar baixinho o nome de Lysandre. Castiel sabia o quanto a loira gostava dele, o quanto tinha esperanças de que ele poderia salva-la. Ele também tinha. Poucas, minúsculas, mas as tinha guardadas no coração que já não batia em seu peito.

– Não toquem nela! – ele berrou para as damas, que o ignoraram completamente. Parecia que ele não existia para elas, assim como para os outros, para os vivos.

Sentiu algo frio queimar na palma de sua mão. Quando desviou os olhos para seu lado, pôde ver a dama, que encarava o corpo de Sophie junto com ele.

– Venha, vamos embora. – falou com calma, como quem consola uma criança que acabara de quebrar seu brinquedo favorito – Temos de ir.

– Por quê? – perguntou o rapaz, puxando sua mão translucida para si. Seu rosto se contorcia pela raiva – Eu preciso ajuda-los. Eles não fazem ideia do que aquela louca é capaz de fazer!

Ela suspirou, e logo lhe disse:

– Eu apenas lhe trouxe aqui porque sabia que a Sophie podia lhe ajudar. Mas ela já está morrendo. Por acaso conhece outro “médium”?

O ruivo cerrou os punhos e mordeu o lábio inferior, tentando lembrar-se de algum rosto, algum nome. Meneou a cabeça discordando e suspirou pesadamente.

– Não... – murmurou.

– Se não voltarmos logo, minha mãe vai notar o seu sumiço.

– E-eu quase consegui mata-la. Eu poderia... – ele vacilou um pouco. Não fazia ideia de que palavras deveriam sair de sua boca – Tentar de novo. Você me impediu!

A dama suspirou, levando uma das mãos para os fios brancos e brilhantes, acariciando-os nervosamente.

– A minha mãe vai ficar furiosa quando perceber seu sumiço. O preço que você vai ter de pagar vai ser caro. Você pode ter de ficar vagando no mundo pelo resto da eternidade, e se ela lhe encontrar, vai ser pior

– Você está me dizendo que não devo ajudar os outros?! – questionou ele, seu rosto se contorcia de raiva – Que eu devo deixa-los nas mãos de uma assassina louca?!

– Não. Apenas estou lhe alertando. Caso você vá, não vai poder voltar para aquele lugar, nunca mais. A decisão é toda sua.

~*~

– Também estamos fazendo algumas analises de DNA. Precisamos do outros objetos que acharam na cena do crime para isso. – disse o homem, brincando com a manga comprida de seu uniforme.

– Ah... Pode pega-los. – disse Rayanne, que parecia estar contrariada.

– Muito obrigada. Precisamos mesmo disso. – O homem agarrou a caixa que era estendida para ele por Rayanne – Dizem que a pessoa que assassinou o rapaz é a mesma que está matou os meninos daqueles outros casos. Seria ótimo pegarmos ela logo! – Ele andou em direção à porta.

– Mas é claro, tenha um bom proveito. – resmungou, fechando-a logo atrás de si.

Suspirou e, massageando a própria testa com a ponta dos dedos finos, dirigiu-se até o meio da sala. Naquele momento Nathaniel já havia saído se seu pequeno esconderijo com cheiro de alvejante.

– Eles levaram as provas. Pelo menos temos uma informação a mais. Já tem alguma teoria?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Deixe seu comentário, vou cuidar muito bem dele! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Secret" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.