Capítulo 10 – Protection

Observo a sala de cirurgia por trás do vidro transparente, onde Bárbara estava deitada inconsciente em uma mesa que servia de cama. Os médicos faziam a cirurgia para retirar a bala se seu ombro esquerdo, o ferimento havia sido profundo demais.

Assistindo aquela cena, lembrei-me do dia em que Fury havia “morrido”. A maneira como me senti naquele dia não é muito diferente de como estou me sentindo agora, o medo de perder alguém que é importante pra mim, minha melhor amiga.

E pensar que aquela bala tinha sido direcionada a mim, faz-me sentir culpada. Bobbi salvou a minha vida.

Um estrondo chama a minha atenção, e rapidamente desvio meu olhar para a porta, por onde Clint passa desesperado.

– Por favor, me diz que ela vai ficar bem. – ele pede assim que se coloca ao meu lado, e mesmo ele tentando disfarçar, eu consegui ver uma lágrima escorrer por seu rosto.

– Eles estão retirando a bala. Pode ser que ela fique inconsciente por alguns dias, mas está fora de risco. – respondo sem fitá-lo, ainda observando o processo cirúrgico.

– Quem fez isso? – ele pergunta após um tempo, e era notável o tom embargado de sua voz.

Viro meu rosto, encontrando os olhos de Barton. Ele estava com medo, eu vi o brilho assustado em suas íris azuis acinzentadas, e isso me deixou mal.

– Yelena Belova. – respondo direta, causando um tremendo choque nele.

– Isso é impossível. – ele exclama.

Balanço a cabeça, negativamente, desviando o olhar outra vez para o corpo de Bárbara.

– Era ela, Clint. Eu tenho certeza.

Mas Barton se recusa a acreditar.

– Belova está morta Natasha. Você está falando de um fantasma. – ele retruca, me fazendo fitá-lo no fundo de seus olhos.

– Sim, e eu vou caçar esse fantasma.

Saio da sala antes mesmo que Clint pudesse dizer alguma coisa.

Com passos firmes e uma expressão fria, começo a andar pelo corredor do hospital em direção ao elevador, mas acabo trombando com alguém no meio do caminho.

– Natasha, você está bem? – Steve pergunta segurando meu braço quando tentei continuar meu caminho.

O encaro, meus olhos deveriam estar sombrios.

– Minha amiga levou um tiro, o que é que você acha? – indago rispidamente.

Ele me olha compreensivo.

– Por favor, Natasha, você precisa se acalmar. – e diz com seu tom de voz calmo.

– Não. – exclamo soltando-me dele um tanto brusca – O que eu vou fazer é matar a desgraçada que fez isso com a Bobbi.

Steve parece surpreso com a frieza que minha voz apresentava, mas eu não me importei com isso no momento. Belova estava viva, e ela havia conseguido despertar meu lado mais sombrio da Viúva Negra.

– Eu não sei o que aconteceu entre você e essa tal de Yelena, mas independente do que seja, você não pode simplesmente ir atrás dela e matá-la. – ele protesta.

– E por que não? Por que você acha errado? – pergunto grossa, o encarando de frente – Desculpe te decepcionar Capitão, mas eu não sou pura como você.

– Essa não é a questão Natasha. – ele diz, parecendo irritado com o que eu acabara de falar – Essa Belova certamente quer matar você, não pode ir atrás dela e deixar que isso aconteça.

Lanço-lhe um olhar determinado.

– Ela não vai me matar se eu matá-la primeiro. – viro voltando a andar, pronta para sair daquele hospital.

– Aonde você vai? – Steve pergunta.

– Falar com o Fury. – apenas respondo parando em frente ao elevador, e assim que as portas se abrem, adentro o cubículo.

Surpreendo-me ao ver Steve entrar nele também antes que as portas se fechassem, se colocando ao meu lado, e apertando no botão que nos levaria ao térreo.

– O que está fazendo? – pergunto confusa com a atitude dele.

Seus olhos me fitam com convicção, com um brilho diferente, um olhar protetor.

– Eu vou com você. – ele afirma.

– Nem pensar Steve, Yelena é problema meu. – eu protesto.

– Eu não vou deixar que faça isso sozinha. – ele diz visivelmente decidido a ir comigo – Se você quer matar Yelena Belova, vá em frente. Mas eu vou estar lá para me certificar de que nada de mal acontecerá com você, Natasha.

Bufo, inconformada com sua teimosia. Mas confesso que sorri internamente com essa atitude protetora de Steve, e desviei meu rosto para o lado, a fim de esconder o sorriso bobo que surgiu involuntariamente em meus lábios.

[...]

– Você tem certeza disso, Romanoff? – Fury pergunta, sentado em sua poltrona, enquanto Steve e eu permanecíamos de pé em frente a sua mesa.

Assinto levemente.

– Absoluta, Nick. Era ela. – respondo sem qualquer sinal de dúvida.

Ele suspira, massageando suas têmporas.

– Bom, Romanoff, já que você afirma... – ele então me olha, com seriedade – Mandarei uma equipe para ir atrás de Yelena Belova. Mas não se preocupe, deixarei você atualizada.

Respiro fundo, tentando parecer determinada.

– Se não se importa, Yelena é assunto meu, eu queria me encarregar de ir atrás dela. – protesto com firmeza no tom de minha voz.

Fury me fita duramente.

– Eu me importo sim, Natasha. – ele diz deixando-me um tanto surpresa – Eu lhe dei férias por três meses, e até que este período acabe, você está inativa e proibida de se meter nisso, entendeu?

Eu estava abismada, incrédula na verdade. Como assim? Ele estava me negando uma missão que por direito pertencia a mim e a mais ninguém?

– Mas Fury... – tento protestar, porém ele me corta.

– Eu fui claro, Natasha? – ele reforça a pergunta.

Reprimo minha vontade de socá-lo, mantendo uma expressão fria em meu rosto, o respondendo de maneira seca.

– Sim senhor.

– Isso é pro seu próprio bem, Natasha. – Fury diz com sinceridade. Era só o que faltava, todo mundo querendo dar uma de protetor pra cima de mim – Aproveite o resto de suas férias Romanoff, e não tente fazer nada, pois se fizer, eu serei obrigado a afastá-la da SHIELD, e dessa vez, será definido. – e avisa. Ele estava ameaçando me demitir? – Os dois estão dispensados.

Com passos duros, ando em direção a porta de seu escritório sendo seguida por Steve, tentando descontar a raiva no próprio chão abaixo de meus pés.

Eu não acredito que Fury me privou de ir atrás da mulher que quer me matar. Ele não tinha esse direito, eu sou uma das melhoras agentes da SHIELD, se alguém tiver que ir atrás de Belova, esse alguém sou eu. Se alguém tem que matá-la, este alguém sou eu.

Isso é injusto, muito injusto.