Despedidas

 

“Mesmo que as pronloguemos, que tentamos a esquecer por instinto.

Ela sempre estará lá.

E nada podemos fazer a não ser dizer Adeus.

Sempre nos recordando, de que suas memórias, seu corpo e sua alma, estarão para sempre do lado de quem e de onde você quer estar.

Afinal, elas são as duras e incuráveis despedidas”

 

                                                                                Luiza Carvalhaes.

 

 

                                  O fim...ou apenas o começo?

 

 

A janela estava aberta, o vento passava rápido e forte na minha face.

No céu uma fina e tênue linha alaranjada abaixo do dourado do sol.

Dentro do meu quarto tudo estava arrumado.

Minhas malas feitas, o armário vazio, a carta pronta.

Nesse últimos dias pensei muito sobre tudo, sobre mim, sobre quem eu sou e quem eu quero ser.

Minha mãe e meu pai, pessoas ocupadas, mas muito amáveis, doces, gentis.

Porem Renné era forte, e eu sabia que ela daria todo apoio e carinho que eu daria para Charlie.

Meus amigos...nunca foram basicamente amigos, nunca fui aceita e no fundo me perguntava se eles iriam sentir a minha falta.

Alice, Jasper, Emmet... sim, eles eram meus amigos, quase como irmãos que eu mesma adotei sem permissão.

As criaturas mais lindas e engraçadas que já conheci, até mesmo Rosalie iria me fazer falta.

O meu ponto fraco...o meu Edward, Unicamente e eternamente meu.

Como ele mesmo dizia.

Será a coisa mais difícil de se deixar, a que mais vai me fazer falta, a quem mais eu me preocupo, e o real motivo de eu ter escrito a carta.

Meu amável Edward.

Nunca aceitaria uma fiel e clara despedida, nenhum deles.

Toquei meu rosto, tentando memorizar...

Minhas mãos longas e frágeis, tão brancas e frágeis quanto porcelana.

Meu rosto era oval, saudável, corado, tenho olhos cor de chocolate profundos e os lábios avermelhados e grossos.

Minhas pernas eram finas e provavelmente jamais agüentariam uma corrida longa e sem pausas, mas hoje ela seria forçada a isso.

Um corpo provavelmente fraco, e uma alma fragilizada pelo Adeus.

Um corpo e uma alma que tinham uma dependência pelo dono do seu coração.

Edward.

Olhei pela ultima vez a bela vista da janela do meu quarto e fechei a janela.

Não podia mais adiar, o plano estava dando mais do que certo, o tempo estava me apressando.

Tudo o que eu queria era esquecer tudo, deitar nos braços de Edward e nunca mais levantar.

Mas quem sou eu para contrariar o tempo e o destino?

Peguei o envelope da minha carta para dar só mais uma ultima revisada.

 

Razões do meu viver,

 

Um começo alegre para uma despedida, eu sei mas não vejo outra forma de começar uma carta, sem ser falando a verdade.

Queria escreve-la quase como...um testamento, mas ao invés de dar-lhes algo, gostaria de pedir um favor, a todos vocês.

Pai, eu sei que me ama muito, e que mesmo nunca tendo tempo para mim, eu jamais me magoei por isso, e você sabe que eu o amo muito, muito também, minha voz sempre chamou por você quando eu tinha algum problema, ou apenas para sussurrar no seu ouvido com um sorriso nos lábios um “eu te amo” quase já tão comum quanto dizer “bom dia” quando acordava.

Eu gostaria que você continuasse a sua vida, indo pescar com os amigos, se alimentando mal como sempre, gostaria que a seguisse em paz, porque eu o amo demais para levar o peso comigo que eu acabei com a sua vida apenas porque decidi seguir o meu caminho de uma forma diferente.

E sempre que sentir a minha falta, não precisa de nada mais nada menos que ler essa carta, porque você sempre vai saber, que eu o amo muito, que vou sentir sua falta, e que de algum modo, sempre estarei com você, a cada minuto a cada segundo da sua vida.

Te amo.Diga a mamãe quando ela voltar, que ela e você são as coisas mais importantes e mais felizes que aconteceram e que tenho na minha vida.

E que ela não te torture muito com o seu péssimo jeito de cozinhar! E que...sinto a falta dela.

Alice, minha pequena fadinha saltitante,você é tão importante para mim sabia? A cada momento eu penso em você, vou sentir sua falta como uma irmã sente a falta da outra.

Você é isso para mim, a minha linda irmã mais nova, você sempre anima os meus piores dias, jamais tire a sua alegria do mundo, o universo seria tão mais triste sem você... Te amo.

Diga a Emmet que amo o jeito bobo e infantil dele de ser, e como já tinha dito tantas vezes para ele crescer...peça para ele esquecer isso, porque o jeito dele bobalhão de ser me animava tanto, ele me fazia ficar feliz, ele me fazia rir, ele sempre me irritava, mas hoje percebo que a minha irritação era perda de tempo, afinal no fundo eu sempre soube, que iria sentir falta daquele jeito brincalhão de ser dele. Também quero que avise a Jasper que ele sempre foi um tipo de apoio para mim, um ombro para chorar, uma pessoa quem eu pudesse confiar, amar e me divertir, e que ele é muito especial para mim.

E não se esqueça de Rosalie é claro, sempre tentava me dizer com todos os seus olhares um “ eu te odeio” mas eu sei, que tudo isso, era para a minha proteção, um jeito estranho de demonstrar afeto, mas era o jeito dela, e mesmo sendo muito estranho, eu gosto dele, e que amo muito ela também.

Amo todos vocês com toda força do mundo.

E agora, eu o deixei por ultimo, porque...não consigo imaginar um jeito racional de me despedir de você...meu querido Edward.

Na verdade não consigo imaginar um jeito de te dizer adeus, porque nunca será um adeus.

Você é parte de mim,eu o carrego na minha mente, nos meus olhos, nos meus lábios...no meu coração.

A cada parte do meu corpo há você, não tem alguma forma imaginável de te dizer adeus, sendo você tão parte de mim.

O primeiro momento que nos vimos, eu não fazia nem idéia de quem você era,me irritava com você por tudo, mas no fundo, aquela irritação, era um modo de não demonstrar os meus reais sentimentos por você.

Porque é demais Edward.

Não é racional, não é normal, não é desse mundo, é um tipo de amor que não deveria existir no universo.

Porque é muito forte, já virou um tipo de dependência, meu coração pequeno e frágil se enche de dor, minha mente, meus lábios...meu corpo, minha alma, toda ela, sente uma dependência de você, sente você.

Oh Edward... eu não quero ter você longe de mim, porque eu não existiria.

Tudo em mim é você.

E sem você, o que seria eu?

A resposta é obvia. Nada.

Mas eu odeio ver a dor em seus olhos, eu odeio ver a infelicidade preenchendo o seu coração.

Eu odeio não conseguir fingir que o meu tempo esta acabando, que eu estou morrendo.

Eu odeio admitir que não há mais jeito de me salvar.

E eu odeio odiar tudo isso.

Você tem noção do quanto a minha vida era apenas ódio antes de você? Eu nasci destinada a morrer.

O quanto isso me acabava... a cada dia que se passava, era um dia a menos no futuro.

Mas quando você chegou...era como se tivesse alguma maneira de ter um futuro quase que eterno...porque eu tinha você.

Você mudou tudo, você me ensinou a viver, mas é claro, o amor que preencheu a minha vida não mudava nada do meu fim depreciável.

E a cada dia eu ficava mais fraca.

Mesmo assim, eu tinha você, e nada me abalava por isso.

Mas abalava você.

O seu sorriso já não chegava mais ao seus olhos, a confiança já não era tão presente em seus braços, a alegria já não era tão presente em nossos dias.

Eu estava morrendo, mas estava levando você junto comigo.

Eu não quero ser a causa de sua morte, eu não quero ser a causa da sua infelicidade.

E eu te amo a ponto de acabar com a minha felicidade para preencher a sua.

Eu te amo a ponto de acabar com a minha vida para salvar a sua.

Eu te amo a ponto de perder a razão, os sentidos, eu te amo a ponto de matar e morrer por você. 

Porque tudo o que sou eu é você, e tudo o que é você sou eu.

Eu sei que parece estúpido a minha ida.

Mas na verdade...é apenas porque estou sendo egoísta de novo, mesmo não parecendo, estou sendo.

Eu...eu simplesmente não consigo suportar e viver vendo a tristeza vencer a sua vida.

É simplesmente isso. É simplesmente o meu maldito egoísmo.

Mas apesar dos meus defeitos e os seus, eu o amo demais.

E quero que saiba, que todas as brigas, todos os beijos, todas as tristezas e toda a felicidade.

Sempre estarão presente comigo.

Nada é eterno, apenas meu amor por você.

A minha doença...é algo que eu já nem me importo mais.

Eu me importo com você.

E quero que saiba, que em todas as noites, haverá uma estrela, a estrela mais bonita que você ver, a maior, ela vai me representar.

Sabe porque eu a escolhi? Uma vez eu li, que aquela estrela já fora um símbolo de muitas coisas, já foi o símbolo da salvação, mas a que ficou mais gravada, foi o símbolo do amor.

A estrela virou o símbolo de Amores impossíveis.

Tanto quanto o nosso.

Unidos pelo destino, separados por ele.

Que irônico não?

Saiba que em todo o anoitecer, quando a estrela aparecer, eu a estarei olhando, ela agora vai ser o meu símbolo, aquela estrela será Bella a sua Bella.

Eu te amo. Espero que me perdoe, pois tudo o que fiz, foi por amor.

Te espero e sempre irei, o que o amor une, nem mesmo a morte pode separar.

 

                                   “ A vida e o amor continuam...

                                             Para Sempre.”

                                                                    

                                                       Da sua querida e eterna em seus corações,

                                                                                                             Bella.

 

 

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto caindo sobre o fino papel da carta.

A fechei e guardei dentro de um envelope rosa, peguei a caneta novamente e escrevi: “ Para os meus eternamente amados”.

Percebi que em todo momento eu tocava na palavra Eterno.

Talvez fosse essa a palavra-chave.

Eternamente.

Talvez ainda existisse um lugar para mim me esperando, talvez....talvez para existir a felicidade e o amor não precisava estar vivo, apenas precisava acreditar.

Mais lágrimas escorriam do meu rosto.

Jamais existiria um real modo de despedida para eles.

Eu não iria esquece-los.

E enquanto isso não acontecer, e não vai, eles sempre estarão comigo de algum modo.

É só acreditar.

E eu acredito.

Peguei a minha mala que estava apoiada na minha cama e a coloquei sobre o meu ombro.

Peguei a maçaneta e olhei só mais uma vez para o meu quarto.

Havia apenas uma coisa, uma coisa que eu não abriria mão.

Tinha uma foto minha com todos,tirada quando estávamos na praia Quiulete...tinha me esquecido de Jacob...mas era mais provável que eu encontrasse com ele depois...talvez, ele não tem muitos planos de permanecer aqui para sempre.

Suspirei, depois de pegar a foto e  coloca-la dentro da mala eu não tinha mais desculpas.

O tempo estava me puxando para fora do quarto e eu não podia dizer não.

Não mais uma vez.

Fechei a porta e sai correndo.

De um jeito ou de outro sabia que nada podia terminar assim.

As coisas não tem fim.

Pelo menos, não quando isso depende de mim.

Fechei os olhos e entrei na minha velha camionete Chevy, nada para me impedir, nada para sussurrar um “fique” e me convencer de que não fazia diferença morrer aqui ou “lá”.

Liguei o carro e como Jacob mesmo dizia “ cai na estrada”.

A dor no meu coração foi forte, ate chegar a insuportável.

Agora já estava de noite, parei um pouco o carro e olhei para o céu.

Sem perceber estava seguindo as “instruções” que tinha dado a todos.

Olhei para a grande e brilhante estrela e suspirei.

Não era um fim afinal.

Apenas o começo de uma vida independente, independente do meu amor, ou melhor, das razões do meu viver.

Liguei de novo o motor velho da minha caminhonete e segui em frente.

Para onde ir quando aonde eu quero estar é exatamente aonde eu não posso ir?

Liguei o rádio, e para a minha surpresa, era a música que Edward compôs para mim que estava tocando.

Mais e mais lágrimas caíram no meu colo.

Mudei de música e acelerei o carro.

-Eternamente...sua"-