A Sad Courtesan Story escrita por Isolde


Capítulo 1
A Lost Flower


Notas iniciais do capítulo

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– O que farei com você agora Qiu? – perguntou Mei, andando frenética de um lado para o outro.

– A culpa não foi minha! Por favor, por favor, mamãe! – Suplicou, com lágrimas nos olhos.

Todos na sala estavam apreensivos. Sabiam a decisão certa, mas como mandar a terceira filha para longe?

Mesmo Yu, o chefe da família não queria deixar a pequena Qiu escapar de seus dedos, porém o sentimento de traição era mais forte que sua dor.

– O que ele deu para você? Pelo o que você se vendeu? – perguntou Yu aos berros.

– E-E-Ele não me deu nada! Pai! Por favor!

Em um súbito ataque de fúria ele voou para cima da garota, agarrando seus ombros com força, empurrando-a contra a parede.

– Pelo o que você se vendeu? Uh? Fale!

Mei interveio nas ações de Yu, mas sucumbiu a força do marido e foi jogada violentamente no chão.

O rosto imaculado de Qiu estava agora banhado em lágrimas amargas. Os soluços eram tão iminentes que simplesmente não tinha mais forças para negar o que não havia acontecido.

Yu examinou seus bolsos com violência. Um a um estes iam se rasgando, mediante a revista rigorosa de seu pai.

Por fim, em um pequeno compartimento próximo a seu peito estava guardado um nada sutil presente.

Era uma joia rara. Um adorno de cabelo moldado em prata, na forma de um crisântemo brilhante, cujas pontas das pétalas eram esculpidas em jade e ouro.

Yong Hu estava detido do lado de fora da casa. Os guardas de Wan Yu escoltavam o respeitável senhor até o portão, já que, este não havia culpa dos encantos e seduções de Qiu a que tivera sido submetido.

‘’Eu disse não, mas ela continuou insistindo, entende? Quando me dei por mim, seu vestido já estava no chão’’.

Não olharia nos olhos da garota, nunca mais. Havia conseguido sua recompensa por aquela noite, já que por vez, deixara uma joia generosa em um de seus bolsos. Pois o crisântemo prateado era o símbolo da casa Yong.

Os olhos de Yu se encheram de lágrimas. Por mais que ele fosse o chefe da casa, naquele momento chorou como pai. Como poderia Qiu ter descido a algo tão baixo?

Por mais profunda que fosse sua dor, uma coisa era certa.

Ele soltou os ombros de Qiu, e cambaleante foi para trás.

– Qiu...

Ela engoliu seco, alguns solitários fios negros grudados nas bochechas molhadas completavam seu ainda inocente rosto de menina.

– Sabe... Você agiu como uma prostituta noite passada, e a família Wan não é uma família de prostitutas.

Mei levantou-se assustada.

– Yu, o que está pensando em fazer? Yu, ela é a minha terceira filha!

– Nós não temos mais uma terceira filha, Mei. A partir de hoje, Wan Qiu será apenas Qiu – disse Yu, decidido.

A melancolia com que Mei olhava para Yu fez este vacilar. Ainda com as mãos trêmulas retirou gentilmente os cabelos da esposa que escondiam seus belos olhos. Aqueles berilos negros que brilhavam como a noite, por quem havia se apaixonado.

– Por favor Yu... Olhe para Qiu! Olhe para ela! – suplicou Mei.

Ele voltou-se para a deserdada. Não a encarou por mais de dois segundos. Algumas lágrimas rolaram novamente por seu rosto, mas não havia mais o que fazer. Cancelar os preparativos para o que seria a mais bela festa de casamento da região, a cerimônia em que entregaria sua flor mais nova para um bom marido. Por que ela havia feito aquilo? Um enfeite de cabelo?

– Estou olhando para uma prostituta.

Dito isso, com o gelo em sua voz, atirou com força o brilhante crisântemo no chão, que de maneira alguma se quebrou.

Um guarda assustado entrou na sala, observando com tristeza a situação.

– Tai, prepare a carruagem. Qiu deixará a casa esta noite.

– Para onde devo levá-la senhor? – perguntou Tai, o guarda.

– Para onde quiser, ela não é mais uma Wan.

Ele assentiu com a cabeça, saindo logo em seguida.

Mei abriu a boca para falar, mas Yu já estava se retirando também, sem nenhuma demonstração de compaixão, por aquela que um dia havia sido uma das três belas flores do jardim Wan.

Quando a sala ficou em silêncio, Qiu soluçou.

Mei hesitou se deveria consolá-la ou não. Afinal, também estava com raiva por Qiu ser tão desonesta e entregar-se a alguém que não fosse seu marido.

Por fim, apanhou o crisântemo no chão e sentou-se ao lado da menina.

Olhou em seus olhos, enquanto abria suavemente sua mão e colocava nesta o elegante adorno de prata.

– Qiu... Eu não sei por que você fez isso, mas o caminho será difícil daqui para frente... – ela suspirou – Fique com esse crisântemo, Yu não deixará você levar nada que era seu. Guarde-o para comida, ou um abrigo, mas fique segura, Qiu – disse, pegando com gentileza o queixo da garota e o virando para ela – Fique segura.

Passos pesados foram ouvidos pelo corredor de madeira. Era Tai. Este trajava vestes pesadas, prontas para enfrentar o frio rigoroso daqueles verdes campos chineses, que já se preparavam para o beijo do inverno.

– É hora de ir Qiu.

A garota levantou a cabeça. Sentiu muito a falta de ‘’senhora’’ antes de seu nome, mas engoliu seus soluços. Já não podia chamar Mei de mãe, mas ainda teria o seu carinho, em qualquer lugar que fosse.

Apertou o crisântemo em sua mão direita, mesmo sendo o sinônimo de sua desgraça. Levantou-se e arrumou o quimono chinês com flores que vestia. Sorriu para Mei. Era um sorriso triste, mas ainda sim, um sorriso. Não seria mais uma flor da casa Wan, mas quem sabe, floresceria em outro lugar?

Seguiu Tai para fora de sua casa, o lugar que talvez, nunca chegasse a ver novamente.

Nos limites dos enormes portões, um cavalo branco os aguardava. Tai entregou-lhe uma capa branca. Cheirava a jasmim, e então, Qiu apertou-a contra o corpo, ‘’O cheiro de casa’’, pensou.

Tai sorriu para ela, e sem dizer nenhuma palavra, indicou-lhe a entrada da carruagem.

Ela assentiu. Observou-o subir no cavalo e ajeitar-se melhor para receber o vento grosseiro contra o corpo.

Entrou. Para sua surpresa, ali se encontrava um dos servos do seu pai.

– Por que está aqui?

– Para garantir que seja entregue.

– Entregue onde? Para quem?

– Fique calada – respondeu ele, um pouco de raiva no olhar – Você não é mais uma flor da casa Wan, não? – perguntou, sorrindo com malícia.

Ela contraiu os lábios e sentiu a respiração falhar. Já havia visto aquele sorriso antes.

O homem se aproximou, afundando a mão direita no mar negro que eram os cabelos de Qiu.

Ela se se encolheu, fazendo-o gargalhar.

– Tsc, não te preocupes Qiu, este dia irá chegar, e quando chegar, irei ser generoso.

Qiu suspirou. Talvez fosse um suspiro de alívio, ou de tristeza, ou da mistura dos dois. O sentimento que lhe preenchia o peito era insuportável, no que as lágrimas já não podiam mais amenizar.

Ela apoiou a cabeça na janela e olhou a paisagem do crepúsculo se anoitecer. Jamais vira o sol desaparecer de forma tão lúgubre.

Desafiando o caminho da noite, naquele dia uma menina virou mulher, e seu nome não era Wan Qiu.


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