The Inter - Worlds (Parte 1): As Aventuras - Ano 2 escrita por Ana Katz


Capítulo 42
Capítulo 36 - No Lar do Troca-Peles


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!!! Agora estou oficialmente de férias e posso postar mais. E adivinhem só: minha inspiração está realmente voltando! ESSE CAPÍTULO TÁ COM MAIS DE 3000 PALAVRAS! Maior capítulo do Ano 2 até agora! *palmas* perdi a madrugada toda fazendo ele :')
Estou orgulhosa dele. Eu osei um pouco nesse capítulo, é o horário ( ͡° ͜ʖ ͡°) (sqn)
Boa leitura! Espero que gostem o/

Nesse capítulo:
Ana finalmente conhece o amigo de Argárir.



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O urso se aproximava vagarosamente. Então, ele parou. Ele estava pronto para atacar, dar o bote.

Foi naquele momento que eu fiz algo totalmente involuntário. Foi quase automático, até pareceu que não tinha sido eu mesma fazendo aquilo, como se alguém estivesse controlando o meu corpo.

Eu levantei a mão na direção do urso e gritei, com a voz bem firme:

–Pare, agora!

Naquele momento eu senti uma estranha energia fluir da minha mão e ir até o urso. Senti algo muito estranho no meu corpo...por acaso estava usando magia?

Então, algo...bem estranho aconteceu bem na minha frente. O urso ficou de dois, deu um rugido e do nada seu corpo começou a se deformar...parecia que estava mudando de forma. E de repente, no lugar do urso estava um homem.

Ótimo, mais alguém que pode se transformar em animais.

O homem era alto. Alto não, gigantesco. Tive que curvar o pescoço todo para ver seu rosto direito.

Tinha barba e cabelos negros espessos. Suas sobrancelhas eram bem grossas e peludas. Os braços e as pernas eram grandes, escuros e musculosos.

–Quem é você? – ele perguntou, quebrando o silêncio do ambiente.

Sua voz era grossa, parecia um trovão. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Senti um nervosismo irracional no momento, ficando totalmente calada e quase me esquecendo que ele tinha me perguntado algo.

–E-eu...eu sou...e-eu. – gaguejei, abaixando a cabeça, mas sem tirar meus olhos dele.

Fui analisando ele por completo, ao notar algo um tanto...perturbador. E que provavelmente ficaria na minha cabeça pelo resto da minha vida, mesmo que quisesse esquecer.

Levantei a mão na direção dele e virei para o lado, fechando os olhos. É, eu na certa não esqueceria daquilo.

–Que tal você colocar uma roupa e aí a gente conversa?

–Sim, é uma boa ideia.

Nesse momento, ouvi passos e senti ele passar do meu lado.

Alguns minutos depois...

–Pronto. Agora, responda o que eu perguntei.

Abri os olhos. Notei que agora a grande porta da casa estava fechada. Me virei para o homem urso.

–Quem é você? – ele perguntou novamente. – O que está fazendo na minha casa?

–Eu sou...- comecei, andando na direção dele. – Eu sou Ana. – nesse momento tirei a bolsa do balcão. – Eu estava de passagem, e, na verdade, um amigo seu me disse para vir aqui.

–Um amigo?

–Sim, Argárir. O cara que se transforma em águia.

–Ah, sim.

Eu já tinha quase certeza da resposta para aquela pergunta, mas mesmo assim tinha que fazê-la:

–E você seria...?

–Eu sou Beorn.

–Sabia! – murmurei.

–O que disse?

–Nada não.

–O que foi aquilo que você fez?

–Aquilo...? Aquela coisa que eu fiz e do nada você voltou a ficar humano? Eu queria poder saber.

–Estranho. – ele parecia refletir sobre o ocorrido.

–É mesmo. O pior é que foi algo tão...espontâneo. Eu nem pensei para fazê-lo.

–Mas agora está tudo bem. É sempre bom acolher um semelhante.

–Semelhante? Eu não posso me transformar em nenhum bichinho não. Sem ofensas.

–É mesmo? Jurava que podia.

–E o que te fez pensar nisso?

–A pedra que usa no cordão do pescoço.

Olhei para o cordão. Ele estava falando da diolgartyr, a pedra lilás que tinha o poder de transformar o meu corpo.

–Ela é uma pedra que causa metamorfose no portador.

–Não é porque eu uso uma pedra com esse poder que quer dizer que eu possa trocar de peles naturalmente.

–É mesmo?

–Sim...

Não sabia explicar porquê, mas ao ouvir aquele “É mesmo” vindo dele, senti como se ele soubesse de algo que eu não sabia. Como se tivesse algo além sobre aquela pedra que eu não soubesse, mas que ele sabia.

–Tudo bem. Mas o que planeja fazer aqui, passarinho?

–Eu não sou um pássaro. E também sou mulher sabe...– comentei, mas fui totalmente ignorada.

–Não é todo dia que se vê alguém novo por essas bandas. Ainda mais uma mulher pequenina como você.

–Pequena? Não acha que é você que é alto demais?

–Talvez seja isso.

–Como já disse, estava de passagem.

–De passagem...planejava ir para?

–Para a Cidade do Lago.

–Sem querer ser rude, mas o que você quer indo até lá, passarinho?

Nesse momento, parei uns segundos para pensar. Deveria contar a minha história para ele? Talvez sim...sim, iria contar. Não totalmente, é claro. Só as partes que ele precisava saber, para evitar explicações diversas sobre o fato de eu simplesmente ser de outro mundo e tal (iria mencionar o menos possível sobre isso, se desse). Ele não precisava saber disso. E também, eu sentia que podia confiar nele. Não só pelo o que eu sabia do livro, mas senti um certo conforto na presença dele. Como se estivesse segura das maldades que rondavam aquela região.

–É uma longa história.

–Tenho todo o tempo do mundo para ouvi-la. Vamos aproveitar e comer a janta.

Então, Beorn e eu nos sentamos na longa mesa da casa. Este bateu palmas e entraram trotando quatro belos pôneis brancos e vários cães grandes, cinzentos e de corpo alongado. Os cães conseguiam ficar de pé nas patas traseiras quando desejavam, e carregar coisas com as patas dianteiras.

Beorn disse-lhes algo numa língua estranha. Algo que no início pareciam ruídos animais transformados em fala, mas aos poucos (não entendia como) pareceu se transformar em palavras que eu entendia.

–Prepare o salão. – entendi ele dizer.

Eles saíram de novo e logo voltaram carregando tochas nas bocas, que acenderam na fogueira e colocaram em suportes baixos nos pilares do salão, ao redor da lareira central. Agora o ambiente estava bem mais iluminado do que antes, quando só recebia a luz da Lua. Conseguia enxergar cada detalhezinho da casa praticamente perfeitamente.

Então, entraram algumas ovelhas brancas como a neve, conduzidas por um grande carneiro da cor do carvão. Uma delas trazia uma toalha branca bordada nas extremidades com figuras de animais; outras traziam nos largos dorsos bandejas com tigelas, pratos, facas e colheres de pau, que os cães pegaram e logo colocaram na mesa.

Aquilo tudo parecia um tanto insano. Inconscientemente, fiquei com uma cara de boba diante da situação. Não parecia que aquilo era real, e eu acreditava menos ainda. Era tão maravilhoso!

Então, finalmente, lá jantamos. Comi de um jeito que não comia desde que tinha deixado Rivendell. Ao nosso redor, a luz das tochas e do fogo bruxuleava e sobre a mesa havia duas velas de cera de abelha, longas e vermelhas.

–Agora, conte-me a sua “longa história”. Estou curioso.

–Sim, eu irei contar. Bem...tudo começou a alguns meses atrás. Começou em Bree, quando eu decidi que iria até a Cidade do Lago procurar um sujeito. Um homem que tinham me falado que poderia saber mais sobre algumas habilidades minhas...

Durante toda a refeição, eu contei a minha jornada até lá. Desde quando tinha chegado na Terra-Média, lá em Bree, até chegar na sua casa. Ele ouviu tudo sem comentar nada. Parecia maravilhado com a minha pequena aventura. Ah se ele soubesse desde o começo! Iria ficar louco ao saber de tudo o que eu já tinha passado até lá.

–Impressionante. Você parecia bem indefeso aos meus olhos, passarinho.

–Eu também achava que fosse a um tempo atrás. Mas parece que não...

–Bom, agora que acabou sua história e terminamos a ceia, acho melhor nos recolhemos. Você tem uma jornada a fazer e eu uma vida a viver. Já é tarde e logo será manhã! É melhor descansar.

–Sim, concordo. – disse, já bocejando.

–Pode dormir ali. – ele olhou em uma direção.

Ao olhar na tal direção, vi duas paredes cercando um local. Não dava para ver muito bem dali, por isso teria que me aproximar.

–Obrigada por tudo. – disse, me levantando. – Com licença.

Ele simplesmente assentiu com a cabeça como resposta.

Fui na tal direção e notei que uma cama já havia sido preparada para mim na lateral do salão, numa espécie de plataforma elevada entre duas meias paredes e a parede externa. Um colchão de palha, provavelmente não muito maior que o meu corpo, cobertores de lã e algumas almofadas.

Provavelmente, estava com um sorriso no rosto. Estava alimentada e agora iria dormir. E não seria no chão molhado, sujo e desconfortável das florestas! Depois, notei também uma bacia com água, um pano e uma toalha.

–Pode se limpar. Você parece bem desgastada.

–Obrigada.

Bem que estava desejando o meu chuveiro naquele momento. Não era a mesma coisa mas serviria. Mas...ele queria que eu me banhasse com ele ali?

Peguei as minhas coisas e estendi perto da cama e arranquei qualquer arma ou coisa do tipo que ainda estivesse preso ao meu corpo, colocando lá também. Não era uma área totalmente fechada, mas tinha as duas meias paredes, deixando só uma parte totalmente em aberto. Dei uma espiada para mesa, onde Beorn permanecia tomando hidromel. Bem, eu não tinha enxergado o que tinha lá da mesa. É, talvez de lá ele não fosse me ver.

Abri a bolsa mágica. Tirei uma muda de roupas limpas de lá. Um conjunto leve de uma blusa de mangas e uma calça, os dois de um tom cinza meio azulado. Tirei as longas botas negras e as meias, ficando meia hora mexendo os dedos, que pareciam quase dormentes de tanto tempo parados no sapato.

Depois, retirei o colete metálico, e minhas costas me agradeceram por isso. Finalmente estava tirando aquele peso do meu corpo.

Então, retirei a túnica preta. Esta estava toda rasgada, molhada, surrada e suja de sangue, suor e lama. Estendi ela na meia parede. Assim que tivesse um tempo teria que dar uma boa esfregada naquilo ali.

Deixei o cabelo bem solto e o mexi de lá para cá. Aquilo sim estava precisando de uma boa esfregada.

Soltei o cinto do meu corpo e agora vinha a parte complicada. Dei uma última espiadinha e notei que Beorn já não estava mais na mesa, e sim perto da porta, como quem iria sair. Então, este fez exatamente como esperava, saiu.

Não sabia dizer se ficava triste ou feliz com aquilo. Tinha medo dele aparecer do nada e me dar um susto, sem que eu estivesse preparada...se é que me entendem.

O ambiente parecia mais escuro agora. Praticamente só a lareira permanecia acessa. Mesmo que alguém aparecesse seria necessária uma visão maravilhosa para me ver nitidamente.

Tirei a blusa azul com dificuldade, já que essa parecia grudada ao meu corpo. Ela estava ensopada...tinha até medo de pensar se era só de água! Assim, a estendi também. Então, tirei a calça, que estava no mesmo estado da blusa, colocando a junto desta última.

Agora estava só com as minhas roupas íntimas. Observei como o meu corpo estava ferrado. Algumas feridas já estavam sacrificando, mas nem tinha percebido que algumas delas permaneciam abertas. Rapidamente usei um pouco de meus poderes para curar as mais absurdas. Isso era bem eu. Só começo a sentir dor quando vejo que estou ferida. Vai entender.

Me levantei e desabotoei as roupas. Agora estava completamente despida. Com o corpo nu senti um arrepio por causa da brisa que vinha da janela. Afinal, já era tarde e era frio.

Comecei a me observar. Meu corpo parecia mudado. Estava mais...musculosa? Sim. Antes daquilo tudo começar era uma vareta sem graça com duas bolotas gigantes e que nada combinavam com o resto do conjunto (aquilo que as pessoas chamam de “seios”).

Durante boa parte da minha infância e adolescência eu fui um tanto acima do peso. O pior de tudo era que as minhas gorduras iam todas para a barriga! Eu era basicamente uma pessoa de braços finos e pernas normais com uma barriga super nada a ver.

Mas depois de um tempo eu decidi mudar e...bem, acabei finalmente emagrecendo. Mas os malditos seios ficaram. Mas depois de tudo o que tinha passado...eu parecia mais musculosa. Não que eu não tivesse nada de músculos antes, mas eles pareciam bem mais marcados agora. Meu corpo parecia ter curvas agora, mas curvas bonitas e delicadas. E eu só tinha percebido aquilo naquele momento.

Depois disso, peguei o pano e molhei ele na água. Arrastei o pano pelo corpo todo. Me sentia sendo purificada pela água. Já devia fazer mais de um mês que não tirava proveito daquilo.

Uma vez que tinha esfregado o corpo inteiro e passado um tipo de sabonete que tinha ali também (pelo menos era o que parecia, e tinha a mesma função de um, então...), passei água novamente e me sequei.

Uma vez seca, rapidamente coloquei as roupas que tinha separado. Graças a Deus ninguém tinha aparecido. Então, perdi alguns minutos escovando minhas madeixas negras.

Coloquei um par de meias longas. Adorava dormir com os pés aquecidos quando as noites eram frias e tinha acabado de sair do banho. É tão confortável. Me deitei na cama e me enrolei nos cobertores. Eram tão macios. Tão confortáveis.

Fechei meus olhos, o sorriso ainda estampado no rosto. Finalmente coisas boas estavam acontecendo. Parecia que nada poderia estragar o meu momento. Por dentro, rezava para não ter nenhum pesadelo...mesmo que eles não fossem mais tão frequentes nos últimos tempos. Vai ver isso é porque a própria vida que eu estava vivendo já era um pesadelo em si. Mas agora não, agora estava em paz, suprema paz, e nada poderia parar isso. Pelo menos não naquele momento.

De repente, em minha mente, imagens começaram a se formar.

Era um cômodo amplo. Tinha um homem parado no meio dele. Ele estava com uma túnica de seda na mão, e estava indo colocar ela. Estava de costas, então não podia ver seu rosto.

Foi quando começou a colocar a túnica que se virou, e pude ver sua face. Aquela face que mesmo que nunca tivesse estado na sua presença já conhecia. Senti as bochechas arderem ao ver o homem quase sem camisa. Então apertei com força a almofada. Bem, não era um homem. Era ele.

Ele, aquele elfo. Aquele que Elrond disse ser Legolas. Tinha o abdomem definido...tinha visto poucos assim. Alguns na praia, talvez, mas nada que chamasse muito a minha atenção. Mas aquilo era um sonho, certo? Então por que parecia tão estranho pensar nele assim?

Ah, claro. Estaria indo para a Floresta das Trevas em breve. Provavelmente encontraria com ele em breve. Era estranho fantasiar sobre um homem que nem conhecia.

Quase me dei um tapa ao perceber que estava pensando em um elfo sem camisa que eu nem conhecia. Pare de pensar nessas indecências, Ana!

Mesmo assim, decidi ter aquele sonho mais um pouquinho. Fazia muito tempo que não sonhava com ele. E não era nada desagradável...

Quando sua imagem voltou a minha mente, ele estava escovando os longos e lisos cabelos dourados. Tudo parecia na mais perfeita paz. Ele parecia pensar em algo, estava de olhos fechados. Então, abriu aquele belo par de orbes azulados e olhou para frente.

Senti como se ele estivesse olhando para mim, por isso abri meus olhos também. Ele parecia tão distante, mas ao mesmo tempo, tão perto. Como eu queria falar com ele pessoalmente. Provavelmente iria parecer uma louca, e teria que tomar cuidado para não mencionar os meus sonhos inconvenientes sobre ele. Mas como queria ouvir sua voz. Queria que os meus ouvidos sentissem aquela voz.

Fiquei pensando nele por um bom tempo, com um sorriso bobo no rosto. Depois de um tempo, adormeci...

***

Acordei tarde no dia seguinte. Ao levantar, pude notar que o sol já tinha chegado fazia tempo, deviam ser, pelo menos, umas onze horas. Tinha aproveitado bastante para repor todo o sono e, como nunca antes, tinha dormido com sono de pedra. Nada teve o poder de me acordar até que meu corpo quisesse fazer tal coisa.

Após colocar uma botinha, saí da casa, a procura de Beorn. Mas não o achei em lugar nenhum. Só que, na varanda, havia desjejum servido.

Sentei a mesa, esperando que o homem aparecesse, mas nada. Então, cansada de tanto esperar e com o estômago já roncando, me permiti petiscar um pouco da comida. O que era petiscar logo virou degustar e depois devorar mesmo.

Lá tinha de tudo: mel, cereais, pães frescos, torradas, geleias de todos os sabores possíveis, queijos, sucos, leite...

Depois de satisfeita, fiquei observando o horizonte. Este, infinito e belo como era, ostentava um sol brilhante. Era primavera e faltavam menos de um mês para o verão, provavelmente.

Levantei e fui explorar o quintal de Beorn um pouquinho. Não deixaria a casa até que este estivesse lá.

Vi vários animais, dentre eles pôneis, ovelhas e cães. Fiz carinho em alguns deles. Eram realmente bem tratados pelo o dono, que deveria os amar bastante.

Passei boa parte do dia atualizando o meu diário de viagem. Tinha até me esquecido do pobrezinho! Já que Beorn estava ausente, e queria esperar por ele, não tinha muito o que fazer, então o seria melhor do que escrever, não é?

A cada linha, lembrava mais um pouquinho do que tinha passado. É, tinha realmente passado por cada loucura...com aquilo tudo eu poderia até escrever uma saga de livros e ficar famosa. Se eu tiver tempo, quem sabe...

De tarde, sentei para o almoço, servido novamente pelos animais daquele jeito estranho que parecia até coisa de filme da Disney. Beorn continuava ausente.

Não comi tanto, já que tinha me empanturrado no café da manhã. Mas a comida continuava muito boa.

Depois, voltei a escrever.

O dia passou e nenhuma notícia do urso. Será que voltaria ainda naquele dia?

A noite estava chegando e fui dormir, dessa vez cedo. Tinha acabado de escrever o diário e passei o resto da tarde explorando os arredores do local. Uma vez que vi a lua se aproximar com a escuridão, fui para a casa, tomei rapidamente a ceia e fui deitar.

Nem me importei com trocar a roupa, já que não tinha me sujado durante o dia. Só tirei os sapatos.

Então, me deitei. Dessa vez, não houveram sonhos com o elfo. No início adormeci facilmente, mas no meio da noite, acordei, com a sensação de que estava sem sono.

Ouvi barulhos fora da casa. Ruídos, rosnados de algum animal grande. Seria Beorn? Ele havia finalmente retornado, mas estava com a forma de urso? Ou será que eram os wargs que haviam me encontrado?

Tentei não pensar nisso, afundando a cabeça nas almofadas e me agarrando aos cobertores. Depois de longas tentativas, consegui adormecer novamente.

***

Na manhã seguinte, levantei cedo. Não só porque já tinha dormido o bastante e estava sem sono, mas também porque o próprio Beorn me acordou.

–Ainda está por aqui, hein!

–Aham. – disse, bocejando e tentando acostumar meus olhos com a luz pálida do ambiente.

–Finalmente a cor voltou para você. Quando chegou aqui estava bem pálido, passarinho.

–É verdade. – comentei.

Era fofo como ele me chamava de passarinho, mesmo que não fizesse sentido algum. E também já tinha desistido completamente de dizer que não era um pássaro e que era fêmea. Ele simplesmente ignorava.

Assim, fomos juntos para a varanda desfrutar do desjejum.

–Onde esteve ontem? Não te vi o dia inteiro!

–Ah, sim. Estive explorando os arredores. Encontrei uma pequena patrulha de wargs rondando a região. Parece que eles ainda estão atrás de você.

–Droga. – comentei.

–É bom saber que tudo o que me contou é verdade. Desculpe-me, mas é difícil de acreditar no que qualquer um fala por essas bandas.

–Sem problemas, mal eu acredito que passei por tudo aquilo.

Continuamos conversando até terminar a refeição. Discutimos também sobre o caminho que iria seguir.

–Tem certeza que quer ir para lá? Pode ficar por aqui se quiser.

–Eu realmente tenho que ir.

–Aquela floresta não é como as outras que passou até agora. Nem seus habitantes. Além das criaturas imundas que rastejam por lá, os elfos não são como seus parentes. São menos sábios e mais perigosos.

–Eu arranjarei um jeito de lidar com os elfos, não precisa se preocupar.

Depois disso, fui até o meu quartinho improvisado trocar de roupa, me preparar para seguir em frente.

Coloquei uma blusa verde bem escura de mangas. Uma túnica que ia até os joelhos, de um tom mais claro e meio azulado. Coloquei botas, braceletes e um colete que combinavam tendo praticamente as mesmas cores da túnica. Coloquei um lenço no pescoço para completar o visual e prendi o meu cabelo em uma trança embutida.

Uma vez pronta, guardei todas as minhas coisas e coloquei as minhas armas. Assim, saí da casa e fui me encontrar com Beorn.

Este segurava um cavalo branco com uma mancha escura no rosto. Combinamos que eu iria com ele até a entrada da Floresta das Trevas e depois o mandaria de volta. Ele me deu uma mochila cheia de suprimentos, como comida que, de acordo com ele, duraria por pelo menos uma semana. Me deu um pouco de água também, já que seria impossível achar uma que realmente prestasse uma vez que adentrasse as profundezas da Floresta. Então, ele começou a me dar diversas explicações:

–Não é fácil achar água lá, nem comida. Castanhas são a única coisa comestível que cresce por lá; ali os seres selvagens são escuros, estranhos e brutos. Aqui estão mais algumas flechas para o seu arco, caso necessite, mesmo que duvide que encontre em Mirkwood alguma coisa que seja apropriada para comer ou beber. Há um rio ali, negro e de correnteza forte, que atravessa a trilha. Não beba nem se banhe naquela água. Ouvi dizer que ela carrega um encantamento e causa grande sonolência e esquecimento. E nas sombras daquele lugar, não acho que possa atirar em coisa alguma, comestível ou não, sem sair da trilha, o que você não deve fazer NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA.

–Entendo.

–Isso é tudo de conselho que posso lhe dar. Além das florestas terá de depender da sua própria sorte e coragem, e da comida que estou mandando. Mas não deve demorar muito para que chegue na Cidade do Lago depois disso. Desejo-lhe toda a sorte, e minha casa estará aberta se algum dia quiser voltar.

–Obrigada Beorn, por tudo. Espero encontrar-lhe novamente.

Assim, segui com velocidade no cavalo branco, na direção da floresta. Queria atravessar aquele lugar o mais rápido possível. Queria chegar no meu destino o mais rápido possível, e aquele era o último obstáculo que se colocava na minha frente.

Depois de um bom tempo cavalgando, finalmente parei. Parei ao ver a extensa floresta, bem na minha frente. Desci do cavalo e observei o ambiente. Aquele lugar parecia um tanto...doente?

Soltei o cavalo e o mandei de volta, na direção da casa de Beorn. Olhei o horizonte. Sentia que o urso estava por perto, me observando, mas não o vi.

Olhei novamente para frente. Lá estava a floresta, finalmente.

Mal eu sabia que agora começaria uma das partes mais importantes de toda a minha vida e que tudo o que eu decidisse lá traçaria o meu destino.


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Notas finais do capítulo

Então???
Espero que tenham gostado, vejo vocês nos comentários!
FINALMENTE ELA VAI PARA A FLORESTA DAS TREVAS ALSBVJABSDHVALBJSD *surta*
Sobre a roupa que ela coloca, é parecida com uma da Tauriel (essa daqui http://4.bp.blogspot.com/-r2qdswXixGo/U6Y_f1nYXxI/AAAAAAAABUA/8cG9HXV1_eA/s1600/tumblr_n4un2mOezi1s9racxo5_1280.jpg)
Beijossss :-*