Pegamos as nossas armas e fomos para o lugar onde Tarno estava, e vimos o seu corpo morto.

–Merd*. - disse Déniel.

Olhei para os dois lados, e vi um vulto se aproximando.

–CUIDADO!

Hartel se jogou contra mim, e nós dois caímos no chão. Eu segurava o seu braço, impedindo que ele me acertasse com sua faca.

–Déniel!

Este correu na direção de Hartel, mas antes que pudesse ferí – lo, esse me deu um soco e se levantou, lutando contra Déniel. Eu rapidamente me levantei, pegando o arco.

Mirei na direção de Hartel, mas antes que pudesse atirar, este pegou Déniel e colocou sua faca no pescoço dele.

–Atire. Seu amiguinho vai adorar morrer com um tiro seu.

Eu não respondi nada, eu só olhava. Precisava pensar. O que eu fazia?

Era a mesma situação de antes, de quando Glasher o tinha capturado. Mas agora o carreirista não levaria reféns, ele estava lá para acabar os Jogos.

Antes que eu pudesse me decidir, Déniel deu um golpe em Hartel e escapou, só levando um pequeno corte perto da garganta.

Os seguintes momentos ocorreram em questões de segundos.

Minha mente tinha se desligado totalmente, e eu só podia ouvir Déniel gritando:

–ATIRE!

Eu podia ouvir o meu coração batendo pesadamente, minha respiração pausada, as gotículas de suor escorrendo em minha face.

Eu atirei, mas Hartel desviou, e foi aí que eu me liguei novamente. Fui pegar outra flecha, mas Hartel atirou uma faca na minha mão e eu deixei a arma cair. Eu não conseguia ver Déniel, estava focada na missão principal: matar Hartel.

Fui pegar uma faca, mas Hartel foi mais rápido. Ele atirou uma na minha direção. Aquele seria o final. Não tinha outra opção. Eu tinha muitas perguntas sem respostas, mas teria que encontrá – las morta. O meu mundo parecia ter parado. Eu não ouvia nada, não sentia nada, nada além da brisa. A faca rodava no ar vindo na minha direção, mas eu não tinha mais o que fazer. Eu poderia ter desviado, mas eu tinha que fazer aquilo. Sim, eu estava me sacrificando. Eu não podia simplesmente fazer Déniel morrer por minha causa. Eu tinha que morrer por ele.

Mas foi o contrário que aconteceu. Antes que a faca me acertasse, Déniel se jogou na minha frente e a faca perfurou sua pele, fazendo – o sangrar.

–Não! - gritei, enquanto o corpo de Déniel caía em cima de mim. Ele ainda estava vivo, mas iria morrer.

Eu olhei para frente. Aquele infeliz, Hartel. Desde antes dos Jogos ele tinha aquela implicância comigo. Ele tinha pedido uma luta comigo, ele teria uma luta comigo.

Me levantei, os olhos se segurando para não desabarem rios de água, o corpo lutando para não se jogar no chão e desistir de viver. Não, o sacrifício de Déniel não seria em vão, eu não deixaria isso acontecer.

Dei um grito de guerra que abalou os céus, e comecei a jogar facas que nem uma doida nele, mas parecia como se ele não estivesse lá, como se fosse somente uma ilusão, uma ilusão que eu não conseguia acertar.

De repente, larguei a última faca no chão, acabada, e me joguei no chão, de joelhos. Parecia impossível. Não importava o que eu fizesse, ele simplesmente não morria! E, quando todas as esperanças pareciam ter acabado, eu me lembrei de um ambiente lindo, uma cena calma, que tinha vivido no ano passado:

–Viu, é só eu te insultar que você fica lutando errado. Emoções não podem te fazer fraca, te iludir, emoções tem que te fazer forte, te fazer continuar.

As palavras do elfo Elrohir que eu tinha escutado durante os treinamentos estavam presas em minha mente.

Emoções tem que te fazer forte, te fazer continuar.

Te fazer continuar.

Nesse momento eu totalmente me desliguei de mim mesma, e senti como se outra pessoa ocupasse o meu corpo.