Sob a Neve escrita por Lightwood


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/549624/chapter/7

É bom finalmente dormir em casa finalmente, a cama de casal tão familiar e o cheiro agradável de café, páginas de livros antigos e cigarro. Então finalmente percebo a garota deitada ao meu lado, com os cabelos negros espalhados pelo travesseiro e cobrindo boa parte de seu rosto. Franzo a testa e olho ao meu redor, avistando algumas latinhas de cerveja jogadas no chão e a caixinha de cigarros de Eliza ao lado de minha cama. Tento recordar-me do que havia acontecido ali: havíamos conversado por um bom tempo até que o frio foi demais e então decidimos comprar algumas cervejas e então viemos para a minha casa, bebemos tudo e fumamos um pouco até que eu finalmente percebi o como eu estava cansada, assim acabei pegando no sono, e pelo visto Eliza também deve ter ficado bem cansada, pois agora parece que nem um terremoto à acordaria.

Levanto-me e desço as escadas com rapidez, preparando um belo e forte café, olho para o relógio digital, a procura da data e não das horas, percebo que não fiquei internada por tanto tempo, passei apenas seis dias internadas o que significava que hoje era um sábado. Respirei fundo e tomei um golaço de café, que fez com que eu relaxasse imediatamente.

E então a dor de cabeça.

Senti-me terrivelmente mal, minha cabeça parecia que ia explodir, peguei um remédio e o tomei.

Oh! Minha bela amiga, aqui está você novamente.

Corri para o banheiro, sentindo-me enjoada e me lembrei de uma vez, quando a ressaca estava forte demais, que eu nunca mais iria beber, acho que eu fracassei nisso também.

Quando saio do banheiro tenho certeza que vomitei até mesmo meu remédio, mas não dou importância, pego minha xícara de café e subo as escadas novamente, esperando ver uma Eliza ainda adormecida, mas então, quando chego ao meu quarto, vejo-a fumando um de seus cigarros e sorrio.

─Você tem algum remédio para dordecabeça ai. ─Eliza fala meio cantarolando, e enrolando ao falar algumas coisas, ou as falando rápido demais. ─Ou para enjôo.

─Acho que você precisa é de um remédio para ressaca.

─Que nada, umas cervejinhas de nada não fazem mal nenhum para uma pessoa como eu. ─Ela falou e então colocou a mão na barriga, fazendo uma careta.

Fui até a porta do banheiro e à abri, enquanto uma Eliza enjoada e descabelada corria desesperada para dentro.

Quando ela voltou fiz uma imitação barata dela, que imediatamente se jogou em minha cama, se cobriu, resmungando algo que eu não entendi e voltou a dormir. Dei de ombros e então me deitei ao lado dela, dormindo quase de imediato.

Quando acordei novamente Eliza já tinha ido, e tirado todas as latinhas espalhadas pelo chão, mas fez a boa vontade de deixar o seus cigarros.

Acordei antes e resolvi limpar isso aqui, pois parecia um quarto-lixão.

Agradeça-me depois.

Tchau-tchau

Beijos, Eliza.

Para a minha alegria ela havia feito café e deixado a xícara ao lado dos cigarros, embora agora ele já tenha esfriado um pouco eu o tomei do mesmo jeito.

Assim que tomei banho me agasalhei o máximo possível e me dirigi até a antiga biblioteca da cidade. Respirei fundo ao entrar nela, o cheiro de todos os livros me envolvendo.

─Queridinha, você voltou! ─A senhora gorducha da biblioteca falou ao me avistar, ela estava como sempre com um sorriso bondoso em seu rosto, as bochechas coradas e as roupas com cheiro de naftalina. ─Estava ficando preocupada, você geralmente vem de semana em semana, achei um pouco estranho você não ter aparecido mas ai está você, deixe-me abracá-la.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ou até mesmo dizer algo, ela correu até mim e me abraçou com força, fazendo-me encolher em seus braços, quando ela se afastou de mim, respirei fundo, tentando recuperar o ar que escapou de meus pulmões.

─Eu só estive um pouco... ahn... ocupada ultimamente. ─A senhora me olhou desconfiada e antes que ela pudesse falar larguei um livro antigo e pesado em cima de seu balcão. ─As pessoas conseguem chorar muito mais facilmente do que elas conseguem mudar. ─Falo vendo o sorriso da senhora em seu rosto.

─Pelo visto você gostou do Baldwin*. ─Concordei com a cabeça, lembrando-me da sensação de ler as suas palavras e sorrio para ela. ─Vamos para a seção dele, e eu espero que na próxima semana seja sem falta, minha queridinha. ─Ela aperta minhas bochechas e me leva até uma estante com livros de escritores variados e antigos, do tipo que só se ouve nas aulas de literatura antiga, os meus preferidos. ─Qual irá querer dessa vez?

─Irei querer... ─Tateei os livros e li cada um de seus nomes, até parar e o puxar contra mim. ─Stranger in the Village.

─Ótimo! ─Ela puxou o livro de minha mão e o marcou em seu caderno. ─Te vejo semana que vem querida.

Balancei a cabeça positivamente pegando o livro e o colocando em baixo de minha jaqueta, o abraçando contra o peito.

***

─A estranha e seus livrinhos, sempre soube que você não pertencia as populares. ─Ouvi a voz de Kenny ao se deparar comigo e o livro aberto na minha frente na mesa do refeitório, eu devia saber que ela não iria deixar passar. ─O que está lendo agora? Mais um de seus escritores fora de época. ─Ela então fingiu bocejar e revirou os olhos.

─Cale a boca, Kenny, me deixe em paz. ─Falei tirando os olhos de meu livro e olhando para ela, tentando me manter calma, ou pelo menos me fingir de calma.

─A nerd está estressadinha? Que dó!

─Se eu estivesse estressada já teria jogado todo o meu lanche em cima de você. ─Falei sorrindo e então me levantando, agarrando o livro com força e o puxando contra mim.

─Você se arrependerá de não andar mais comigo. Se arrependerá de ter escolhido ficar com os excluídos e não aos populares. ─Kenny falou segurando o meu pulso livre. ─Mas espero que saiba que quando estiver ciente de seu grande erro venha até mim, pois estarei sempre disposta à lhe aceitar de volta, é só pedir.

─Acho melhor esperar sentada. ─Puxei meu braço empurrando-a logo em seguida, fazendo-a se sentar na cadeira. ─Ops! Você está levando bem a sério essa expressão. ─Digo deixando uma Kenny raivosa atrás de mim, e eu, bem, eu estava mais triunfante do que nunca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, eu estava lendo algumas frases de escritores antigos e então me deparei com algumas frases de James Baldwin, e o que posso dizer? São maravilhosas!
Eu simplesmente tive que citá-lo na história e decidi que o citaria como uma maneira de declarar o amor de Chloe por literatura antiga. Bem então se você tiver um tempinho ai, sugiro que leia algumas frases dele e, se possível, um de seus livros.
Então é só isso,
Bjos e abraços.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sob a Neve" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.