Sob a Neve escrita por Lightwood


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Estava procurando a tradução da música Apologize e percebi que ela daria uma parte do capítulo perfeita, então para vocês não se confundirem: os parágrafos curtos e inteiros em itálico são partes da tradução, eles estão marcados, então se não quer ler uma parte da tradução pode pular, é mais uma introdução as novas partes.



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─Você discutiu mesmo com ela? ─Eliza olhava para mim com uma expressão divertida, ainda estava meio abatida por tudo que havia acontecido, mas pelo menos havia sido liberado do hospital. ─Achei que continuaria sendo a cachorrinha dos populares até o fim do ensino médio.

─A cachorrinha dos populares? ─Perguntei confusa e em tom divertido.

─Qual é Chloe? Eu sei que você não faz as coisas que quer e nem veste as roupas que gosta porque tem medo de sair de seu grupinho, você mesmo me disse. E eu vi como queria ir até mim no dia do poema e não foi só por causa deles. ─Assenti com a cabeça, ela estava certa, fazia as coisas estúpidas que os populares a mandavam fazer simplesmente para não ser excluída do grupo, para continuar no topo. ─Mas é legal que agora tenha tomado iniciativa e saído daquele grupinho de idiotas.

─Também estou feliz, elas são tão patéticas, é horrível aturá-las tanto.

─E por que você as atura? Não é como se você fosse obrigada.

─É por algo que sonhava, antes de... ─Minha garganta ficou seca e eu percebi que ainda não havia contado em detalhes o que havia acontecido para ela, cada uma sabia algo por cima da história uma da outra e isso parecia bom, por enquanto eu esperava guardar a verdade mesmo sabendo que um dia teria de contar a ela. ─Antes de tudo acontecer, eu me lembro de sempre dizer que seria a mais popular do colégio, seria uma grande líder de torcida e seria admirada por todos. E eu via as imagens de minha mãe nas passarelas, linda e deslumbrante. Ela tinha o corpo perfeito, o rosto perfeito e o cabelo perfeito. Queria ser como ela, e mesmo que queira ser diferente em alguns atos, isso pareceu continuar como uma promessa: eu deveria ser popular e aparentemente perfeita para poder provar a mim mesma que nada havia mudado, que tudo continuava o mesmo, meus sonhos não seriam abalados por um incidente como aquele.

─Eu nunca tentei voltar a ser a mesma depois de tudo, simplesmente me fechei e achava que isso era o certo, pequena e imprudente, acho que acabei me perdendo da verdadeira Eliza e nunca mais poderei voltar.

Estou segurando a sua corda

─Acho que ninguém realmente sabe quem é, e se essa for você? E se essa pessoa fria e tão semelhante a Kenny seja o que eu realmente sou?

─Você não é assim! ─Eliza falou com tom agudo, como se não acreditasse no que eu estava querendo dizer.

Estou a 10 pés do chão

─Você não pode me dizer isso, você mal me conhece.

Então eu senti que ela começou a falar algo mas eu não consegui escutar, me afundei em pensamentos, não conseguia mais entender o que se passava na superfície, já havia me desligado de tudo aquilo, apenas com a sensação da neve que as vezes me atingia e a voz distante de Eliza, que começa a fazer mais sentido com o tempo, estou voltando.

E estou ouvindo o que você diz

─Chloe você está bem? Chloe olhe para mim. O que está acontecendo?

Mas simplesmente não consigo emitir um som

Sinto como se estivesse me perdendo em um lugar distante e tento chamar por Eliza, mas sei que o som não se passa de ruídos que permaneceram em minha mente, talvez seja melhor assim, não posso falar a ela o que realmente está acontecendo. Só tenho que me concentrar em algo e voltar, isso não deveria ser fácil?

Você diz que precisa de mim

Queria poder voltar à realidade e olhar para o seu rosto tão apavorado, e dizer que pode se acalmar. Não quero mais ouviu você me dizendo que precisa de mim, pois sei que não posso alcançá-la, sei que não posso fazer nada. Estou perdida.

Depois você me derruba, mas espere

Os seus dedos apertam-se em volta de meu pulso enviando-me faíscas de dor que se espalham por todo o meu corpo e sinto como ela grita meu nome com mais raiva do que o habitual. Ela me xinga de vários nomes e logo depois fala tudo o que estava escondendo, fala o que não teve coragem antes, fala como eu sou uma covarde e que não devo me render, mas aliás, ela já não fez isso?

Você diz que sente muito

E logo depois dos xingamentos ela solta meu pulso e passa a mão levemente por meu rosto, se lamentando por tudo que disse, Eu sou a covarde, é isso que ela está dizendo, e eu quero que tudo acabe, não chore por alguém como eu, estou perdida querida. E então ela desaparece, seu toque desaparece.

Não imaginava que eu fosse virar e dizer

Vejo então minha mãe parada diante de mim, olhando para o homem jovem e com uma expressão assustada em sua frente, e a ouço dizendo que sente muito para meu pai, mas o corpo de minha irmã deixa claro que ela dizer eu sinto muito não vai mudar em nada.

Que é tarde demais para se desculpar, é tarde demais

─É tarde demais para se lamentar, você já a matou. ─E então percebo como devia estar falando aquilo de modo tão frio, como se estivesse revelando o monstro dentro de mim, mas é algo natural, talvez eu finalmente tenha descoberto o meu verdadeiro eu.

Eu disse que é tarde demais para se desculpar

E então as palavras saem mais uma vez de minha boca, e logo depois percebo o quão horrível eu sou. Ela acha que estou morta, mas não me matara tão fácil assim, e então a mesma faca que ela usou para cometer os assassinatos usa para cortar a sua garganta. Ela não pedira mais desculpas, ela está morta. Então repito para mim mesma que é melhor assim, que ela morta será bem melhor do se eu estivesse morta. Pai eu estou viva, não chore por ela, você tem que me ajudar. Tento falar mas não consigo, me movimentar dói mais do que nunca e minha visão já está escurecendo. Pai. E então me vejo mais velha, na mesma visão horrível a minha frente, dois corpos pálidos e mortos no chão, uma menina semi-acordada e um homem desesperado. Essa é a minha família.

É tarde demais.

E então percebo a verdade dolorosa, estou quebrada e não posso mais voltar ao normal, não posso ser reconstruída, é como uma cicatriz, que as vezes pode até ficar mais apagada, mas ela sempre estará lá, os vestígios da dor.

Olho para o local e vejo que o sangue se espalha por todo o chão. O sangue de minha família. Estou pisando no sangue de minha família. O pior de tudo é que estou pirando, o sangue em meus pés está queimando e eu começo a cair em um abismo profundo, e esse abismo são meus próprios pensamentos, frios e cruéis. Eu não posso mais voltar a ser a menina boa que eu já fui, nem a que todos imaginavam que eu era, é tarde demais para isso.


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