Sob a Neve escrita por Lightwood


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, pessoinhas e não-pessoas,
Sinto muito ter demorado tanto para postar um capítulo novo, estava com tanta criatividade e ao mesmo tempo estava tão sem tempo, vocês devem entender. Escola, trabalho, cursos e essas coisas, mas agora, aproveitando o feriadão que eu tive resolvi postar um novo capítulo, espero que gostem e se as coisas ficarem confusas, lembrem-se que Chloe é uma pessoa confusa.
Acho que nisso eu me identifico com ela, afinal há um pouco de confusão em todos nós.
Beijinhos.



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—O que foi isso, Chloe? —A sua voz parecia diferente do normal, não era o que eu queria, o sorriso ainda estava no meu rosto e só ao ver a sua expressão, simplesmente vazia, que o meu sorriso se transforma em uma careta. —Você não pode fazer isso com as pessoas, o.k.? Não pode simplesmente usá-las como uma experiência. Não pode ficar chapada e gritar com os outros para depois ir lá e beijá-los. As outras pessoas também tem sentimentos, não é apenas você, os outros são reais, eu sou real, uma pessoa com sentimentos verdadeiro. Você magoa as pessoas próximas a você mais do que imagina.

—Não foi a minha intenção… —Ela levantou a mão, e eu me calei, ela parecia estar se segurando para não me esbofetear.

—Nunca é a intenção de pessoas como você, fazerem o mal. Mas mesmo assim fazem. —Ela respirou fundo e parecia segurar as lágrimas. —Pessoas como você se tornam os vilões, é a mesma coisa que as pessoas que tem intenções de fazer o mal, no final a única pessoa que acaba ferrada, são pessoas idiotas, como eu.

—Foi apenas um beijo, não pode ser tão mal assim.

—Eliza, você pode vir aqui ajudar Lanna, ela exagerou um pouco aqui. —Uma voz masculina soou um pouco antes de uma cabeça aparecer pela porta, provavelmente Luke, o irmão de Lanna. —Como sempre…

—Claro. —Ela apenas pulou da cama rapidamente e saiu, sem me responder, mas algo em seu olhar, quando as palavras foram ditas, me demonstram exatamente o que ela não disse.

Não foi apenas um beijo.

E eu sabia disso, mais do que ninguém, sabia como um beijo tão curto tinha um significado tão grande, um significado que não teve em tantos meses e beijos com meu ex. Dizer que isso me assustava era pouco, eu estava apavorada, sentia cada músculo do meu corpo doer, e minhas mãos que pareciam tremer mais do que nunca.

—Talvez você devesse admitir de uma vez por todas que o seu lance é aranha, e não cobra? —Ouço uma voz abafada pelas cobertas, estico o meu pescoço para baixo e olho para a dona da voz, uma asiática pequenininha estava em uma das camas improvisadas do chão.

—Como? —Sei que minhas bochechas estão vermelhas demais no momento, aquela menina ter visto tudo, talvez ainda houvesse a chance de que ela estivesse dormindo em algumas partes, mas ela claramente viu a parte do beijo e a discussão pós-beijo.

—Você gosta de garotas, gosta de Eliza, e mesmo assim deixa ela escapar com medo disso. Você não a teria beijado se não sentisse nada, não desse jeito. —Ela colocou a mão na boca e pareceu emitir um tipo de risada. —Parecia até que eu estava vendo um filme de romance lésbico, só faltou a pipoca.

—Por que você não falou antes que estava ai?

—Gosto de me manter em segredo, quieta e apenas assistindo. —A observo ajeitar seu cabelo. —Sou Hai, prazer em conhecê-la Chloe do Velcro, e eu acho bom você correr atrás da sua garota antes que o garanhão Luke acabe a abocanhando.

—Você acha que ele teria chances com ela? —Pergunto preocupada.

—Claro que não, pelo menos eu acho, quer dizer, Eliza sempre foi muito confusa, mas levando em consideração o que aconteceu… bem… ela deveria manter distância dos homens, sabe eu li em uma reportagem que…

—Espere um pouco, o que aconteceu? —Sinto uma pontada no estômago. É claro que algo aconteceu, ela não seria assim se algo não tivesse acontecido, mas por que não contar para mim? Eu havia dado tantas oportunidades e ela nunca mencionara nada sobre algo horrível ter acontecido.

—Ahh… você não sabe. Ela sempre teve uma infância complicada, sua mãe não tinha tanto amor assim por ela, acho que ainda não tem. Era como se Eliza fosse apenas um objeto que a mãe dela usava para prender o marido junto a ela. E então a tia dela descobriu que o pai de Eliza a estuprava, a mãe, é claro, sabia, mas não queria que o marido fosse embora, mesmo assim disse a todos que nunca havia desconfiado. Eliza me contou que a mãe que a mandava ficar quieta sobre isso e como ela devia fazer tudo que seu pai quisesse. —Hai suspirou. —Ela era muito animada antes de tudo acontecer, uma menina maravilhosa, nós eramos vizinhas e nos conhecíamos, então ela se afastou e quase nunca saia de casa, quando eu descobri fiquei horrorizada, todos ficaram, e as consequências ainda assombram a pobre Eliza, o pior é que a mãe ainda quer se achar ao dinheiro de culpá-la pela separação dos dois, de como se ela nunca tivesse dado os indícios a sua tia nunca descobriria e ainda seriam todos felizes para sempre, exceto Eliza.

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas, quero correr e achar Eliza, para então abracá-la e poder chorar junto com ela. É estranho ela nunca ter me contado, mas sei que também tenho meus próprios segredos e que se quisermos começar uma relação verdadeira, —uma amizade, ou se possível, algo mais, precisamos da verdade.

—O quarto de Lanna é na porta estampada de pinguins. —Olho para ela confusa. —Ela ama pinguins.

—Obrigada, Hai.

Sai correndo no mesmo momento, deixando todas as cobertas para o lado e a garota, que agora voltava a se esconder em meio a tantas cobertas.

Não foi muito difícil achar o quarto de Lanna, a porta de pinguins chamava bastante a atenção de qualquer um. Respiro fundo na frente do quarto dela, a coragem diminuindo cada vez mais.

Entro no quarto e olho ao meu redor. Nada exceto uma garota deitada, Lanna. Mas ela não estava lá, e nem Luke, e bem o que eu poderia fazer? Voltei para o quarto e coloquei mais um casaco, o bolso já com os cigarros e o isqueiro.

Olho para a sala, agora já com quase todo mundo deitado no chão, nos sofás ou até mesmo, sentados com o cigarro na mão. Olhei para eles e fui para fora, a neve caindo sobre meu casaco e o capuz, coloco a mão sobre o cigarro e o acendo, continuando cobrindo-o enquanto dou uma volta, o lago não deveria ser muito longe. Olho para a casa e suspiro, uma ponta de esperança se torna quando vejo uma pele pálida como a dela. Só pode ser ela. E logo depois outra pessoa parecia tomar forma, parecia abraçar Eliza, me estico o máximo que consigo e vejo quem é o dono dos braços compridos e morenos. Luke.

Sinto que estou me despedaçando, minhas pernas perdem o equilíbrio por um tempo e tenho que me apoiar na parede da casa para me estabilizar.

É claro que ela está com outro.

Por que não estaria.

Minhas pernas se movem rapidamente para dentro da casa, pego minhas coisas e ouço Hai gritando algo para mim, talvez perguntando se eu estou louca ou o que estava fazendo.

E logo depois o carro já está ligado, os faróis e mais gritos, dessa vez é a voz de Eliza, e também de Chris, talvez até mesmo a voz de Hai novamente.

Não tenho certeza de que posso acertar qual caminho levar, e nem se vou conseguir chegar em casam apenas agradeço por ter desligado o celular e acelero.


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