Acordei em minha cama sem Ghale. Será que tudo havia sido um sonho? Não, foi real. Alguma coisa dentro de mim dizia que foi real.

A porta do banheiro se abriu e Ghale saiu. Seus cabelos castanhos caju estavam molhados e ele estava pálido. Seus olhos verdes encontraram os meus.

—Está melhor? - perguntou ele se sentando ao meu lado.

Olhei nos olhos de Ghale. Eles estavam focados em mim. Aquele olhar dele me deixou com vergonha.

—Estou, estou sim. - respondi, me sentando. Coloquei a minha mão no ombro dele. Eu estava meio tonta. Ghale deve ter percebido porque segurou-me, ficando tão perto do meu rosto que dava para sentir a sua respiração.

—Seus olhos são lindos. - disse ele.

Não falei nada. Eu queria muito chegar mais perto dele e beijá-lo. Meus olhos pousaram em seus lábios. Eles estavam cada vez mais próximos dos meus. Desta vez, eu não iria recuar.

Ghale acariciou o meu rosto e quando seus lábios encontraram os meus, meu coração pareceu parar por um instante. Senti meu corpo esquentar e minhas mãos suarem. Ghale me segurou com mais força mas parou de me beijar.

—Desculpa... - desculpou-se ele mas eu coloquei o meu indicador em seus lábios, interrompendo-o.

—Ghale, eu gostei. - falei. - Me beija de novo, por favor.

Ele deu um sorriso e voltou a me beijar. O beijo dele era tão bom.

—Emilly... - disse ele entre beijos. - Vamos...fugir...daqui...

Parei de beijá-lo. Ele estava querendo deixar o Covil 17, que está quase entrando em guerra, para ficar comigo?

—O quê?

—Vamos fugir daqui, só nós dois. - disse ele segurando as minhas mãos. - Vamos achar um lugar para ficarmos juntos...

Parei de escutá-lo depois que a voz de Andrew ecoou pela minha cabeça.

"Vamos embora daqui, Madelyn. Eu te amo e não quero te perder".

Quando voltei para a realidade, Ghale olhava para mim triste e preocupado.

—Não. - respondi. - Eu não vou à lugar nenhum.

Tentei me levantar mas Ghale me puxou de volta para a cama e começou a me beijar novamente. Eu não queria beijá-lo mas quando eu tentava afastá-lo ele me pressionava mais.

—Ghale, me solta. - pedi. Ele continuava me beijando que já estava passando de bom para sufocante. Toda vez que eu tento escapar daqueles braços musculosos, ele me agarrava de volta.

Foi ai que a minha paciência se esgotou. Eu tinha que achar um jeito de fazê-lo parar.

Ghale começou a me beijar em outros lugares sem ser no rosto; pescoço, braços, pernas, barriga...

—Ghale, para... - comecei a chorar. Ghale parou de me beijar e olhou para as lágrimas caindo pelo meu rosto.

—Ah não... - ele se deitou ao meu lado com as mãos no rosto. - Não, não...

—Pare de dizer "não"! - pedi um pouco alto.

—Emily, me desculpe. Eu não queria fazer isso...desculpa.

Encostei minha cabeça no peito dele; seu coração estava acelerado. Talvez ele esteja falando a verdade. Ghale acariciava os meus cabelos enquanto eu fazia a mesma coisa com o seu peitoral. Ficamos ali, em silêncio, acariciando um ao outro por um bom tempo.

—Ghale, por que eu? - perguntei.

—Como assim? - ele pareceu não ter entendido a pergunta.

—Por que você me escolheu? Tem várias outras garotas bonitas completamente apaixonadas por você ali fora mas você preferiu ficar comigo. Por quê?

Ghale sorriu e deu um beijo em minha cabeça.

—Eu não sei. Acho que tem a ver com temos esbarrado ontem. Quando eu te vi, a primeira coisa que eu pensei foi em como você era linda. O seu olhar me hipnotizou quando eu a olhei nos olhos pela primeira vez. Eu tenho pensado em você desde aquele incidente no meu quarto, você não sai dos meus pensamentos. Emilly, eu quero sentir o seu cheiro e tocar a sua pele macia até o dia em que eu der o meu último suspiro.

Aquilo foi lindo, tenho que admitir. Minhas mãos ficaram suadas e meu coração acelerou novamente.

—Ghale isso foi...lindo. - falei, demorando um pouco para achar as palavras.

—Eu nunca fiquei com uma garota como você. Sei lá, é como se você fosse especial. - disse ele.

Desencostei a minha cabeça do peito dele e o beijei. Aquela sensação era a melhor que eu já senti. Os lábios de Ghale tinham o mesmo gosto das frutas acícus e láptos.

—Seus lábios são tão gostosos. - falei. Ele me puxou para perto do seu corpo. Aquele beijo foi intenso.

Quando paramos de nos beijar, dava para perceber que as nossas respirações estavam sincronizadas.

—Eu tenho que ir. A busca pelo o que eu procuro vai começar daqui a uma hora. - disse Ghale.

—Eu queria que você ficasse. - falei, acariciando o lindo rosto dele. Eu realmente queria que ele ficasse.

—Eu também queria ficar, muito mesmo, mas não posso. - ele me deu um selinho que logo depois virou um beijo. - Eu volto meia-noite, ok?

—Ok. - nos beijamos mais um pouco antes de Ghale ir embora.

Deitei em minha cama e fiquei pensando no que Ghale disse sobre fugir daqui. Aquilo era injusto. Deixar milhões de pessoas que sobreviveram a uma guerra para enfrentarem outra? Eu não sei, ele deve ter ficado fora de si quando me beijou e disse isso sem pensar. Ou será que ele estava planejando fazer isso com a primeira garota que ele encontrasse pela frente? Eu realmente não sei e não quero pensar muito sobre isso agora.

Acordei com alguém me sacudindo.

—Emilly, acorda. - quando abri os olhos, vi que era a Sra. Mason. Ela estava com os seus cabelos loiros soltos e desarrumados e seus olhos exibiam um olhar de preocupação. Ela estava com uma tigela na mão.

—Oi. - falei.

—Eu não te vi na hora do café, o que aconteceu? - perguntou ela.

—Eu...não dormi a noite toda. Só consegui as oito. - Eu menti. Não queria que soubessem que eu tinha dormido com Ghale. Será que dava para perceber que eu estava mentindo?

—Eu fiquei preocupada Emilly. - disse ela, dando um suspiro de alivio. - Eu achei que você podia ter...

—Fugido?

—Sim.

—Você acha que eu vou abandonar o Covil 17 por causa de mais uma guerra? - perguntei com a minha paciência no nível zero.

—Não...talvez. - respondeu ela. Eu não acredito. Nem a própria Tifanny Mason acreditava em mim.

—São que horas? - perguntei me virando para o lado da parede.

—Oito horas. - respondeu a Sra. Mason.

—Eu dormi tanto assim?!

—Sim, eu vim te trazer isso. - ela me entregou a tigela que continha várias acícus. Ela não disse nada por algum tempo. - Eu já vou. Nos vemos amanhã de manhã. - ela se levantou e saiu do quarto, fechando a porta.

Olhei para a tigela de acícus e comecei a comer. Enquanto eu experimentava aquelas frutas novamente, me lembrava de hoje mais cedo. Elas me fizeram do beijo de Ghale. Ghale...ele disse que viria aqui meia-noite. Comi rápido e fui tomar um banho.

Quando terminei, coloquei o meu pijama. Ele ficava enorme em mim e aquilo era o que fazia dele especial. Ajeitei meus cabelos e voltei para cama. Abracei meus joelhos e esperei dar meia-noite.

Depois de um tempo, Ghale abriu a porta, entrou e a trancou. Ele estava com uma camisa sem mangas e um short que ia até um pouco acima dos joelhos. Quando ele me viu meu coração acelerou.

—Oi. - falei.

—Oi. - ele se sentou ao meu lado e acariciou o meu rosto. - Eu pensei em você o dia todo.

—Eu também pensei em você, só que não o dia todo porque eu dormir o dia todo. - falei. Ghale riu e passou o indicador pelos meus lábios.

—Eu quero tanto de beijar. - disse ele se aproximando.

—Então beija. - ele sorriu e me beijou com força. Eu já estava começando a sentir falta daquele beijo.

—Eu estou com medo Emilly. - disse ele parando o beijo.

—Do quê? - perguntei segurando suas mãos.

—De acabar perdendo o controle e acabar fazendo... - ele parou e olhou para o meu corpo. Ele parecia estar nervoso.

—Tudo bem...

—Não, não está tudo bem. Eu não sei como eu consegui me controlar da última vez com você nua na minha frente.

Ele se deitou ao meu lado e tirou a camisa. Ele estava suando mesmo com o quarto estando fresco. Ghale olhou para mim e tirou alguns fios de cabelo do meu rosto antes de me puxar para perto e me beijar.

—Não acha que estamos indo rápido demais? - perguntou ele.

—O que aconteceu com você? - perguntei me afastando dele.

—Nada, eu só estou nervoso. - respondeu ele.

—Não, não é só isso. Me conta, o que aconteceu?

Ele suspirou.

—Emilly, eu nunca disse isso para nenhuma garota, nem para a minha mãe porque eu não a conheci mas...eu...

Meu coração estava acelerado. Ele nem precisava completar a frase para eu saber o que ele queria dizer. Pulei em cima dele e o enchi de beijos.

—Eu ainda não terminei a frase. - disse ele.

—Fica quieto Ghale! - falei, beijando-o com vontade. A única coisa em que eu pensava enquanto beijava Ghale era que eu não tinha coragem de dizer o que sinto por ele, mas eu podia provar.