Já fazia ao menos dez minutos desde que estava parado na porta da Saberwood, mas não havia entrado, de alguma forma, o atravessar batente parecia tão...errado!

Faltava alguma coisa ali, alguém, na verdade, aquilo já estava incomodando Sting á mais tempo do que gostaria. Desviou o olhar da porta dupla de madeira maciça em sua frente, para logo depois suspirar cansado, não havia dormido na noite anterior, ou nas que a antecederam, aquela maldita lhe estava tirando o sono. Apoiou a mão esquerda na porta para depois começar á serra-las em punho lentamente, outro suspiro lhe escapou dos lábios, encostou a testa na porta, estava exausto, não só pela falta do sono, mas emocionalmente também.

A guilda havia melhorado muito, em vários aspectos, desde que havia assumido o posto de Mestre, havia se tornado um lugar alegre, mas no final do dia, quando voltava para seu quarto, a sensação de vazio lhe preenchia novamente, lhe tirando o sono. Moveu-se, agora não se apoiava mais na porta, respirou fundo e entrou na guilda, como era cedo, a mesma se encontrava parcialmente vazia, mas enquanto caminhava em direção á sua sala, os magos presentes lhe cumprimentavam com sorrisos e acenos de cabeça, Sting os retribuía.

Quando chegou ao seu destino, faz questão de trancar a porta atrás de si, não queria conversar com ninguém ou ser interrompido, queria dormir, refletir e achar um escape para todo aquele sentimento. Fechou as cortinas, bloqueando a luz do sol, transformando assim a lacrimia em cima da mesa a única fonte de luz no cômodo, fitou o sofá, que parecia gritar por seu nome, diga-se de passagem, suspirou novamente, já havia perdido a conta de quantos suspiros havia dado no dia, realmente irritante arrumou as almofadas em algo semelhante á um travesseiro e se deitou. Fechou os olhos e deixou o corpo afundar no sofá macio, só faltava um cobertor e poderia dormir pelo resto do dia, ou não. Claro que não, acabaria por pensar NELA, era seu Karma, sua perdição. Ainda podia se lembrar dos beijos carregados de volúpia que trocaram, das mãos femininas ágeis percorrendo seu corpo, das unhas arranhando sua carne, dos gemidos eróticos de Minerva, enquanto cavalgava sobre seu membro rijo.

Lembra-se perfeitamente dos lábios volumosos se curvando num sorriso malicioso, que se alargava mais e mais enquanto provocava Sting, que só não implorava pelo corpo de Minerva por orgulho próprio...

Sting acordou ofegante, se sentia sufocado pelas cobertas, estava ensopado de suor, sua cabeça latejava e seu coração batia descompassado, mais uma vez tinha sonhado com aquilo, o maldito momento de fraqueza no qual se deixara sucumbir pelos sentimentos que nutria por Minerva, completa idiotice.

Passou a mão pela testa, afastando alguns fios de cabelo que caiam sobre sua face, tateou a cômoda ao lado de sua cama, procurando pelo relógio que mantinha na cabeceira, checou a hora, 4:47 da manhã, e de repente se sentiu muito tentado a jogar o maldito relógio na parede, e foi o que fez, mas se arrependeu logo em seguida, assistiu o trajeto do relógio até a parede, quando o impacto aconteceu, um baque surdo de objeto se quebrando ecoou pelo recinto, engrenagens e pedaços de plástico se espalhavam pelo cômodo, o impacto de cada pedaço do relógio batendo no chão soava alto em demasia para os ouvidos sensíveis de Sting, deixando-o irritado, esfregou freneticamente o rosto, sentindo um súbito calor e desconforto, sentir calor lhe deixava irritado, chutou as cobertas para longe, grunhindo de frustração quando um pedaço do lençol prendeu-se em seu pé, sacudiu a perna como uma criancinha até o maldito lençol soltar, lançou um olhar fulminante à peça e soltou um longo suspiro, era tudo culpa dela, e pronto final!

Se ela tivesse voltado com ele e Rogue depois de toda a confusão dos demônios de Zeref e Acnologia, metade dos problemas não existiriam, se sentia aflito por não saber se ela estava bem, se iria voltar, ou simplesmente sumir novamente, enquanto mais dúvidas lhe enchiam a cabeça, decidiu que a melhor coisa a fazer era tomar um bom banho, se pôs de pé e marcou rumo em direção ao banheiro que tinha em seu quarto, porém, no meio do primeiro passo, sentiu um volume contra sua calça, baixou o olhar e constatou que estava...”acordado”.

Sentiu as bochechas esquentarem, e engoliu em seco, grunhiu e socou a parede mais próxima com força, num misto de vergonha e raiva, tudo isso era demais para menos de cinco minutos de um dia.

Ouviu uma batida na porta de seu quarto, presumiu que fosse Rogue, pois havia feito muito barulho e eram vizinhos de porta.

— Rogue, cara, foi mal pelo barulho, mas não é uma boa hora, você podia, tipo, só voltar a dormir e depois a gente conversa? — Falou alto o suficiente para que o visitante escutasse.

— Não é o Rogue, Sting — disse uma voz feminina conhecia. —, estou entrando.

A porta rangeu baixo enquanto era aberta, revelando no vão Minerva Orland, parada, com e expressão curiosa e levemente encabulada, como se se sentisse deslocada.

— Estou de volta...

E naquele momento, Sting quis poder desaparecer, ela tinha que chegar logo quando ele se encontrava numa situação tão constrangedora? Engoliu em seco, quando sentiu seu rosto esquentar ainda mais, e foi naquele momento que teve certeza que sua vida se tornaria ainda mais complicada, ela estava de volta, e Sting, bem, esse estava perdidamente apaixonado.