Ela sentou na grama da parque, depois do episódio no banheiro a loira não quis falar com ninguém. Queria apenas ficar sozinha porém o jovem de olhos azuis sentou ao seu lado.

"Eu estava do lado de fora... Ouvi sua discussão com a Debbie..." Ela levantou e ele a segurou pelo braço. "Onde pensa que está indo?"

"Me solta! Eu não quero ouvir você falar que sou a pior pessoa no mundo..."

"Por que eu falaria algo assim?" Ele acariciou seu rosto e juntou suas nucas. "Nós somos iguais. Não tenho o que falar... Eu queria saber se estava bem..."

"Eu vou ficar..." Era incomum ele agir carinhoso, então a loira o abraçou recostando a cabeça em seu ombro. "Sabe você tem sempre razão... Eu sou vazia."

"Não é um cara que vai te preencher..."

Gary saía do fliperama com uma alegre Debbie ao seu lado. Depois de jogar e admira-lo ela se sentia melhor e havia esquecido, momentaneamente, sua conversa com Bridget.

"Sabe o que aconteceu a Bridget? Ela não assistiu a aula..."

Debbie sorriu e tentou não olha-lo enquanto mentia.

"Ela não estava se sentindo bem... A encontrei no banheiro passando mal...."

"Espero que ela já esteja melhor..." Ela assentiu sorrindo, mas se sentia mal por não ter dito a verdade. "Eu queria tanto ir ao show, que vai acontecer esse final de semana, mas os ingressos estão esgotados..."

"Eu vou ao show..."

"Sério! Quando comprou os ingressos?!"

"James conseguiu um... Acho que um dos irmãos dele conhece alguém da banda. Se soubesse que queria ir..."

"Tudo bem... Depois você me conta como foi o show..." Ela sorriu tímida e ele a abraçou de lado. "Próxima vez nos organizamos e vamos juntos."

Debbie sorriu largamente se imaginando indo a um encontro, de verdade, com Gary. Teria sido perfeito saber que ele também queria ir, assim haveria chances de um romance quem sabe.

Sue havia andando atrás de James o dia inteiro, sem ele perceber obviamente, e quando chegou ao parque não pode acreditar... Ele estava aos beijos com Bridget, que estava entre ele e uma árvore. A intimidade entre os dois a estava assustando, as mãos dele percorriam toda a extensão do corpo da loira, que mostrava uma expressão de prazer e luxúria.

Ela não conseguia mais assistir aquela cena deplorável e correu sem rumo para longe do parque. As lágrimas escorriam sem poder detê-las e a dor em seu coração apenas aumentava.

Andando distraído e pensativo, Pete não podia esquecer a forma que agira com Sue, não se sentia confortável com toda aquela situação. Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém o derrubou caindo em cima dele.

Sem querer suas bocas se tocam. Sue ainda estava perplexa por quem estava abaixo dela, a pessoa que a beijou acidentalmente fora Peter. Ele sorriu, mas ficou preocupado quando viu as lágrimas que insistiam em cair.

"Foi um acidente, sabe disso, não?"

Ela sai de cima dele e seca as lágrimas, percebendo a que se referia balança negativa a cabeça.

"Não estou chorando por isso..."

"Então por que?" Ele tocou seu ombro tentando conforta lá. "Seja o que for pode me contar."

"Olhei o garoto que gosto se beijando com outra. E o pior de tudo é que era tão intenso..."

Peter não fazia ideia que Sue estava apaixonada por outro. Não soube o que dizer a garota que gostava. Ela o abraçou tão naturalmente após ver seu olhar de surpresa. Tê-la em seus braços era uma sensação tão boa, que ele não pode deixar de aperta-la contra si.

Ele sabia o que Sue estava sentindo muito bem, quando ela namorava Marco ficava passando mal só de vê la abraçada com ele. Imaginar ela beijando outro sempre fora inviável para ele.

"Vamos tomar um sorvete." Ele pegou sua mão e a conduziu até a lanchonete mais próxima. "Você quer de morango, não é?"

Ela sorriu ainda triste, Pete sempre sabia o que ela gostava, porém ela não fazia ideia dos gostos dele.

Enquanto andavam tomando sorvete suas mãos ainda estavam unidas, pareciam um casal foi o que pensaram. Sue não se sentia desconfortável tendo a mão quente de Pete na sua, na verdade ela estava tão confortável que não pensava em solta-la.

Debbie estava flutuando quando chegou em casa. Gary tinha passado, praticamente, o dia inteiro com em sua companhia. Ela foi para cozinha preparar o jantar tão alegre, que mesmo queimando a comida continua com um largo sorriso.

Seu irmão chegou igualmente feliz e parecendo apaixonado. E quando se serviu do jantar queimado não reclamou, ele muito menos conseguia sentir o que estava jantando.

"Sabe, a vida é tão linda..."

Debbie suspirava enquanto lavava os pratos, e seu irmão os secava e guardava.

"Eu já a perdoei desde... Sempre."

"Então quer dizer, que não vai ficar mais estranho?"

Ele parou para pensar em suas atitudes após aquele incidente. E não pode negar que havia se tornado mais confiante e menos bobo.

"Não vou voltar a ser o velho eu, mas também não serei esse alguém estranho, que nem eu posso reconhecer." Ele sorriu olhando seu reflexo no prato. "Apenas uma versão melhorada do meu antigo eu."

Debbie o abraça com as mãos cheias de sabão, o que não deixou seu irmão contente.

"Minha camisa e meu cabelo estão cheios de sabão! Você vai me pagar por isso!"

Ele pegou a espuma de sabão na pia jogou na irmã, ela não estava irritada, mas fingiu estar pegando a espuma e jogando nele também.

"Você vai ter que me respeitar garoto!"

"Ou o que?" Debbie pegou uma panela cheia de água da louça e jogou nele. "Eca, eu engoli sabão! Não estou me sentindo bem..."

Debbie ficou preocupada e chegou perto do irmão para ajuda-lo, mas ele sorriu e a encharcou de água também.

"Você estava fingindo!" Ela tentou enforca-lo, mas com o chão cheio de sabão escorregou e caiu sentada.

"Cara, cadê uma câmera na mão quando a gente precisa?!" Depois de parar de rir ofereceu ajuda para levanta-la, que o puxou ao chão enquanto ficava de pé. "Fez isso de propósito, não foi?"

"Talvez..." Disse Debbie não conseguindo conter o riso.

"Vocês dois vão limpar toda essa bagunça alegremente, entenderam?"

Eles pararam de rei ao ver seu pai na porta. Era um homem alto, magro e estava com uma roupa social impecável. Trabalhava na área financeira de uma grande empresa e sempre chegava tarde, ou até mesmo não dormia em casa.

"Pai!" Os dois gritaram correndo para abraça-lo.

"Por que chegou cedo?"

"Eu não cheguei cedo. Vocês sabem que horas são?" Os dois se entreolharam, sorriram e correram para pegar o esfregão para limpar a cozinha. "Sinceramente, onde está a responsabilidade de vocês?"

"Bem... Eu tiro boas notas e ainda cuido da casa... E tomo conta dele."

"Eu não sou mais criança. Não preciso que tome conta de mim."

"Não parecia quando estava no seu quarto..."

Peter tapou o boca da irmã, por que sabia que ela falaria que ele chorou, e não queria que o pai soubesse.

"Não aconteceu nada naquele quarto." Ele soltou Debbie que reclamou sobre a força dele.

"Eu vou dormir agora. Acabem de limpar a bagunça e não esqueçam de lavar a louça."

"Pode deixar. Boa noite, pai." Debbie continuou limpando o chão enquanto Peter guardava os pratos. "Por que nunca dá boa noite?"

"Por que isso é algo estúpido."

Aquelas foram as últimas palavras que ouviu a mãe falar. Ela era médica e muitas vezes tinha que atender emergências, era irônico pensar que morreu no local de trabalho. Depois de sua morte ele não conversava ou queria ouvir sobre sua mãe. Tudo que a lembrava ele tentara eliminar, mas aquelas palavras ainda ecoavam em sua mente.