Boneca Humana escrita por SweetAmmy


Capítulo 6
Capítulo 5 — Desastre culinário


Notas iniciais do capítulo

→ Heey, quem aí gosta de pizza com molho branco? xD
→ Esse pode não ser o capítulo mais emocionante de Boneca Humana, mas foi o que eu mais me diverti escrevendo! USHAUSHUA



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Apesar de eu achar que fins de semana sempre passam rápido demais, devo dizer que estava torcendo para que este acabasse logo. A confusão de sexta-feira com Daniel Armitage foi demais para mim e eu estava muito preocupada. Tentei ligar diversas vezes para Nathaniel, mas ele nunca atendia. Será que ele estava com raiva de mim? Será que ele havia apanhado ainda mais do pai aquele dia? Céus! Todas essas preocupações estavam causando um nó no meu sistema. Eu tinha que arranjar alguma forma de pedir desculpas para Nathaniel. A última coisa que eu queria é que ele tivesse raiva de mim por defendê-lo. Se bem que, se ele ficasse com raiva, eu não o culparia, nem acharia errado.

— Kaplan? Você está me ouvindo? — Era a voz de Wendy.

— Hã? — Falei, voltando para a realidade. Eu estava em sala de aula, ao lado de Wendy, Kentin e Alexy, esperando a aula começar. — Sim, eu estou. Só fiquei… Ah, esquece.

— No que você estava pensando? — Wendy deu uma risadinha, provavelmente pensando besteira. — Você ficou tão distraída de uma hora para a outra.

— Em nada, deixa pra lá. — Falei, tentando desviar o assunto. Dei uma rápida olhada pela sala e percebi que Nathaniel não estava por lá. Havia acontecido alguma coisa com ele?

— Aposto que estava se lembrando da noite de sexta-feira. — Alexy disse. — Altos amassos com o Nathaniel no carro dos Armitage?

— Claro que não! — Falei, me sentindo um pouco indefesa. — Não seja ridículo.

— Ei, não fique assim. Só estamos brincando, ruiva! — Kentin riu também. — Você costumava rir disso antigamente.

Novamente relembrando o passado. Por enquanto estava tranquilo, mas e se Kentin resolvesse citar um assunto que eu desconhecia totalmente, mas a Kaplan original não? Como eu iria sair da situação?

— Quem vive de passado é museu, Kentin! — Falei, rindo também. Alexy, Kentin e Wendy também riram.

— É, pelo visto eu não fui o único que mudou por aqui. — Kentin disse.

— Só que você, meu bem, mudou na aparência. — Falei. — O que mudou em mim foi a personalidade.

— Não é verdade. Você ficou mais bonita também. — Kentin sorriu.

Dei um suspiro envergonhado, sorrindo também. E então o sinal tocou. Enquanto nos ajeitávamos em nossas carteiras, esperando o professor Faraize entrar na sala, quem aparece é a diretora Shermansky. Ao lado dela, estavam Melody e Nathaniel.

Mesmo vendo-o de longe, Nathaniel parecia bem, para falar a verdade. Seus cabelos, bem arrumados; sua roupa, impecável. Como sempre. E ele não parecia tão cansado.

— Bom dia, alunos! — Shermansky começou. — Antes que o professor Faraize chegue, temos um aviso para dar. Bom, como em todo ano, a escola organiza com o terceiro ano o “Dia da Pizza”. Para os novatos que chegaram esse ano, nós fazemos e vendemos pizzas para a cidade. Restaurantes, bares e até para pessoas que quiserem encomendar. O dinheiro arrecadado será destinado à viagem de formatura de vocês no final do ano…

— Puxa! É tão estranho pensar que este é o nosso último ano escolar! — Wendy cochichou para nós enquanto a diretora ainda falava.

— Senhorita Wendy Phillips, algum problema? — Shermansky direcionou seu olhar para Wendy. Ela encolheu os ombros.

— Desculpe. — Ela disse, baixinho. Meu Deus! Essa diretora tem super audição ou o quê?

— Obrigada. Bem, como eu estava dizendo, nós vamos dividir vocês em grupos e indicar onde vocês deverão entregar as pizzas que fizerem.

A diretora explicou um monte de coisas sobre o Dia da Pizza e como isso iria contribuir, não só para a viagem de formatura, como também para que aprendêssemos o valor do esforço para conseguir alguma coisa e, também, da importância do trabalho em equipe. Cada grupo teria que se reunir na casa de um dos membros no dia marcado e fazer 50 pizzas.

— Um dos grupos eu mesma vou escolher. — A diretora continuou. — Parece que dois alunos em especial precisam aprender a conviver em harmonia. Por isso, os senhores Castiel Dumont e Nathaniel Armitage estarão no mesmo grupo.

— Nem ferrando! — Castiel deu um soco na mesa. Nathaniel revirou os olhos e fez cara de asco. Eu tinha certeza absoluta de que aquilo não iria dar certo. Se os dois arranjavam confusão um com o outro na escola, imagina o que fariam se estivessem em um lugar onde a diretora não pudesse ter controle sobre suas ações? Os dois iriam acabar se matando!

— Controle suas palavras, senhor Castiel. O senhor não está em sua casa. — Shermansky repreendeu. — Resolvi colocar a senhorita Ambre no grupo também para ficar mais fácil, já que Nathaniel e ela são irmãos. — Nesse momento, ouvi Ambre soltar um gritinho de felicidade. Pelo que percebo, ela é louca pelo Castiel. — E… Senhorita Kaplan, a senhorita sabe cozinhar?

Não. Eu não sabia. Eu nunca precisei comer, então qual a necessidade de eu aprender a coz… Epa, para, para, para, para tudo! Ela quer mesmo me colocar junto com Castiel, Nathaniel e Ambre? Eu vou ter que aguentar no meu grupo uma patricinha que, muito provavelmente, irá ficar de braços cruzados o tempo todo e dois marmanjos que só brigam? Isso quer dizer que… Eu teria que cozinhar 50 pizzas SOZINHA???? Essa diretora não tem medo do perigo?

— Eu… Desculpe, eu acho que eu não seria uma boa parceira. Eu não sei fritar nem um ovo sem queimar a cozinha toda! — Falei.

— Ela está sendo modesta, diretora. — Kentin falou. — Quando morávamos em Malibu, Kaplan sempre fazia brownies quando íamos estudar em grupo. E, se ela sabe cozinhar brownies, com certeza fará as melhores pizzas do mundo.

"Cale a boca, droga!", pensei, lançando um olhar gélido para Kentin.

— Então está ótimo. Precisamos de alguém que coloque ordem para evitar qualquer… Digamos, “imprevisto”. — Shermansky disse. E com imprevisto ela queria dizer “briga ou discussão inútil entre Nathaniel e Castiel que atrapalhasse o rendimento do trabalho”.

Depois, ela foi dividindo os outros grupos. Ouvi Castiel resmungando ao fundo da sala e Ambre cochichando alegremente com as amigas. Nathaniel estava indiferente, mas eu tinha certeza de que ele também não estava nem um pouco animado. Quando a diretora terminou de dividir os grupos e passar o resto das informações, ela se retirou de sala, seguida por Nathaniel e Melody.

— Nathaniel, espere! — Levantei-me e corri para fora de sala. Essa era minha chance.

Nathaniel estava no corredor. Imediatamente, ele parou e se virou para mim.

— Kaplan? Algum problema? — Perguntou.

— Sei que deve estar com raiva de mim, mas eu sinto muito! Eu juro que sinto muito! — Comecei. — Na sexta-feira, quando eu dei um tapa no seu pai… Eu não pensei que as coisas pra você iriam piorar! Eu não suporto ver injustiças acontecendo bem embaixo do meu nariz e eu simplesmente não consegui me controlar! Se você nunca mais falar comigo, saiba que eu entendo e não discordo de suas razões. Eu só queria que soubesse que estou arrependida de ter feito aquilo.

Nathaniel suspirou e eu tive medo de sua resposta.

— Não estou bravo com você. Não posso negar, você não melhorou nem um pouco as coisas entre mim e meu pai. Pelo contrário, ele estava irado quando chegamos em casa, te xingou de todos os nomes possíveis e, bem… Você já sabe o resto.

É claro que eu sabia o resto. Nathaniel levou uma surra daquelas. E isso não teria acontecido se eu não tivesse atiçado Daniel.

— Mas, — Nathaniel continuou. — por mais que ele tenha odiado seu comportamento… Ele disse que você parece ser uma garota determinada. Você demonstra isso de um jeito completamente errado e imaturo, mas, inegavelmente tem a atitude de um líder. E disse que eu precisaria ter essa atitude, caso algum dia me tornasse gerente das empresas de tecnologia nas quais ele é um dos sócios.

Fiquei parada por uns 10 segundos, absorvendo o que Nathaniel acabara de falar. Quer dizer então que, de alguma forma, Daniel Armitage acreditava que… Uau! Saber que ele disse isso sobre mim é quase como ganhar o prêmio Nobel da paz depois de bombardear a África.

— Eu… Nem sei o que dizer. Obrigada!

— É, mas não se empolgue tanto. — Nathaniel disse. — Ele disse que você tem pais irresponsáveis e que, se continuar assim, nunca chegará a lugar nenhum.

"Eu sabia que tinha algo por trás!", pensei. Ninguém faz um elogio de graça.

— Mas… E a comparação com um líder? — Indaguei.

— Sim, ele disse isso. E também disse que você se extrapola demais e se mete em assuntos que não são da sua conta. Sua atitude demonstrou determinação, mas na hora e do jeito errado. — Nathaniel explicou. — Se continuar assim, só irá fracassar na vida e fazer inimigos. E isso não é bom para um profissional, ou mesmo para um líder. Afinal, por mais inimigos que existam, você deve sempre ter aliados que superem todos eles.

Daniel Armitage discursava como um ditador. E Nathaniel parecia se inspirar fortemente nele. Fico imaginando se Nathaniel seria, algum dia, um homem tão severo quanto o pai.

— É… Fazer o quê, não? — Falei. — De qualquer forma, obrigada por não estar bravo comigo.

Dizendo isso, abracei-o e isso pareceu deixá-lo meio sem-graça (porque ele levou um tempo considerável para me abraçar de volta).


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O Dia da Pizza chegou. Mesmo não conseguindo trocar de grupo (apesar de uma longa conversa com a diretora Shermansky que não resultou em nada além de “você deve aprender a ter controle sobre as coisas”), resolvi aceitar que eu teria que trabalhar praticamente sozinha. Mas, se eu iria fazer tudo sem ajuda, eu iria fazer direito. Por isso, passei dias tentando encontrar receitas de pizza na internet e praticar o preparo delas em minha casa. Minha mãe, Lucia, ajudou-me nos primeiros dias e depois eu fui aperfeiçoando. Mas descobri uma coisa desagradável: O alto calor do forno deixava minha pele-falsa um pouco flácida. É como se ela ameaçasse derreter e só voltasse a ficar normal depois de algumas horas. Espero que isso não aconteça durante o trabalho.

Combinamos de fazer tudo na casa dos Armitage. De acordo com Nathaniel e Ambre, seus pais tinham uma cozinha espaçosa que seria ideal para fazer as pizzas. Pra variar, Castiel reclamou por ter que ir até Paris para fazer um trabalho, de acordo com ele, ridículo e sem fundamento algum. Mas no final, foi obrigado a concordar.

Castiel e eu chegamos à casa de Nathaniel praticamente no mesmo horário. Nathaniel nos recebeu na porta de entrada.

— Olá, podem entrar! — Ele disse.

— E aí, masturbador? — Castiel deu um tapinha no ombro de Nathaniel. — Espero que tenha lavado bem as mãos. Vamos cozinhar e acho que as pessoas não irão gostar de pizza com excesso de molho branco.

— Argh! — Exclamei, expressando nojo. — Você é tão desnecessário, Castiel!

— E você adora isso! — Castiel deu uma piscadinha para mim. Nathaniel apenas revirou os olhos e nos levou até a cozinha, onde Ambre nos esperava. Por sorte, os pais dele não estavam em casa. Mesmo que Daniel acreditasse que eu tinha determinação, eu ainda havia dado um tapa nele e ele deveria me achar uma completa barraqueira. Evitar colisões, pelo menos por enquanto, seria o melhor a fazer.

— Não esperem que eu suje as minhas unhas recém-pintadas mexendo em massa de pizza. — Ambre disse, assim que chegamos. — No máximo eu posso colocá-las no forno para assar.

Isso já era bem previsível. Eu nunca descartei a possibilidade de Ambre ficar apenas assistindo - ou, na pior das hipóteses, nos dando ordens sobre o que fazer e como fazer. Ignorei-a quando notei algumas roupas brancas em cima do balcão.

— O que são? — Perguntei, apontando para eles.

— São os uniformes que nossos cozinheiros usam, e meus pais disseram que poderíamos usar hoje. Legal, né? — Ambre sorriu e deu uma piscadinha, como se dissesse “tenho empregados e você não, ralé!”.

— Vocês têm cozinheiros? — Castiel perguntou, como se achasse aquilo a coisa mais ridícula do mundo. — Seus pais não sabem cozinhar?

— Como se você soubesse, Castiel! — Nathaniel disse, fazendo Castiel lançar um olhar mortal para ele. Doce como um limão!

— Ei! Mal começamos o trabalho e vocês dois já estão nesse “mimimi”? — Perguntei. — Façam-me o favor, né?

— Que seja! — Castiel resmungou, pegando o chapéu de chefe de cozinha que estava ao lado dos uniformes. — Mas eu serei o chefe.

— Você nem sabe cozinhar! Além do que, a casa é minha. — Nathaniel disse, tomando o chapéu de Castiel para si. — Eu serei o chefe.

— Não vou receber ordens suas! — Castiel disse, encarando Nathaniel e tomando o chapéu de volta.

— E eu não vou receber ordens suas, especialmente na minha cozinha! — Nathaniel rebateu.

— Eu acho que Castiel tinha que ser o chefe. — Ambre disse. — Desculpe, Nath, mas ele tem mais espírito de liderança do que você.

— Nunca! — Nathaniel reagiu. — Se for assim, é melhor cada um trabalhar sozinho. Cada um de nós faz uma quantidade de pizzas e juntamos tudo no final. É melhor do que ficar recebendo ordens de pessoas inexperientes!

— Ótimo! — Castiel disse, emburrado, colocando o chapéu de volta na bancada. E, então, cada um foi para um canto da cozinha começar a preparar as pizzas. Isso não iria dar certo, de maneira alguma. Voltei-me para Ambre, na esperança de que ela fizesse alguma coisa.

— Nem olhe para mim! — Ela disse. — Eu não vou estragar as minhas unhas! Se iremos fazer tudo separado, então vocês que façam minhas pizzas!

E, dizendo isso, Ambre se sentou em uma das cadeiras e começou a digitar em seu celular. “Perfeito!”, pensei, com ironia. Então, fui para uma das bancadas começar a fazer minha parte das pizzas - e, pelo visto, a parte de Ambre também.

A diretora havia passado uma receita sobre os ingredientes que teríamos que usar e o modo de preparo da pizza. No início, até que eu estava indo bem. A prática dos dias anteriores havia ajudado bastante. De vez em quando, Ambre se virava para mim e dizia que eu estava demorando demais. Mas eu tentava ignorar, ou então eu seria capaz de arrancar o cabelo dela com os dentes.

— Você está fazendo errado! — Ouvi a voz de Nathaniel, que estava colocando sua primeira pizza para assar. Eu não mencionei, mas os fornos de nossa década assam pizzas em apenas 5 minutos. A tecnologia é ou não a melhor amiga do homem?

— Tome conta da sua vida, masturbador! Foi você quem quis que fizéssemos cada um por si. — Ouvi Castiel gritar. Ah, não. Começou de novo!

— Você está colocando queijo demais e cebola de menos! — Nathaniel disse. — Todos os ingredientes têm que ter uma proporção exata!

— Você vai ver a proporção exata do soco que eu vou te dar se você não calar a boca agora! — Castiel disse.

— Você só consegue apelar pra violência, seu idiota! — Nathaniel estava perdendo a paciência. — Só estou dizendo que você deveria parar um pouco de tentar fazer as coisas do seu jeito e seguir a receita. Nem isso você consegue?

— E você poderia muito bem parar de se masturbar pensando na diretora, mas parece que você não consegue também. Estamos quites, então! — Castiel revidou.

Eu já estava ficando cansada disso. Já estava pronta para ir até lá e dar um basta na situação, quando meu celular tocou. Era Wendy. Saí da cozinha para atender. Acho que uma conversa com Wendy aliviaria o stress que eu estava sentindo naquele momento.

— Oi Wendy, como está indo? — Perguntei.

— Estamos ótimos! — Ela disse. Estava fazendo o trabalho com os irmãos e Violette Frayor, uma garota de cabelos roxos (super tímida, por sinal) que parecia bem simpática. — Já conseguimos fazer 18 pizzas até agora, e vocês?

— Hã… — “Se tivéssemos feito três já era muito!”, pensei. — Estamos indo bem. Começamos agora.

— Sério? Se eu tivesse que fazer isso com a Ambrega e dois caras que vivem brigando, já teria surtado há muito tempo! — Wendy riu. E, sinceramente, faltava pouco para eu surtar de verdade.

— Olha, eu não vou mentir: Está uma loucura! — Desabafei. — Nathaniel e Castiel resolveram que iríamos ficar “cada um por si”, mas um interfere no desempenho do outro e os dois estão a ponto de explodir a cozinha! Pra completar, Ambre fica sentada em uma cadeira observando tudo e ainda falando que estamos demorando demais! Eu te juro, Wendy, se aquela vagabunda falar mais alguma coisa pra mim, eu pego ela, enfio dentro do fogão e faço uma pizza de Ambre!

— Ninguém iria querer comprar! — Ouvi a voz de Alexy rindo do outro lado da linha. Wendy provavelmente havia colocado no viva-voz.

— Parem de rir! Eu estou quase ficando louca aqui e vocês acham isso engraçado? — Falei, demonstrando indignação.

— Foi mal! — Wendy disfarçou a risada. — É que a maneira como você fica irritada é engraçada!

— Não acho nem um pouco engraçado! — Disse, ficando mais irritada ainda. Eles pararam de rir.

— Nos desculpe. Olha, se quer mesmo um conselho, faça-os trabalhar em equipe. — Wendy sugeriu. — Separados, nunca vão ter o mesmo desempenho e isso irá atrasar bastante!

— Como? — Perguntei. — Um simplesmente não quer receber ordens do outro!

— Então seja a chefe! — Armin opinou. — É sexy quando uma mulher resolve dar os comandos. E, se quer uma dica, dê um incentivo para eles.

— Por exemplo?

— Hum… Cubra seu corpo de molho e diga que eles podem lamber se trabalharem em equipe. Você faz um favor pra eles e eles fazem um favor para você! — Armin disse. Ouvi o barulho de um tapa. — Ai Wendy!

— Armin, para de ser pervertido! — Wendy gritou.

"Favor… Favor!", pensei. Foi como se uma lâmpada se acendesse em minha cabeça.

— Armin, você é um gênio! — Exclamei. — Sobre a parte do molho, vá pro inferno! Mas eu tive uma ideia ótima graças a você!

— Você está falando sério? — Wendy perguntou, soando mais espantada do que eu imaginei.

— Tenho que ir, falo com vocês depois! — Desliguei o telefone e voltei correndo para a cozinha, onde Nathaniel e Castiel ainda gritavam um com o outro.

— EI! PAREM COM ISSO! — Bati palmas para chamar a atenção deles. Todos se voltaram para mim. — Vocês estão fazendo tudo errado! Primeiro, nunca deveríamos ter começado cada um por si. Estamos perdendo tempo e, ainda por cima, as pizzas não estão saindo todas iguais. Não estamos fazendo um favor pra outras pessoas com esse trabalho; estamos fazendo para arrecadar dinheiro para a nossa própria turma! Então vamos trabalhar em equipe!

— Eu já disse que não vou seguir as ordens desse babaca! — Nathaniel cruzou os braços.

— Não será necessário, Nathaniel. — Falei, colocando o chapéu de chefe de cozinha em minha cabeça. — Eu darei os comandos de agora em diante.

— Ah, não! É brincadeira, só pode. Uma garota me dizendo o que fazer? — Castiel gargalhou.

— Eu disse alguma coisa engraçada, Castiel? — Falei em tom firme, indo até ele. — Dose suas palavras enquanto estiver falando com sua chefe, mocinho!

— Acha que eu vou aceitar ordens vindas de você? — Ambre perguntou.

— Você nem está ajudando! — Falei. — Não iria receber ordens de ninguém, de qualquer maneira! Mas vocês dois, por outro lado, irão sim. E sabem por quê? Vocês dois me devem um favor!

Eu havia me lembrado da aposta que havíamos feito na casa de Rosalya, quando estávamos criando as músicas para estudar para as provas finais (Por sinal, todos nós tiramos nota alta! Até Castiel, que estava acostumado a tirar notas mais baixas, havia se saído muito bem). Eles me deviam um favor, que eu poderia cobrar a qualquer hora. Então, por que não agora?

— Você poderia pedir outra coisa que não exigisse tanto esforço da minha parte! — Castiel revirou os olhos.

— Foi uma aposta justa. Você mesmo concordou. — Argumentei. — Então parem de fazer essas caras de gente morta e comecem a trabalhar com disposição. Castiel, você faz os molhos. Nathaniel, você cozinha a calabresa e o bacon. Eu e Ambre cortamos o presunto e o queijo e depois todos montaremos as pizzas juntos e colocaremos para assar.

— Não estou afim. — Ambre disse.

— Se não quer manchar suas unhas, coloque luvas! Mas você é da nossa equipe e vai ajudar como todo mundo! Do contrário, eu pego as gravações daquela câmera de segurança e mostro para a diretora e a turma toda o quanto você se esforçou para nos ajudar! — Disse, apontando para uma câmera de segurança no canto da cozinha.

Ambre bufou.
— Que saco!

— Pare com isso! — Falei. — Você sabe que é tão importante para o nosso grupo quanto qualquer outro aqui. Temos que trabalhar em equipe, então vamos fazer direito! — Bati palmas novamente. — Agora, vistam seus uniformes e ao trabalho!

Mesmo um pouco contrariados, todos nós pegamos um dos uniformes brancos que estavam no balcão e os vestimos. Sob meu comando, todos nós conseguimos nos organizar para fazer as pizzas. Eu não fui uma chefe tirana e perversa que só sabe criticar o trabalho dos outros. Eu apenas supervisionei para evitar que acontecessem mais discussões. E deu certo. Até Ambre ajudou um pouco colocando as pizzas no forno (era a única coisa que ela se dispôs a fazer e que eu não podia, pois a pele falsa podia derreter e todos iriam estranhar). Ao fim do dia, conseguimos fazer as 50 pizzas e nos dividimos para entregar nos estabelecimentos e para as pessoas de Paris que haviam comprado.

— Ei, Foxy! — Castiel me chamou. Ele estava ao lado de sua moto. — Quer uma carona de volta para Bridgeport?

— Você vai me deixar pilotar dessa vez? — Perguntei, rindo.

— Você é quem manda, chefe! — Ele disse, me entregando um capacete. Oh oh, eu não previ isso. Eu tinha medo de andar de modo, porque eu poderia cair e danificar meu sistema interno. Mas, já que Castiel havia concordado em cooperar e não discutir com Nathaniel naquele dia, decidi dar um voto de confiança e deixar meu medo de lado.

— Acho melhor você dirigir. Não tenho tanta prática! — Falei, colocando o capacete.

— Da mesma forma que você não tinha nenhuma prática com a guitarra? — Castiel colocou seu capacete também. — Vamos, eu te ajudo.

Mesmo com receio, concordei. Subi na moto e Castiel ocupou o lugar atrás de mim. Coloquei as mãos no guidão e Castiel colocou suas mãos sobre as minhas, girando o acelerador.

— Se segure. — Castiel disse, acelerando a moto e fazendo-a andar. E então, partimos em direção à Bridgeport, tendo como vista aquele pôr-do-sol maravilhoso. Hesitei bastante no começo, mas fui me acostumando. Quando percebeu que eu estava indo bem, Castiel soltou minhas mãos e me deixou conduzir sozinha. Ele confiava em mim. E, de alguma forma, a sensação de pânico havia sumido e eu me senti segura.


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Notas finais do capítulo

→ Quem ainda gosta de pizza com molho branco? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk parei xD



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