A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 36
Capítulo 35




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— Oi, John – responde Janet mostrando Ashley — Ela não quis te esperar.

— Espera um pouco – Beatriz, transtornada — Então você não está casada com o Flávio?

— Não mesmo – nega Janet sorrindo sem entender a pergunta — Por que achou isso?

— Porque eu vi vocês dois juntos no restaurante... mesa para dois... de aliança no dedo... disse que tinha ficado noiva.

— Sim, fiquei do John – responde Janet — Eu só tinha ido contar ao Flávio que iria me casar com o melhor amigo dele, pois o John estava em um congresso, contei que estava grávida e que gostaríamos que ele fosse o padrinho de casamento e do bebê. Nossas famílias ficaram radiantes com a escolha.

— Tá... mas e a penthouse? – pergunta Beatriz — Você está morando lá, certo?

— Sim – responde Janet — Ele a vendeu para gente... por um preço muito em conta.

— É um lugar totalmente equipado e tranquilo – completa John. Beatriz percebe que Ashley puxou todos os traços do pai.

 — Então vocês sabem onde ele está? – pergunta Beatriz. — Onde ele está morando?

— Sinto muito, Beatriz – nega Janet olhando para o marido com a expressão triste — Mas ele não deu endereço para mim, nem sei se está morando na Inglaterra.

— Ele tem trabalhado intensamente nos últimos meses – explica John — Quando aparece fica dois ou três dias.

— Mas tem chance de ele aparecer aqui, certo? – questiona Beatriz, nervosa.

— Bom, eu não consegui contato – comenta Janet olhando para o marido.

— Eu também não – nega John balançando a cabeça — Mas assim que ele aparecer a gente pode tentar falar com você.

— Estou indo embora hoje... Tenho muito serviço acumulado no Rio de Janeiro... Avisem-me se ele aparecer – pede Beatriz, nervosa procurando um cartão de contato — Liguem-me assim que ele aparecer e não  o deixem ir embora.

— Tudo bem – responde Janet segurando o cartão — John, ela aceitou ser a madrinha da Ashley.

— Que ótimo!  – exclama John contente — Realmente ficamos felizes por isso.

— Obrigada! – agradece Beatriz — Eu agradeço pelo voto de confiança.

— Segure a Ashley – pede Janet entregando à recém-nascida — Ela precisa conhecer o colo da madrinha.

— Oi, Ashley! –Beatriz segurando à recém-nascida. Sente-se feliz por ser a madrinha da Ashley. Além do fato que veria o Flávio com maior frequência, mais do que imaginava.

Depois de um tempo a família do casal chegou e todos se reuniram para conhecer a Ashley. Beatriz fica ainda um bom tempo, não consegue se afastar da sua afilhada.

****

A noite já predominava, quando Beatriz voltou ao hotel. Não acredita no dia que teve, tinha até esquecido de ligar para Sônia e saber como está a amiga. Ela abre o quarto e escuta vozes vindas de dentro da suíte que a deixam curiosa. Assim que chega à sala encontra Sônia e Georgiana sentadas. Elas param a conversa abruptamente.

— Sua amiga, pelo visto, está viva – comenta Georgiana se levantando —  Já posso voltar a minha casa.

— Obrigada tia por ficar comigo hoje – agradece Sônia se levantando também .

— Olá, Georgiana – cumprimenta Beatriz, séria. Ela olha para amiga— Sônia poderia nos deixar a sós? Preciso conversar com a Georgiana.

— Claro –  concorda Sônia indo para o dormitório, apressada.

— O  que gostaria de conversar comigo? Se for para saber como o Flávio está... – Georgiana, séria.

— Eu gostaria de pedir desculpas pela forma como agi há alguns meses – interrompe Beatriz — Fui imatura, prepotente, arrogante e não sabia exatamente o que estava fazendo e nem o que procurava. Eu errei, muito. Magoei seu filho de todas as formas possíveis e tive a capacidade de achar que tinha direito ao amor que ele tinha por mim, mesmo sem dar nada em troca. Errei com você, por prometer algo que não iria cumprir e que jamais cumprirei. Eu posso dizer hoje que não magoaria seu filho nunca mais, que o amaria todos os dias e que seria a melhor escolha para ele.Porém, não seria verdade e nós duas sabemos disso. Não há como não magoar a outra pessoa, pois nós sempre faremos isso de alguma forma. A verdade é que não sou a melhor escolha para ele, não sou o ideal de mulher que ele merece ter ao lado, mas sei que um dia eu fui escolhida por ele e não sou mais. E talvez nunca mais seja. Entretanto, sei que o amarei para sempre... Mesmo que eu nunca mais o veja, ele estará em meus pensamentos até o fim. Sei que parece loucura afirmar uma coisa assim... Mas eu sinto isso. Eu só quero que seu filho seja muito feliz... Com quem for. E que a sua família seja abençoada com filhos dele, netos, partes dele que eu jamais terei.

— Beatriz –  chama Georgiana encarando a mulher a sua frente  —  Há muito desconfiei de você e de  suas intenções. Ainda mias, quando presenciei o sofrimento do meu filho. Admito, fui tomada pela raiva e coloquei para mim que você foi a principal causadora de todo o mal que aconteceu na vida do Flávio .E o meu filho não merecia toda a dor. Eu  desejei muito para que você desaparecesse da vida dele e nunca mais voltasse. Porém, quando você fez isso , eu vi a vida sair dos olhos do meu filho. Ele não é mais o mesmo .Deixou de ser aquele homem alegre, que irradiava felicidade por todos os lugares. Dentro dele só a amargura e um coração fechado que nenhuma mulher ainda conseguiu abrir.Hoje eu falei com a Sônia e ela me contou o que andam fazendo... E como mudou... Ainda não confio em você e seei que irá magoar meu filho muitas vezes. Mas há coisas que uma mãe não pode impedir. Há males que vem para o bem e você é um deles... Eu posso não gostar de você, mas meu filho não é o mesmo sem você. Então eu espero que traga de volta a felicidade para a vida dele.

—  Quer dizer que...? – pergunta Beatriz, confusa.

— Que se você conseguir trazer meu filho de volta... Eu lhe dou a minha benção –  responde abrindo a porta — Até breve.

— Georgiana, espere – pede  Beatriz — Onde ele está? 

—Eu não sei, querida... Gostaria muito de saber, mas ele não diz. Sempre está indo de um lugar para o outro. Sinto muito não poder ajudar.

Beatriz fecha a porta calmamente, dentro de seu coração, a esperança surge. “Ele está por aí... Em algum lugar... E vou encontrá-lo... Não importa o tempo que demore”...

****

Beatriz e Sônia chegam ao Brasil. Apesar de ter adiado a viagem de volta por vários dias, Bia não conseguiu localizar o Flávio, pois ninguém sabia onde ele estava e nem informações a seu respeito. Assim que chegam ao apartamento o telefone toca, dando a Bee, novamente esperança.

— Alô? – atende Beatriz, ansiosa.

— Oi, filha – diz Miranda, animada — Até que enfim chegaram. Preciso almoçar com você, tenho uma novidade e acho que irá gostar.

— Tudo bem – concorda Beatriz, desapontada — Claro que almoço com a senhora.

— Ótimo. Espero-te daqui uma hora lá no Duo – informa Miranda — Assim colocamos o papo em dia. Beijos.

— Beijos – responde Beatriz colocando o telefone no gancho.

— Quem era? – pergunta Sônia colocando as malas em seu quarto.

 — Minha mãe – responde Beatriz suspirando — Quer almoçar comigo e disse  que tem novidades.

— O que será? – pergunta Sônia,pensativa — Bom, de qualquer forma hoje eu vou almoçar com meu gato.

— Quer dizer então que você e o Alberto estão ficando sérios? – questiona Beatriz sorrindo  ao lembrar o nome do fotógrafo da festa.

— Eu espero que sim – admite Sônia — Eu sinto que é para valer.

— Fico feliz! Bom, vou me arrumar e ir para o restaurante, sei que não deve ser nada demais, mas sabe como é minha mãe.

— Tudo bem – concorda Sônia voltando para o quarto — Nos vemos na Decor mais tarde.

****

—  Manaus? – Beatriz sem acreditar — A senhora vai para Manaus? Vai morar lá? Por quê?

 — Eu gostei do lugar, das pessoas e vi que lá existem muitos projetos sociais que precisam do meu apoio – responde Miranda tranquilamente — Os dias que passei lá foram maravilhosos. Eu sinto que lá é o meu lugar.

— Mas e a sua vida aqui? –  questiona Beatriz — E a empresa?

— Há muitos anos eu não me sinto viva... Como me senti lá... A empresa não precisa de mim tanto quanto eu achava que precisava... Além do mais, posso comandar de lá qualquer coisa. Beatriz, lá é o lugar onde eu quero passar o resto da minha vida.

— Se é o que deseja – conforma Beatriz, triste — E vou sentir sua falta... Não sei como farei sem seu apoio aqui.

— Minha filha, você já não precisa mais de mim por perto... Eu vejo que você cresceu muito e se tornou independente do jeito que eu e seu pai queríamos. E fico feliz que tenha conseguido passar por tudo aquilo e permanecer forte.

— Obrigada, mamãe – agradece Beatriz chorando — Sentirei sua falta. Eu te amo.

— E eu a sua, meu amor – corresponde Miranda — Quando a saudade apertar... Ligue-me que eu virei correndo até você... Sempre. Para sempre. Eu a amo.

— Um brinde a sua nova vida – celebra Beatriz erguendo o copo de suco.

— A nossa nova vida – Miranda brindando.

****

Beatriz chega a Decor & Salto Alto ainda emocionada com a revelação de sua mãe quando sua secretária, Gislaine, aparece apressada em sua frente.

— Tem um homem esperando você no escritório – avisa a jovem de cabelos negros presos ao estilo rabo de cavalo e uniforme da loja.

— Quem é?

— Ele não quis me dizer o nome – responde Gislaine — Porém, ele disse que a senhora o conhece muito bem... E pediu para falar... Uma palavra... Um país... Uma cidade...

— Que palavra? - pergunta Beatriz, nervosa — Diga.

— Cairo. Ele disse Cairo.

****

Beatriz entra em seu escritório abruptamente se deparando com Ramsés sentado na cadeira terminando seu café.

— Ramsés – cumprimenta Beatriz, surpresa.

— Beatriz – diz Ramsés que se  levanta. Ele segura a mão de Bia e sorri — Que alegria para os meus olhos revê-la.

— O prazer é meu – responde Beatriz  — O que faz no Brasil? Onde está o Socorro?

— Decidimos ficar um tempo no Brasil. A Socorro morre de saudade daqui e pelo café, percebi o motivo. Ela já deve estar chegando...

— Beatriz – Socorro entrando na sala. Ela dá um beijo no rosto de Bee — Como você está diferente.

— Já faz um bom tempo que estive lá – responde Beatriz, inquieta — Então, o que desejam?

— Como o Ramsés deve ter dito, nós vamos morar um tempo aqui no Brasil e eu fiquei sabendo que tem uma empresa de decoração de interiores. Então  decidi falar com você para decorar o nosso apartamento aqui no Rio de Janeiro.

— Que honra – Beatriz sorrindo — Com certeza, terei o maior prazer em  prestar esse serviço a vocês.Só preciso que deixem o endereço com a Gi e  irei pessoalmente trabalhar na casa de vocês.

— Que ótimo –  exclama Ramsés erguendo as mãos — Que Allah a abençoe.

— Obrigada, Ramsés –  agradece Beatriz. Ela morde o lábio e pergunta — Como está o Cairo?

— Ótimo – responde Ramsés —Belo como sempre, mas eu sempre quis conhecer o país de vocês e estou achando lindíssimo. Menos a vestimentas das mulheres aqui... Nada contra, mas algumas andam nuas.

— Choque cultural – explica Socorro sorrindo — Habib, deixe-me falar a sós com Beatriz, por favor?

— Sim, meus olhos – concorda Ramsés beijando a mão de Socorro. Ele se vira para Beatriz — Foi muito bom revê-la. Espero que um dia vá a nossa casa como visita.

— Pode deixar – responde Beatriz. Assim que Ramsés fecha a porta, ela encara Socorro, curiosa. —O que gostaria de falar?

— As palavras da Fauzia estão se concretizando? – pergunta Socorro, misteriosa.

— Sim...  – responde Beatriz sem entender o que Socorro quer —  Tudo o que ela falou aconteceu.

— Então está feliz? – questiona Socorro arqueando a sobrancelha.

— Não... Quero dizer, estou feliz com a loja, com as coisas que conquistei... – responde Beatriz.

— Mas sente que falta algo... – completa Socorro.

— Sinto – confessa Beatriz.

 — Então a profecia ainda não acabou – conclui Socorro.

— Aonde quer chegar? – pergunta Beatriz — Quer saber se estou com o Flávio? Não estou!  Quer saber se estou feliz sem ele? Não estou... Quer saber se eu quero uma chance com ele? É o que eu mais desejo, mas  não vou me intrometer na vida dele. Ele quer seguir em frente e eu o apoio.

—  Eu sinto que você mudou bastante, Beatriz – admite Socorro — E fico feliz em saber.

— Não... –  nega Beatriz baixinho — Eu ainda sou fraca... Ainda mais quando se trata do Flávio.

— Ele também não está nada bem – comenta Socorro.

— Você sabe onde ele está? – pergunta Beatriz, nervosa.

— Ele disse que estaria em Londres em breve, mas não disse quando – responde Socorro — Por quê?

Beatriz olha para o anel em seu dedo e o tira devagar, como se tivesse arrancando sua carne.  Ela estende o anel para Socorro, sem conseguir conter as lágrimas.

— Quero que entregue isso a ele. Diga que eu sinto muito e que não importa o que aconteça... Sempre o amarei. Quero que ele seja feliz, muito feliz. Que encontre alguém que o mereça e que me faça ser apenas uma doce lembrança na vida dele.

— Tem certeza? – questiona Socorro, surpresa — Isso é um sacrifício muito grande...

— Tenho... Eu quero que ele seja feliz... Que ame alguém que retribua na mesma intensidade.

— Como quiser, Beatriz – afirma Socorro pegando a jóia — Eu preciso ir, ainda temos coisas para olhar. Mas quero que saiba que você estará em minhas orações.

— Obrigada – agradece Beatriz com um sorriso fraco  —Deixe o endereço com a Gi e a data para que eu possa visitar o seu  apartamento, por favor.

— Tudo bem – concorda Socorro indo para a porta — Até breve.

Mal a porta se fechou, Beatriz desaba em seu carpete, havia deixado partir a última parte que tinha de Flávio... Para sempre.

****

 Dois dias depois...

— Gislaine – chama Beatriz do escritório. Assim que a funcionária  surge na porta, ela pede — Por favor, pegue o endereço daquele casal que esteve aqui esses dias.

— O casal árabe? – recorda Gislaine.

— Exatamente – afirma Beatriz arrumando sua bolsa.

 — Que casal Árabe? – pergunta Sônia, curiosa.

— Ramsés e Socorro – responde Beatriz, fazendo Sônia se lembrar da história do Cairo.

— Que legal  da parte deles contratarem  o nosso serviço. – comenta Sônia.

— Pois, é –  concorda Beatriz pegando o papel das mãos da Gislaine — Tem certeza que o endereço está correto?

— Sim, confirmei três vezes.

— O que tem o endereço? – questiona Sônia tentando ver o endereço.

— É o endereço do meu antigo duplex. – responde Beatriz entregando o papel para Sônia.

— Que coincidência – exclama Gislaine.

— Não é coincidência, isso eu chamo de destino – corrige Sônia sorridente.

— Independente do que seja... Tenho de ir – alega Beatriz se levantando , apressada — E não me esperem para fechar a loja.


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