–-Espere! –ele diz, e pelo tom de sua voz percebo um leve toque de desespero: --Desculpe pelo o que eu disse agora, mas não consegui dormir pensando em você e em como eu poderia perde-la graças ao seu estúpido orgulho, por favor, esqueça tudo, vamos voltar ao plano original!

Paro no lugar, mas não me viro e não digo nada, não entendo seu desespero em tentar me ajudar ou o porquê Ted também tenta me ajudar, realmente, não entendo.

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Volto para meu quarto sem olhar para trás, Nightmare me olha surpresa, ignoro-a e sento na cama abraçando meus joelhos, por que me oferecem tanta ajuda? Cresci sozinha, aprendi a me virar sozinha, e muito bem diga-se de passagem, mas agora... agora que retornei aparece muitas pessoas oferecendo ajuda... agora que tudo é mais perigoso, agora que tenho mais inimigos poderosos, agora que... agora que perdi minha última família... não quero mais perder alguém, não, não POSSO mais perder alguém, seria como perder a mim mesma, por que me sinto assim agora? Há muitas pessoas que querem se arriscar por mim, é estúpido, posso fazer tudo sozinha, eles seriam uma distração, eu ficaria preocupada com eles nas batalhas que virão, não posso me dar o luxo de me distrair em alguma batalha, não enquanto ainda há vingança pela frente... O que fazer? Por que agora?

Suspiro, era muito mais simples quando ninguém tentava me ajudar, era muito mais simples quando eu não tinha que me preocupar em perder alguém...

“Se você me liberar não se preocupará com mais ninguém...” diz a minha voz interna.

–-Cala boca! – murmuro.

“Você mesmo admitiu que seria mais simples se não se preocupasse com outras pessoas... Quero facilitar sua vida, tudo que tem que fazer é me libertar...”

–-CALA BOCA! MEU CORPO ME PERTENCE! NUNCA IREI LIBERTÁ-LA! – perco o controle e acabo gritando, há coisas demais para me preocupar sem meu lado insano para atrapalhar.

Ouço passos apressados e batidas brutas na porta:

–-Kayla?! Tudo bem? O que está acontecendo? – pergunta L desesperado do outro lado da porta.

“Continue assim minha querida, já sabe onde chegaremos, sabe que me libertará, mais cedo do que espera...” consigo imaginar o sorrisinho que acompanha essa fala, um sorriso de deboche insano.

–-CALA BOCA! VÁ EMBORA!

–-Kayla! Só quero ajudar, o que está havendo?! Abra a porta! – L bate desesperadamente na porta.

Minha cabeça se enche de risada histérica da minha outra versão, cubro meus ouvidos para tentar bloquear, mas sem sucesso:

–Cala boca, cala boca, cala boca! –murmuro balançando-me para frente e para trás, ela não pode me dominar, não pode! Não dessa vez! Quero minha vingança por minha mãos, não quero matar ninguém que não precise ser morto!

A porta de meu quarto é arrombada e logo me encontro no meio de braços não muito quentes:

–-Kayla! O que houve? Shhh, vai ficar tudo bem, estou com você... --- sussurra L, mente L, não vai ficar tudo bem enquanto esse meu lado estiver dentro de mim.