Domadores de Dragões escrita por AKAdragon


Capítulo 3
Yui Lume - 18 anos


Notas iniciais do capítulo

Viajando um pouco mais ao norte...



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Yui pagou a bebida e saiu do pequeno bar da vila. Sua mãe deveria estar esperando-a na estrada do norte com os cavalos. Ela guardou a bolsa no cinto e saiu correndo pela rua, atropelando várias crianças que brincavam na rua. Muitas mães nervosas começaram a gritar para ela.

– Sua selvagem! – Gritou uma gordinha.

– Tinha que ser do clã das raposas! – Gritou uma garota que usava um chapéu de lobo.

– Desculpem! Estou atrasada!

Quando ela chegou na estrada sua mãe já havia partido. Yui respirou fundo e começou a caminhar pela estrada. O sol já estava se pondo quando ela chegou no acampamento de seu clã. Algumas garotas da idade dela estavam sentadas na entrada do acampamento. Elas olharam para Yui e seguraram a risada. Enquanto Yui passava por elas, uma das garotas colocou pé no caminho fazendo Yui cair no chão. Elas riram e foram embora deixando Yui no chão, no mesmo segundo começou a chover, deixando Yui ensopada e coberta de lama.

– Credo! – Disse um garoto da mesma idade que Yui. Ele ajudou Yui a se levantar e deu a ela um manto vermelho. – Você está fedendo! O que aconteceu?

– Você não quer saber. – Ela pegou o manto e foi para dentro de uma casinha que ficava bem longe de tudo. O garoto a seguiu.

– É claro que eu quero saber. Você é a minha... Melhor amiga.

– Melhor amiga? Eu não sabia disso.

– Yui. Não seja assim. Yui! – Ele seguiu Yui pela casa até o banheiro. – Vamos lá! Não seja assim, todos já sabem.

– Sabem do que? – Yui fez um sinal para o garoto se virar e começou a tirar a roupa para se lavar. – Eu não tenho nada com ninguém. Principalmente com você.

– O que? – O garoto lutava para não se virar. – Jura que você quer falar sobre isso enquanto se lava?

– Você me seguiu, agora vai ter que sofrer as consequências. – Ela começou a rir e se jogou dentro da banheira. –Não se vire. Tem uma mulher se lavando aqui.

– Yui... Eles vão reclamar... Está na hora da missa.

– Você não vai ver a missa? Que garotinho rebelde!

– O mesmo para você! Por que não aparece nas missas? Desde quando você não acredita nos Deuses?!

– Desde o dia em que eu virei um merda que uma feiticeira! – Yui suspirou. – Vá para casa, Kley. Eu não preciso de ajuda aqui.

– Até mais, Yui.

Ele saiu da casa e foi para a igreja. Yui afundou na água e fechou os olhos. Alguns segundos depois, uma pequena bola azul-gelo apareceu na frente dela. Ela abriu os olhos e sorriu. A bola saiu da água e começou a flutuar perto do espelho do banheiro. Yui saiu da água e olhou para a bola. A bola começou a brilhar e depois entrou dentro do espelho, onde apareceu a imagem da igreja. O som começou a funcionar e uma leve melodia invadiu o banheiro. Yui fechou os olhos e saiu da banheira. A missa corria igual, como todos os dias. Yui abriu os olhos novamente e encarou o espelho e começou a cantar a melodia junto com a imagem. Algumas pessoas começaram a se levantar e a sair da igreja, mas Yui não tirou a imagem. Desde o dia em que ela havia se tornado uma feiticeira e perdido muitos de seus direitos, a única coisa de que ela sentia falta era da melodia que tocava na igreja durante a missa. Aquilo era o único vestígio do passado que mais a fazia feliz.

A imagem sumiu e uma pequena esfera cinza caiu do espelho. Yui olhou com raiva para a esfera. Ela a pegou e jogou-a pela janela, quebrando o vidro. Ela se vestiu e foi até a cozinha onde um prato com carne de coelho a esperava em cima do balcão. Yui suspirou e sentou em cima da pia, encarando o prato. Após um tempo, ela finalmente cedeu e comeu a comida. Uma coisa que ela odiava era ser obrigada a comer comida estragada. Aquela carne estava podre em alguns pedaços, o que a fez comer muito menos do que deveria. “Odeio ser feiticeira! Odeio esse acampamento! Odeio esse clã!” Ela pensou quando olhou para a carne podre que restava em seu prato. Yui se jogou no sofá e começou a encarar o céu cheio de estrelas. Ela esticou o braço para cima como se quisesse alcançá-las. “Eu sabia tocar elas... Onde foi para aquela magia que rondava os meus dedos quando eu era criança?”. Yui tentou esticar os dois braços, mas não conseguiu tocá-las.

– Eu queria poder tocá-la.

Alguém bateu na porta da casa de Yui. Fazendo-a acordar de seus pensamentos. Yui se levantou e foi até a porta. Na porta havia uma garota baixinha de cabelos castanhos, atrás dela estava um tigre-elefante. A garotinha olhou para Yui.

– Olá. Eu sou Mey Yame e este é o meu tigre-elefante. Seu nome é Sully.

– Olá. Eu sou Yui Lume. O que te traz aqui?

– Sou uma viajante. Estou sem suprimentos e preciso ficar em algum lugar esta noite. Será que eu poderia passar a noite aqui?

– Eu acho melhor você ir pedir ajuda para o chefe do clã. Eu não sou muito bem aceita pelo clã.

– Clã? Disseram-me que você era a única pessoa que morava aqui.

– Pelos Deuses!

– O que é que se passa?

– Com quem você falou?

– Algumas pessoas que estavam viajando pela estrada central. Eles pareciam ser um grupo muito grande.

– Eu... Eu preciso ir agora. Pode ficar com a casa!

Yui arrumou suas coisas e saiu correndo da casa. Mey entrou na casa e deu a carne podre para Sully. Durante o caminho Yui trombou com um garoto. Os dois caíram no chão e se encararam. Yui pulou em cima do garoto e o abraçou.

– Kley! Achei que estivesse perdida para sempre!

– Calma Yui... Estamos bem, mas agora precisamos de um lugar para ficar... Eles não vão voltar atrás de nós. Estamos perdidos.

– Perdidos?

– Perdidos.

– Perdidos! Livres!

– Livres!

– Vamos sair da estrada. Vamos para a floresta de aventurar! Vamos viver!

– Estou indo!

Yui entrou na floresta na companhia de Kley. Os dois não olharam para a estrada e nem voltaram.

– Nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Um pouco da história:

Yui nasceu no clã das raposas, um clã onde é muito raro nascer um feiticeiro ou domador de dragão. Ela é uma das únicas feiticeiras do clã, por isso não é muito aceita no clã.



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