A Little Nightmare Of Mine escrita por Nati Galdino


Capítulo 3
Medo


Notas iniciais do capítulo

~ Nota da personagem ao leitor ~
Você deve estar se perguntando o porquê que eu reclamo tanto de minha vida, veja bem, você não sabe como é estar onze horas ao dia com pessoas que não gostam de você, que te acham louca ou coisa do tipo. E que te ignorar é algo prioritário. Passe vinte e oito anos de sua vida assim, e você terá motivos suficientes para reclamar da vida. Antes do acontecimento do ano passado minha vida era a mais normal possível, tinha amigos e uma vida social ativa, mas tudo graças a um filho da puta (com o perdão da palavra, mas não teria outro adjetivo para descreve-lo) e tudo isso teve fim no dia treze de Agosto do ano de dois mil e treze. Por isso caro leitor, acostume-se com minhas reclamações, e se eu alguma vez falar que minha vida se encontra “bem” acredite, enlouqueci de vez.
~ Fim da nota ao leitor ~



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No caminho de volta para casa, sentada no banco desconfortável do ônibus com meus fones de ouvido tocando uma música a qual não estou prestando atenção na letra, pois estou totalmente perdida em meus pensamentos, e no volume máximo, uma pessoa senta ao meu lado. Uma mulher, se ela não tivesse quase sentando em cima de mim, sua presença não seria notada. Seus cabelos são negros na altura do queixo, olhos verdes levemente contornados com uma fina linha de lápis, e seus lábios pintados de carmim. Ela fala alguma coisa, não entendo, estou ocupada demais viajando em meus pensamentos para ter qualquer tipo de conversa externa, decido apenas ignorá-la. Volto a minha pequena e insana filosofia de vida. Se minha vida tivesse uma trilha sonora, qual seria? Black Emo, Death Metal Melódico, Hardcore, Viking Metal ou White Metal? Muitos estilos, mas nenhum iria servir, se fosse escolher seria uma música gótica, com uma letra muito triste contando a história de alguém que um dia tinha tudo e do nada sua vida se torna vazia, seca e seu final foi mais clichê que o próprio clichê. Minha vida idiota.

O ônibus para, desço e resolvo continuar o meu trajeto a pé, faltavam apenas trinta metros para virar o quarteirão e entrar na rua onde ficava minha casa, não era tão distante. Durante minha caminhada percebo que a noite está linda, o céu mais estrelado como nunca esteve, o clima quente e o vento soprando frio, que ao tocar minha pele causava um leve arrepio, algumas pessoas na frente de suas casas conversando, crianças brincado no parquinho que fica no bairro, tudo parecia normal, tudo estava normal. Dobro a esquina e percebo que a rua está completamente deserta, não havia uma alma sequer. Postes iluminavam o caminho, e o silêncio era o único som que se ouvia ali. Sigo em frente, em passos rápidos e firmes queria chegar logo em casa, está em uma rua totalmente deserta e sozinha, não é algo muito recomendado, ouço alguns cachorros latindo e desvio o olhar para ver, que droga, essa minha maldita curiosidade qualquer dia desses ainda vai me matar. É quando avisto um homem, parado no meio da rua, não consigo ver seu rosto, mas é um homem alto, muito alto. Ele vem andando em minha direção e quando passa por debaixo da luz de um dos postes posso finalmente ver sua face.

Meu coração quase parou, minha respiração ficou mais pesada, comecei a tremer, e minhas mãos suavam frio. Fiquei em choque, não podia acreditar no que meus olhos incrédulos estavam vendo, uma onda de medo tomou conta do meu ser, e a única coisa que pensei foi: “Preciso sair daqui, agora!” e antes que esse pensamento fosse finalizado, movi minhas pernas o mais rápido possível, meu corpo se movia em uma velocidade tão alta que as casas ao meu redor não passavam de puros rabiscos. Viro-me para ver se o homem vinha atrás de mim e para a minha sorte, ele vinha, mas só que numa velocidade menor que a minha. Faltando apenas 5 casas para chegar a minha, acelero ainda mais meus passos. Procuro minhas chaves na bolsa “Droga isso é hora delas sumirem?” falo em meia a pesada respiração, procuro e por alguns instantes o medo se torna mais intenso “Será que deixei a porra da chave, no trabalho, não, isso seria azar demais!” penso. Depois que passar a mão pela segunda vez encontro a chave, ela estava guardada num pequeno bolso que fica costurado na parte lateral da bolsa. “Aleluias, achei essa bendita chave.” Comemorei, mas ainda não era hora de comemorar não estava a salvo. Pego a chave e com rapidez abro o portão da frente, me perguntando de onde teria tirado tal agilidade, normalmente demoro de dez a quinze segundos para abrir o portão, o medo faz com que as pessoas façam coisas extraordinárias.

Passado o portão da frente, corri para a porta, abri com a mesma velocidade que o portão e me tranquei dentro de casa. Liguei o alarme e subi para o cômodo de cima, onde ficava meu quarto, corri para a janela para ver se o homem ainda me seguia, e nenhum sinal dele, nada. Ele havia sumido. E o medo que já se fazia presente só aumentou, pensamentos negativos começaram a passar pela minha mente “E se ele tivesse conseguido entrar em casa, e agora?”. Tranco a porta do meu quarto e fico em silêncio por alguns minutos, esperando ouvir um barulho por mínimo que fosse, estava com o celular na mão e o número da polícia já estava discado, pronto para ligar, só bastava um barulho, qualquer ruído seria motivo suficiente para eu acionar a polícia local.

Depois de uma hora e meia parada, imóvel, sentada no chão do quarto e segurando um telefone, tive certeza de que estava segura. Um alivio percorreu minha alma “UUUFA!” Pensei. O resto da noite foi uma grande tribulação. Deitada em minha cama tentando dormir, uma angústia em meu peito, alguns calafrios e uma grande inquietação não me deixaram sequer fechar os olhos, aquela imagem não saia de minha mente, tentava esquecer, mas ela sempre voltava. Aquele rosto, sim eu conhecia aquele rosto, conhecia muito bem, havia sonhado com ele noite passada. Aquela cicatriz, seria muita coincidência se outra pessoa tivesse a mesma cicatriz e no mesmo lugar. Era ele, o homem dos meus pesadelos, era ele, sim com toda a certeza era ele, a mesma feição, a mesma cicatriz, o mesmo corpo, sem tirar e nem por.

Não, isso é coisa da minha cabeça, estou delirando, o dia hoje foi cansativo demais, minha mente deve ter entrado em colapso, em algum tipo de crise, sei lá, qualquer outra desculpa seria bem-vinda contanto que me faça não aceitar que o homem que eu vi é o mesmo que tenta me matar quase todas as noites.

Já são quatro e meia da manhã e eu aqui acordada, não consegui dormir. O medo e a insônia fizeram um complô e decidiram que hoje eu não iria dormir. Deu certo. Minha madrugada se resumiu em “rolar” pela cama. Logo hoje que eu tenho uma reunião com Eduardo – Eduardo é meu chefe, na verdade ele está mais pra um co-chefe, porque quem mantem a empresa em pé e carrega tudo nas costas é Kate –. Essas reuniões são sempre longas e chatas, para tratar dos mesmos assuntos. Assuntos que nunca serão resolvidos.

O despertador é acionado, sete e meia da manhã e eu passei a madrugada acordada, pensando no ocorrido da noite anterior. E se eu fosse na polícia contar o que houve, será que eles entenderiam? Não! No mínimo chamariam um psiquiatra ou me mandariam direto para alguma clínica de “pessoas mentalmente instáveis”. Já não bastasse as pessoas com quem trabalho me acharem louca.

Levanto da cama, calço minhas havaianas e vou ao banheiro. Me olho no espelho e o que vejo é algo horrível, meu semblante está cansado e ainda assustado, olheiras tão grandes e negras parecia que alguém havia me dado um soco em cada um dos olhos. Tomo um gelado e demorado banho, preparo um reforçado café e vou rumo a minha rotina.


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Notas finais do capítulo

~Nota da personagem ~
Que grosseria de minha parte, cheguei enchendo vocês como esse papo de “minha vida são isso, é aquilo” e esqueci de fazer as devidas apresentações, bem vamos lá!
Prazer me chamo Diana, não é “Di” ou muito menos “Ana” é somente Diana! Tenho 29 anos, moro em Springfield, cidade do Estado de Massachusetts.
E isso é o que você precisa saber no momento.
~ Fim da nota ~



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