Não adianta negar, fingir que é inútil, de nada vale lutar contra os fatos. Uma hora na vida a gente tem que se assumir, se contentar com o que tem, olhar diante do momento e aceitar o que ele nos mostra. Eu acordei um pouco atordoada com a luz que veio direto em meus olhos. Assim que me acostumei com a claridade, percebi... Eu estava na cama de Jane, acabara de ter a melhor noite de minha vida, me virei para ver se ela estava lá, mas no travesseiro, tudo que encontrei foi seu perfume único e maravilhoso, ao sentir aquele aroma abri um sorriso imenso, minha felicidade naquele momento é indescritível.

– Bom dia dorminhoca. – Disse Jane encostada na porta enquanto segurava uma bandeja com café, algumas panquecas, frutas e um suco.

– Bom dia, isso é pra mim?

– Sim – Se aproximou e botou a bandeja na cama – Na verdade, para nos duas.

Assim que ela sentou ao meu lado, ela me deu um selinho demorado e depois lançou um sorriso hipnotizante, não pude deixar de notar que eu estava usando a camisa dela.

– Por que estou usando sua camisa?

– Achei que poderia ficar com frio. – Deu um sorriso tímido.

– É muito confortável, tenho que admitir.

– Okay, vamos comer, daqui a pouco temos que ir trabalhar.

Depois de tomarmos café e feita nossa higiene, fomos para a central, em carros separados, não queríamos contar pra todos agora, até porque, nem nos sabíamos o que éramos.

Entramos no elevador e não pude me conter e tive que perguntar.

– Jane, o que somos?

– Eu sou uma detetive, e você é uma medica legista – Disse brincando.

– Falo sério Jane, depois da noite que tivemos eu preciso saber o que somos. – Depois que falei isso ela abriu um sorriso.

– Depois da noite de ontem eu não tenho duvida do que somos. – Meu deu um beijo curto e logo após acariciou meu rosto. A porta do elevador abriu e Korsak estava olhando pra gente com um olhar malicioso, Jane fingiu tirar algo do meu rosto para disfarçar, acho que não convenceu muito, mas não custa tentar.

*****
Sai do elevador depois de ter inventado aquela... coisa, não sabia o que Korsak iria fazer, ou o que iria falar, mas eu apenas fui para minha sala, sentei em minha cadeira, botei meus pés em cima da mesa e saboreei meu café com um enorme sorriso no rosto.

– Já vi que a noite foi longa... – Brincou Frost

– Vai dormir Frost.

– Acho que quem precisa de um sono aqui é você – Riu

Virei os olhos e fui terminar de preencher alguns documentos, os assassinos estavam dando uma trégua nesse dia, não recebemos nenhum chamado. Korsak entrou na sala sorrindo e me encarando.

– O que há com vocês dois? – Perguntou Frost com um olhar assustado.

– Não sei, tem algo que você queira nos contar Jane?

– Não sei do que você está falando. – Me fingi de inocente.

Korsak fez um sinal, dizendo que tinha algo em meu pescoço. – O que? Tira, tira!

– Acho que... – Disse Frost

– Olhe no espelho. – Continuou Korsak me entregando um espelho.

Olhei meu reflexo e vi uma mancha roxa em meu pescoço, provavelmente um chupão. Fiquei toda vermelha e não pude deixar de abrir um sorriso ao lembrar da noite que tive com Maura. E como se minha situação não estivesse constrangedora o bastante, a legista culpada por aquele chupão entrou na sala, fiquei mais corada que antes e meu coração começou a acelerar, sempre fico assim quando estou com ela.

– Jane? Jane!

– O que?!

– Estou te chamando faz dois minutos. Vim te trazer café.

– Ah, obrigado. – Já tinha um café, mas nunca que eu recusaria algo vindo de Maura.

Não tivemos nenhum homicídio hoje, então apenas concluímos alguns documentos e botamos algumas coisas em dia. Já estava tarde, Korsak já tinha ido embora junto com Frost. Quando terminei fui para o necrotério.

– Maura?

– Aqui Jane! – O som veio do escritório.

– Maura, está pronta?

– Sim, só vou terminar isso aqui e... Terminei. – Trocamos sorrisos e fomos em direção ao elevador.

– Maur, acho que Korsak suspeita da gente. – Falei entrando no elevador.

– Por quê?

– Ele nos viu no elevador, e viu o presente que você me deixou – Apontei para meu pescoço.

– Oh well... O que você acha que devemos fazer?

– Assumir aos poucos. – Falei com medo da resposta.

– Concordo. – Ela olhou pra mim e sorriu, então fiz o que fiz, a puxei pela cintura e a beijei delicadamente e depois o beijo foi aprofundando, e ficamos assim até o elevador se abrir, saímos dele como se nada tivesse acontecido.

Naquele momento eu poderia me dizer a mulher mais feliz do mundo, pelo menos uma delas. Com Maura eu sentia que minha felicidade iria ser para sempre, assim como nós duas, e que eu queria fazê-la feliz até a eternidade. Eu amava Maura, e sabia que ela me amava também. Ela foi a melhor coisa que já aconteceu em minha vida... Como eu estou melosa, nem pareço eu falando, qualquer um que me ouvisse falar aquelas coisas, pensaria que eu estou louca, mas essa é uma parte minha que ninguém conhece, a parte fofa, cuidadosa, apaixonada e melosa, uma parte que ninguém conhecera antes.