Apesar dos quinze anos que haviam passado, a vila permanecia sempre a mesma. A paz prevaleceu durante aquele longo tempo e tudo prosperava de forma positiva, Uzumaki Naruto apesar de um grande imbecil, era um grande líder.

Aqueles ninjas maravilhosos que antigamente costumavam brigar por coisas bobas como comida, meninos(as), missões, agora estavam maduros, com famílias construídas e ideais e experiências compartilhadas, prontos pela próxima geração.

Era dia do tão esperado festival da vila que comemorava o aniversário do fim da guerra. Todos os ninjas e cidadãos das cinco grandes nações haviam sido convidados para participar daquele grande evento que teria Konoha como anfitriã. Os enfeites já decoravam grande parte das ruas e casas, tudo tendo sido organizado pela antiga associação das mulheres de Konoha. Tenten, Hinata, Sakura, Ino e até mesmo Temari e Karin haviam se juntado ao grupo.

Tsunade, já aposentava, havia declarado desde o primeiro evento que só ajudaria na parte de bebidas, e embora Shizune tenha tentado impedi-la das três primeiras vezes, desistiu. Ela e o marido, Kakashi, agora tinham de tentar controlar o filho que era um grande pervertido atrás de diversão fácil. Muito perigoso. Perigosamente lindo!

Os kages já haviam se reunido pela manhã e agora estavam espalhados pela vila compartilhado da cultura com as mais diversas pessoas. O único daquele grande grupo que havia mudado fora o Tsuchikage que após sua morte há dois anos teve o lugar preenchido por seu braço direito.

Em um grupo sentado perto da barraca de Ramen se encontrava os três ninjas que haviam mudado a história daquele mundo para melhor. A cabeleira loira e rosa eram as que mais se destacavam, embora o ainda charmoso Uchiha chamava a atenção de muitas mulheres por conta de sua beleza.

Conversavam sobre banalidades com seus colegas, aqueles com quem haviam feito o exame chunnin e passado por diversos obstáculos ao longo da vida, e até o Kazekage se juntara para fazer companhia a esposa e seus grandes amigos.

(Naruto e sua esposa Hinata, Sasuke e Sakura, Ino e Gaara, Tenten e seu marido Tasuki *membro da ANBU*, Karin e Suigetsu, Temari e Shikamaru........)

Não muito longe dali, os costumeiros berros preenchiam a conversa de seus descendentes.

- O que quer Uchiha? Pensei ter dito para ficar longe. – A ruiva declarava nervosa, seu tom de voz mais alto que o normal.

- Uchiha? Voltou a me chamar assim Mya-chan? – O moreno que a acompanhava tinha um sorriso sedutor, embora demonstrasse estar desconfortável.

- Você que tem de parar de me chamar assim. Sou Uzumaki para você! – Sua voz continuava a aumentar demonstrando o quão chateada estava.

- Eu não entendo você. Uma hora estamos conversando e na outra você está gritando e até mesmo se recusando a dizer o meu nome. – Frustrado o moreno socou a parede. – Eu já disse que gosto de você, te chamei para vir comigo ao festival, você aceitou e agora ta assim. Porque não para de fazer jogos, começar discussões sem sentido e me de logo uma resposta? Pedir que eu fique longe sem um motivo não funcionará. Não de novo. – Finalizou por fim, encarando-a.

- Droga, porque você não entende de uma vez.! – Mya se apoiou na mesma parede que ele havia socado instantes antes.

- Porque você não explica, oras! Vamos Mya.. – Ela fez uma careta. – ...Uzumaki, me diga o que está acontecendo.

- Tudo bem, eu irei explicar. – Caminhou furiosa em direção ao moreno pegando-o pelo pulso e levando-o consigo para um pedaço afastado da floresta, uma clareira onde costumavam brincar quando menores. Era maravilhoso, o lugar mais calmo que conhecia, portanto o lugar perfeito para impedi-la de ter pensamentos assassinos naquele momento. Sentou-se virada de costas a ele e começou a contar aquela longa história que guardara durante tanto tempo para si. – Nós nos conhecemos desde pequenos por conta dos nossos pais, então sempre costumávamos brincar juntos, o que nunca foi um problema porque era divertido. Mas então nós crescemos e você virou isso. – Fez gestos estranhos tentando demonstrar a imagem que vinha em sua cabeça. Ela não precisava se virar para saber que ele não entendeu. – Você ficou todo.. bonito. Digno de teu clã.

“Papai sempre me contou histórias sobre como era em sua época na academia, com o tio Sasuke e tudo mais e eu sempre achei graça do dia em que isso aconteceria com você. Ser perseguido e idolatrado por ninjas com hormônios a flor da pele e todo o resto. Mas diferente do tio você adorava toda aquela atenção, adorava que expandissem seu ego ao limite e se deliciava com todo aquele amor e fanatismo. Já eu nunca gostei disso, preferia ficar no meu canto apenas observando, por isso eu me afastei e deixei que você aproveitasse.”

Mya ouviu algo como uma exclamação e antes que ele a interrompesse continuou, ainda virada de costas.

- E embora eu quisesse que você se divertisse era meio solitário. Eu sabia que tinha um monte de amigos com quem eu poderia contar, mas nenhum deles fora tão próximo de mim quanto você. Mesmo assim ignorei e me mantive reservada, você vinha me procurar de vez em quando e por mais que o tempo que passávamos juntos era menor, continuávamos o mesmo de sempre. Grandes amigos. Até que aquele dia, quando comemorávamos o aniversário da Teru *Filha ShikaTema* e você disse gostar de mim. Nós tínhamos quatorze anos e eu achei que não passava de uma impressão momentânea que você teve, confundindo aquela amizade de tanto tempo com algo mais. Então ignorei de novo e pedi que ficasse longe. Você não pareceu incomodado e se virou muito bem depois daquilo, seus...boatos e incríveis feitos com as mais diversas meninas ficaram bem famosos.

“Cada dia você estava com uma pessoa diferente e parecia bem ridículo o fato de algum dia você ter realmente perdido seu tempo pra dizer algo tão sem significado como aquele ‘gostar’. Sem perceber eu estava ficando.. Puta. Em muitos sentidos. Porque aquela palavra ficava batucando na minha cabeça e eu comecei a ficar super consciente sobre você. Demorou bastante para que eu finalmente admitisse para mim mesma que estava gostando de você.”

- Gostando de mim? Então... – A Uzumaki fora interrompida pelo moreno que já estava em suas costas, muito perto.

- Deixe-me terminar. – Levantou-se caminhando ao lado extremo dele e continuou de costas, sem ousar olha-lo. – Eu admiti gostar de você, mas cheguei a obvia conclusão de que aquilo nunca deveria ser divulgado. Você estava se afastando cada vez mais e para mim era claro que a mim você não queria. Deixei que você continuasse a se divertir e me tranquei no meu mundo, onde você não passava de um amigo para mim. Eu estava bem, até você voltar e repetir novamente aquelas palavras estúpidas. Gostar de mim? Não parecia do jeito que você agia. Então as discussões começaram. Eu não conseguia falar com você sem sentir uma raiva imensa, ainda mais quando você vinha com suas ‘amigas’ penduradas em seu pescoço. Eu sentia nojo imaginando aquelas palavras saindo de sua boca novamente naquela situação. Então eu corria. Ignorava. Brigava. Xingava. Era frustrante.

“Então, cansada de fugir, eu decidi aceitar seu convite quanto ao festival. Depois de repetir aquilo tantas vezes, você poderia ter realmente acreditado em suas palavras e quem sabe gostando de mim, nem que seja bem pouquinho.”

Então..- Levantou-se furiosa, empurrando o moreno contra a árvore. – quem você pensa que é Uchiha Daisuke, para quando eu finalmente decidi dar uma chance para isso – Apontou para si mesma e para ele. – você largar a nossa conversa para dar atenção ao grupo de meninas das quais todas você já pegou e achar que está tudo bem em sair distribuindo beijos? Achou que eu deixaria aquilo passar como se fosse algo normal e continuaria com o belo passeio? Eu fiquei muito puta! Eu estou puta! – O soco foi em direção ao estomago do moreno. – Idiota!

Daisuke se contorceu no chão, ela era forte.

- Tudo bem, eu acho que mereci esse.

- Esse? Você merece muito mais. Ainda tem coragem de dizer que gosta de mim? É você que tem de me explicar o que diabos está acontecendo seu imbecil. O que se passa nessa sua cabeça em?- O segundo soco foi segurado e de uma forma desengonçada Daisuke se ergueu.

- Eu também mereço meu tempo para me explicar não acha? – Perguntou, soltando sua mão. – Sem socos, tapas e derivados. – Completou.

- Explicar? Essa eu quero ver! – Mya sentou-se em uma pedra e observou o moreno, atenta as palavras que viriam.

- Sabe, eu não posso negar que sempre gostei de toda atenção que recebia na academia e ainda recebo. Quer dizer, eu sou um homem e ter um monte de meninas atrás de você é bem divertido. – Seu sorriso era sacana, mas vendo a feição que Mya adquiriu decidiu voltar ao assunto principal. - Cinco meses antes da festa da Teru eu descobri realmente gostar de você durante uma conversa patética que estava tendo com o Takumi *Filho Suika*, ele é um idiota, porém ajudou bastante. Eu tentei conviver com aquele fato, mas durante a festa eu agi por impulso e lhe contei. No começo eu mesmo me achei sortudo por você não ter acreditado e feito pouco caso, embora me incomodasse o fato de ter pedido que ficasse longe de você. Eu nunca conseguiria fazer isso. Foi quando eu me deixei levar e me joguei de cabeça em todo aquele fanatismo que elas possuíam por mim. Eu sentia a sua falta, fazia sim aquilo para conseguir conviver com aquela distancia, mas novamente não posso negar que não gostava e nem me divertia. – Daisuke deu de ombros, sentando-se em frente à Mya.

“Mas eu não consegui levar isso muito longe. Aos poucos, por mais que me distraísse com elas você foi tomando cada vez mais espaço na minha mente e aquilo já não surtia o efeito desejado. Já não funcionava mais. Então eu fui atrás de você novamente, disposto a fazer com que acreditasse em mim, que me ouvisse. Porém é claro, você não ficou muito feliz. Nossas discussões começaram e eu estava ficando louco. Você não gostava de mim, ou ainda não acreditava? O porquê de tanta raiva? Eu me perguntava bastante isso. Então entre as regras impostas a mim, sobre eu ter de usar somente seu sobrenome como se fossemos distantes ou completos desconhecidos, aquilo se tornou um jogo, eu me viciei em tentar te desvendar.”

As mãos do Uchiha subiram aos cabelos ruivos, enrolando uma das mechas em seus dedos.

- E no meio de toda essa correria, você finalmente aceitou me acompanhar no festival. E por mais que eu não queira admitir isso, eu pirei. Eu não sabia o porquê de você ter finalmente aceito e aquilo me deixou agoniado. Você queria ir como bons amigos? Quer dizer, nós sempre costumávamos ir juntos quando menores e depois junto com a turma, mas agora seríamos só nós dois.. Eu não sabia como você estava encarando aquilo. Cheguei a pedir conselhos até mesmo para o Takumi. – Mya riu. – Pode não parecer, mas ele me ajuda com todas as incógnitas que você me proporciona. Chegamos ao veredito de que seria melhor observar você, ver como você agiria diante de tudo e se estava ou não encarando aquilo como eu, como um encontro. – Ele bufou frustrado, pegando outra mecha para brincar.

“E por mais que tudo estivesse indo bem, você não deu nenhum sinal de que aquilo era algo mais. Ficamos conversando como bons amigos, nada mais. E embora eu ainda estivesse angustiado eu estava..ahn....feliz! Era bom estar com você sem brigas depois de tanto tempo. Não que isso tenha durado muito. – Novamente a frustração estava inserida em cada palavra que proferia. – Elas chegaram e me chamaram para conversar, eu achei que seria uma boa ideia para me acalmar, a desculpa perfeita para sair um pouco e buscar ar longe de você onde minha barriga não dava aqueles malditos sobressaltos e minha mão não suava tanto a ponto de pingar. – Daisuke riu sem humor. – Eu juro que foi só um beijo na bochecha, eu já estava mais calmo e pronto para voltar, mas aquilo era um costumo sabe. Então você já tinha me mandado ficar longe e depois veio com aquilo de lhe chamar novamente somente de Uzumaki.”

- Só um beijo na bochecha? Costume? – Mya riu, um riso gostoso e alegre. Não parecia mais estar borbulhando de raiva. – Isso quer dizer que gosta de mim, mas é estúpido demais para fazer algo direito? E que é egocêntrico demais para resistir à atenção? Somente um grande babaca que gosta de mim?

- Ok, embora esteja certa sobre isso, ofendeu. – Soltou as mechas e se levantou, inclinado-se e segurando o rosto de Mya entre as mãos. Seus olhos se encontraram e fitaram-se durante longos segundos. – Você finalmente acredita que eu gosto de você, apesar de não agir conforme tal?

- É, eu acredito. Você não é bom o suficiente para inventar uma mentira desse nível tão rápido. – Mya riu debochada, retirando a franja de Daisuke de seu olho e apoiando a mão em seu pescoço. – Mas não quer dizer que estamos resolvidos.

Daisuke encarou Mya interrogativamente.

- Não? Quer dizer, por mais que não parecesse e nenhum de nós tenha deixado implícito, isso era um encontro. Acabamos de admitir gostarmos um do outro então acho que está bem resolvido. Você é minha namorada, se aceitar é claro. – Riu sem graça.

- Eu aceito. É claro, se você não ousar me ignorar novamente quando sua ‘fãs’ aparecerem. Ou pedir algum conselho ao Takumi novamente. – Mya riu e Daisuke terminou com a distancia entre eles. Um beijo calmo, a Uzumaki não tinha experiência nenhuma e Daisuke a guiou. Quando se separaram, as testas se tocaram a espera da recuperação do ar.

- Obrigada Uchiha!

Um estalido foi ouvido e se separaram assustados.

- O que está fazendo com a minha filha Uchiha Daisuke? – O Hokage Uzumaki Naruto se encontrava na entrada da clareira sendo segurado por Hinata que tinha um sorriso calmo, quase incentivador.

- Esse é o meu filho! Orgulho do pai. – Foram as últimas palavras, vindas de Sasuke, antes que os dois adolescentes dessem uma escapada deixando as risadas de Sakura e os protestos de Naruto para trás.