O Chalé era bem bonito e parecia confortável para se passar seis dias. Infelizmente fiquei no mesmo quarto que Marília e Letícia, com sorte elas iriam zoar a Novata que estava no mesmo quarto e não eu. Mas por outro lado era bom. Eu pode ria ficar de olho na conversa das duas sobre o que elas estavam planejando para mim.

Depois de guardar suas coisas a maioria dos alunos foi para a piscina. Eu nem tirei nada da bolsa, só joguei-a encima da cama e sai. A novata foi à cozinha ver como iam ficar as refeições e eu fui caminhar um poouco.

Fui até os limites da propriedade que era rodeada por uma cerca branca recém pintada. Ao longe era possível ver o suntuoso prédio do seminário que parecia datar do século passado. De repente me vaio algo á cabeça. Olhei para todos os lado e não vinha ninguém então pulei a cerca. Corri o mais rápido que pude, agradecendo por estar de botas, pelo mato alto em direção ao seminário. Eu não sabia no que isso ia dar. Cheguei e encostei-me ao muro ao lado de uma abertura em que era possível enxergar lá dentro. Olhei para mim mesma analisando se eu estava vestida adequadamente. Eu vestia uma cacharréu verde azulada e um sorte da merma cor, uma regata branca com um bolero jaqueta preto por cima. Meu cabelo estava uma parte preso em um coque defiado com uma franja repicada jogada no rosto e o resto estava caído em meus ombros de um jeito bonito e bagunçado. Meus olhos como sempre estavam esfumaçados de preto e eu usava um batom claro cor de pele.

me aproximei da abertura e realmente era possível ver lá dentro. Era um espaço com muita grama e árvores. No centro havia uma espécie de capela, alguns jovens andavam por lá lendo suas bíblias ou conversando com uns senhores de barba. Tudo parecia ter uma grande paz. Fui rodeando as aberturas arquitetonicas no muro até que sem querer cheguei a um portão. Não era o principal pelo qual passamos de ônibus era um menor e estava sendo vigiado por dois jovens padres. Ele me lharam confusos e curiosos.

– Podemos ajuda-la? - um deles perguntou

Eu não sabia o que dizer. Não esperava encontrar ninguém ali. Lembrei rapidamente de mostrar meu crachá que mostrava que eu estava hospedada no Recanto Filipinas.

–E..eu sou do..

– Ah, me desculpe você é do recanto e veio conversar com o Frei George sobre nossa visita hoje a noite? - o mais alto explicou

– é é sou sim. - como eles me deram a informação tão fácil?

– Então pode seguir nessa reta até a capela. Ele estará la dentro, é só perguntar por ele.

– Ah, obrigada.

Passei rápido e fui em direção á capela só pra disfarçar. O que eu estava fazendo ali? Passei da capela e parei em uma espaço verde e gramado. O sol deixava tudo mais bonito. Olhei ao redor procurando por outra saída. Passei o olhar por um jovem padre, imediatamente voltei a olhá-lo. Ele vinha em minha direção.

Ele estava mais alto, cabelo cortado, a expressão sadia e de bom humor.

José.

– Luana? É você? - ele fechou a bíblia que estava em suas mãos

Era José, o padre que falava comigo.

– O que está fazendo aqui? Como entrou?

José estava ali na minha frente!

– Luana, tudo bem?

Ele parou de falar e me abraçou. Eu não sabia o que fazer.

– Oi José!

Nos soltamos. Ele olhou pra mim me analisando.

– Você ta...diferente.

– Nossa, você ta lindo.- as palavra escaparam da minha boca

Ele ficou meio sem graça.

– Ér..como entrou aqui? Você que é a representante do grupo do recanto?

– È, claro..quer dizer...não!

Ele riu e sua boca perfeita fechou-se em um lindo sorriso.

– A nossa escola ta aqui? No recanto? - me surpreendi por ele usar "nossa escola"

– POis é... é a viajem de fim de ano e...- percebi que um padre mais velho nos observava bem ao longe, era hora de ir - José, eu tenho que ir, a representante me espera, eu vim com ela sabe...

– Ah, ta. - ele parecia ter sido tirado de um devaneio, percebi que na verdade ele olhava pra mim - eu te vejo a noite? Alguns rapazes vão lá falar sobre o seminário.

– Aham, tudo bem. Tchau!

Corri de volta ao portão que dessa vez não tinha ninguém. Corri de novo de volta ao recanto pulei a cerca. Parece que eu não tinha sido vista.Eu tinha certeza de que estava sorrindo, mas teria que me recompor pra ninguém ver. Entrei no quarto e só pude ouvir algo como " acho que isso da..." antes que Marília e Letícia parassem de falar. Elas olharam pra mim e conteram algumas risadas. Eu me sentei na minha cama e comecei a fuçar meu celular.

– Ei, Luana.- disse Marília

Eu olhei pra frente. Porque ela estaria falando comigo?

– Nós vamos dar uma festa na última noite aqui do Recanto e queriamos que você fosse, tudo bem? -ela me estendeu um convite em papel preto que eu amei no primeiro segundo.

Não parecia uma má ideia. Eu ja vira outras festas organizadas por Marília e sempre foram normais.

– Tudo bem, estarei lá.

– Ah! Que ótimo! - Letícia deu um gritinho - vai ser demais Lu!

Me surpreendi com a reação delas. As duas subiram em minha cama e começaram a falar animadamente sobre quem iria e como seria. Parecia que queriam ser minhas amigas. Então elas não me odiavam? Só queriam que eu fosse a uma festa delas? Não fiquei totalmente sossegada. Essa podeira ser a tal ideia da Marília. Elas deram um convite para a Novata também, então minhas suspeitas diminuiram um pouco mais. Porém, eu ainda ficaria de orelhas em pé.