Não era a primeira vez que Draco Malfoy se pegava observando a "sangue-ruim", como o próprio denominava, Hermione Granger.

– O que você está olhando Draco ? - Disse o amigo Goyle - Está tão distraído ultimamente ...

– Não estou olhando nada ! - Disse, desviando o olhar rapidamente.

– Achei que estava olhando a "sangue-ruim" e o ...

– Achou errado.

Mas de soslaio, deu mais uma olhada para a menina. Com toda certeza odiava a prepotência dela, porém, ultimamente vinha pensando nela mais do que gostaria. Ficava com raiva em vê-la constantemente com Harry e Rony e por ser a número 1° da classe. Na verdade, tantas coisas nela o irritavam , mas não sabia porquê pensava tanto nela.

– Draco ?! vamos para a Sala Comunal ? - Disse Crabbe.

– Vão andando, Goyle e você. Tenho umas coisas pra fazer, não demoro.

– Mas o que ...

– Não enche Goyle ! É coisa minha, já disse para irem andando.

Assim que seus amigos saíram, Draco ficou a observando, até Hermione se despedir de Harry e Rony e ir para a biblioteca sozinha. Seguiu-a. Quando estavam num corredor deserto, Draco verificou se não havia mesmo ninguém e quando teve certeza, chamou :

– Ora, Ora ! Granger !

Mione olhou para trás, assustada com o grito repentino, mas quando viu quem era, revirou os olhos, e prosseguiu em seu caminho. Draco, correndo, a alcançou e disse :

– Não ouviu eu te chamar Granger ?

– Ouvi, mas não estava muito a fimem te dar atenção. Se você me der licença agora ...

– Acalme-se Granger ! Só quero conversar !

– E seus amigos ?

– Eles são uns bacacas ...

– Entendi porque são seus amigos ! Olha Malfoy, não tenho assunto e muito menos interesse em falar com você. Faça como sempre : me ignore. Fico bem melhor assim, você não fala comigo e eu não falo com você. Então, adeus ! passe bem.

E saiu. Naquele instante, Draco disse algo bem alto, para que ela pudesse escutar :

– Sangue-ruim ...

Ele disse a si mesmo, que se quisesse falar com ela, conversar sem ofensas, ele teria que ser mais gentil. Ela não parecia ser tão insuportável como ele imaginava, mas seus amigo eram. Harry, aquele esnobe com a sua ridícula "fama" e o seu figurante pobre Rony Weasley, ele pensava. Mas via a menina Granger diferente, petulante e metida a saber de tudo sim, mas ajudava seus amigos, sempre estava lá quando precisavam. Ela não era tão má assim.

Draco foi até à biblioteca. Não era seu lugar favorito, mas valia o esforço. Encontrou Hermione sentada e concentrada no seu livro. Decidiu arriscar :

– Granger ? Hmmm... Hermione Granger ?

– Fale mais baixo ! e - Se surpreendeu ao ver Draco, - Hã ... Draco ? você por ... O que está ...

– É que eu queria te pedir desculpas ... Tenho sido uma pessoa tão má com você ... E apesar do seu sangue ser tão inferior ao meu, descobri que isso não faz seu caráter, então ... - Ele dá um sorriso genuíno.

– Draco, onde exatamente você quer chegar ? Como se encheu de compaixão assim ? Eu não entendo seus motivos para ataques repentinos de culpa.

– Eu só queria me desculpa com você ! Poderíamos até, quem sabe, ser amigos, claro, desde que ninguém saiba. E não te acho tão petulante quanto seus amigos. Na verdade, você é bem melhor que eles, e por isso, quero que seja minha amiga, por mais que sejamos tão diferentes e seu sangue tão po... - Então, ele a olhou, e ela estava chorando. Ele queria ter percebido antes. - Eu juro que não vou me importar com isso, e por que você está chorando ?

– Draco você é tão ... Tão idiota, insensível, mau, infeliz, insolente, tolo, irritante, cruel, altivo, tão cheio de si ... Só tenho coisas ruins para falar de você ! Só me diz uma coisa : Sério, como você não percebe o quanto magoa as pessoas ? Ser tão desagradável assim flui naturalmente ? O jeito como você fala, como classifica as pessoas ... - E desabou em lágrimas. Draco quis muito abraçá-la e tentar dizer coisas boas, ao invés disso, ficou quieto e calado.

– Eu não quero ser amiga de uma pessoa que me acha inferior à ela, e ainda por cima, em segredo. Nunca ouvi coisa mais ... Olha, por que não me deixa em paz ? Aceito suas desculpas, mas não quero aceitas suas propostas e condições. Agora, vou indo. - Ela se levantou e recolheu os livros.

– Granger, só tenho mais uma coisa a te propor. - Disse Malfoy, no seu desespero para não vê-la escapar de suas mãos, assim, tão facilmente.

– Pode dizer. Creio que não vou aceitar, mas estou disposta a ouvir, se não for algo completamente absurdo.

– Eu quero que você marque uma data para se encontrar comigo.

Hermione ficou boquiaberta, completamente surpresa. Por essa ela não esperava. Não sabia o que falar , então, se sentou novamente aguardando mais informações.

– Que foi ? Estou pedindo demais ?

– Eu disse que não era pra ser algo completamente absurdo.

– Não acho que seja. Estou pedindo para marcar uma data para me encontrar, então, quando decidir por uma, vir me procurar e me deixar sabe quando é. Enquanto isso, vamos mantendo as aparências, você não conta nada a ninguém e eu também não. Se já estamos entendidos, é melhor eu ir embora. Até !

Ele saiu da biblioteca e viu que já estava anoitecendo, precisava ir jantar, mas estava tão satisfeito que estava sem apetite. Finalmente tinha tido coragem de falar com ela. Estava tão feliz.

– Draco, espera por favor !

Apesar de haver alguns alunos de outras casas nos corredores, ele não se importou se olhassem ou comentassem. Do modo despreocupado como ela andava, também parecia não se importar. Draco a admirou tanto, e segurou muito um sorriso quando a viu vindo em sua direção.

– Sim ?! - Disse ele, tentando ser sério.

– Por que quer que eu marque uma data e quer um encontro ? E por que eu, e não você ? Eu não consigo entender.

– Quero que VOCÊ marque uma data, porque VOCÊ vai me mostrar quanto tempo demorou para me perdoar e esquecer as bobagens e ofensas que eu te disse.

– E qual o motivo do encontro ?

– Vou precisar te dizer umas coisas.

– Por que não diz agora ?

–Preciso estar preparado para dizer certas coisas. Quando estiver pronta, pode me procurar. Marque o dia e o lugar. Eu vou.

– Não sei, mas me sinto assustada. Quem garante se não é uma emboscada, uma brincadeira sua e de seus amigos ? Você não é muito confiável.

– Acredite ou não, estou sozinho dessa vez, e não faria nada sozinho geralmente, nenhuma brincadeira. Só quero um tempo com você, é que não tenho uma palavra melhor do que "encontro".

– Que tal "troca de ofensas" ?

– Não vai ser isso. Enfim, terminada suas dúvidas ?

– Por hora sim, mas continuo com o pé atrás.

– Então, espere e verá. Bem, eu tenho que ir. Então, está tudo combinado ?

– Acho que sim. E isso fica entre nós, como sei que você quer que fique. Vamos indo. Ou melhor, vá na frente !

Draco foi para seu dormitório, quase não acreditava que tinha se mostrado tão seguro, o que não era verdade. Pelo menos, ele teria um momento a sós com Mione, no dia que ela achasse melhor, ele poderia ...

– Draco ! - Gritou Goyle, chutando a porta do quarto. - Por que não apareceu para o jantar ?

– Estava delicioso ! adivinha o que tinha de sobremesa?

– Não estava com apetite Crabbe. Alguma novidade ?

– Amanhã será feita a escolha dos alunos que participarão do Torneio Tribuxo.

– Que bom ! Tenho certeza que esses alunos das outras escolas são superiores a esses ... Enfim !

– Hmm ... Draco ?!

– O que foi, Crabbe ?

– Por que você está tão esquisito o dia todo ?

– Esquisito como ?

– Como ? Você acabou de me chamar de Crabbe.

– E qual o problema ?

– O problema é que sou o Goyle.

– Ah, me desculpe. Estou bem, só pensativo demais.

– Tramando alguma coisa ?

– Dessa vez não. Vamos sossegar um pouco.

✰✰✰✰

– Mione, por onde andou ?

– Estava na biblioteca, Harry.

– Por que não apareceu para jantar ? - Perguntou Rony.

– Estava sem fome.

– Puxa, Hermione. Como você consegue ser tão louca por livros ao ponto de nem querer comer ? Isso é muito ...

– Aconteceu alguma coisa Hermione ? - Perguntou Harry preocupado.

– Não, estou bem. Obrigada por perguntar Harry.

– Pessoal, ânimo ! amanhã ...

– Sabemos Ron ! Se não se importam, vou me deitar.

Hermione percebeu que tinha deixado Rony e Harry desconfiados, mas em hipótese alguma, poderia contar à eles o que tinha lhe acontecido. Ainda estava confusa, não sabia o que Draco pretendia, isso a irritava demais. Não queria confiar, mas já confiando no que ele tinha dito. Ela queria tanto saber a opinião de seus amigos, apesar de já imaginá-las. De repente, ela parou e se tocou. Draco queria se encontrar com ela. No susto, ela não tinha se ligado na gravidade disso. O que ele tanto queria com ela ? O que queria falar que teria de esperar um tempo ? Tantas perguntas lhe tiraram o sono. Ela se pegou vendo o melhor dia para se encontrarem. Teria que parecer um dia comum, depois das aulas, talvez na biblioteca, ou algum dos corredores vazios do Castelo ... Quando ela percebeu nas bobagens que estava pensando, sorriu e chamou-se de tola. E quando finalmente dormiu, sua mente ainda fantasiava seus momentos com Draco.