Todos estavam muito ansiosos. Depois de muita resistência, Leigh conseguiu ser convencido por Rosa a deixar a cidade. Pelo menos até as coisas terminarem. Era véspera do dia do eclipse lunar. O clima era tenso. Estávamos todos nos concentrando. Nath aparentava não dormir por talvez toda essa semana. Lys e Cast estavam discutindo sobre golpes que aprenderam no último ano. Rosa estava falando ao celular com Leigh. Fiquei testando algumas magias. Deviam ser umas 15:00h quando ficou estranhamente quieto. Sem barulhos de carro ou de pessoas com cachorros... nada. Rosa olhou o celular confusa.
–A ligação caiu...
Abri a porta e saí. Todo o bairro estava coberto de neve. O esquisito é que não tinha nenhuma neve antes. Todos saíram. Não tinha mais ninguém na rua. As casas pareciam abandonadas. Antes do silêncio dominar, ouvimos um barulho de neve afundando... Um barulho de passo. Nos viramos e a casa da Rosa e todas as outras haviam sumido. Era apenas nós no meio do nada coberto de neve. De repente, começamos a se engolidos pelo chão. Parecia como areia movediça, só que com neve. Tentávamos sair mas era força em vão. Quando a neve estava no pescoço senti meus pés suspensos, então fomos inteiramente engolidos. Caí por mais poucos metros até parar em uma sala vazia. As paredes eram de pedra e havia uma porta preta. Lysandre era o único comigo.
–Onde estão os outros ? -Perguntei.
–Provavelmente em outras salas, eu espero.
Caminhamos até a porta preta e abrimos... Não fazia sentido... Saímos e demos de cara com um barranco. Mais abaixo tinha uma linha férrea. Vimos um trem. Lys e eu deslizamos no barranco e pulamos em cima do trem em movimento. Achei uma entrada alguns metros dali. Entramos no vagão e fileiras de robôs estavam á nossa espera. Eles se posicionaram. Lysandre começou o ataque como o excelente espadachim que ele é. Os outros então atacaram. Dois investiram em mim, pulei pra trás e os cortei com minha arma transformada no par de facões. Chutes, golpes, cambalhotas. Lys e eu trabalhamos bem juntos. Mais à frente apareceu um robô que tinha canos de Minigun como mãos. Ele atirou freneticamente e Lys desviou todas as balas. Fui pra cima dele, me livrando dos outros robôs. O acertei na perna e na cabeça, ele caiu soltando faíscas. Saímos do vagão e fomos para uma área aberta. Mais robôs estavam de prontidão. Atacamos com chutes e golpes seguidos. Juntei e dobrei meus facões transformando-os em uma pistola com uma lâmina na ponta. Segurei a longa fita preta no cabo e lancei a arma no robô. Ele desviou da lâmina. Puxei a fita e o cortei por trás. Lysandre e eu continuamos assim até acabar com todos. Entramos em mais um vagão. Na frente de uma porta preta, igual a que nos levara pra esse lugar maluco, apareceu um robô de quatro pernas, duas Miniguns nos ombros e mais dois canos de arma no lugar de cada mão. Ele devia ter uns 7 metros de altura... possivelmente mais. O mesmo disparou bolas de energia. Lys e eu desviamos das grandes esferas azuis. Investi na cabeça dele, mas um campo de força me bloqueou. Fui jogada pra longe. Perdi um pouco o foco. Senti Lys me pegar e me tirar dali. Fiquei sã de novo. Não tínhamos chance de atacar diretamente e pra piorar o robô fez outro disparo. Dessa vez foi uma rajada de energia. Criei um campo de defesa, mas mesmo assim o impacto derrubou Lysandre e eu pra fora do vagão.
–Ema, tudo bem ? -Perguntou Lys.
–Sim. -Respondi me levantando.
–Vou ver o que essa Katana é capaz de fazer... Mas preciso de tempo...
–Certo. Cuidado.
Avancei no robô, desviando de seus disparos. Cravei a lâmina da pistola na cintura dele. Dei um super salto graças ao que restou do meu poder vampírico. Puxei a fita, causando um corte. Depois dei giros no ar, dando repetidos golpes no robô. Talvez só a cabeça era protegida. Voltei pro chão e transformei minha arma no par de facões. Atingi as pernas dele. Pulei e me segurei em frente ao seu rosto. Transformei meus facões em arma novamente e disparei diversas vezes. Mas as balas não o atingiam apenas caíam inutilmente. Dei um triplo mortal pra trás e fiquei ao lado do Lys. O robô se reequipou fundindo as armas dos ombros com as das mãos.
–Vai. -Falou Lys.
Corri para o mais longe que eu pude. Leigh tinha me dito para nunca, em hipótese alguma, ficar perto do ataque verdadeiro da Katana. Depois de poucos segundos correndo senti um leve arrepio na nuca. Olhei pra trás e vi apenas Lysandre...literalmente. Tudo à sua volta tinha sido destruído e caiu do trem. Nenhum vestígio do robô. Lys caiu ajoelhado. Corri e o peguei antes de cair por completo. Ele estava suando e ofegante, e com os olhos bem fechados. O poder da Katana exigiu muito dele.
–Estou bem, vamos continuar. -Ele tentou se levantar.
–Você está exausto, descanse. -Falei o empurrando de volta pro meu colo.
Ele não protestou. Olhei em volta e me toquei de uma coisa: Quem estava no comando do trem?