POV Percy

Insônia definia Percy naquele momento. O garoto estava com olheiras fortes, os olhos muito fundos e seu cabelo todo embaraçado. Passava bastante parte do dia no chalé de seu pai. Percy decidiu então dar uma volta pelo acampamento. Seguiu para fora do chalé e andou em direção ao lago, onde mergulhou.

A água sempre o deixara mais calmo, estar no ambiente de seu pai. Porém não estava tendo o mesmo efeito. Percy começou a se estapear, socar e arranhar. Estava nervoso, ansioso e tenso. Ele então fechou os olhos, tentou se acalmar, contudo era difícil. Saiu da água e foi até Piper, que estava no chalé de Afrodite.

—Ah... Piper...? —Ele falou na porta do chalé.

—P-P-Percy?! —Ela gritou e correu até a porta do chalé. —Deuses você está horrível!

—Obrigado...

Piper fez um gesto para que ele entrasse. Levou-o até seu quarto e ofereceu-lhe um pouco de água.

—Piper... Preciso de sua ajuda... —Percy começou a falar. —Estou com um oceano de confusões na cabeça. Você entende de amor, precisa me ajudar!

—Claro Percy. —Ela respondeu. —Pode contar comigo. Conte-me tudo!

—Desde que Nico salvou-me... Desde o momento em que ele revelou gostar de mim...

Ele fez uma pausa.

—Sinto que preciso proteger Nico. Preciso fazer isso. Não sei se estou confundindo meus sentimentos pelo garoto. Ele já sofreu tanto, eu sou o herói dele... Ou era... Ele precisa de mim! E eu preciso dele... Mas e Annabeth? Eu também a amo! Está tudo tão embaraçado...

—Percy, acalme-se. —Piper suspirou fundo. —Olha, você já parou para pensar se o que sente por Nico não é um... “Amor de irmão”? Você quer protege-lo, faz sentido. Você não sente o mesmo por... Tyson? O sentimento é diferente do que você sente por Annabeth. Eu acho.

Ele olhou para Piper, pensando na possibilidade de ela estar certa. Um zunido ecoou o chalé de Afrodite. Um brilho rosa atravessou as portas do quarto de Piper.

—Ah santa Afrodite... —Ela reclamou. —Deve ser mais uma das brincadeiras do Valdez. Ele têm andado muito com os filhos de Hermes...

Piper levantou-se, a porta então abriu. A luz rosa era intensa e tão forte que chegava a quase deixar cego. O brilho então cessou.

—Ma-ma-mãe...? —Piper parecia pasma.

—Eu mesmo querida. Vim ajudar seu amigo. Ele parece atormentado...

Percy fitou Afrodite.

—Percy querido, o que sente por Nico, é o mesmo que sente por Annabeth, não é?

Percy parecia estar carregando informações, passou a fitar o nada.

—Isso mesmo... O que sinto por Tyson é diferente do que sinto por Nico... Queria dizer que não, mas o amor que sinto por Annabeth... É o mesmo que sinto por Nico. Isso está me deixando louco! O que devo fazer?

—Apenas siga seu coração. —Afrodite começou a falar. —Siga seus sentimentos. Amor é algo lindo! Se seu coração diz “Nico”, então é nele em que você deve investir seu amor.

—Mas Nico e eu somos... Nós somos...

—Percy. —Piper interrompeu. —Não importa se quem você ama é gordo ou magro, alto ou baixo... Nem se é um garoto ou garota. Amor não se escolhe. E não é algo que você seja obrigado a sentir por alguém do sexo oposto. Se você ama, o que isso importa? Você ama essa pessoa. Isso é amar Percy, independente do sexo, cor, ou tamanho.

—Essa é minha garota...! —Afrodite comentou e sorriu para Piper.

—Muito obrigado Piper. —Percy agradeceu. —E senhora Afrodite...

—Senhora?!?

—Afrodite...

Afrodite sorriu e desapareceu. Percy agradeceu Piper novamente, levantou-se e voltou para o lago. Apesar da ajuda de Piper e Afrodite, precisava de seu pai. Ajuda de alguém que fosse mais próximo... Ou quase isso. Percy fez uma prece silenciosa, chamando o pai. Por um tempo, pensou que nada iria acontecer. Desistiu.

Porém, um tempo depois, o lago começou a borbulhar. A água começou a esquentar. Poseidon então apareceu e abraçou Percy.

—Pai...

—Está tudo bem filho. —Poseidon interrompeu. —Se está com medo da sua escolha, não precisa ficar assim. Eu estou do seu lado! É claro que muitos irão julgá-lo, dependendo de sua escolha. Mas você tem seus amigos. Tem sua mãe. E tem a mim. Estou do seu lado, meu filho. Todos estão.

Percy abraçou o pai mais forte ainda e começou a chorar.

—Obrigado! Muito obrigado, pai!