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Era uma noite bem mais quente que de costume e, como se Portugal já não estivesse desconfortável o suficiente com os mosquitos, era obrigado a vestir aquelas cores nojentas que não lhe pertenciam no meio de um cerco para o qual fora mandado, mandado.

Sim, fora mandado. Enviado simplesmente não funciona nessa situação, portanto, mandado. Enfim, por isso estava ali: Segurando Holanda de joelhos pelos cabelos. Sim. Seguia ordens. Ordens.

Mas, mesmo estando só seguindo ordens, mesmo sabendo disso, nada o impediu de quase implorar quando viu um familiar montinho de cabelo negro e olhos escuros casados com uma expressão que chocada seria um eufemismo.

"Antônio... Antônio, por favor, não me faça fazer isso..."

"Ele já teve três avisos. Não quero ele aqui. Faça."

"Não aqui. N-Não agora, digo, não na frente - "

"Agora."

Talvez fosse o tom do espanhol logo atrás dele, mas Portugal sabia que não podia fazer nada. Eram ordens. Não podia fazer nada, além de tentar ignorar o sangue tossido a cada golpe que dava até dito espanhol cansar da exibição e pará-lo.

"Acho que ele já entendeu, digo, espero que ele já tenha entendido. Pode jogá-lo naquele canto ali, Afonso." Antes de se dirigir à criança-país que não se movera nem um centímetro. "Ah. Brasil? Não tinha visto você aí, niño. Vem aqui."

Se o garoto estava com medo, não demonstrou, na verdade, nem o espanto visto anteriormente estava presente. Via-se nada em seu rosto enquanto se dirigia ao espanhol apontando para o holandês.

"Por que fez isso?"

"Haha! Ele estava aqui na sua casa. E eu não gosto disso."

"Por que não?"

"Porque eu não gosto do Timmy ali."

E para o português. "Por que você fez isso?"

A resposta veio do espanhol. "Haha! Ele tem que fazer tudo que eu mandar!"

"Por que?"

Espanha abaixava-se para olhar o menino nos olhos. "Não existe jeito fácil e, ou, legal de dizer isso. Para você pelo menos. Nesse caso. Mas não é tão ruim assim... Você é meu agora."

"Não. Não sou. Sou de Portugal."

"Haha. Mas, veja só, essa é a parte engraçada, ele também agora é meu."

Brasil olhou suplicante por uma resposta para o português que ainda não lhe olhava nos olhos. "Como?"

E, novamente, a resposta veio do espanhol. "Calma, niño. Não foi guerra, se é isso que está perguntando. Bem... Meio que foi uma guerra. Mas não entre a gente. Enfim, por causa disso, agora eu sou o chefe do nosso querido Afonsinho e, por tabela, seu também."

O garoto ainda olhava para a ex-metrópole? que ainda não levantara a cabeça com o mesmo olhar.

"Realmente espero que possamos nos dar bem."

"...Fonfon..."

Antônio aproximava-se mais ainda na altura do paíszinho não perdendo o sorriso do rosto, olhos escurecendo.

"Algum problema, Brasil?"

Olhando de relance para o loiro ensanguentado e inconsciente no chão antes de voltar a atenção para Espanha, olhos entendendo talvez muito mais do que alguém tão novo deveria, Diogo respondeu com a voz impassiva.

"Não, nenhum problema."

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