Uma chuva repentina encharca a cidade
(Yuudachi no koutei machi no naka)
Eu aceno de leve, te digo adeus
("Sore ja mata ne" to chiisaku furu yo)
E meus olhos te seguem enquanto você passa pela catraca
(Kaisatu no saki me de oikake te)
Nada nunca acontece como o esperado
(Kitai doori ni wa nakanaka ne)

Secretamente, ou nem tão secreto, meus olhos se perdiam sobre suas costas novamente e era surpreendida pelo girar repentino de seus calcanhares. O seu jeito galante, apesar de sempre ter parecido uma garota para mim. Talvez esse fosse o maior motivo por ter gostado de você, por não ser tão intimidador.

Mas, eu descobri que nenhum garoto gosta realmente de ser comparado com uma garota, pois isso acaba com o seu senso masculino próprio. Talvez... Só talvez eu deva medir minhas palavras antes de deixar que elas escapem rapidamente, embora muitas vezes eu engulo o que realmente deveria dizer.

Mas, Tanaka-kun voltou para minha vida. Suas costas... Seus ombros... O cabelo tocando suavemente sua nuca... Sua altura... Seus braços. Nada parece o mesmo de alguns anos atrás. Exatamente nada... Não, seus olhos permanecem iguais, mas toda vez que fala comigo, é como se realmente ele não pudesse me ver... E embora eu batesse na porta, era como se ele nunca estivesse em casa.

Porém, mesmo sendo o Tanaka-kun, ainda não era o Tanaka-kun que havia conhecido... Era alguém distante, frio. Talvez até mesmo egoísta... Mas, ele me protegeu diversas vezes. Ele enxugou minhas lágrimas diversas vezes e me respondeu coisas que não precisaria responder, mesmo dizendo que estava me metendo em sua vida demais.

Hoje o tempo se arrastou novamente
(Nanika ga koware te shimai sou de)
Como se algo não estivesse certo
(Mata kyou mosugite yuku)

Mas ele estava tao diferente.

— Não sei do que estou reclamando, me tornei uma porca para agradar as garotas da escola. - Resmungava, em um misto de censura contra meus próprios pensamentos confusos.— E acabou que no fim, nada deu certo do que havia planejado.

Mas, de alguma forma, eu tenho entendido ele. E peço para Deus que os outros também o tenham entendido, nem que seja ao menos um porcento. Eu não me importo. Apenas não quero que ele se sinta sozinho.

Eu fui descobrindo o Kou aos poucos. Ele odeia salsa. Ama gatos. Ele diz coisas más, mas na verdade, ele é gentil.

Será que o trem vai te levar embora para algum lugar?
(Reeru wa kimi wo hakondeyuku kana)
Vou seguindo esse mesmo caminho para casa
(Itsumo onaji akita kaerimichi)

É estranho pensar que no começo, pensei que estaria esquecendo quem ele foi no passado e o que se tornou agora... Em apenas chama-lo de Kou... Mas, a verdade é que ele sempre será o mesmo, apenas um tanto machucado.

— Ele realmente me lembra um gato! - E com tal frase dita em voz alta, começava a gargalhar no meio da rua.

— Tão barulhenta...

Aquela voz... Eu a conhecia. E girando o corpo parcialmente, meus olhos encontravam-se com aquele que andava invadindo meus pensamentos, mais do que o comum.

— Kou! - E subitamente, sentia uma vontade de pular-lhe sobre o pescoço e o abraçar tão calorosamente, que o faria querer me bater, mas apenas escondia o rosto por baixo da franja e tocava na mesma, de forma constrangida.

E sem esperar, ele passava ao meu lado, tocando suavemente seu punho sobre o topo de minha cabeça e seguindo em frente. Esse era sempre o Kou que eu conheci. O garoto que sempre segue em frente, mesmo que ele fosse parecido com uma garota tímida no passado... Ou mesmo que ele finja todas as coisas ruins que ele finge atualmente... Ainda é o Kou que eu conheci, em alguma parte ali, ainda existe o Kou que conheci. O Kou que me apaixonei e continuo apaixonada.

Deveria ser tão simples
(Matometa kotoba)
Poder te dizer isso
(Tanjun nanori na)
Porém, não consigo colocar em palavras. Por que será?
(Itsumo umaku ie nai no wa nande darou)
Por que será?
(Nande darou)

E mesmo que ele mude tantas outras vezes. Mesmo que ele suma tantas outras vezes. Mesmo que em qualquer dia eu não o veja mais, ainda assim, o destino irá nos juntar e fará com que meu antigo hobbie de "sempre olhando para você" novamente volte a tona. Não importa onde. Ou quando. O destino sempre vai fazer com que eu olhe como seus ombros cresceram. Ou como suas pernas esticaram. Ou como seus braços ficaram mais fortes. Ou em como sua face ficou mais máscula. Não importa, Kou... Pois eu sempre estarei aqui, olhando por você... E para você.

— Ah, eu sempre irei estar aqui... - E naquele momento, se meu rosto pudesse pegar o vermelho mais forte, ele com toda a certeza o fez.

— Ãhn?! - Fora a única coisa que ele disse, certamente pensando que estou louca de vez...

Mas deixarei que ele pense isso, somente neste dia.

— Nada de mais... - E cantarolava essa pequena frase.

~EXTRA~

Quando me dei conta estava apaixonada por ele novamente, ou talvez o sentimento nunca tenha ido embora, e a Makita me fez ver o que eu não queria ver, o que estava claro para todos, menos para mim. Quando o encontrava por acaso, quando sempre sabia onde ele estava, eu o estava procurando, sempre olhando para ele.

– Kou.

O modo como o chamava e o modo como me irritava com o desinteresse dele. Os sinais estavam ali, mas eu não queria assumir.

– Kou, vamos para casa juntos? - Parava ao lado dele, o olhando trocar os sapatos e me olhar com aquela tipica expressão desinteressada. - Nós vamos pelo menos caminho, seria estranho...

Ali, as palavras com segundas intenções.

Por favor, não perceba!

– Tão chata... - E mesmo dizendo isso, ele ainda caminhava de um modo que pudesse acompanhá-lo.

Posso acreditar que é reciproco? Isso não pode ser nada, não é?

As costas dele mudaram... Seus ombros... Sua nuca... Sua altura... E seu rosto... Tudo está tão diferente de antes, mas mesmo assim ainda sei que é o antigo Tanaka de antes. Só está um pouco mal-humorado.

Começava a rir e passava o braço pelo dele, que resmungava algumas coisas, mas não fazia questão de me afastar...

Isso é reciproco, não é?