Three dark brothers escrita por Pão da Paz, Angels


Capítulo 30
Só precisam...


Notas iniciais do capítulo

WE ARE BAAAAACK BITCHEEEESSS
Eu, no caso.
Desculpem-me pela grande demora, mas andei ocupada nos últimos meses, rsrsrs
Anyway, eu só queria informar à vocês, que se tudo der certo, o plot da Alexi já está do meio para o final.



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A parede de minha casa é a primeira coisa que eu consigo distinguir. Embora esteja toda queimada, ainda é possível ver os esqueletos das flores beges que ficavam na parede.

A poltrona vem depois, junto com o elemento nela sentado.

Dylan me encarava. Seus olhos estavam cerrados e sua boca retorcida em uma expressão de raiva. Suas mãos estavam grudadas no encosto da poltrona, fazendo parecer que ele era um refém ou algo do tipo.

Minha visão ainda estava um pouco turva quando outra pessoa apareceu nela. Seus cabelos eram loiros e usava um medalhão grande demais para passar despercebido. Não demorou nada para perceber que aquele era meu corpo.

O sentimento de desespero preencheu meu corpo. O que era aquilo? O que diabos estava acontecendo?

E então, eu acordei.

De novo.

Desta vez, minha visão não precisou de tempo para se reestabelecer. Minhas costas doíam, mas eu conseguia distinguir o grande tribunal e a pessoa se contorcendo de dor no chão. Minha mão queimava levemente, passando por todo aquele caso do pior jeito possível.

Com mágica.

Samantha precisou ser retirada do tribunal e levada para a enfermaria, ou algo do tipo. Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo, mas o júri me encarava como se eu tivesse feito algum crime. Do lugar onde estou, eu consigo enxergar Dylan mexendo a mão levemente. Seus dedos brilham em um tom azul.

É exatamente neste momento, que eu escuto aquela voz novamente.

“O poder irá queimar”

De repente, sinto vontade de sair correndo. E é exatamente isto que eu faço. Ao longe, eu escuto alguém gritando para os guardas fecharem as portas, mas eu já estou longe demais. Elas batem a centímetros do meu corpo, me deixando do lado de fora do salão e impedindo meus perseguidores de continuarem com seus trabalhos.

Eu sinto ele queimando dentro de mim, como algo se acendendo com toda a sua luz possível. O medalhão brilha e treme sobre a minha clavícula, indicando o poder emanando de cada poro de minha pele. Por um instante, eu sinto que posso explodir tudo.

Os autofalantes são colocados em ação, e a voz de alguém ecoa, impondo a mesma ordem anterior. As pessoas me olham e apontam, enquanto cochicham, mas não é como se eu pudesse parar para prestar atenção.

Eu atravesso cada corredor, bato cada porta atrás de mim, pulo cada obstáculo e contorno cada pessoa que resolve se pôr no meu caminho para a saída. Eu só quero ar puro. Eu só quero poder respirar.

Quando estou quase no final do salão secundário, pronta para ir para o principal, as imagens de Itakura aparecem em minha mente. Diferentes. Ethan está ruivo, a corte só veste preto e a cidade é quase que futurista. Mas Maia continua morta.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto e meus olhos me fazem assistir cada minuto da minha vida. Em especial, os ruins. Ela está aqui dentro. Eu não sei como, mas ela ainda está aqui.

—Saia da minha cabeça! –grito, enquanto corro e seco as lágrimas.

—Eu senti tanto a sua falta, Alexi. –era isso. Parecia ser daquele jeito que eu ia morrer. Internamente, por uma psicopata que deveria estar morta, mas estava ajudando a filha até o seu maldito último suspiro. Quase parecia humano.

Quando irrompi para o lado de fora, caí de joelhos e gritei. Chorei mais do que havia chorado, lembrando-me involuntariamente de todas as coisas por qual passei. De todas as enganações de que fui vítima. De todas as promessas não cumpridas.

Ela estava fazendo de mim gato-e-sapato, mas não havia nada que eu poderia fazer. Eram lágrimas acumuladas de anos, negações feitas no passado que agora vinham à tona com toda a energia e força para destruir um mundo inteiro. E eu não poderia fazer nada

Simplesmente não importava mais.

E então eu acordei, novamente.

A parede era dura e úmida contra as minhas costas. As correntes puxavam-me para trás, embora o medalhão continuasse brilhando e vibrando contra a minha clavícula.

Joey estava certo. Ele sempre esteve, na verdade.

O poder queimou e doeu. Doeu como nunca havia doído. Tirou tudo o que eu tinha de especial. Tudo o que ainda me restava.

Eu queria pedir desculpas, mas minha voz ficava presa na garganta e não saía. Eu não tinha forças para lutar contra o poder de selamento das celas do conselho. Milhares de bruxos velhos, no final de tudo.

—Acorde.

A voz era fria, mas eu reconheci. Como eu poderia não reconhecer quando todas as minhas memórias voltavam todas de uma vez. Isto era uma delas? Eu não saberia dizer.

—Dylan, meu amor. –minha pronuncia saiu seca e rouca. A minha voz ainda falhava, mas a parte sarcástica de mim não se incomodava com isso e continuava a se achar superior.

—Alexi.

—Por que eu estou, aqui, afinal? –não combinava comigo. Não era eu falando. Era a dor. Era o ódio, as lembranças.

—Você matou Samantha. –informou ele, friamente.

Eu parei e olhei para a parede. Samantha. A garota que colaborava com Morgan, que ajudou ela a matar minha irmã, que disse para Morgan minha única falha, sem nem pensar a respeito antes de abrir a maldita boca.

Não, eu não iria chorar por sua morte.

—Sabe, eu me lembro agora –falei, lembrando-me dos flashs de memória que eu tive quando estava nos sonhos. –Me lembro de tudo.

—Não foi você, foi a mãe de Morgan. –continuou ele, ignorando-me de propósito. –Conseguimos captar a magia dela. Mesmo assim você precisará ser julgada.

—Me lembro de como me manipularam como uma bonequinha de pano, ajustando-me para cada lugar que me mandavam. –continuei –Me lembro de como aquele cara tinha um olhar frio, de ódio.

—Que cara? –perguntou ele.

—O da arma. –respondi, desviando meus olhos cansados para o borrão que era ele. –Aquele que tinha cabelos ruivos. Minhas memórias estão embaralhadas, então não lembro seu nome.

Era loucura. Eu me lembrava de quem eu falava. Era Joey. Eu estava pensando nele à minutos atrás, mas a parte que comandava o meu corpo não parecia se lembrar. Entretanto, eu ainda conseguia controla-lo, então não era a mãe de Morgan.

Era eu.

—Ele atirou no casal que me adotou. Olhou bem no fundo dos meus olhos e me disse, com toda a convicção possível, que a culpada era eu. Eu me lembro de ter entrado na delegacia repetindo e sussurrando que a culpa era minha. Que eu havia feito aquilo. Foi como uma lavagem cerebral em que eu queria e pensava em uma coisa, mas fazia e falava outra.

Ele permaneceu em silêncio.

—Eu não sabia para onde ir. –minha respiração era pouca, mas eu tentava-a manter calma –Eu vim para cá, é lógico. Trouxe Maia comigo. Como eu poderia evitar? Era só uma criança e seus pais estavam mortos por minha causa, de qualquer jeito.

—Alexi.

—Samantha. –minha boca secou com seu nome. A lembrança da menininha conversando com Simon em um poço me veio à mente. –Eu lembro dela. Ela e Simon se encontravam todo dia naquele maldito poço. A vó dela descobriu e acabou não gostando. Jogou uma maldição nele, que ele nunca conseguiu reverter.

A minha voz era calma para a conversa. Tremendamente calma, sem nenhuma emoção. Eu não conseguia ter emoção. Eu não conseguia sentir nada.

—Aquele que sair daqui, assim morrerá, junto com sua inteira linhagem. Apenas o sangue daquele que mais amaldiçoado for, irá salvá-lo do seu verdadeiro destino. –eu citei-o, de cór. -Na época, eu mesma já sabia que a chave para acabar com a maldição dele era meu sangue. Eu tinha o medalhão. Eu era conhecida por ser amaldiçoada. Possuía aquela corrente no pescoço que ninguém conseguia tirar. –eu me perdi, e meus olhos começaram a aparentar distância –Simon sabia. Só não queria aceitar.

Eu suspirei, segurando as minhas próprias algemas.

—E então veio você. –continuei. –Você era o garoto da minha idade que havia me defendido no conselho, ao contrário dos adultos que queriam me mandar de volta para a Terra, junto com a minha irmã. –eu inclinei a cabeça, olhando para ele através das grossas barras de metal –Eu estava entediada, no jardim. Você brincava no poço. Eu não queria ir para lá, pois não queria ser amaldiçoada como Simon. Em vez disso, você simplesmente suspirou e passou a barreira, sem mais nem menos. Nada aconteceu. Você veio falar comigo e ficou meu amigo, e foi lindo. Era meu primeiro amigo em anos.

“Nós crescemos. Maia cresceu junto, é lógico. Nós viramos membros do conselho e acabamos entrando em discussão. Eu era a favor das pessoas misturarem os mundos. Eu queria cinza e você apenas preto e branco. Eu queria a junção e você a separação.

Eu achei que meu time tivesse ganhado. Eu achei que vocês estavam falando a verdade, naquela segunda reunião. Era um plano simples. Morgan tinha filhos, então nós só precisávamos acha-los e dar o feitiço certo, com a varinha certa e a separação dos mundos iria acabar. Nós viveríamos juntos, sem mais preconceito, sem mais divisões. Era só para tirar o maldito peso de que algo errado poderia acontecer e, mesmo assim, vocês me traíram.

Armaram um acidente. Na sua versão, você contaria aos mais próximos –novos membros do conselho – que eles haviam mantido sua consciência intacta e modificado apenas a minha. Mentiras. Nós nunca fomos levados para o conselho por atravessarmos as barreiras. Você fingiu que armava um acidente enquanto realmente armava um. Dizia para os familiares que você havia esquecido do suposto acidente do poço, e que, de acordo com você, ele nunca havia acontecido. Você contava a verdade, fingindo que era a mentira, para esconder a verdadeira verdade.

Mudaram as minhas memórias. Manipularam elas como vocês sempre faziam. Apagaram todos os eventos caóticos e deixaram apenas os que poderiam ser aceitos tanto na sociedade humana quanto na sociedade bruxa. Manipularam as da Maia também. Para ela, ela sempre havia vivido na Terra e nunca havia conhecido aquele outro mundo.

E então apareceu Joey. Ele era uma falha no seu plano. Ele me fez lembrar do meu plano de juntar os mundos, pois eu me lembrava de que era possível. Eu não sabia que ele era um bruxo na época, nem sabia quem ele era. Mas eu sei agora.

Foi ele quem matou meus pais.

Foi ele quem me hipnotizou para achar que a culpa era sempre minha. Mas aí ele me mandou para Itakura.

Itakura era tudo o que eu imaginava. Descrito exatamente como nos livros que a mencionavam: Tudo o que você imagina para Itakura. Eu nunca pensei no sentido literal.

Itakura é uma realidade fantasma. Ela é o que você acha que ela é. Mas em todas as realidades, as mesmas coisas sempre acontecem. É por isso que a mágica usada antes de entrar em Itakura desaparece por completo. Não tem definição, sem lógica que a explique. Os eventos serão os mesmos, mas as opções serão infinitas.

Eu voltei. Sozinha. Minhas memórias começaram a voltar e isto preocupou vocês. Me levaram para o interrogatório para saber exatamente se eu me lembrava de tudo o que vocês sabiam que eu não deveria lembrar. Mas não, eu só lembrava de coisas insignificantes.

Joey não foi uma falha no seu plano, ele foi seu desastre. Uma frase que meu verdadeiro pai disse para minha verdadeira mãe quebrou tudo o que vocês construíram. Mas sabe do que eu não lembrei? De uma suposta traição.

Vocês montaram tudo. Fizeram, por algum motivo, Joey ficar com raiva de mim. Talvez porque soubessem que ele era poderoso o suficiente para me matar? Eu realmente não sei. Eu também ainda não sei o porquê dele dizer que a culpada do crime era eu, mas não acho que isso tenha importância agora.

De qualquer jeito, com tudo isso que eu lhe falei, nós podemos perceber claramente toda a verdade por trás do grande teatro que vocês montaram.”

Quando acabei, Dylan me encarava um tanto surpreso. Sorria sarcasticamente, enquanto assistia o selo de mágica da cela queimar meu medalhão teimosamente, como se pudesse drenar sua mágica.

—E qual é a verdade? –perguntou ele, girando a chave da cela no dedo indicador.

Meus olhos pairaram sobre a chave. Depois foram para seus olhos.

—Que vocês estão do mesmo lado que Morgan Li.


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