Three dark brothers escrita por Pão da Paz, Angels


Capítulo 28
Algumas pessoas...


Notas iniciais do capítulo

Olá.
VOLTAMOS! (no caso eu voltei -q)
"Então, o que aconteceu pra você ficar tanto tempo fora?"
Porra nenhuma. Só palhaçada mesmo. O típico "Santa Caralha, que que eu to fazendo com a minha vida" com um toque de "que que ta conteseno?" e uma pequena gota de "Onde será que eu tô? Será que eu tô em Lagoinha?"
É gente. A coisa tava bem esquisita.
Mas XAMPSAN, eu voltei



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Alexi

O corredor para as celas era estreito. Não haviam decorações ou janelas e a maioria dos detentos já haviam perdido a cabeça, jogando-se contra as grades para um pedido de ajuda. Mas eu não sentia pena. Sabia muito bem –terrivelmente até, devo informar – que as pessoas que estavam ali haviam tentado muito mais do que apenas “matar” uma pessoa.

Encantamentos negros, conjunções de mundos, destruição do universo e, até mesmo, morte súbita pelo ar. Eram os crimes daquelas pessoas pálidas, descabeladas e sem vida.

Quase sem vida.

–Samantha escapou de sua cela. –soltou Alex.

Parei de andar. Seu rosto parecia iluminado com a notícia, como se tivesse gostado de transmiti-la.

–O que?

–Relaxe –acalmou ele. Seu sorriso iluminou ainda mais seu rosto –É o que queremos que ela faça. Vai voltar pra cela hoje à noite, para a fazer a audiência.

Franzi o cenho.

–Audiência? –perguntei.

O sorriso dele sumiu de seu rosto. Ele fez uma careta e praguejou em alto e bom som. Um dos prisioneiros que estava ao lado deles se jogou com a grade e tentou agarrar seu braço. Ele ignorou.

–Dylan não te contou, não é?

–Que terei que testemunhar em uma audiência? É claro que não! –respondi.

–Idiota. –ele parou um pouco. –Droga, Dylan é um idiota completo!

–Me diga novidades. –contra-ataquei, sarcasticamente. Em seguida, suspirei –Me mostre logo a cela onde Joey está.

Alex pegou meu braço, sem falar mais nada, e me arrastou por mais dois corredores rodeados por celas. Parou em frente a uma, que parecia vazia e escura.

E ele estava ali. Exalando vida demais para um lugar como aquele. Seu rosto possuía um sorriso irônico e seus olhos estavam tão afiados como facas.

Era mortífero. Talvez por isso estivesse enjaulado como um animal.

–Ora, se não é minha bruxinha preferida. –ele olhou para Alex, olhando insistentemente para o relógio –Problemas no paraíso, meu caro?

–Cale a boca –rosnei. –Vim aqui para fazer perguntas. E acho melhor responde-las.

–Eu não contrariaria, se fosse você. –disse Alex. Agradeci mentalmente pelo apoio. –De nada.

Não me dei ao trabalho de franzir o cenho. Ele deveria ter um poder a mais, como a maioria dos bruxos negros.

–Mas eu não sou você, nem você sou eu. –disse Joey. Sua voz não combinava com a aparência. Parecia morta demais, fria demais. E Joey sempre pareceu ser uma praia tropical. –Ao contrário, na verdade. Sou bem mais esperto e bem mais bonito. Pergunte para Alexi. Ela irá confirmar.

Trinquei os dentes.

–É o seguinte, garoto culto-idiota –ele arqueou as sobrancelhas –Responda minhas perguntas ou passará a vida aqui.

–Eu já vou passar a vida aqui, querida. –respondeu ele.

–Diminuo sua pena –continuei -5 anos cada resposta.

–E quem te garante que eu falarei a verdade?

–Sua vida. E... –enfiei a mão no bolso de Alex. Ele me encarou, confuso. Retirei uma moeda e a mostrei para Joey.

Ele encarou sem entender.

–Vamos brincar –falei. Encantei a moeda, mas Joey ainda pareceu não entender –Se falar a verdade é coroa, se mentir é cara. E, se estiver mentindo, irei matar você aqui e agora.

Seu rosto se fechou. Nenhuma expressão transpareceu.

–Não adianta bancar o esperto e tentar me enganar. Namorei com você, conheço o bastante para saber quando está tentando me enganar –aquilo era mentira. Eu não lembrava nada, na verdade. –Então, essas são as regras. Responda verdadeiramente e diminua sua pena, minta para mim e morra ou fique sem responder e mofe nesse inferno. –dei de ombros –Você escolhe.

–E quem me garante que você está falando a verdade? –perguntou ele

–Te garanto que estou te falando a verdade. –joguei a moeda para cima. Parou em coroa. –Não estou mentindo para você.

Ele ficou em silêncio, por longos minutos. Parecia estar pensando em todas as suas saídas. Por fim, deu de ombros.

–Então? –perguntei –Trato feito ou não?

–Tudo por você, querida.

Sorri, ironicamente

–Ótimo.

Joguei a moeda para cima, e em seguida a peguei. Joey me encarou por todo o percurso, como um predador.

–Vamos jogar. –e ele correspondeu ao meu sorriso.

***

–Por que foi atrás de mim? –perguntei

–Não é óbvio? –ele me lançou um sorriso –Você tinha tudo o que eu queria. A vingança desejada, o poder do medalhão e um destino traçado por demônios.

–Vingança. –repeti. Franzi o cenho –Vingança do que?

Ele pareceu ficar com raiva. Sua expressão se tornou estonteante e bonita. Sedutora, talvez? Eu não saberia responder, e ele provavelmente também não, pois não parecia estar forçando.

–Você me traiu. –respondeu ele -É tão vadia que não tem nem a consideração de se lembrar?

Alex, que estava sentado ao meu lado, enrijeceu.

–Cuidado com o que diz. –alertou ele. Joey sorriu em resposta.

–Eu não te traí. –contrariei.

–Te peguei na cama com outra pessoa e você vem me falar que não me traiu? –empalideci –É. Você deveria estar ensinando apenas alguns feitiços para ele.

Fiquei quieta. Era a verdade, eu não lembrava de nada do que havia acontecido antes do desaparecimento de Joey. Mas era isso? Nem fodendo, literalmente.

–Já disse que não te traí. –falei.

Ele deu de ombros.

–Eu descobri sobre vocês, peguei vocês na cama, tentei bater no cara que estava transando com você, mas você fez algo. Lembro de acordar em um outro mundo, embaixo de trilhos de trem. Seu rosto estava lá, me encarando.

Continuei quieta. Ele arqueou as sobrancelhas.

–Vamos, pegue a moeda. Veja se estou mentindo.

Enfiei minha mão no bolso e retirei a moeda de lá. Pronunciei as poucas palavras do encantamento, para um reforço e a joguei para cima. A coroa cintilou no centro da mesa.

Era verdade.

Eu não acreditava no que eu ia perguntar, mas eu precisava saber.

–Com quem eu estava fazendo sexo?

Ele riu.

–Uau, vocês fizeram um ótimo trabalho. –disse Joey, para Alex. Este permaneceu quieto.

–Cale a boca. –cortei –Responda a pergunta.

–Se chamava Dylan. Ele é um membro deste conselho, mas aposto que você já sabe mais do que eu.

Senti meu rosto esquentar. Eu não estava conseguindo raciocinar. Trair Joey com Dylan não parecia ser lógico ou fazer algum sentido. Era estranho, nojento e muito, muito idiota.

–Está me dizendo que traí meu ex-namorado com meu ex-namorado? –perguntei. Joey soltou um riso –Não faz sentido para mim.

–Foi você quem encantou esta coisa. –disse ele, indicando a moeda –Se não acredita nela, o problema é seu.

Eu não conseguia acreditar. Nem na parte da traição, nem na parte de outros mundos e muito menos na parte dos trilhos. Eu não conseguia machucar nem uma maldita formiga, como machucaria outro bruxo.

Bruxo.

Arregalei os olhos e me apoiei na mesa.

–Você não era um bruxo. –falei. A expressão tranquila sumiu de seu rosto. –Foi por isso que consegui te machucar e te evitar. Você nunca foi um bruxo.

–Do que está falando? Ficou louca? –balancei a perna repetidamente.

–Meus poderes são basicamente inúteis contra bruxos. Só o possuo quando estou com níveis altos de emoção. –expliquei e balancei a cabeça. –Quando me pegou com Dylan eu deveria estar com vergonha, mas vergonha não afeta o medalhão.

Alex pareceu acompanhar o meu raciocínio, pois pegou o celular e ligou para alguém. Joey não sabia se mantinha seu olhar em mim ou em Alex. Parecia confuso e perdido. Parecia com medo.

–Carmen, procure nos registros um bruxo chamado Joey. –Alex ficou em silêncio por um instante. –Não, quero os antigos. –outra pausa. –Ok, me ligue se achar alguma coisa.

Ele desligou o celular e balançou a cabeça. Joey soltou uma risada. Olhamos para ele, confusos.

–Parabéns, Alexi. –disse ele –Descobriu que não nasci bruxo. –ele deu de ombros –Mas infelizmente isso não muda nada.

Desde que entramos na sala de interrogatório, aquela seria meu primeiro sorriso vitorioso. E foi. E como pretendido, Joey pareceu tão confuso quanto Alex.

–Ah, muda sim. –olhei para ele, com os olhos cerrados. –Se não nasceu bruxo, significa que tirou seu poder de algo ou alguém.

Ele permaneceu em silêncio. Peguei a moeda do centro da mesa.

–Agora, Joey, irá me dizer da onde os tirou. –voltei meu olhar para ele, novamente –De quem os tirou.

O celular de Alex apitou. Seu olhar se estreitou.

–Milhares de resultados, Alexi. Será impossível descobrir.

Continuei sorrindo.

–Joey não é seu nome, é? –perguntei

Ele sorriu.

–É claro que não. Meu nome é Willian.

–Bom saber.

Levantei da cadeira e andei em direção á porta. Bati nela três vezes. Duas batidas vieram em resposta. Iriam abrir a porta, para podermos sair.

–Ei, querida. –chamou ele.

Seu rosto parecia mais acentuado com a luz da sala. Seus olhos pareciam triplamente mais afiados quando ele pronunciou as palavras:

–O poder irá queimar.

Combati com a vontade de franzir o cenho e saí da sala, acompanhada por Alex. Ele verificava o celular, em busca de sabe-se lá o que.

Minha cabeça martelou insistentemente na frase, como se fosse algo importante. Não era. Não tinha como ser.

Minha mente parecia ser tomada por memórias. Doeu.

Abaixei-me e me ajoelhei no chão, enquanto tentava tirá-las da minha cabeça. Flashbacks tomaram conta da minha visão.

Os bebês e os medalhões, dissolvidos em puro fogo.

Quente, bonito, tentador e predador.

As mãos esticadas, as lágrimas derramadas, os passeios, as risadas, as traições. E o fogo continuava ali. Continuava quente.

Mãos segurando outras, água para todos os lugares, xícaras de chá, depressões profundas, drogas e prédios. E o fogo ali, bonito demais para doer.

O tratamento, o abandono e as declarações não respondidas. As mortes, os caixões, e mais lágrimas derramadas. Tentador demais para machucar.

O sangue e ele. Sentado atrás de um piano, onde tocava notas mudas mas bonitas, tentadoras e quentes. Sua boca se movia em movimentos harmoniosos demais para serem escutados. Ninguém o dava atenção. Só ela.

Apenas ela. Com seu típico olhar predador.

Doeu.

Mas tudo o que ele havia dito eram aquelas malditas palavras, tão quentes, tentadoras e bonitas como o fogo. Como sua canção. Como seu poder.

Ei, querida, alertara ele, o poder irá queimar.

E isto irá doer.

E doeu.

O homem se levantou, caminhou até ela e parou em sua frente. Antes que tudo acontecesse novamente, ele puxou uma corrente de seu bolso e colocou no pescoço dela.

O pentagrama brilhou. Ela gritou e relutou contra a luz que o objeto emitia. Seus olhos explodiram em sangue, sua boca parou de produzir palavras e começou a produzir sons terríveis. A garota relutou mais um pouco, e então, como um passo de mágica, ela explodiu em faíscas.

Ele ficou parado. Depois de minutos, se ajoelhou e se lamentou. A lágrima que caiu de seus olhos se desfez antes mesmo de atingir o chão. Não parecia real. Mas, então, outra atingiu o chão ao seu lado.

E eu acordei.


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Notas finais do capítulo

Ok. É isso por enquanto.
Espero que tenham gostado e tal e é. Eu vou dormir



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