O Cara mais azarado do mundo escrita por Marina Siqueira


Capítulo 2
Capítulo 0 - Papai e Mamãe




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Meu pai era um cara honesto, trabalhador e descendente de judeus... Danny, apelido de seu nome Daniel, era motorista de ônibus em Michingan, faziam 25 anos, ele é um cara legal, mas não nega sua descendência hebraica, tenta atropelar neo-nazistas sempre que os vê perambulando bêbados na Lafayette Street, só não o faz pois o estrago no ônibus seria retirado do seu salário...

Minha mãe, filha de imigrantes portugueses, chama-se Elizabeth, bom, portugueses puxam muito o saco dos britânicos, do mesmo jeito que os Canadenses fazem conosco... E por isso batizaram-na assim, em homenagem a rainha da época. Minha mãe é muito religiosa, isso é muito chato, tudo para ela é um atentado contra Deus. Ela trabalhava em uma loja de discos, na época em que eles ainda eram moda, e eu ainda um espermatozoide.

Bom, meu pai precisava comprar um presente para Sharon, uma garota que ele gostava, ela era uma antiga colega de classe, que por sua vez, cagava baldes para o meu velho, aquele nerd realmente achava ter uma chance com a Britney dela, cara, ela era a garota mais desejada do colégio, segundo o que ele dizia, hoje em dia ela é uma prostituta crackeira... uma prova de que o tempo muda as pessoas, enfim, voltando ao rumo, meu velho sabia que a vadia era fã do Prince, e decidiu comprar um disco para dar de presente para ela. Decidiu ir a Vinil King's, uma antiga loja de discos de vinil. Chegando lá foi atendido por uma garota de uns quinze anos, blusa de lã branca, saia azul uma corrente de crucifixo, óculos e aparelho, parecia ter saído de um conto de terror do Stephen King, seu nome? Elizabeth

–Posso ajudar moço? - disse Elizabeth

–Sim, to procurando um disco do Prince, algo como chuva Blue Storm, Brown Rain...

– Purple Rain? - Disse ela com cara de indignação

– Esse mesmo.

– Cara, você é muito viadinho, os caras da sua idade ouvem coisas tipo isso - ela estendeu o braço em direção de Danny, com um LP do Nirvana, este ficou um pouco chocado, pois aquela garota tinha uma puta cara de crente, e Nirvana? Cara, ela tinha depressão? Então ele respondeu.

–Não é pra mim, é um presente.

–Seeeei, é o que vocês homoafetivos dizem hoje em dia?

–Olha garota, não tenho que te dar explicação do que vou comprar, pensa que é minha mãe?

–Calma estressadinho, eu vou embrulhar o disco então, são vinte dólares

– Ok, ok.

Na saída da loja, Danny decidiu olhar para traz, como se esquecesse algo, a moça prontamente disse:

–Até que pra um boiola você é bonitinho.

Talvez essa frase tenha sido a responsável pela existência desse livro, aliás a minha própria existência... Mesmo com a garota estranha tivesse dado muita moral pro velho ele entregou o "presente" para a vadia, digo Sharon, que por sua vez disse que meu pai seria pra sempre um grande amigo dela. E que ela e o namorado iriam amar ouvir essa música enquanto malhavam a Britney.

Nos dias seguintes Danny passou a visitar a loja, e começou a ouvir os discos da banda que a garota estranha sugeriu, os achava muito melancólicos, mas para quem caiu no abismo chamado Sharon era como uma luva, sentia até que estava gostando...

Danny começou a levar a menina para casa e depois de alguns dias começaram um namoro, o primeiro de ambos. Ele tinha 19 e ela 15... Hoje em dia isso é crime. Na época também era, mas meu pai não tinha muita escolha.

O filme continuava e depois de todo aquele blá blá blá e melação os dois finalmente se casaram em 1996, guardem bem esses numeros, eles serão necessários para a continuação da história, meu pai agora já tinha emprego e seu apartamento na periferia de Detroit, agora era convertido ao catolicismo, influência da minha mãe, graças a ela não fui circuncidado! (Vlw Mãe!), ela saiu da loja de discos, agora era atendente em um estúdio fotográfico, sabe, onde revelavam fotos, sim, eu sei, você não sabe o que é isso, eu estou velho, você também não deve conhecer o VHS, a fita K7, nem a rádio FM. Bom, esse emprego deu a minha mãe um novo hobbie, Fotografia.

Naquela altura moravam juntos e tinham a liberdade da qual meus avós sempre os privaram, acho que vocês entendem bem o que é esse tipo de liberdade, não quero entrar em detalhes, sabe, são meus pais, é perturbador, se não doentio falar do que os dois fazem entre quatro paredes, vou resumir em tópicos.

–bar

–tequila

–entra e sai (x128)

Duas semanas depois, e dez exames de gravidez utilizados veio a notícia, minha mãe estava grávida! Como em qualquer pré-natal descente ela visitava o médico com regularidade, até exagerava, e três meses depois, o grandessíssimo filho da puta, digo, Doutor Robert Johnsson afirmou com toda a sapiência de uma ameba fálica "é uma menina".

Dois meses antes do nascimento, o enxoval de "Diana"(E lá se vai mais uma vez bajular os ingleses) estava completo, sapatinhos, bonecas, vestidinhos, brinquinhos, tudo aquilo que uma princesa merece, e aquela maldita cor estava por todos os lados, tudo, absolutamente tudo era cor-de-rosa.


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Notas finais do capítulo

Britney: apelido carinhoso para xoxota, o órgão genital feminino, caso nunca tenha visto uma Britney recomendo fechar essa história.



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