Final de ano, vésperas do Ano Novo. Todas as lojas, empresas e lanchonetes estão fechadas. Ninguém trabalha na data mais importante do ano japonês. A data onde as famílias se reúnem para agradecer tudo que conseguiram durante o ano que acabou.

Como mandam os bons costumes, há algumas tradições que devem ser seguidas nessa época do ano. E mesmo não sendo o bom modelo de pessoa religiosa, Takeo decidiu que esse ano seria diferente.

Agora ele podia afirmar que tinha uma família e mais do que nunca gostaria de passar essa data com eles. Comemorando, rindo, bebendo e tudo que lhe fosse oferecido.

O primeiro ritual para purificar e trazer prosperidade é a limpeza geral. Algumas donas de casa fazem isso no final de novembro, mas como eles estavam ocupados com os términos das gravações e outras coisas da banda, deixou para o último dia.

E que lugar melhor para começar uma limpeza se não na casa do Shibuya? Fora lá poucas vezes para visitar o namorado e chegava a ter pena do moreninho, sabendo que ele dividia teto com coleções incontáveis de mangás, DVDs de animes e jogos.

_ Avisa no apartamento do Ikeuchi que Shiroyama está subindo. – anunciou ao porteiro, correndo para o elevador, sem esperar a confirmação. Já o conheciam há muito tempo, não seria agora que o barrariam de entrar.

Só estava avisando, mesmo em cima da hora, pra não ocorrer alguns… imprevistos.

Bateu à porta do apartamento, entrando tranquilamente e cumprimentando o namorado com um abraço apertado, tirando-o do chão.

_ Ohayoo, koi! – deu um beijo em sua testa e um selinho em seus lábios.

_ Ohayoo. O Jin quase surtou quando eu falei que o Trevas ia fica preso hoje. – sorriu, puxando o namorado pra dentro – Você deveria avisar antes.

_ Não preciso avisar se quiser te fazer uma surpresa! Isso é injusto comigo! – fez cara de indignado, pensando em mil maneiras de se livrar do animal.

_ É pra manter guitarristas pervertidos longes! – anunciou Shibuya, saindo da cozinha com uma carinha triste – Não posso deixar o Trevas lá sozinho!

_ Mas é por uma boa causa. – anunciou o ruivo, com um sorriso enorme no rosto.

_ O que está planejando? – o vocalista ergueu a sobrancelha, desconfiado. Takeo ia aprontar alguma.

_ Dia de limpeza! – anunciou feliz, olhando para os primos – Como é véspera de ano Novo, vamos seguir os rituais e tradições japonesas. Vamos começar pela bagunça do Jin!

_ Mas eu não tenho bagunça nenhuma aqui. Está tudo arrumadinho! – fez um bico, temendo o plano mirabolante do amigo.

_ Sei… faço isso pelo Hayato. Ele precisa de um lugar decente pra passar a virada do ano. Então nós – e nisso apontou para o três presentes – vamos arrumar a casa, cada cantinho dela e deixar tudo brilhando, pra trazer prosperidade pra gente.

_ Você não vai por um dedo nos meus mangas! – o otaku estava aterrorizado. Não ia deixá-los mexer na sua coleção. Iam bagunçar tudo! Podiam perder algum volume, sem contar os mangas escondidos no banheiro. Se Tachi encontrasse-os ia jogar tudo fora! Não ia permitir que isso acontecesse.

_ Tudo bem! Você arruma seus mangas e seu quarto. Arata cuida dos banheiros e do quarto dele e eu arrumo a sala e a cozinha! Mãos a obra!

_ Takeo… – Arata tentou impedi-lo, mas foi em vão.

Nem esperou confirmação dos amigos, indo até a área pegar vassouras, panos e o material de limpeza, parando na porta ao ver a sombra do pequeno animal andando por ali.

_ Er… koi… que tal uma ajudinha aqui? – voltou pelo mesmo caminho, parando no batente da porta.

_ Eu ia te avisar… – suspirou pesadamente, indo ele mesmo pegar o material.

* * *

_ Joga isso fora! – puxou o pano de um lado.

_ Não, eu gosto dele! – Shibuya puxou do outro lado, quase às lágrimas.

_ Tava escondido num canto do armário! Você nem deve usar! E não te serve mais, Ikeuchi! – esbravejou o ruivo, tentando tirar o pijama com estampa de vaquinha de suas mãos.

_ Não serve, mas eu gosto! Ele é fofinho! É meu! Larga, Tachi! – quando ele disse que o ruivo não ia mexer nos seus mangas, esqueceu de incluir que não era pra por as mãos em nada que lhe pertencesse.

_ Você tem outros! Joga essa coisa estranha fora! – afrouxou o puxão, vendo o baixista desequilibrar pra trás, logo pegando o pano de suas mãos e correndo com ele.

_ TACHI! Devolve! – correu atrás do ruivo, tentando recuperar seu pijama – Volta aqui senão eu solto o Trevas!

_ Solta ele e eu coloco fogo em todos os seus pijamas! – gritou assustado, correndo para os quartos, topando com Arata no corredor.

_ Primo, ele roubou meu pijama! – o baixista fez um bico, tentando ativar o instinto de mãe do mais baixo.

_ Não roubei, só estou te ajudando com a limpeza! – defendeu-se, escondendo atrás do namorado.

_ Eu não acredito que vocês estão brigando por isso. – Hayato respirou fundo, olhando de um para o outro.

Como, em sã consciência, os dois adultos se tornaram as crianças presentes, brigando por um pijama?!

_ Takeo, koi… devolve pra ele. – virou-se para o namorado, sabendo que ele não recusaria um pedido seu.

_ Mas, koi… – aquilo era trapaça! Por que sempre ficavam contra ele? – Tudo bem! – jogou a roupa de volta para Jin, vendo-o sorrir e correr para o quarto, a fim de esconder o pijama, dessa vez bem escondido mesmo!

* * *

O sol já se punha e os três encontravam-se exaustos.

Shibuya jogou-se num dos sofás, com a cara escondida na almofada, resmungando pelas várias tentativas de Takeo jogar algo seu fora.

Arata jogou-se no outro assento, deitando a cabeça no colo do ruivo, recebendo um carinho em seus cabelos. Jogara tanta coisa no lixo! E encontrou algumas roupas e objetos perdidos também. No final das contas, a limpeza até que foi útil.

_ Viram só! Nem doeu! – o ruivo estava completamente feliz, tinha cumprido sua missão do dia – Amanhã cedo nós vamos ao templo fazer os pedidos pro Ano Novo. Vou avisar pro Jack que a gente vai passar lá.

_ E o Teruo? – o baixista levantou a cabeça, para encarar o amigo.

_ Ele comentou algo sobre visitar os parentes. Mas eu ligo pra ele também. Agora vou pra casa. – deu um tapinha no ombro de Izumi, pedindo-o para sair de seu colo.

_ Fica mais um pouco. Ou vai fazer alguma coisa importante? – Hayato levantou-se a contragosto, estava tão bom ali.

_ Tenho que separar o yukata que vou usar. Espero que você dois também usem! Amanhã a gente fica junto, koi! – aproveitou que o moreno acompanhou-lhe até a porta, para trocarem um beijo de verdade.

_ Eu vou soltar o Trevas! – anunciou o baixista, rindo maroto e correndo pra cozinha.

_ Acho que ele não me quer aqui. – falou desgostoso, depositando outro selinho nos lábios do moreno e saindo do apartamento.