Who We Are escrita por Everlak


Capítulo 1
Should´ve Known Better


Notas iniciais do capítulo

Oiiii!!!! Esperem que gostem de minha nova história! A história já está toda escrita! Só depende dos reviews que tenha, para postar os restantes capítulos! Enjoy!



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Mas que droga! Tenho de estar na escola em 20 minutos e não encontro meus louboutins pretos! Estou tão furiosa! Se descubro que foi aquela empregada de meia tigela que pegou eles, eu juro que faço com que seja despedida! Pelos vistos já não se pode confiar em ninguém. Disposta a não perder tempo, calço minhas sandálias de salto alto, pego minha bolsa e saio do quarto. Ao passar pela sala dos empregados, vejo Annie se preparar para a escola.

- Cadê meus louboutins garota? – Pergunto com um olhar irritado.

- E-eu não sei Katniss. – Ela se afasta medrosa. - Não sou eu encarregue do seu quarto essa semana.

- Mas isso não a impede de ir até meu quarto e roubar eles – Acuso. Ela fica vermelha.

- Eu posso ser empregada e ser pobre, mas eu sou honesta! – Ela se defende.

- Veremos – Aceno em descaso e vejo como ela fecha os punhos, agitada. Ahh que gracinha.

Dou uma ultima olhada no espelho e sorrio ao olhar minha aparência. Lindacomo sempre! Uma blusa branca com detalhe em preto, uma saia reta preta com detalhes em pele, um blazer básico amarelo claro, sandálias amarelas (os louboutins ficariam mil vezes melhor mas enfim), pulseira e brincos dourados com decorações a imitar renda. Minhas unhas coloridas em padrão tigresa estavam um máximo assim como meu cabelo. Eu tingi ontem, no salão de cabeleireiro de renome, as pontas de azul, mas apenas provisoriamente. Era uma tinta que saia com as lavagens. Coloquei um batom rosa forte e sombreei os olhos em tons cinzentos.

Enquanto caminhava até meu carro eu peguei meu celular e apenas esta manhã já tinha recebido muitas mensagens. A maior parte delas ignoro. São das pessoazinhas insignificantes a quem eu apenas me dirijo quando preciso delas. As mensagens de meus amigos basicamente são a perguntar o que vestirei hoje, a que horas chegarei na escola e algumas fofocas matinais. E claro, tinha uma mensagem do meu namorado troféu. Ele era um modelo a seguir por todos os garotos do mundo! Ele era lindo, vestia-se super bem, uma conta bancária bem abundante, um cavalheiro… Ele era perfeito! Marvel e eu namorávamos já há cerca de um ano. Rei e Rainha do baile no ano interior. Vamos enfrentar a verdade, nós eramos o casal sensação.

Estacionei meu Maserati branco na minha vaga reservada no estacionamento escolar e andei calmante para dentro, ainda que estivesse atrasada. Verifiquei qual minha aula e desfilei pelos corredores vazios. Bem, nem tão vazio. Ao dobrar a esquina quase choquei com Peeta Mellark. Ele não era do meu grupo de amigos, não era popular e ainda assim, todo mundo o conhecia. Eu meio que o admirava por isso. Todo mundo te reconhecer sem mesmo você se esforçar por isso. Ele era apenas um de entre as centenas de alunos, um ninguém. Ele não era rico, não tinha influencia, não participava de qualquer atividade escolar e simplesmente não incentivava a uma conversa. Ele era um isolado. Um isolado bem bonitinho.

- Oh, me desculpe Everdeen. – Ele falou.

- Teve sorte que não chegou a fazer real estrago – Murmurei. Ele assentiu e seguiu sem caminho de mãos nos bolsos. Eu o observei e depois dirigi-me à minha classe.

- Atrasada de novo Everdeen – O professor falou sem nem tirar o olhar do quadro onde escrevia qualquer equação – A honra de resolver este problema é sua.

Eu fiquei olhando ele. Eu sabia que não era uma pergunta, mas uma ordem. Esse professor me odiava.

- Hum não obrigada. – Sacudi o cabelo para trás. – Eu não mereço tal honra.

Alguns dos alunos soltaram risadinhas. Annie que estava na fileira da frente bufou chateada. Mas ela sabia que se mexesse comigo, ficaria sem emprego. Sentei-me atrás de todo com Glimmer, Clove e Marvel. Me sentei no seu colo e o beijei antes de me sentar no meu lugar.

- Senti sua falta gatinha – Ele sussurrou e as meninas sorriram cúmplices.

- Todo mundo sente minha falta querido – Eu disse enquanto mexia no celular e conferia meu twitter. Estas aulas eram perfeitas para eu colocar tudo em dia nas minhas redes sociais.

As aulas foram o costume. Um aborrecimento. Dei graças quando chegou a hora de almoço. Me sentei com a equipa de cheerleader, a qual eu fazia parte e os atletas. Nós praticávamos vários desportos nessa escola. Dei uma olhada em volta. Marvel ainda não tinha chegado. Numa mesa bem afastada visualizei Annie e o grupinho geek dela. Tão patéticos. Para minha surpresa vejo Marvel finalmente, mas o que me surpreendeu mesmo foi que ele vinha falando com Peeta. Pelo olhar furibundo de meu namorado, não tinha sido uma conversa amigável. Mas do que raio estariam falando?

- O que foi querido? – Perguntei quando ele estava já sentado ao meu lado.

- Nada que te diga respeito Katniss. – Eu me surpreendi pela forma como ele falou comigo. Aliás, todos à nossa volta se surpreenderam. Ele suspirou. – Desculpa querida, eu estou um pouco nervoso. Eu não devia ter descarregado em você.

- Não, não devia – Eu me aproximei dele – E se você volta a tratar-me assim em público, eu acabo com você, literalmente.

Ele assentiu e eu engatei numa conversa com Clove e Glimmer.

- Kat, nem imaginas. – Elas se juntaram mais, para fofocar. – Dizem por aí que Madge está grávida!

- Não! – Abri a boca em choque – Jura? Que idiota!

As meninas riram comigo. Madge era uma garota que fazia parte do time de torcida. Eu havia ficado com o lugar dela na equipa dois anos atrás e a vida social da garota nunca foi mais a mesma. Se eu tenho pena? Nem um pouco. Eu apenas lutei pelo meu lugar. E bem, não descansei até chegar a líder, o que consegui rapidamente com algumas artimanhas e intimidações.

- Quem é o infeliz pai do bebé? – AS meninas entreolharam- se sem saber o que responder. Não sabiam quem era.

- Só ouvimos que ele é daqui do colégio. – Clove encolheu os ombros.

- Ahhhh eu não acredito – Marvel se intrometeu na conversa – Deve ser um velho com quem ela transou em troca de dinheiro.

- Como pode ter certeza? - Questionei arqueando uma sobrancelha.

- Ora, quem aqui na escola transaria com ela?

- Ela não é tão horrorosa assim – Defendo – Pode sim ser do colégio. Um nerd ou um drogado, sei lá.

A conversa acaba por ser desviada para outros assuntos e rapidamente esqueço o mistério Undersee. Terminamos nosso almoço e caminhamos calmamente até nossas aulas seguintes. Annie passa ao meu lado apressado e coloco meu pé no caminho dela. Sua queda é medonha e ela cai de cara no chão.

- Então Annie! – Faço cara de chocada – Você não precisa de limpar o chão onde passo em todo o lugar. Apenas em minha casa lembra?

Ela fica vermelha quando todos começam a troçar dela.

- Como você aguenta ser uma vaca 24 horas por dia? – Ela grita, me deixando realmente chocada dessa vez – Se minha mãe e eu não precisássemos do emprego, eu juro que já tinha estragado essa sua cara! Você pode achar-se a melhor mas você vai acabar sozinha desse jeito. Pode ter a certeza.

Ela ajeita suas coisas e some da nossa vista.

- Aquela ordinária! Como ela pode falar assim comigo? Isso não fica assim!

E de facto, eu não esqueci o assunto. Mal cheguei a casa, procurei meu pai escritório. Felizmente, ele estava lá.

- Papai! – Choraminguei, me sentando à sua frente.

- O que foi meu anjo? – Perguntou sem tirar os olhos dos papeis que tinha em mãos.

- Você não vai acreditar! Annie me humilhou no colégio! Você paga suas prestações no colégio e ela me humilha? Como isso é justo?

- Annie? Não creio nisso Katniss. Ela é uma menina doce e focalizada. Não acredito que ela tenha feito tal coisa.

- Você acredita mais na sua empregada do que na sua filha? – Me exaltei.

Ele respirou fundo e puxou sua carteira para fora.

- Pegue meu cartão e esqueça o assunto rudo bem?

- Perfeito! – Logo me animei. Compras sempre faziam minha vida melhor.

De manha acordei animada desejosa por usar as roupase acessórios que comprei ontem. Perdi a noção de quanto gastei mas também, isso não era problema. Coloquei meu vestido rosa forte, meias altas de renda bege, botins de salto alto em preto e algumas decorações em dourado e preto. Vesti meu blazer bege super fashion, meu colar Queen e um conjunto de pulseiras pretas e douradas. Ontem à noite havia tomado banho, pelo que meu cabelo ficou mais claro nas pontas, um azul gelo. Até achei a cor bem dahora e optei por não lavar de novo para remover. Arrumei um laço dourado nos cabelos, dando um aspeto fofo e passei para a make up. Apliquei meu batom Rouge nos lábios e passei apenas um rímel. Minhas unhas foram adornadas com um esmalte preto brilhante. Linda, para variar.Para não ter o desprazer de encontrar Annie logo pela manhã, eu não desci até à cozinha. Ao invés, fui direta para a garagem e arranquei na minha belezura. Parei num café da esquina onde combinei com as meninas antes das aulas, para tomar o café da manhã. Estava saindo do carro avistei Marvel do outro lado da estrada. Eu estava prestes a chamar ele mas me impedi. Ele ia no sentido contrário do caminho para o colégio e olhava constantemente para trás e para os lados como se não quisesse ser seguido. Achei a atitude dele deveras estranha. Fechei o carro e coloquei minha bolsa na mala e em vez de me dirigir ao café, arrisquei seguir meu namorado. Ele se meteu entre becos e ruas pouco movimentadas o que me deu arrepios só de lá estar. Com todo o cuidado continuei a segui-lo. Ele dobrou uma esquina e ouvi ele falando com alguém. Quando cruzo a esquina vejo Marvel e Peeta muito próximos. Só no segundo seguinte percebo a navalha Penetrada no corpo de Marvel e dou um grito assustada. Peeta me olha.

- Everdeen! – Ele tenta se aproximar e eu desato a correr desesperada. Eu só tenho que chegar ao café, eu penso. Aí poderei pedir ajuda. Droga! Porque deixei o celular no carro? Ouço os passos de corrida de Peeta atrás de mim e eu corro o mais que posso, equilibrada nos saltos.

POV PEETA

Quando saio do banho, tenho mais uma dezena de chamadas e mensagens do garoto. Mas que droga! Ele está começando a me irritar a sério. Ignoro todas elas e trato de me aprontar para a escola. Uns jeans pretos, uma camisa vermelha e preta, meu casaco de cabedal preto e meus ténis cinzentos. Penteio meus cabelos entre os dedos e está tudo certo. Pego na minha mochila de tiracolo e desço as escadas.

- Peeta! – Minha maninha corre para meu colo.

- Bom dia Prim. – Dou um beijo na sua testa. – Onde está mamãe.

- Ela já saiu… - Ela falou baixinho. Claro, eu percebi. Minha mãe nem passara a noite em casa. Onde ela estava, eu nem sabia. Talvez na cama de mais um empresário rico, ou deambulando por aí. Eu já nem me importava. Eu estava habituado a não contar com ela para nada.

- Bem, então vou fazer seu café da manha – Ela bate palmas animada – O que a senhorita deseja?

- Hum eu quero crepes com calda de chocolate!

- Seus desejos são ordens madame! – Faço uma vénia e a sento na cadeira.

Felizmente, eu faço uns biscates aqui e ali para juntar algum dinheiro para cuidar da minha irmã. Sim, porque o mais certo nessa casa é minha mãe nunca ter dinheiro, não para nós pelo menos. Termino de cozinhar e como junto a Prim. Enquanto arrumo a cozinha ela vai arrumar-se e escovar os dentes. Saímos de casa e eu levo ela à nossa vizinha, Greasy Sae.

- Oi Peeta, oi Prim! – Ela me olha com um olhar gentil – Sua mãe não voltou.

- Pelo vistos ela tirou um tempo de nós – Falo amargurado. Ela assente e Pega Prim no colo.

- Essa pequenina está pesada hem? Você tem alimentado bem ela Peeta. Você é um bom irmão.

- Eu faço meus possíveis. Bem, melhor eu ir. Até logo Greasy, até logo maninha.

Como sempre eu pego o caminho mais curto, ainda que mais arriscado. Qual minha surpresa quando Marvel se apresenta na minha frente.

- O que você quer? – Pergunto e suspiro. Isto já é perseguição.

- Você sabe o que eu quero! Eu tenho dinheiro e você sabe. Então me dê! – Ele fala hiperativo. Pelos vistos sua dependência é grande.

- Eu já falei para você que eu não vendo mais droga! – Me irrito.

Eu comecei a vender droga para conseguir dinheiro para mim e para Prim, mas eu me deixei disso há muito tempo atrás.

- Você está mentindo – Ele fala suando. Ele leva a mão ao bolso e saca de uma navalha – Me dê o que quero agora!

- Marvel, seja racional – Coloco minhas mão para cima em rendição – Eu te falei que não vendo mais disso.

Sem mais, ele vem para cima de mim com a arma em posição. Eu me tento desviar e ganhar a posse da navalha. Quando me apercebo, a arma está cravada no estômago de Marvel. Eu entro em transe, mas um grito me faz acordar.

- Everdeen! – Eu chamo por ela mas ela começa a correr. Não, eu não a posso deixar ir sem explicar o que aconteceu ou ela fará com que eu vá para à cadeia. Mesmo com saltos altos em seus pés ela é rápida e eu esforço-me para a alcançar. Eu consigo ouvir sua respiração alterada e seus soluços. Eu chego a um ponto que consigo tocar seu ombro mas ela dá um salto assustada e acelera o passo mais ainda. Avisto o seu carro do outro lado da estrada e percebo que ela está tão alterada que não vai parar. Avisto um carro a uma velocidade elevada a aproximar-se. De maneira nenhuma que o condutor vai conseguir travar a tempo. Corro mais velozmente e tento empurrar Katniss para fora da trajetória do veiculo. Mas apenas consigo com que ambos sejamos abalroados. Caio no chão ao lado dela. Meu braço emana uma dor horrível. Viro a Everdeen para mim e percebo que ela está inconsciente. Com cuidado tento acordar ela mas não consigo. Vejo as pessoas que estavam no café saírem para fora para verem o que aconteceu. Clove e Glimmer estão entre elas e correm para o nosso lado.

- Katniss! – Elas tentam acordar ela. Clove olha para mim.

- Você tentou salvar ela – Ela exclamou. – Eu ouvi o carro travar e quando olhei vi você tentando salvar Kat.

Eu suspiro aliviado mentalmente. Ela só viu eu tentando salvar a garota, e não a correr atrás dela como um perseguidor.

- Não foi nada – Descredibilizo. Eu retiro meu casaco e o atiro para trás.

Katniss começa a se mexer desconfortável e abre os olhos. Eu tento ficar fora do campo de visão dela e pronto a fugir.

- O-o q-que aconteceu? – Ela segura na cabeça, provavelmente com dores. – Num momento eu estava indo ter com vocês e no outro estou aqui deitada no meio da estrada.

- Você não se lembra do que aconteceu? – Glimmer pergunta.

- Como eu disse, au! –Ela geme ao tocar com mais pressão na cabeça – Eu só me lembro de sair do carro para ir ter com vocês.

O que? Ela não se lembra de nada do que aconteceu? Eu decido sair dali antes que ela volte a si e me acuse de assassinato. Porque eu não matei ninguém, foi um acidente! O qual foi causado por Marvel.

- Onde você vai? Você precisa ir ao hospital! – Clove me segura o braço.

Se eu me recusar a ficar, ela pode achar que estou escondendo algo então eu me decido a ficar ali. A espera pela ambulância é tortuosa.

- Katniss, ele se atirou contra o carro para salvar você – Glimmer salienta. Eu bufo. Que garotas chatas. Elas não podiam simplesmente calar a boca?

- É serio? - Ela arqueia uma sobrancelha e me encara – Porquê?

- Não sei como funciona no seu mundo mas no meu mundo chama-se boas ações. Sabe? Aquelas pelas quais você não espera nada em troca? – Eu ironizo.

Todo mundo sabia que Katniss não fazia nada por bondade. Ela tinha sempre segundas intenções em tudo o que fazia. Ela era maquiavélica. Contra tudo o que eu acreditava, vi um vislumbre de humildade em seu olhar.

- Nesse caso, eu estou eternamente grata a você – Ela fala com sinceridade.

- Não exagera Kat – Glimmer faz um cara de repugnância – Era o dever dele! Você é Katniss Everdeen.

- Glimmer, ele o fez porque é boa pessoa, e não porque é o dever dele. – Kat encara Glimmer que a olha aborrecida assim como Clove. Essas garotas só podem ser de outro mundo. – De novo, Peeta, estou muito agradecida.

Quando chegamos ao hospital, somos dirigidos a alas diferentes. Ela a neurologia e eu a cirurgia. Pelos vistos meu braço pode estar partido. Uma médica me faz um diagnóstico e tira uma radiografia. Pelos vistos tenho uma pequena fractura, nada grave. Um enfermeiro vem pedir o contato de um adulto que possa chamar. Decido que minha mãe não é capaz para isso então lhes entrego o número de Greasy.

Então me levam para uma pequena sala onde o médico trata de imobilizar a área lesada com faixas. Ele me deu apenas anestesia local o que me deu chance de acompanhar todo o processo. Quando termina, a médica me encaminha para um quarto onde ficarei por um dia em repouso.

Sem nada para fazer, eu olho para o teto.

- É tão injusto que você me salve e você que acabe com uma fractura. – Katniss está encostada na batente da porta, seu casaco e meias claras, todos sujos de fuligem do chão.

- Não é nada grave – Desvalorizo. Ela se aproxima e senta na cadeira ao lado da minha cama.

- Ainda assim. Me faz sentir horrível. Ainda para mais eu nem sei o que estava fazendo no meio da rua. – Ela respira fundo.

- Ainda sem memória? – Questiono.

- Os médicos dizem que pode ser por algo traumático que eu tivesse passado momentos antes do acidente mas sério, o que tem de traumático em encontrar-me com minhas amigas no café? – Ela parece realmente frustrada por não saber.

- Deve ser uma droga… Já ligaram a seus pais?

- Sim, mas eles não podem vir… Estão trabalhando. – Ela olha para o lado.

Percebo que ela não está bem por isso. Sério, que pais se preocupam mais com o trabalho do que a própria filha que está no hospital? Parece bem cruel. Sei que minha mãe não é um uma mãe modelo, mas não esperava algo assim dos poderosíssimos pais da Everdeen. Afinal, ela é a única herdeira da fortuna deles. Não deviam preservar sua segurança?

- E seus pais? – Ela questiona após um momento de silêncio.

- Ahh eu nunca conheci meu pai e minha mãe… Bem, é complicado. – Ela assente sem pedir mais explicações. – Minha vizinha vem cá.

Alguns segundos depois, Prim corre pelo quarto dentro, saltando para cima da cama para me abraçar.

- É sua irmã? Que adorável! – Katniss se derrete.

- Prim, essa é Katniss, uma colega da escola. – Apresento.

- Oi - Minha irmãzinha cumprimenta mas logo se concentra em mim. – Você se machucou?

- Só um pouquinho – Eu digo a ela. Seus olhinhos se enchem de lágrimas.

- Quem vai cuidar de mim agora? Quem vai trazer comida para casa? – Ela se agarra ao meu pescoço enquanto Katniss nos olha atentamente.

- Está tudo bem meu anjo.

POV KATNISS

Apesar de ainda estar frustrada comigo mesma por ter um espaço em branco na minha cabeça, naquele momento eu sensibilizo com Peeta e sua irmã Prim. Pelo que percebi, é ele que cuida dela e agora graças a mim, ele está um pouco incapacitado. Esse sentimento de culpa é horrível.

Eu me despeço deles e de Graesy, a senhora amável que é vizinha deles, e vou embora com o motorista do meu pai. Nem Glimmer nem Clove vieram até ao hospital. Me mandaram uma mensagem de melhoras seguidas de um smile. Várias mensagens e tweets de melhoras mas nem uma visita sequer. Me perguntei se realmente se importava comigo.

Voltei para uma casa completamente vazia, ou eu assim achava. Annie estava no hall de entrada à minha espera e mal eu entrei ela me levou até meu banheiro e me preparou um banho quente que me soube muito bem. Quando voltei para o quarto enrolada no meu roupão felpudo, Annie havia me trazido uma tigela de sopa quentinha.

- Obrigada Annie – Ela me olhou chocada.

- Desde quando você me agradece por alguma coisa?

- Desde que percebi que sou uma cabra, uma manipuladora, idiota…

- Tá, já entendi. – Ele fez sinal para eu parar.

- Eu fui parar ao hospital e nem uma pessoa se deu ao trabalho de me visitar – Confessei – Nem meus pais o fizeram.

- É apenas uma suposição, mas será porque todo mundo a acha uma mimada, ninguém a suporta e você não se preocupa com ninguém? – Ela dispara. Eu sei que ela tem razão mas ainda assim a verdade me atingiu na cara.

- Eu peço desculpa pelo que fiz ontem… - Baixo a cabeça humilhada.

- Por ontem? Isso é uma ínfima parte do que você me fez desde criança.

Eu ia responder mas alguém toca na campainha. Annie corre para atender, visto que sua mãe não estava de serviço e eu vou atrás dela. Quando chego à sala, encontro policiais.

- Senhorita Everdeen, nós tivemos conhecimento do seu acidente e da sua perda de memória que pode estar ligada a uma situação traumática.

- Ah sim? – Pergunto confusa.

- Sim – Ele confirma. – Infelizmente, nós sabemos de algo que pode ter resultado na sua perda de memória. Seu namorado, Marvel, foi encontrado morto a poucos quarteirões de onde você teve o acidente.

Eu caio para trás mortificada e um dos policiais me agarra. Minha garganta sufoca, o ar não passa pelas vias respiratórias. Eu estou um caco após essa noticia.

- Esperem – Annie fala – Vocês estão dizendo que ela pode ter visto Marvel a morrer?

- Não – Eu falo num sufoco – Eles estão dizendo que eu matei ele.

- Ainda não temos provas de nada, mas eu aconselhava a você não sair da cidade, manter-se contactável e manter-se longe de problemas.

Eles finalmente se retiram da minha casa e fico sentada no sofá. Annie me chama mas me mantenho ali até meus pais chegarem.

- Katniss – Eles parecem surpresos por me verem ali.

- Achámos que já estivesse na cama querida. – Minha mãe disse ao admirar seus sapatos novos.

- Como eu posso dormir após o acidente e ter perdido uma parte da minha memória. Esqueci de mencionar que meu namorado morreu e a policia está achando que eu fui a autora do crime? – Eu falei emanando irritação, dor, perda. Eu estava num turbilhão de sentimentos.

- Marvel morreu? – Minha mãe tirou a atenção dos sapatos um segundo. –Oh realmente isso é uma pena. Querido, marque um tempinho para irmos consolar um pouco os pais.

- Vocês estão brincando? – Gritei, o que os deixou chocados. – E que tal consolarem a mim? Já que eu sou vossa filha! E posso ir presa por algo que nem lembro ter feito!

- Relaxa criança. – Meu pai estava em frente ao espelho a retirar sua gravata. – Você não vai presa coisa nenhuma. Eu darei conta do assunto e uma palavrinha ao delegado.

- Eu não quero você manipulando ninguém – Bufo – Eu só quero saber o que realmente aconteceu.

- Katniss, você está com muita pressão em você – Ele fala como se nem tivesse ouvido o que acabei de dizer. – Pegue aqui meu cartão e amanhã vá com suas amigas até às suas lojas preferidas. Eu falo com o diretor da escola e nenhuma será penalizada.

Eu fico olhando para meu pai e agora percebo tudo. Ele sempre resolveu meus problemas com dinheiro e ameaças. Quando eu precisava dele ele me dava seu dinheiro ao invés do seu conselho. Não admira que eu me tenha tornado uma vadia sem coração, sem escrúpulos. Ainda assim eu pego no cartão. Até que ele me irá dar um jeito.


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Notas finais do capítulo

HEEEYYY!!! E que tal? Continuo postando? Ainda não fiz a divisão do resto da história mas no máximo terá mais três ou quatro capítulos. Espero muitos reviews!
SWEET KISS!



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