As luzes da casa estavam acesas. A iluminação amarela era pálida e acompanhava o clima triste.
Ren não se lembrava de Kelsey. E Kelsey só queria ficar com seu namorado.
Apesar das luzes acesas, todos estavam em seus respectivos quartos, menos eu. Eu estava no jardim, observando as folhas de bananeira brilhantes contra as luzes que vinham da casa. O ar era húmido misturado ao aroma de terra molhada e flores tropicais.
Entretanto, minha mente não conseguia aproveitar o clima agradável ou aromas da natureza, as cenas dos Baigas, Ren trancafiado, Lokesh fugindo giravam pelo meu inconsciente.
Kishan, Kelsey e até o Sr. Kadam me pediram desculpas e à Manik, mas o que eu deveria fazer a seguir? Não existia guia ou algo que me dissesse qual seria o próximo passo.
Dei um passo à frente, o som de folhas se espalhou pelo jardim.
— Não dê mais nenhum passo à frente se não quiser tocar numa planta venenosa. – A voz ecoou.
Dei um pulo, me virando em direção à voz.
— Kishan? – perguntei instantaneamente.
— Uau, nós não somos nem um pouco parecidos, sinceramente... – O dono da voz apareceu entre as folhas de bananeira.
Ele vestia roupas de algodão cor creme e a camisa apertava em seu peito, revelando seus músculos, naquele momento não soube dizer se a camisa era propositalmente apertada ou se a roupa estava ligeiramente pequena.
Ren estava recuperado.
— Ren, você já está recuperado? – Minha voz ficou um pouco aguda com o choque de vê-lo ali em pé, sendo que horas antes ele estava tinha ossos quebrados e fraturas graves.
— Super-recuperação-da-saúde-de-tigre, lembra? Eu me recupero rapidamente.
Eu tentei sorrir, mas ainda que ele já estivesse recuperado era estranho vê-lo ali no jardim. No entanto, não seria apropriado perguntar o que ele, o dono da casa estava fazendo ali em seu próprio jardim privado.
— Claro, eu vou subir então. – Eu disse rapidamente.
Ren esticou a mão e tocou meu braço levemente:
— Espere!
— Está tudo bem? – perguntei cautelosamente.
— É ela. – Ele disse com os olhos fechados.
— Ela quem?
Ele abriu os olhos e arfou:
— Kelsey. Eu não me lembro dela, meu irmão e Sr. Kadam me falaram dela mas eu nunca a conheci. – Seus olhos estavam desesperados por alguma resposta e por alguma razão ele a procurava em mim.
— Eu só posso dizer que sim, você já a conheceu. E vocês tinham sentimentos muito fortes um pelo outro...
Ele inspirou o ar húmido e encarou as folhas de bananeira.
— Eu não tenho mais então. Não sinto nada por ela.
Eu tentei respirar regularmente, mas meu coração batia forte. Se kelsey soubesse ela ficaria arrasada.
— Não diga a ela – aconselhei –, você se lembra de alguma outra coisa?
Ren voltou o seu olhar pra mim, seus olhos refletiam as luzes amarelas da casa como espelhos. Seu peito subia e descia rapidamente como se o ar húmido do jardim de repente não fosse o suficiente para os seus pulmões.
Ele deu um passo à frente e encarou o chão por um momento. Pela sua expressão, presumi que ele diria alguma coisa ruim, que se lembrava das suas torturas feitas por Lokesh, algo desse tipo. Ele levantou os olhos e notei suas pupilas dilatando, meu corpo congelou quando percebi o que estava prestes a acontecer. E foi quando seus lábios encostaram nos meus.
“ Você. Me lembro de você.”