O sangue dentro de mim pulsou rápido ao receber a notícia. Pulsou de uma maneira contínua e quente, como acontece quando algo embarassoso ocorre. Minha mente recapitulou minha conversa com Kells em busca de algo constrsngedor que eu tenha mencionado e não me ocorreu no momento que quem deveria estar constrangido ali era Kishan e não eu.
E ele estava, felizmente ou não, com adoráveis bochechas vermelhas coradas.
– Me desculpa, Lizzie - disse em tom de culpa - Eu não queria ouvir mas foi...
– A super audição de tigre? - completei, interrompendo-o.
Kishan balançou a cabeça, concordando.
– Bom isso me poupa conversas constragedoras pelo resto da semana... Agora sabe o motivo pelo qual o beijo na cachoiera foi um erro, não? - perguntei.
Kishan franziu a testa, dizendo:
– Não vi nada que tenha sido considarado um erro naquela situação. Pelo contrário...
– Bom, eu vi - afirmei - Manik voltou e seria estranho se...
– Se passaram 300 anos!
– Sim, 300 anos se passaram e você ainda não remoe as dores do passado dentro de você? Eu sei porque também passo por isso. Arrependimento Kishan, ou qualquer outro sentimento não se esvai totalmente, mesmo que três séculos se passem a gente precisa querer mudar isso. E não foi o que eu e Manik fizemos, apenas adiamos e adiamos até que a situação ficou assim entre nós. Tensa e desconfortável. - Achei que choraria de nervoso naquele momento mas percebi que estava feliz em desabafar com alguém que entendesse as coisas como Kishan. Nós dois tinhamos errado muito no passado e estávamos arrependidos. Ele era o único na casa que se identificaria com a minha situação.
Kishan deu um sorriso triste. Ele sabia que eu estava certa.
– Está certa, Liz. Infelizmente.
– E tem outra coisa que seria o motivo de levantar mais uma barreira entre nós - eu disse.
Kishan olhou para o chão fixamente enquanto se apoiava na parece do corredor com os braços cruzados.
– Que seria...?
– Yesubai - murmurei -, ela disse que queria amar alguém assim como eu amei Manik e ela o fez. Com você, Kishan. Ela o amou de verdade e é tão esquesito eu ficar com você agora que eu vi Yesubai no meu sonho na caverna de pedras preciosas. Eu só não sinto que estavmos fazendo a coisa certa.
Kishan descruzou os braços e segurou os meus ombros.
– Com isso, Anuragi. Eu não concordo. Eu amei Yesubai com certeza, mas 300 anos se passaram e eu não consigo pensar nela como fiz antes. Ela sempre estará no meu coração mas ele não pentece à ela. Ele logo pertencerá à outra pessoa.
– Tudo bem, mas eu não me sinto à vontade. Yesubai te amou tanto. E ainda tem o fato de Manik...
– Anuragi, estou começando a achar que você está querendo se livrar de mim. O que eu não entendo o porque, sou tão charmoso. - Brincou Kishan.
– E bem modesto também - retruquei.
Kishan riu e beijou minha testa.
– Tenha uma boa noite, Anuragi*. (*amor)
– Não me chame de Anuragi novamente, seu tigre sarnento - falei em hindi.
Ele já estava quase passando pela porta de seu quarto e então parou, se virando para me olhar.
– Shubharatri, Anuragi*. (*Boa noite, amor)