Amores Irreais escrita por Annie Parker


Capítulo 2
Primeira História: Do outro lado... – Parte 2.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Depois de um mês, aqui estou eu :v
Bem, quero agradecer aos acompanhamentos e comentários, que 90% foram de leitores que me acompanham de outra categoria. Vocês, fantasminhas da Originais, apareceram! Eu ficaria MUITO feliz :3
O capítulo de hoje está maiorzinho, espero que gostem. Beijos *3*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547811/chapter/2


Do outro lado...

(Segunda parte)

Não conseguia parar de olhá-lo. E parecia ser recíproco. Não sei ao certo dizer quanto tempo fiquei paralisada na porta da classe, apenas absorvendo a estática no ar que parece nos unir tanto, mesmo que estejamos longe fisicamente. Mas a verdade, é que parecia que estávamos apenas nós dois ali, nos conhecendo através do olhar. Em nenhum momento ele desviou a atenção para qualquer outra parte do meu corpo, o que me fez ficar surpresa e até um pouco assustada. Suas duas esmeraldas transmitiam gentileza e simpatia, levemente encobertas pelos cabelos castanhos crescidos. De repente, esqueço como se respira e meu coração se acelera.

– Está tudo bem, Jasmim? – Ouço o professor me perguntar, mas apenas pisco um par de vezes e aceno que sim.

Cara, ele é muito bonito e parece ser muito fofo. Mas okay, não é por que ele olhou para mim que posso chegar lá e dizer: “Oi lindo, te amo, vamos nos casar?”. Foco, Jasmim. Seja você mesma, o que é que há? Fingir nunca foi um problema.

Enquanto ando através das cadeiras e o professor continua a aula, respiro algumas vezes para me recompor. Só agora percebi que todos olhavam para nós dois durante o momento “olhar intimidador”, e que acompanham todos os meus movimentos. Antes de chegar à carteira vejo de relance a Line fazer algum tipo de mímica para cegos para mim, por que definitivamente ninguém entenderia aquele combo de movimentos esquizofrênicos. Só entendi que ela se referia ao novato quando ela inclinou a cabeça freneticamente na direção dele, praticamente do mesmo jeito que a garota possuída do filme O Exorcista. Muito discreta. Meu coração vai aos pés quando me viro e percebo que ele ainda não tirou os olhos de mim.

Me obrigo a falar algo, tentando ser o mais natural da minha personalidade possível.

– Oi novato! Tudo bem? Sou a Jasmim, sabe a flor? Então, mas todo mundo me chama de Mimi por aqui. Espero que goste da nossa sala e seja bem vindo. Como se chama?

Está bem, estou um pouco trêmula. Ninguém fora o próprio novato se surpreendeu com minha atitude, afinal sou assim mesmo. Sempre quando chega alguém novo, independente de sexo ou aparência, eu me apresento da mesma forma. Simplesmente não consigo deixar alguém se sentir excluído, já que não queria que fizessem isso comigo.

Ele pisca algumas vezes com um jeito fofo, mas logo retribui com a mesma simpatia, só que menos forçadamente que eu. Ah, cara. Qual, é? Estou nervosa.

– Obrigada, Jasmim. Sou o Felipe, mas pode me chamar de Lipe. – ele sorri e seus olhos ficam miudinhos, sorrindo junto.

Ai. Meu. Deus. Acho que estou ferrada.

Sorrio de um jeito meio robótico e me joguei na cadeira o mais delicadamente que uma mula consegue ser. Remexi-me inquieta enquanto organizava minhas coisas na carteira e pegava meu caderno para fazer as anotações do dia. Droga, primeiro dia de aula depois das férias e o professor não dá um desconto? Cheguei tão atrasada que perdi as apresentações dos alunos novos, se bem que não existem muitos nessa época do ano.

Com certeza o Felipe faz parte dessas exceções, para minha alegria e desgraça.

O olhei pelo canto do olho, forçando tanto a ser discreta que meu globo ocular doeu. Tá, ele é muito bonito. Mas não preciso olhá-lo diversas vezes para constatar isso.

“Não procure um amor, Jasmim. Não procure um amor.” Passei a repetir mentalmente mais um dos meus diversos mantras anti-rejeição, mas não deu muito certo. Eu, definitivamente, quero procurar um amor. Sempre quero. Mas... Não quero forçar, sempre dá errado. Foram tantas experiências que tenho certeza que a probabilidade de dar merda aumenta cada vez mais a cada tentativa. Mas quem disse que minha cabeça lerda e meu coração remendado ligam?

Ótimo, sem razão e com muita emoção. Estou perdida.

Levo um susto quando uma bola de papel cai em meu colo e quando olho para frente vejo a Line fazendo mais alguns de seus gestos indecifráveis. Abro o papel e dou de cara com letras gritantes em CapsLock e Negrito, rabiscado como se quisesse imitar o próprio Word.

“VOCÊ NEM ESTENDEU A MÃO PARA ELE!”

Hã?

Arqueio as sobrancelhas em sua direção e sou recebida com uma faceta que deveria ser raivosa, mas saiu algo como alguém bastante míope fazendo bico enquanto tenta enxergar algo escrito a dois metros de distância.

Ainda bem que a Line não é feia, caso contrário, ela assustaria até seu próprio reflexo com essas expressões. Suspiro e escrevo desanimadamente, me sentindo um pouco magoada. Esperaria algo como: “Estou com saudades!”, ou “Aconteceu algo para chegar atrasada?”. Mas claro que não, minha fama por garotos novatos tem proporções tão grandes que superam qualquer valor de amizade. Okay, estou sendo dramática. Falei com as meninas quase todos os dias.

“Não seria legal o garoto ‘pretendente’ em potencial saber que eu tenho Mal de Parkinson.”

Jogo de volta e sem querer atinjo sua cabeça. Rio quando ela me fuzila com o olhar e logo após ler o que está escrito parece ficar e choque como se eu tivesse escrito que dois mais dois são cinco.

Ela me devolve e quase tive um ataque do miocárdio quando leio.

“Você tem Mal de Parkinson? ‘O’ Meu Deus, por que nunca me contou? T~T”

Respiro fundo para não xingá-la em meio a todos, afinal também não quero passar uma má impressão da minha pessoa a um certo alguém sentado ao meu lado. Mas não resisto a tentação de lhe mostrar o dedo do meio e rasgar o papel em pedacinhos. Meu Deus, amigas lerdas são outro nível. Ela me olha confusa, mas a ignoro. Olho para o lado e me sinto no primeiro carrinho descendo do ponto mais alto de uma montanha russa, com o estômago lá nos pés. Felipe olha diretamente para mim e parece não se importar com isso.

Congelo. Puta que pariu, será que ele me viu fazendo gestos obscenos? O que ele vai pensar de mim? Bem, vai pensar isso mesmo, que sou uma gorda descarada e boca suja... com dedos do meio inquietos?

Acalme-se, Jasmim. Sua personalidade é forte, você é assim. Não adiantaria nada eu fingir ser a fofa que não é.

Ele só então parece perceber que estava o olhando de volta e esboça um sorriso de canto, voltando a copiar a lição. Meu Deus, acho que estou com taquicardia... Isso mata?

Começo a copiar o que está no quadro, sem nem ter a mínima ideia do que está escrito. Minhas mãos estão suando, estou muito nervosa. Também, cara! Toda vez que o olho, ele está me olhando! O quê, tem algo no meu rosto? Depois de me olhar no espelho do meu estojo vejo que não. Estou fedendo? Juro que me cheirei, mas estou até com uma fragrância de Jasmim... Muito clichê, não?

O professor me salva de pensamentos paranoicos quando começa a falar.

– Bom, alunos. Quero que formem um grupo com suas preferências pessoais e façam uma pesquisa sobre “O valor das relações interpessoais na adolescência”. – Apontou para o título escrito no quadro. Ah, então era sobre isso. – Quero um trabalho em escrito e um texto dissertativo que será apresentado por um integrante do grupo no dia que eu estipular. Usem o resto das duas aulas para listarem os tópicos.

Como é bom saber que estou na aula de Sociologia, perdi totalmente a noção de tudo. Logo em seguida inicia-se a velha e clássica sinfonia de cadeiras sendo arrastadas para formarem as rodinhas. As meninas vêm ao meu encontro, por isso nem preciso sair do lugar. Sempre ficamos juntas. Começo a pensar em chamar o Felipe quando vejo que ele está ao meu lado. Me arrepio, perto demais.

– Se importa se eu ficar com... vocês? – completa ele, ao notar a chegada de mais três malucas, vulgo minhas amigas.

– Claro que não. – digo, me controlando para não gaguejar.

– Por que não quis ficar com os meninos? Você é algum tipo de pervertido ou foi apenas excluído?

Meus olhos se arregalam diante disso. Essa é a Nara, pavio curto e grossa, como pode se ver. Carol belisca a sem noção, que nem mesmo faz questão de disfarçar ao gritar um sonoro “Ai!”.

– Desculpe por ela. – diz Carol em tom de desculpas, enquanto Nara resmunga algo como “Só perguntei por perguntar”.

Carol, diferente da Line que é maluca e da Nara que é um ogro, é a mais fofa que conheço. Meiga, delicada e muito sentimental. Eu, por outro lado, não tenho nada de nenhuma das três. Sou especial, no sentido “doente” da palavra.

– Ah, tudo bem. – Felipe diz finalmente, parecendo realmente envergonhado. – Posso sair se quiserem. Me dei bem com todo mundo, só quis ficar aqui por que... gostei de vocês.

Cocei a cabeça freneticamente, mas logo parei antes que ele pensasse que tenho piolho. Esse “vocês” foi bem singular para o meu gosto, já que ele deu uma pausa antes de falar olhando fixamente para mim. Senti uma indireta, mas prefiro não criar esperanças. Talvez seja meu coração criando ilusões... Se as meninas não o tivessem visto, poderia jurar que ele é apenas uma miragem criada por mim.

– Não precisa sair, podemos ficar juntos. – disse a Line. – Vai ser legal!

Nem preciso dizer com que intensidade maliciosa ela disse isso, além de ficar levantando as sobrancelhas freneticamente? Cara, ela tem que parar com isso.

Enquanto íamos conversando sobre o tema, fui relaxando aos poucos. Felipe é um garoto bem legal, uma hora ou outra ele ia respondendo algumas perguntas sobre sua vida, devo dizer que a maioria veio da minha parte. Ele é um caçula de mais dois irmãos. Morava em outra cidade, mas se mudou com a família após seu pai mudar de emprego. Ele é doce e gosta de sorrir muito, o que é ótimo, já que seu sorriso é lindo. Procurei não olhar muito para ele, caso o contrário iria adiantar o inevitável.

Já sei que sinto algo por ele. Por que sou tão besta? Caramba! Acabei de conhecê-lo! Mas ele também não para de me olhar, o que não facilita nenhum pouco minha vida. Não sei o que ele quer, mas está conseguindo me desestabilizar muito bem depois de tanto tempo de coração fechado.

Droga, dizer que estou ferrada é eufemismo. Acabei de descobrir que sou masoquista.



***

Sempre acreditei que existem pessoas destinadas a outras.

Talvez eu tenha intensificado essa crença para ter algo em quê me sustentar, ter algo em quê acreditar quando tudo der errado. Mais um amor irreal? A única coisa que me consolava não era os braços quentes de minha mãe ou as palavras de incentivo de minhas amigas, mas o pensamento de que existe alguém com devo ficar o resto da minha vida e que ainda vou conhecê-la.

Existe uma lenda Chinesa que diz que duas almas gêmeas são ligadas através do tornozelo por um fio vermelho. O Fio vermelho do Destino. O laço nunca poderá ser quebrado, mas o lado ruim dessa história é que os destinados podem chegar a nunca se conhecerem. Existem muitas variações dessa lenda, mas a minha predileta é a Japonesa, a Akai Ito. Ao invés de ser no tornozelo, o fio é ligado através do dedo mindinho.

Mas não importa quantas vezes eu tenha tentado, nem quebrado a cara. Eu nunca encontrei o outro lado da linha. Acho que é isso que me faz tentar, mesmo sabendo que o resultado final será doloroso. A única coisa boa nisso tudo, é que todas as vezes tenho a sensação de dever cumprido e penso “Não foi dessa vez.”, antes de seguir em frente.

Só que infelizmente, chega uma hora você cansa de procurar, de tentar, de se humilhar. Mas... O que me faz querer tentar mais uma vez com o Felipe? Não sei, sinceramente não sei. Eu poderia até dizer que foi diferente das outras vezes, mas me lembro que sempre digo isso a cada amor que procurei. Mas agora... ele realmente olhou para mim. E viu a Jasmim. Eu. E apenas isso.

Okay, isso tudo é muito lindo, mas não posso ficar dando uma de gazela apaixonada. Tenho que começar a jogar esse jogo se quiser ter alguma vantagem. Infelizmente, irei utilizar meios ilícitos. Ou seja, comprar informações.

– Preciso de um histórico completo! – Praticamente me jogo numa das mesas da cantina com minha bandeja de lanche nas mãos.

Minha informante derruba um pouco de todinho na mesa com o susto.

– Puta que pariu, que susto Mimi.

– Nem. Que drama. – suspiro. – Então, o que vai querer em troca?

– Em troca de quê?

– Informações, Maria! Não ouviu o que eu disse?

Ela revira os olhos.

– Meu Deus, o novato mal chegou e você já quer saber até o tipo sanguíneo dele?

Fico um pouco rubra, mas logo passa. Não sou de corar muito. Mentira.

– Quem disse que é sobre ele? – digo de forma indignada e ela arqueia as sobrancelhas em minha direção. – Okay, desisto, é sobre ele sim. Qual o problema?

– Por que quer tanto saber? Fiquei sabendo que ele foi muito com a sua cara, se é que me entende.

– Quem te disse isso?!

Ela me olha de modo entediado.

– Informante, esqueceu? Pois bem, me diga o que quer saber.

Organizo meu lanche na mesa e abro o potinho de iogurte. Dou uma mordida na minha coxinha antes de falar.

– Basicamente tudo o que conseguir, mas principalmente se ele já teve namoradas e como... elas... eram... O que foi? – pergunto, notando o jeito que ela me olha.

– Você não queria emagrecer?

– Estou tentando. Por que a pergunta?

– Já olhou para a sua bandeja?

Desviei o olhar para o monte de comida. Meu Deus, não preciso nem dizer que peguei lanche para umas três pessoas? Ah, cara, quando fico nervosa, sempre como muito! Me sinto culpada e coloco a coxinha de novo na bandeja. A arrasto para longe como se estivesse enjoada demais para comer, quando na verdade estou morrendo de fome. Faço uma expressão desolada.

– Eu não tenho jeito mesmo.

– O que é que tá pegando? – Caio chega a nossa mesa de modo desleixado como sempre, comendo uma maça.

– A Mimi pegou mais comida do que deve comer e agora se sente culpada. – explica Maria.

– Ah, é por causa do novato, não é? – pergunta ele, já se apoderando do meu lanche. Já disse que odeio que comam minha comida?

Reprimo a vontade de tomar tudo de volta e me esconder numa das cabines do banheiro para comer e volto ao assunto.

– É exatamente por isso, Maria. Preciso saber como eram as namoradas dele, se é que ele teve.

– Claro que ele teve, ele é bem apresentável. – diz Caio de boca cheia, com aquele orgulho masculino de não chamar outro garoto de bonito.

– Por que isso é tão importante? – pergunta Maria.

– Lembra do Ivan, da sétima série? Todas as ex dele eram magras! Eu preciso saber... o gosto dele, digamos assim.

– E pretendia analisar isso se empanturrando de comida? – Maria pergunta, apontando para o lanche que já está pela metade. Cara, eu só dei uma mordida na minha coxinha! Isso não é justo!

– Vou começar uma dieta.

– Não é a primeira vez que ouço isso...

– E não vai ser a última. Eu tenho que me estimular de alguma forma. E eu preciso saber disso para continuar.

Ela respira fundo e se dá por vencida.

– Lição de casa por uma semana.

– O quê?! – fico chocada.

– É pegar ou largar.

Negociadora de uma figa! E eu esperando ela dizer que faria tudo em nome da nossa amizade. Que belos amigos eu tenho. Suspiro.

– Fechado.

– Sugiro que se for fazer alguma coisa, é melhor começar logo. – diz Caio.

– Por que está falando isso?

Ele aponta para algum lugar e sigo com os olhos. Encontro as meninas na nossa mesa, junto com Felipe. Estaria tudo bem, afinal vim falar com a Maria. Exceto pelo fato de que quem está ocupando meu lugar é a Thaís, uma das garotas mais falsas que eu conheço! Ela simplesmente ama gostar dos mesmos garotos que eu, o que faz com ela sempre ganhe, já que é magra. Me diz se ela está com algum dele hoje? Nem preciso dizer que não.

Meu sangue ferve quando a vejo conversar animadamente com ele, e ao fundo Nara está com a cara emburrada, já que a odeia, Carol meio sem graça e uma Line fazendo gestos desesperados. Ela corta o pescoço com a mão e põe a língua para fora. Droga, isso é sinal que ela está dando em cima dele! Ele está simpático como sempre, mas coça a nuca o tempo inteiro. Sei que se eu for lá, o clima vai ficar muito tenso. Não quero que o Felipe pense que estamos o disputando como um macho alfa. Afinal nem é ciúmes, é algo mais como indignação.

Okay, estou puta. Aquela oferecida!

– Calma, Mimi. – Ouço Maria falar. – Você está vermelha.

– E também está bufando como um touro. – acrescenta Caio, como se isso ajudasse.

– Me dá isso aqui! – avanço em cima da bandeja e pego de volta pelo menos meu pudim, passando a comer freneticamente.

Preciso urgentemente de um pote de sorvete de flocos, só pra mim. E a dieta que se dane!

***

Certo, tive que aguentar o resto da aula com a Thaís puxando assunto a todo tempo com o Felipe. Percebi que ele estava bastante desconfortável e olhava para mim como se eu fosse a salvação. Não resisti em me intrometer na conversa, o que fez com que ela ficasse no vácuo enquanto conversávamos lorota. Rá, chupa! Vadia descarada.

A aula acabou e as meninas já foram embora. Estou no banheiro lavando meu rosto antes de ir. Olho-me no espelho.

Certo, eu não sou uma baleia. Meu problema nunca foi a barriga, ela é um pouco saliente, mas nada de anormal. A questão é que tenho as pernas grossas demais para minha cintura e meus seios são igualmente enormes. Meus braços são até um pouco salientes, mas nada fora do comum. O problema é que não consigo perder essas carnes a mais! Elas me amam, estão impregnadas em meus músculos. Já fiz tantas dietas malucas e nem dançar ajudou. Gosto muito de dançar, isso é uma coisa que eu faço desde sempre, mas parece que as gorduras criaram resistência a isso? Não sei nem o que estou dizendo mais, acho que toda essa pressão me deixou maluca.

Ajeito minha franja e pego minha mochila, saindo do banheiro.

Seu cabelo é bonito.

Congelo ao ouvir a voz do Felipe atrás de mim, e quando me viro o vejo encostado na parede com as mãos no bolso. A taquicardia voltou. Meu Deus, ele sabe o quanto fica bonito assim? Se eu morrer do coração, irei acusá-lo de assassinato.

Ah, mas estarei morta mesmo.

– Obrigada. – respondo finalmente, me impressionando por não ter gaguejado.

– Estava te esperando. – ele diz, com um sorriso.

Fico com vontade de coçar a cabeça, mas me controlo.

Estava?

– Estava. Obrigada por me salvar hoje. Aquela garota era muito...

– Oferecida?

– Eu ia dizer espontaneamente forçada.

Ah, Deus. Que vergonha. Isso foi quase uma confissão de ciúmes. Se bem que eu não fiquei... Não é?

– Ah. – é só o que consigo falar.

– Você vai para casa agora? – ele pergunta.

– Sim. – respondo, meio hesitante. Fiquei com medo, será que ele é algum tipo de tarado? Se bem que não seria tão ruim.

– Ah, tudo bem. É que meu pai vem me buscar hoje e tenho que esperá-lo. Percebi que estava aqui ainda e resolvi te esperar sair.

Ai, Deus! Ele percebeu! Ele... percebeu? Isso soou meio... observador demais. Balanço a cabeça na tentativa de espantar essas ideias. Fique feliz, Jasmim, fique feliz.

Será que ficaria muito estranho se eu dissesse que posso fazer companhia?

– Entendo. Queria ficar, mas eu tenho que ir. – optei pelo mais sensato. Não force, não procure. Haja naturalmente.

Ele parece ficar triste, e não sei se é por que vou embora mesmo ou por alguma outra coisa.

– Claro. Até amanhã, Mimi.

Sorrio.

– Até, Lipe.

Ele sorri de volta e me pegando de surpresa, se inclina e me beija na bochecha. O cheiro dele é maravilhoso e me seguro para não cair. Não consigo dizer mais nada, por isso me viro e saio a passos robóticos. Quando estou fora de alcance, coloco a mão no rosto, me lembrando do toque gostoso dos seus lábios. E sei que se tudo der errado, pelo menos terei um grande amigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? *u*