Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 53
Capitulo 98




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Capitulo 98
(A beira do precipício, Victoria derrama as lagrimas que lhes parecem ser as ultimas da sua vida, fazendo Paula prometer cuidar dos seus filhos. Ouvir: Sino a Ti).

Paula – Está bem, irmãzinha, eu juro-te, prometo-te que vou cuidar deles caso não resistas.

(Victoria sorri, deixa uma lágrima escorrer e… solta-se de Paula, deixando-se cair rumo a morte. Paula escandaliza um grito que equalizava por Lisboa. Victoria fecha os olhos para não ver a própria morte e de repente… para de cair. Teria já morrido? Ela abre-os e a primeira coisa que vê diante de si é Cesar agarrado a ela na varanda do segundo andar. Está viva e salva pelo seu príncipe herói. Paula emociona-se ao ver que a irmã está bem).

Paula (grita como nunca antes) – Cesar, tu és incrível, ouviste? Incrível! (Rir-se de felicidade).

Victoria (abraça-o forte e salta nos seus braços) – Tu és o meu herói, o amor da minha vida.

Cesar (beija-a) – Ei, senhorita sorriso, lembras-te do que eu te disse? Tu pulas e eu pulo!

Victoria – Amo-te, meu Cesar, meu amor! (Beijam-se selando um compromisso eterno).

Paula (feliz afasta-se do parapeito mas tem uma fatal surpresa) – Não pode ser!

Patrícia (tem uma faca na mão) – Eu ainda não acabei contigo, miserável. Chegou o teu fim.

(Novamente ergue a faca para matá-la mas é impedida por Frederico que chega a tempo).

Frederico (prendendo-a) – Acabou, Patrícia! É tudo finito. Acabou, ouviste? Estás atrapada.

Policial (Surge da janela com uma arma) – Senhora Patrícia Monforte, a senhora está presa por sequestro e tentativa de homicídio. (Agarra-a, leva-a para dentro e algema-a).

Patrícia (debate-se) – Não! Não é justo… não! Solta-me, está a cometer um engano. (Grita desesperada) Elas… elas também são criminosas. Esta mulher tem uma gémea… é! É isso. Elas… elas trocaram de lugar… foi sim… elas enganaram-nos… criminosas!

Victoria (entra com Cesar. Agarrada a ele) – É mentira, senhor policial. Não vê que está débil?

Paula (nervosa) – De facto. Ela está louca… deverá ser internada… é louca e homicida.

Policial – Nem precisam dizer. Nota-se perfeitamente que ela já não sabe o que diz.

Patrícia (aos berros) – Não! Não, por favor, acredite. Acredite em mim, elas são criminosas.

Paula – Acabou, Patrícia. Tu perdeste… não vês? Acabaram-se as tuas maldades para sempre.

Patrícia – Ainda não acabou, Paula. Eu voltarei, juro que regressarei um dia para matá-las.

(O policial leva-a para a viatura enquanto ela balbucia a mesma acusação. É-lhes informado que Debora fora encontrada morta envenenada. Ao saírem da casa, encontram
Dolores numa maca a entrar na ambulância. Ainda estava viva).

Cesar (aproxima-se a chorar) – Tia, porquê fizeste-nos isso? Porquê?

Cristina – Tia, nós te perdoamos pelo que fizeste. Apesar de tudo não queremos que morras.

Francisco – Luta, tia, luta para viveres connosco. Arrepende-te e serás feliz.

Dolores (quase sem conseguir falar) – Eu não preciso e nem quero a porcaria do vosso perdão. Podem ir todos para o inferno pois eu prefiro morrer a ter que pedir perdão. Não me arrependo do que fiz, porque tudo o que fiz foi pelo amor que sentia pelo pai das mulheres a quem mais odeio. Vocês ainda vão sofrer… mesmo morta eu me farei valer.

Paula – Mesmo que não peças, Dolores, eu dou-te o meu perdão. Desejo que encontres a paz.

Dolores – Odeio-te, Paula. Odeio-te mais que tudo nesta vida. Cuspo o teu perdão aos porcos.

(Os médicos erguem a maca e colocam-na dentro da ambulância. Todos afastam-se e saem, mas Victoria fica. Olha Dolores com odio e desprezo. Entra e aproxima-se dela).

Victoria (sussurra) – Todos desejaram-te bons sentimentos… eu desejo que ardas no inferno, maldita. Jamais vou perdoar o que me fizeste, Dolores. Agora faz-me um favor: morre rápido.

Dolores (com esforço agarra-lhe a mão) – Eu odeio-te… tu és igualzinha a tua mãe… eu odeio-te… Montserrat. (De repente, a sua mão descai e Dolores, por fim, é morta).

(Victoria afasta-se assustada. Nunca antes vira a morte diante de si e lamenta as suas ultimas palavras. Os paramédicos anunciam a falência e os sobrinhos, incluindo Cesar, aproximam-se de Dolores derramando lágrimas piedosas que ela não merecia. Aquele dia fora como um portal que se fechava deixando fora todo o passado e as tristezas. Eles entram no Ramalhete, estão assustados, traumatizados e aflitos. Paula está abraçada aos filhos, Victoria não deixa os seus, Frederico tenta amenizar a angustia que Cesar sentia naquele momento difícil).

Cristina – Quem… quem vai dizer à tia Olga sobre a morte da… da tia Dolores?

Frederico (segura-lhe a mão) – Deixa que eu digo, querida.

Cesar – Não. Quem tem de lhe dizer sou eu. É preciso se ter sentimento para dar uma noticia dessas. Ainda me parece mentira ter perdido a pessoa que me criou desde menino.

Victoria (abraça-o) – Meu amor, não chores mais. É trágico mas ela procurou este destino.

(Mais tarde, Cesar informa à Olga sobre o ocorrido. Ela, o Telmo e a Nina vão ter em Sintra. O Ramalhete está coberto de sangue entranhado nas suas paredes. Há morte e desgraça por todos os lados. Aquela casa que antes fora o lar de um amor verdadeiro, é hoje dona de tragédia e vingança. O Ramalhete é já um cemitério mais que uma casa. Cai a noite e não há velório digno para uma assassina. Dolores ficara no lugar onde seria preparada para o enterro no dia a seguir. O sono não lhes chega. Paula está na janela. Observa o nada com concentração, como se algo visse naquele breu. Frederico aproxima-se dela e sente-lhe tremer).

Frederico (segura-lhe pelo braço) – Vem para a cama, Paula. Tens que descansar, meu amor.

Paula – Não tenho sono, tenho medo e pavor. Sinto-me vigiada por ela… estou aterrada.

Frederico (guia-a até a cama) – Tens de o fazer pelo nosso filho. Acalma-te pela saúde dele.

Paula (olha-o, abraça-o e sussurra) – Nunca me deixes sozinha pois ela espreita nas sombras.

(Frederico sente-lhe um arrepio na espinha. Jamais, Paula, falara naquele tom macabro. Enquanto isso, Victoria estava com Cesar num dos quartos. Cesar dava voltas ao travesseiro pois não conseguia dormir. Victoria tentava, mas estava incomodada com aquela inquietação).

Victoria (vira-se para ele e acende o candeeiro) – Meu bem, que tens para estares assim?

Cesar – Pânico. Sempre que fecho os olhos, me vem o fantasma da minha tia.

Victoria (abraça-o) – Esquece-a. Acabaram-se as façanhas dela. Cesar, esta mulher não merece que fiques assim tão angustiado. Pensa que… que com ela se foram as desgraças, sim?

Cesar – Tens razão, meu amor. Mas não posso evitar sofrer por ela… é a minha tia. Entende!

Victoria – Sim… sim, meu bem… mas… olha, é melhor tentarmos dormir um pouco. Amanhã os nossos pensamentos vão estar mais calmos. Há muito que se limpar na alma. Vem, deita-te!

(Olga chora sem parar, Telmo tenta acalmá-la mas é inútil sanar aquela dor profunda).

Olga – Porquê, Dolores? Porquê foste tão má, minha irmã? Porquê fizeste-nos tanto mal?
(A soluçar) Se tivesses sido menos egoísta, não me terias abandonado.

Telmo – Basta, Olga. Não me agrada nada ver-te assim tão triste, querida. (Enxuga-lhe as lágrimas) A Dolores buscou o próprio destino trágico. Só ela é culpada do que lhe aconteceu.

Olga – Mas, Telmo, eu amava-a, apesar de ter-me sido tão má, eu amava-a. Dói-me saber que nunca mais vou vê-la ou abraçá-la. Aí, minha irmã, que mal te fiz eu para me fazeres sofrer?

Telmo – Olga, meu bem, estamos juntos novamente e com a nossa filha. Olga, a Dolores separou-nos por vinte anos. Ela não merece as tuas lagrimas e o teu lamento.

Olga – Era a minha irmã, crescemos juntas, Telmo, como queres que eu não sofra?
Telmo (abraça-a encostando-lhe a cabeça ao ombro) – Basta de lamentos… sê feliz agora.

(Amanhece o dia e é dado o enterro. Em Lisboa estão reunidos a volta do jazigo, todos ficam em silêncio respeitando aquela morte que mais lhes fora uma bênção. Olga desfazia-se em lagrimas, os sobrinhos, inclusive Cesar, lamentavam a tragédia exalando um semblante triste e seco de lágrimas. Paula, abraçada a Victoria, entristece-se pela situação. Victoria olha o caixão de madeira escura e envernizada, com uma bonita coroa de lírios em cima. Trazia uma feição de desprezo e rancor, como se lhe fora um triunfo estar diante da queda da sua maior inimiga. Sentia-se vencedora e vingada. Nenhum sentimento de misericórdia lhe vinha ao peito. Olhava o relógio, ansiosa para atirar terra sobre aquele cadáver custoso. Frederico segura a mão de Paula, e tem a outra ocupada pelos filhos, que mantêm-se neutros diante da tristeza alheia. Nina está abraçada à mãe, assustada por ver o fim que teve o mau que semeava-se nela. É finito já, Dolores finalmente é enterrada e todos retornam à casa grande. Olga vai imediatamente para o quarto, acompanhada do seu Telmo. Victoria também vai com Cesar para o respetivo quarto, Paula e Frederico ficam no jardim enquanto os filhos dispersam-se pela casa. Debaixo de uma Oliveira, toda de negro, Paula está abraçada ao Frederico).

Paula (suspira) – Acabou. Já não há mais o que se temer… o que será de agora em diante?

Frederico – Felicidade, meu amor… muita felicidade para nós e para a nossa criança.

Paula (sorri e acaricia o ventre) – Vês que já se nota? Um pouquinho mas sim… já se nota.

Frederico – Oh! É verdade. Sabias que ficas linda assim toda derretida com as mãos no ventre?

Paula – Mais derretido estás tu. (Rir-se) Nosso filho há de nascer em um ambiente feliz.

Frederico – E cheio de amor. Querida, não achas melhor irmos morar noutro lugar? Aquela casa leva sangue entranhado no espirito. Credo! Não quero mais lá por os pés.

Paula – Aí, Frederico. Outra casa que se perde em tragédia… já estou cansada de mudar de lá pra cá. Quero assentar-me num canto feliz e eterno onde possamos viver o nosso amor.

Frederico (beija-lhe as mãos) – Então vamos voltar para o México. Onde o nosso amor fluiu.

Paula (olha a volta e já sente saudade) – Deixar Lisboa? Para sempre? Mas… mas este é o meu lar. Aqui nasci, aqui cresci. É minha casa, Frederico. Aguentar um ano, vá lá, mas… para sempre? Não… não sei se me quero ir embora daqui. Amo o meu país… é tão bonito e cheio de histórias. Meu amor, eu sei que será estranho… muito estranho até, mas eu quero ficar.

Frederico – Ficar? Mas, meu bem, o Ramalhete é quase um cemitério… não faz bem ficar…

Paula – Lá não. Cá! Vamos cá viver. Sim, aqui nesta casa que é imensa e bela. Vamos ficar!

Frederico – Aqui? Não, meu bem, mas… mas e a Victoria e o Cesar? Para onde vão?

Paula – Pois que fiquem a morar connosco, que tal? Ora, qual seria o problema morarmos cá?

Frederico – Em lugar de crescer num cemitério o nosso filho cresceria num manicómio. Já pensaste como vai ser difícil explicar-lhe que os irmãos dele são também os seus primos? Explicar que os irmãos são filhos da tia e do tio? Aí, que trapalheira danada.

Paula (rir-se que não se pode) – Tens razão, eu ainda não tinha pensado nisso. Os irmãos dele são filhos do tio e da tia. (Dá gargalhadas) É mesmo um circo. Que barbaridade!

Frederico – Ouve, se queres ficar em Portugal, então ficamos no Ramalhete que carrega tristeza mas também carrega longos dias de amor e felicidade que vivemos lá.

Paula (sorri e morde os lábios) – Sim… não te lembras que lá fizemos amor pela primeira vez?

Frederico (sorri e acaricia-lhe os ombros) – Hum… rico dia… o mais feliz da minha vida. E que noite, hã? Nunca antes eu me tinha sentido tão… tão… tão maravilhado.

Paula (cora-se) – E nunca antes me tinha sentido tão amada e desejada como naquela noite.

(FIM CAPITULO 98)


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