Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 45
Capitulo 90




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Capitulo 90

Frederico – Então, queres que eu me vá embora, sim ou não? Diz-me!

Paula (pensa nas noites de solidão que passará e o filho que espera) – Não, Frederico! Não te vás embora. Podes ficar aqui o quanto for necessário. (Ouvir: Rita – Preciso de Ti).

Frederico (abraça-a e sussurra) – É pelos meus filhos ou é porque não podes viver sem mim?

Paula (chateia-se com a prepotência) – Convencido. Tu precisas mais de mim do que eu de ti.

Frederico – Não nego. Preciso de ti, Paula, sempre precisei e sempre precisarei, meu amor.

Paula – Não me chames assim… já não sou o teu amor e tu sabes bem disso.

Frederico – Então, o que foi aquilo na cama? Estavas a entregar-te como na primeira vez.

Paula (fica nervosa) – É que… eu sou uma mulher e… e também tenho desejos e vontades.

Frederico (agarra-a) – E eu estou pronto a realizar os desejos e fazer as vontades.

Paula (solta-se dele) – Dizes isso só porque te convém, malandro.

Frederico (pega-lhe a mão) – Convém-nos aos dois, Ofélia minha. (Beija-lhe a mão).

(Enquanto isso, Cesar entra na cozinha e depara-se com Victoria ao fogão. Abraça-a por trás).

Cesar (beijando-lhe o pescoço) – Cheira bem. (Ouvir: Laura – Viveme com Alejandro).

Victoria (rir-se enquanto mexia a colher na panela ao lume) – Eu ou a comida?

Cesar – As duas… (Brinca) Se bem que estou mais interessado na comida porque…

Victoria (dá-lhe uns tapinhas) – Tonto. (Rir-se e beija-lhe os lábios) Fiz especialmente para ti.

Cesar (abraçando-a com o rosto colado ao dela) – Hum… e fez sozinha? Não acredito.

Victoria – Pois não. Os criados ajudaram-me… na verdade fizeram a maior parte do trabalho.

Cesar – Ah… e a menina queria levar o credito todo sozinha? Muito bem… merece uns tapas.

Victoria – Bem, se quiseres agradecer à criadagem com beijos… é azar o teu.

Cesar (rir-se e agarra-a) – Parvinha. (Beija-a) Mas… não era a Paula quem deveria estar aqui?

Victoria – Ui… está muito ocupada com o Frederico no quarto a fazer só Deus sabe o que.

Cesar (a sentar-se numa cadeira) – Ah é? Então já estão de bem?

Victoria (apaga o fogo e vai até ele) – Não sei, mas sei de uma coisa… fiquei com inveja.

Cesar (puxa-a para o colo) – Então, porquê? Eu não te dou suficiente amor e carinho?

Victoria (manhosa) – Ultimamente não muito. Esta noite nem beijinhos ganhei.

Cesar – Então fiquei a dever, não é? Bem… hoje vou ter que pagar em dobro, senhora.

Victoria – Acho bem que sim. (Beija-o sentada ao seu colo. Levanta-se e chama os empregados que servem o jantar à mesa. Paula e Frederico juntam-se aos outros) Não iam jantar fora?

Paula (Olha para Frederico, que senta-se na outra cabeceira) – Não de acordo com a minha agenda. (Ela senta-se na cadeira mais próxima à dele).

Dolores (entra na sala e senta-se com cara de desdém) – Boa noite… meus sobrinhos!

Victoria (sorri) – Dolores… sempre tão educada. Filhos, cumprimentem, por educação.

(Eles a cumprimentam. Olga entra e senta-se ao lado de Dolores. Telmo entra e fica desconcertado com a presença de Olga. Senta-se ao lado de Paula, diante dela).

Dolores (indigna-se) – Mas é o cumulo. Um criado na mesa? Levanta-te agora, mordomo.

Telmo (sente-se humilhado e impertinente. Levanta-se com humildade) – Peço desculpas…

Paula (levanta-se e segura-o pelo braço) – Senta-te, Telmo. Dolores, Telmo não é criado, não é mordomo e não é teu empregado. Telmo é meu segundo pai e eu quero que viva comigo nesta casa como membro da família. Nunca mais fales assim com ele. Pede desculpas, se faz favor!

Dolores (soberba) – Eu? Pedir desculpas à um mero serviçal? Nem morta.

Cesar (autoritário) – Pede-lhe desculpas imediatamente, tia. Telmo é da família.

Dolores – Eu me recuso à descer ao nível de um assalariado. (Levanta-se da mesa. Olha para Victoria a sorrir) Tenha um bom apetite… enquanto podes. (Retira-se).

Telmo (envergonhado) – Lamento pelo inconveniente, minha senhora. Obrigado por defender-me com tanta bravura. É, deveras, uma dama como a vossa mãe.

Paula (segura-lhe a mão) – Nunca mais te sintas rebaixado, meu Telmo, e chama-me Paula, apenas. És membro da família e parte do meu coração… és para mim como um pai.

(Após o jantar, Victoria e Cesar estão no quarto. Ele está deitado e ela deita-se junto dele, a provoca-lo, beijando-lhe o rosto e desabotoando-lhe a camisa. Mas ele impede-a).

Cesar – Querida, eu sei que prometi-te uma noite de amor hoje mas é que estou tão exausto…

Victoria (a insistir) – Então deixa-me fazer-te uma massagem que te vai relaxar.

Cesar (afasta-a) – Meu bem, ouve! Hoje não tenho disposição… estou morto. Desculpa!

Victoria (aborrece-se) – Mas, Cesar… há muito tempo que não fazemos… Cesar, vá lá!

Cesar (deita-a nos braços) – Que fogo é este, senhorita sorriso? Anda a dormir, meu bem que amanhã trabalho cedo. Aconchega-te junto a mim que quero dormir abraçado contigo.

(Victoria, inconsolada, respeita-o. Deita-se e tenta adormecer com os calores do corpo a implorar por caricias e beijos dele, enquanto isso no quarto do outro casal, Paula deita-se sobre a cama de costas para Frederico, provocando-o com os ombros nus. Frederico deita-se e não resiste… começa a beijar-lhe o pescoço e os ombros. Paula suspira com aquelas doçuras e isso faz-lhe sentir raiva por não conseguir resistir mesmo com tudo o que lhe foi feito).

Paula – Basta, Frederico! Eu exijo-te respeito… ou saio e vou para o outro quarto.

Frederico (fadigado, deita-se para o lado) – Até quando, Paula?

Paula – Até quando eu decidir. Se não estiveres satisfeito, podes ir embora.

(Ouvir: Pandora – Frente a Frente. Frederico não responde, apenas vira para o lado e adormece zangado. Ele levanta-se e sai antes que ela despertasse, não a queria ver com novas indiferenças, mas ela já estava acordada e permaneceu de costas enquanto ouvia-o a fechar a calça, atar a gravata e abotoar o paletó que tantas vezes ela amarrotou com meiguices e amor. Sente uma lagrima escorrer até o queixo. A vontade de lançar-se aos seus braços misturava-se ao rancor das desilusões, mas sentia mais raiva de si mesma por seguir amando alguém que é como um cigarro que vai causando falência aos poucos. Tinha vontade de gritar-lhe que se fosse embora mas tinha desejos de prendê-lo com beijos. No outro quarto, Cesar também levantara-se cedo. Havia muito que fazer no trabalho, deixando Victoria a arder em saudades dos momentos de paixão que aqueciam aquele quarto em pecado. Telmo não dormira durante toda a noite a pensar em Olga, o seu grande amor, e a tentar desvendar as maldades de Dolores que revirou-se na cama incomodada com o seu fracasso mutuo. Olga pensava em Telmo e perguntava-se se ainda havia algo do amor. A casa inteira parecia ceder em pensamentos. Victoria vai ao quarto da Paula que já aprontava-se para descer).

(Victoria entra e nota a ópera que não cessa e desliga-a com desprezo àquela chatice).

Paula (sem se virar) – Já cá vieste, Victoria… até desligaste a minha musica. (Sorri).

Victoria (suspira e senta-se na cama) – Quando morreres, prometo pôr-te ópera no leito.

Paula – Não fales de morte, porque eu não gosto. Afinal que queres?

Victoria – Saber como estás… tu e o irmão dos meus filhos. Aliás, quando vais dizer ao…

Paula – Basta deste assunto. Dir-lhe-ei quando me apetecer, Victoria.

Victoria – Hum… tu é que sabes… ainda estão brigados? Oh, Paula, vais-me dizer que dormindo sobre a mesma cama, vocês os dois não fazem…

Paula (vira-se interrompendo-a) – Victoria! Isto não é da tua conta… nem são mais casados.

Victoria – Pois não… então, esposa do meu homem, quando é que o vais deixar livre?

Paula – Por mim já estávamos divorciados mas eu estou morta, lembras-te? Tenho que resolver isto antes, depois então divorciados estaremos.

Victoria – Viste a Dolores ontem? Ela despediu-se de mim com um sorriso.

Paula – Não… a única coisa que vi foi o quanto ela é pedante. Mas… um sorriso não é bom?

Victoria – Paulinha, querida! O inimigo só sorri quando tu choras ou chorarás… ela trama.

Paula – A Dolores? E o que uma velha amargurada como ela há de fazer?

Victoria – Não sei… mas boa coisa sei que não é. Nada que possa vir dela é bom. Bem.. tenho de ir. Vou dar uns passeios pela Baixa. Queres vir comigo?

Paula – Não. Hoje vou ao médico para ver se está tudo bem com o meu pequenino.

Victoria – Está bem… eu não fico para o pequeno almoço. Não quero ver aquela múmia tão cedo. Até já! (Victoria vai ao Rossio e dispersa com as ondinhas do Tejo, ela esbarra-se com ninguém mais e ninguém menos que Lorenzo). Tu por aqui? Já não tinhas voltado ao México?

Lorenzo – Estou bem, obrigado por perguntar. (Rir-se) Decidi ficar, visto que minhas obras têm mais valor cá. E tu, conta-me da tua vida, Victoria.

Victoria – Estou ótima. Finalmente resolveu-se tudo e Cesar e eu estamos melhor que nunca.

Lorenzo – Então isto significa que vais mesmo ficar com ele? É uma pena para mim.

Victoria (desconcerta-se) – Ah! Lorenzo, eu tenho que me ir embora. Adeus. (Retira-se antes que ele pudesse refutar. Lorenzo pega no telefone e liga para alguém).

Lorenzo – Patrícia, acabei de estar com a Victoria. Ela não é mais como antes… acho que não vai ceder tão facilmente, como faremos para separá-la do Cesar?

Patrícia – Deixa isso comigo, faz só aquilo que eu te mandar e vais ter a Victoria para ti.

(O dia passa e a hora do almoço chega. Todos estão a volta da mesa, inclusive Telmo e Dolores, que mesmo incomodada com a presença de um criado, decide sentar-se. A comida é servida e as tampas de alumínio resplandecente e espelhado são retiradas. O aroma saboroso daquele bacalhau com natas, acompanhado de vinho tinto, que também cheirava intensamente, fez Paula sentir voltas no estomago e dor de cabeça. Ela começa a descair para o lado).

Frederico (preocupado segura-lhe a mão) – Paula, querida, estás bem?

Paula (a recompor-se com os olhos ainda semicerrados) – Sim… foi só uma tontura. Deve ter sido o cheiro forte da comida e do vinho… não sei!

Dolores – Tontura por causa do cheiro da comida? Isso é… coisa de gravida.

(Todos deixam os talheres caírem sobre a mesa pasmados e Cesar engasga-se com o vinho. Telmo e Victoria olham-se preocupados com o resultado daquele deslise. Frederico olha Paula com os olhos arregalados e o coração a disparar. Paula engole em seco e fica nervosa).

Frederico – Paula… Paula, estás… ah… eu… eu vou ser… pai? Paula, diz-me, é verdade?

Paula (olha-o, mordisca os lábios, abaixa o olhar e volta-se para ele) – Sim, Frederico!

(Qual será a reação de Frederico? O que fará Dolores com a historia repetindo-se?)

FIM (CAPITULO 90)


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