Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 41
Capitulo 86




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Capitulo 86

(Açoitado pela viagem de mais de oito horas e com aquele ato que se cumpriu sob os lençóis, Frederico caiu em sono. Despertou-se mais tarde, ainda de dia. Olha para o lado e não encontra Paula. passa-lhe por segundos que talvez tenha sido alucinação tê-la nos braços, mas a medida que olha para algures, encontra-a, sentada num cadeirão branco, de almofadas cor salmão. Concentrava-se na leitura dum livro grosso de capa escura. Frederico levanta-se, cobre-se com um roupão e vai até ela. Beija-lhe o pescoço, mas Paula não se interessa. Afasta-se dele e levanta-se sem olhá-lo nos olhos. Há um semblante aborrecido).

Frederico (preocupado) – Que tens tu, amor meu? Porquê me negaste o beijo?

Paula – Frederico, já viste a desgraça que foi a minha partida? Fiz sofrer a todos… pior que isso… fiz sofrer os meus filhos, Frederico. E isto tudo por culpa do teu desgraçado ciúme.

Frederico – Está certo! Eu errei, assumo isso. Paula… Paula eu chorei desesperado por ti, eu…

Paula – Frederico, fizeste sofrer os meus filhos. Olha, se me tivesses batido não me doeria tanto quanto saber que por culpa de seres estupido os meus filhos choraram.

Frederico (nervoso) – Amor, meu bem… eu sei! Perdão, eu errei mas imploro-te perdão…

Paula – Tu mesmo disseste naquele dia, Frederico. Acabou! Sou incapaz de permanecer ao lado dum homem volúvel como tu. Eu te menti por amor e isso não esqueceste, não esqueceste o engano, a mentira. Por isso não te custa julgar-me e pensar mal de mim…

Frederico (segura-lhe o rosto e olha-a nos olhos) – Paula, pelo que mais amas… não me deixes!

Paula (solta-se dele. Enxuga as lagrimas) – Já liguei para a companhia aérea. Voltamos hoje.

Frederico – Como tu quiseres, amor! Paula, eu amo-te mas que à minha vida. Não me deixes.

Paula (empurra-o) – Parece que me oiço a mim! Eu também já te disse estas palavras não foi? Ajoelhei-me aos teus pés e tu me deixaste no chão. Foi preciso adoecer para voltares, Frederico, foi preciso eu passar por morta para acreditares nas minhas palavras.

Frederico (a chorar) – Paula, será que não vês que sem ti eu fico louco? Fica comigo, amor!

Paula – Acabou, Frederico Moreno. Eu já tenho mais pena que amor por ti.

Frederico (agarra-a e prende-a nos braços sussurrando) – Mentira! Amas-me tal e como eu a ti. Vais ser sempre a minha Ofélia. Paula, vamos nos casar e ser felizes, amor…

Paula (solta-se dele) – Acabou! Pega nas tuas malas e anda… saímos em uma hora, a menos que prefiras ficar cá. Acho até que seria o melhor para ambos.

Frederico – Se não me amas porquê fizemos amor ainda pouco? Porquê entregaste-te à mi?

Paula (sem saber como se justificar) – Isso não importa… meus sentimentos não te dizem mais respeito. Pega nas tuas malas e vamos logo. Já perdi demasiado tempo com isto.

(Paula vai a sair, Frederico puxa-a e beija-a a força. Paula solta-se dele e dá-lhe um tapa).

Paula (aos gritos) – Já disse que acabou! Esquece tudo o que houve entre nós os dois.

Frederico – Não, Paula. Por favor… dá-me só mais uma chance, a ultima! Por favor.

Paula – Põe a roupa e acompanha-me. Se quiseres, também… já disse que a mim tanto faz.

(Paula retira-se do quarto deixando Frederico em papel trocado. Desta vez, é ele quem implora perdão e misericórdia… os quais ele não teve com ela. Veste-se e os dois partem para o aeroporto num táxi. Paula não o olha e nem lhe fala. Assim foi durante toda a longa viagem. Enquanto isso, em Lisboa, no dia seguinte, Cesar leva Victoria à sua casa para revelar o casamento aos filhos. Eles os dois entram na sala e causam um enorme impacto. Olga está lá com Cristina e Francisco. Estão pasmos… a boa madrasta a casa torna).

Cristina (descontrolada) – Que faz aqui esta usurpadora? Veio roubar o lugar da minha mãe?

Cesar – Cristina, filha, por favor. Não lhe fales assim à Victoria que ela não quer isso.

Francisco – A nós não nos importa o que quer esta ai. Que se vá embora agora mesmo… já!

Olga – Cesarzinho, meu filho… mas… mas porquê trouxe esta mulher para cá outra vez?

Cesar – Eu a amo, tia. Meus filhos, será que não entendem que a minha felicidade depende desta mulher estar comigo? (Pega na mão de Victoria) Filhos, Victoria e eu vamos casar.

(Todos ficam incrédulos. Os filhos indignam-se com aquela situação).

Cristina (desnorteada) – Não! Não vamos aceitar que essa ai ocupe o lugar da nossa mãe.

Francisco – Agora já passaste dos limites, pai. Nunca aceitaremos a presença desta mulher.

(De repente, ouve-se a campainha. Olga abre e entra Frederico… está só).

Victoria (surpresa) – Frederico? Que fazes aqui? Não tinhas ido para o México?

Frederico – Sim, fui. Mas já estou de regresso por circunstancias irremediáveis. (Vai até Cristina e Francisco) Meninos, acho bem que se sentem para não cairem ao chão.

Francisco – Quê isso? Que faz aqui? Por sua culpa a nossa mãe morreu e…

Frederico – Senta-te, rapaz. Falas demasiado, sabias? (Para Cristina) Tu também.

Cesar (vai até Frederico e sussurra) – Mas que raios estás a fazer? Que trama tens agora?

Frederico – Trama? Sossega, amigo… hoje venho de Pai Natal trazer-vos uma prenda.

Cristina – Já basta de joguinhos, senhor Frederico. Diz-nos já que tens para nós!

Olga – Que mistério é este, homem? Diz já que tanto tens para contar… que prenda é esta?

Victoria – Frederico, que vais fazer? Ouve, eu não te queria enganar outra vez mas…

Frederico – Não te envaideças, Victoria, que isto não tem nada a ver com o fogo que tens entre as pernas. Aliás, este engano nem foi engano porque não nos amamos.

Cesar – Então? Vá lá, Frederico, diz logo que já estou a ficar sem paciência. Anda!

Frederico – Acalmem-se… estão tão apreensivos. Bem… agora que penso, é mesmo para ficar. (Rir-se) Mas é boa coisa, isso é garantido. Ouve um erro drástico na nossa historia. Há um mês e meio uma mulher foi dada morta porque o seu avião explodiu… mas é curioso ver que o Titanic resistiu e desta vez foi quem salvou uma vida.

Victoria – O quê? Oh, Frederico… deixa de rodeios que já não entendo nada, homem.

Frederico – Leva-se mais de um mês para se chegar nas Américas de navio partindo daqui. Victoria, foste atras da Paula no aeroporto, certo?

Victoria – Sim… procurei-a por todos os lados mas não a encontrei. Que isso tem a ver?

Frederico – Deverias de ter ido ao porto da marina internacional. Havia lá um formoso transatlântico que partia para o México naquela mesma hora.

Francisco (levanta-se) – Porto da Marina? (Pensa e cai sentado com os olhos arregalados) A mãe sempre preferiu viajar de navio e quase nunca de avião.

Cristina (o coraçãozinho vibrava e estava pálida) – O senhor quer dizer que…

Paula (entra na sala e causa um susto feliz) – Que a mamã não morreu, meus pequeninos.

(Todos ficam incrédulos e pasmos. Sim, estava ali parada a frente deles… branca era mas fantasma não. A outra face de Victoria regressava ao lar com mais vida do que aparentava. Sim… havia ali mais vida dentro dela. Os filhos correm para os braços da mãe, a chorar).

Cristina (debruçada em lágrimas) – Mãe, mamã! Amo-te, mamã! Não nos voltes a deixar.

Francisco – Perdoa tudo que fizemos, mamã… amamos-te mais do que tudo nesta vida.

Paula – Não tem importância, amores… não importa mais. O que importa que estamos juntos.

Victoria (está pálida e emocionada. Aproxima-se dela a chorar) – Paula? És tu?

Paula (vai até ela) – Não sou um espelho, cara amiga. (As duas abraçam-se e pela primeira vez sentem algo estranho… uma corrente elétrica percorre os dois corpos tornando-os uniformes).

Victoria (solta-se dela assustada) – Sentiste isto? Que estranho…

Cesar (interrompe-as e abraça Paula) – Que bom que voltaste querida… não sabes o quanto sofremos a tua morte. Foi terrível, Paula… muito triste.

Olga Filha… Paulinha… estás viva, querida! Talvez não acredites mas… eu fico muito feliz.

Paula – Eu acredito, Olga… nunca foste como a malvada da tua irmã. Aliás, onde está?

Olga – Pois… sei lá eu. Não a vi hoje… vai tomar um susto quando te vir, querida.

(Frederico chama Cesar para um canto. Está apreensivo e preocupado).

Cesar – Olha, só, Frederico… ao fim e ao cabo conseguiste. Tens a tua Paula contigo.

Frederico – Não é bem assim. Está furiosa comigo. Contei-lhe sobre o sofrimento que todos passamos com a suposta morte dela… acabou que a culpa disso tudo é minha, disse ela.

Cesar – Claro… se não fosses parvo e ciumento. Olha o que as tuas cenas estupidas causaram.

Frederico – Está bem! Ok… admito que cometi muitos erros e isso agora tem consequências, mas… eu estou arrependido. Tenho direito à uma segunda chance, ou não?

Cesar – Bem… ah… isso não sou eu quem decide. O teu problema é com a Paula.

Frederico – Sim, é, e só tu podes me ajudar a reverter a situação.

Cesar – Eu? Oh, Frederico, mas como é que eu ei-de ajudar-te com isto?

Frederico – Ouve, Paula disse-me que pretende residir nesta casa para ficar com os filhos, ora, uma vez que a casa também te pertence, podes me hospedar para eu ficar perto dela.

Cesar (indignado) – Estás maluco ou o quê? Frederico, a Paula mata-me e a Victoria enterra o meu cadáver se eu te deixo ficar cá. E pensas que eu não sei que fizeste a vida da Victoria um inferno? Isto eu não te perdoo. E tem mais, por culpa do teu egoísmo e de seres estupido eu fiquei longe da mulher que eu amo e os meus filhos sofreram achando que a mãe morreu.

Frederico – Um momento! Eu não a obriguei… ela ficou pelos filhos. O que aconteceu para além disto foram devaneios da minha imaginação. Eu não conseguia aceitar a morte da Paula.

Cesar – E a Victoria teve de a substituir, não foi? Espero bem que não tenhas tentado…

Frederico (nervoso) – Ora, Cesar, vais-me ajudar sim ou não? Por favor, estou desesperado.

(Cesar não o responde mas fica a pensar. Enquanto isso Victoria e Paula conversam também).

Paula – Então ele fez-te usar as minhas roupas e o meu perfume para sentir que tu eras eu?

Victoria – O Frederico não… o Telmo fez isso. Aí, Paula! Foi um inferno…

Paula – Ora, tanto querias a minha vida que quase a tiveste… contra a tua vontade, claro.

Victoria – Mas… então, tu o Frederico, como é? Estão juntos, eu suponho…

Paula – Uma ova que estamos juntos. Ainda mais agora que me dizes estas barbaridades. Achas mesmo que eu sou capaz de lhe perdoar o mal que fez aos meus filhos? Victoria, fê-los sofrer por culpa deste ciúme doentio. Agora, olha… paciência! Ele que arque com as consequências das suas idiotices. (Olha para Frederico e descai) Mas o que me mata de transtorno é não conseguir odiar aquele imbecil. Amo-o, Victoria… vivo e morro por este barbatanas Neandertal que tão protegida me faz sentir quando me tem nos braços.

FIM (CAPITULO 86)


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